Tomoe caminhou até o garoto, o colocou nos braços e olhou para Joana.
— Você cometeu um belo erro la em baixo loirinha.
— Eu sei. — respondeu Joana enxugando os olhos.
Tomoe colocou o garoto na cama e o cobriu, o espectro já estava mais calmo e já não estava ofegante, parecia estar apenas dormindo normalmente porém Garen ainda foi buscar água. Joana se levantou secando as bochechas e ajudou Azel a se levantar.
— Me desculpe por perder a compostura senhorita. — disse Joana se curvando.
— Não se preocupe, somos humanos e é melhor colocar para fora do que sofrer calada. — respondeu Tomoe acariciando o cabelo de Joana.
Azel caminhou até a cama e sentou calada na beirada ao lado do garoto até que ouviu uma doce voz inocente.
— Me desculpe moça de cabelos negros.
Azel se virou assustada e enxugou seu rosto ao ver o garoto acordado, seus olhos verdes eram gentis mas Azel ainda tinha um pé atrás.
— Você me odeia? — disse o garoto se virando de costas para Azel.
— Sim, você me fez se sentir como se ainda vivesse no fundo de uma dungeon esperando a liberdade.
— Me perdoe, Eu... Não queria...
— Não se preocupe, nessa mesma época um homem me salvou daquela maldita solidão. — Azel baixou sua cabeça e seus cabelos cobriram seu rosto.
Azel parecia desolada, todos naquela sala sentiam que ficar calado era o melhor a se fazer, Joana até tentou dizer algo mas sua tentativa foi falha, por mais que quisesse, as palavras não saiam de sua boca. Tomoe saiu do quarto seguida por Sancho e Júlio Cesar, Joana se sentou na cadeira que estava na escrivaninha e esperou que algo quebrasse aquele clima, até que o garoto abraçou Azel por trás e encostou seu rosto em suas costas.
— Me perdoe... eu fui obrigado a fazer isso.
Azel sentiu algo molhado descer pelas suas costas e se virou.
— Não minta pra mim garo...
— É VERDADE! — gritou o garoto.
Joana se assustou e caminhou até a cama, fez um carinho no cabelo do garoto e sorriu gentilmente.
— Não se preocupe, Azel é forte, com alguns doces ela supera isso.
— Mas doeu aqui quando eu vi o sorriso dela sumir. — o garoto apontou para o seu peito.
Ao ver isso Azel clareou a mente, abaixou a cabeça e soltou uma leve risada que alguns segundos depois aumentou bastante o tom, Joana e o garoto estavam assustados, a risada de Azel não era uma da mais belas, era como um vilão de filme ao ver seu plano realizado.
HAHAHAHAHAHAHAHAHAHA
— A... Azel?
— Moça bonita?
Azel parecia estar louca até que...
PUM.
— AZEL? — disse Joana se levantando cama e escorando na parede. — O que significa isso?
— Vamos garoto pegue sua arma, você também Joana. — disse Azel com um sorriso psicótico no rosto. — Isso é uma guerra Joana!
— U-Uma g-guerra. — indagou Joana acoada na parede.
— Uma guerra... de travesseiros!
Azel acertou Joana com um golpe certeiro que a fez cair de bruços na cama. O garoto se recuperou do ataque viu Azel com a arma fatal em mãos, o perigoso travesseiro de penas, porém o que o assustou foi que ao olhar para o lado viu uma aura negra emanando de Joana.
— Então vai ser assim né. — sussurrou Joana.
Joana olhou para os dois lados e não encontrou nada além de um macio escudo... o cobertor que cobria o garoto, Joana rapidamente puxou o cobertor e começou a travar sua feroz batalha com Azel, o garoto ria e sorria entre os ataques de Azel e os bloqueios de Joana, para o garoto Azel e Joana pareciam dois grandes guerreiros em um campo de batalha lutando por suas vidas. Tomoe, Júlio e Sancho estavam sentados no sofá da sala quando começaram a ouvir a penosa espada de Azel se chocar com o macio escudo de Joana e os risos do garoto.
— Júlio César... Seria esse som o som de uma das batalhas mais honrosas da humanidade?
— Meu caro companheiro Sancho, esse é o som do campo de batalha.
Júlio César e Sancho se levantaram correndo para as escadas porém.
— Ei vocês! — Exclamou Tomoe. — Aonde pensam que vão?
Júlio e Sancho se viraram tristes e caminharam até o sofá.
— Que tipo de guerreiro vai para guerra desarmado. — disse Tomoe entregando almofadas do sofá. — Não me envergonhem, Voltem com a vitória.
— Sim! — respondeu os dois.
O semblante triste dos dois rapidamente se tornou um sorriso e subiram as escadas correndo. Garen que vinha com o copo de água pelo corredor ouviu os barulhos e ao chegar na sala resolveu perguntar para Tomoe.
— Senhorita aconteceu algo?
— Estão guerreando lá em cima.
Garen no mesmo momento ouviu risadas, soltou um leve sorriso de canto e caminhou até Tomoe.
— Vou me sentar com a senhorita, não sou boa com batalhas.
Garen colocou o copo de água no chão ao lado do sofá e juntou as mãos entre as pernas olhando para o teto.
— Ele tem o dom de juntar pessoas maravilhosas.
— Ele? — indagou Tomoe.
— Lyle. — disse Garen olhando para Tomoe. — Mesmo me conhecendo a menos de um dia ele me chamou de família.
— Então ele é esse tipo de homem. — Tomoe colocou a mão no braço do sofá e apoiou o queixo.
— Mestre Rafael me disse para não confiar em Lyle por ele ser um humano e humanos são perversos e maldosos, mas é tão bom... ser família.
Enquanto isso Júlio e Pancho chegaram no campo de batalha com suas armas em mãos, quatro almofadas. Ao ver os dois na porta Azel e Joana pararam sua feroz luta porém o garoto continuou rindo.
— Do que está rindo garoto? — disse Júlio jogando uma das almofadas. — Você agora é um guerreiro.
— Você também santa pegue essa. — disse Sancho jogando a outra almofada.
— Ei assim não vale, Joana já tem um escu...
PUM
Joana acertou Azel em cheio no rosto.
— Não perca o foco na luta querida Morte. — disse Joana com tom sarcástico.
— Hoje será sua derrota bela santa! — respondeu Azel.
Júlio e Sancho entraram naquela luta feroz e entre alguns golpes o garoto conseguia encaixar um ou outro golpe, no quarto voavam penas para todos os lados e o sorriso no rostos de todos era verdadeiramente genuíno, era difícil imaginar que aquele cômodo estava triste alguns minutos atrás. Para o garoto aquilo era algo inacreditável, em seus olhos se via batalhando no mesmo nível de guerreiros importantes e tão fortes que nem podia imaginar derrota-los, mas o que realmente o fazia sorrir era o sentimento de ser amado por pessoas que tinham tudo para odiá-lo, pