Lyle e Azel continuaram em silêncio por alguns segundos.
— Tudo bem, por onde começamos? — disse Lyle.
— Só tem uma coisa que me interessa. Você se culpa por aquele dia?
— Sim... Eu sinto que estou te prendendo a mim.
— Você sempre tira conclusões precipitadas. — disse Azel com seu tom sarcástico.
— Como assim? — respondeu Lyle confuso.
Nesse momento Azel olhou no fundo dos olhos de Lyle.
— Naquele dia puxei o gatilho para te proteger e não tenho arrependimentos quanto a isso.
— Mas...
— Não tem mas Lyle, eu estou aqui por que quero estar, é bom que você saiba disso. — disse Azel com um tom sério.
— Entendo... Obrigado Azel, me sinto mais leve. — respondeu Lyle a abraçando.
— Então, sua postura de durão está sumindo aos poucos. — disse Azel com seu tom sarcástico.
— As vezes que me mostrei gentil... perdi aqueles que eram importantes pra mim.
Azel se levantou da cama indo em direção a porta.
— Bom não pense muito sobre isso, lembre-se Lyle, não deixe de ser bom por que o mundo é ruim. — disse Azel sorridente.
— Não quer passar a noite aqui? – disse Lyle.
— É uma proposta tentadora mas hoje não seu pervertido.
— Ei não era nesse senti...
Mas antes que Lyle pudesse terminar a frase.
— Até amanhã Lyle. — disse Azel com um sorriso no rosto.
— Boa noite senhorita morte — respondeu Lyle retribuindo o sorriso.
Ao sair do quarto e andar um pouco Azel se encostou em uma das paredes dos corredores com lagrimas em seu rosto.
— Como eu poderia te achar um fardo idiota... Nesses mil anos você foi o único que me aceitou — sussurrou Azel.
Assim a noite seguiu silenciosa... Pelo menos até a manhã seguinte.
— Azel! Acorde Azel!
— Hum?
Azel abriu a porta descabelada.
— Por que essa gritaria tão cedo Joana?
— Azel... O Lyle foi preso!
— O quê? — exclamou Azel.
As duas foram correndo até o salão principal.
— Ei ei Joana aqui não é o céu? como isso pode acontecer?
— Não me pergunte, eu também nunca tinha visto algo assim.
No centro do salão havia um anjo assassinado, um dos guardas que protegiam o portão.
Naquele salão a única coisa que se ouvia eram anjos sussurrando assustados. — Como o Lyle pôde fazer isso?
— Do que eles estão falando Joana? — disse Azel confusa.
— Encontraram resquícios de magia no corpo desse anjo. — respondeu Joana de cabeça baixa.
— M-mas isso não quer dizer nada, anjos também sabem usar magia. — disse Azel nervosa.
— Azel... Essa magia é especial, é a mesma magia das armas do Lyle.
— Eu preciso vê-lo, para aonde o levaram?
— Ele está na masmorra Leste.
— Vamos para lá.
Joana e Azel correram para a masmorra. E ao chegarem lá viram uma ponte em um penhasco que se conectava a um túnel com dois guardas e um portão de grades com diversas cabeças esculpidas nas parede.
— Então vocês tem um pedacinho do inferno no céu em Joana. — disse Azel impressionada.
— Olha boca! Se eles te ouvirem vai ser impossível ver o Lyle.
— Ok ok.
As duas atravessaram a ponte abraçadas pelo medo de altura.
— Aaah, finalmente atravessamos. — disse Joana aliviada.
— Por que vocês tem um lugar assim no céu? — respondeu Azel ofegante.
— É para prender um homem, o...
Antes que Joana terminasse a frase foi interrompida pelos guardas.
— Alto lá, quem são vocês?
— Sou eu, vim ver o Lyle.
— O-olá senhorita Joana. — disse o guarda nervoso. — Infelizmente será impossível, o senhor Cytuz nos ordenou a não deixar ninguém passar.
— Podemos bater neles e passar Joana. — sussurrou Azel
— Ai nós vamos ser presas também idiota. — respondeu Joana. — Certo guardas, iremos voltar então.
Azel seguiu Joana por todo o caminho com um rosto emburrado.
— E agora loirinha o que vamos fazer?
— Esperar. — disse joana com um tom sério. — O julgamento será a tarde, só nos resta esperar.
— Entendi, provavelmente aquele maldito Doppelgänger é o culpado.
— Doppelgänger? — indagou Joana.
Azel contou o que havia acontecido na noite passada para Joana até que as virtudes chegaram.
— Olá senhorita Azel e irmã Joana — disse Lilia.
— Como está irmã Joana? — disse Gilia.
— Desculpe-nos por acordar tão tarde irmã Joana. — disse Rilia.
— Estou ótima Gilia — respondeu Joana com um sorriso. — Não se preocupe Rilia temos um problema maior no momento.
— Olá pequenas. — disse Azel.
As três colocaram um semblante confuso no rosto.
— Aconteceu algo irmã Joana? — indagou Rilia
— O Lyle foi preso por assassinato, encontraram uma magia muito semelhante a dele no local. — respondeu Joana.
— Agora precisamos achar algo que prove que ele é inocente. — disse Azel
— Nós iremos encontrar irmã Azel! Salvaremos ele! — exclamou Lilia
— Sim! — gritou Gilia e Rilia
As três saíram correndo para procurar pistas.
— Irmã Azel hum? Não é um titulo ruim. — disse Azel com um sorriso no rosto
— Vamos Azel, o julgamento começara em 15 minutos.
— Já? O tempo passou e eu nem vi. Vamos!
Subindo as escadas do salão principal havia um grande corredor mas esse era muito mais belos que os outros, havia pinturas de anjos nas paredes brancas como o mais puro marfim e as luzes eram os mais belos feixes de luz solar. No fundo daquele corredor havia um portão com adornos de ouro e diamante.
— Depois dessa porta temos que dar nosso melhor Azel. — disse Joana nervosa.
— Por que tanto nervosismo? — disse Azel sorridente. — Aquele cara não vai morrer aqui.
O portão se abriu e lá estava o tribunal e dois arcanjos Gabriel e Rafael ao lado do juiz que era ninguém menos que Miguel o defensor da justiça. Varias pessoas ilustres da história humana também estavam lá para observar.
— Vamos nos sentar na frente, assim podemos ver o Lyle de perto. — disse Joana.
— Certo. — respondeu Azel.
Mas para surpresa delas ao se aproximarem ouviram Lyle gritar.
— Ei Miguel por que você é o juiz? Aonde está o velho?
— Calado Lyle, isto é um tribunal! — exclamou Miguel. — Vamos começar.
— Quando isso acabar eu quero resposta. — respondeu Lyle.
— Terá todas que quiser se for inocente. — disse Miguel. — Apresente as provas Gabriel.
Gabriel desceu até o centro do tribunal e suspirou antes de falar.
— Desculpe Lyle.
— Não se preocupe, é o seu trabalho informar.
Gabriel então se virou para Miguel com determinação nos olhos.
— Irmão Miguel a única prova que temos é a magia das armas do Lyle no corpo do anjo assassinado. — disse Gabriel.
— Então foi realmente você Lyle? — indagou Miguel.
— Não! Mas você acreditaria em mim apenas com isso? — respondeu Lyle.
O silêncio tomou conta do tribunal por alguns segundo até que Cytuz que estava na plateia se levantou.
— Senhor Miguel se me permite, eu trouxe a armas do crime.
Miguel olhou assustado mas manteve sua postura.
— As traga aqui Cytuz.
Enquanto Cytuz caminhava até o centro do tribunal Lyle olhou aquelas armas e realmente se pareciam muito com as suas.
— Aqui está. — disse Cytuz as entregando.
— Realmente são as suas Lyle, eu não me esqueceria delas.
Enquanto isso alguns ilustres gênios da humanidade na plateia.
— O único humanos a entrar no céu e purgatório ainda vivo sendo julgado pelos assassinato de um anjo, o que acha disso senhor Machado de Assis?
— Daria um dos mais belos livros senhor Shakespeare.
— Lyle sempre foi um garoto bom, certamente seria incapaz de algo assim. — disse Shakespeare.
— Certamente Lyle não trairia o céu, ou será que traiu? — respondeu Machado de Assis.
— Aguardemos a verdade meu caro companheiro de trágicas historias. — respondeu Shakespeare.
Lyle já se via sem esperanças e Miguel pronto para dar seu veredito de culpado, até que Lyle reparou bem nas armas.
— Me desculpe Lyle mas o declaro culpa...
— Espera! Miguel me deixa ver essas armas! — exclamou Lyle.
— Não fara diferença, Gabriel leva-as até ele. — disse Miguel.
— Sim. — disse Gabriel pegando as armas. — É a sua ultima chance Lyle.
— Apenas observe.
Lyle pegou as duas pistolas na mão mas puxou o gatilho de apenas uma.
— Ei seu idiota não aconteceu nada! — gritou Azel na plateia.
Boooom
A pistola havia explodido, todos na sala estavam confusos e não sabiam o que estava acontecendo.
— O que foi isso? O que você fez Lyle? — Gritou Joana.
— Não fiz nada, venham aqui vocês duas.
Azel e Joana rapidamente vão ao centro do tribunal.
— Agora que estamos aqui o que fazemos?
— Puxem o gatilho da que sobrou.
— Mas e se explodir? — indagou Joana.
— Confiem em mim.
Joana puxou o gatilho mas a pistola apenas brilhou um pouco.
— Ué não fez nada. — disse Joana.
— Agora você Azel. —disse Lyle.
— Ok ok, mas depois quero algo para comer.
— Esfomeada. — disse Joana.
Azel puxou o gatilho mas a pistola apenas disparou um pequeno feixe de luz causando um buraco no chão. Cytuz parecia nervoso mas manteve sua postura.
— Mas isso não quer dizer nada, isso não prova que ele não é o assassino Miguel! — gritou Cytuz.
— Ele está certo Lyle o que isso quer dizer? — indagou Miguel.
— Bom...
Antes que Lyle pudesse falar havia começado uma confusão no portão.
— Vocês não podem entrar aqui, por favor voltem. — disse o guarda.
— Nos deixe passar! — gritou Gilia.
— Saiam da frente nós temos provas! — gritou Rilia.
— Nós viemos provar a inocência do Lyle. — gritou Lilia.
— As deixe entrar! — exclamou Miguel.
As três caminhavam até Lyle com algo em mãos e todos os olhares voltados para elas, se sentiam pressionadas mas tinham algo a fazer.
— Lyle nós trouxemos isso. — disse as três.
— Minhas armas! Obrigado garotas, vou terminar isso logo.
Lá estavam todos os companheiros de Lyle no centro do tribunal esperando sua explicação.
— Miguel olhe isso. — disse Lyle mostrando um símbolo em sua arma.
— Uma foice? — indagou Miguel. — O que isso quer dizer?
— Azel levante sua blusa. — disse Lyle.
— C-como assim?
— Apenas a parte das costas.
— Entendi aonde você quer chegar. — respondeu Azel com um sorriso.
Lyle e Azel levantaram suas camisas e lá estava uma enorme tatuagem de foice nas costas de ambos. O tribunal ficou em silêncio imediatamente.
— Poucos aqui sabiam mas eu me tornei o espectro da morte.
Em poucos segundos todos na sala estavam confusos e conversando entre si.
— Silêncio todos! — Exclamou Miguel. — Isso ainda não prova nada Lyle.
— Eu ganhei esse símbolo na arma e a tatuagem nas costas quando matei a morte. — disse Lyle. — Minha magia não é mais apenas luz, eu agora também tenho magia das trevas.
— Entendi tudo! — Gritou Joana.
— Eu ainda não entendi. — disse Miguel.
— Quem me deu essas armas foi o velho. — disse Lyle. — Algo que explode com meu poder não é meu.
Miguel ficou em silêncio por alguns segundos e Cytuz estava com semblante preocupado.
— Eu declaro Lyle... Inocente! — exclamou Miguel.
— Mas isso não prova que a magia no local não era dele. — disse Cytuz.
— Calado Cytuz! Você não o ouviu? Sua magia não é mais apenas luz isso é o bastante. — disse Gabriel.
Todos abraçaram Lyle até mesmo os que estavam na plateia.
— Ei ei saiam de cima você estão me matando. — disse Lyle sufocado.
— Fiquei preocupada. — disse Joana com lagrimas nos olhos.
— Nunca mais me assuste assim. — disse Azel sorridente.
— Você é inocente! — gritou Gilia,Rilia e Lilia.
Todos saíram de cima de Lyle que já estava sem ar.
— Cof cof, vocês quase me matam. — disse Lyle ofegante. — Mas Miguel tenho uma pergunta para você.
— Promessas são promessas, responderei qualquer duvida quer tiver.
— Então me diga... Onde está Deus?
Comments (0)
See all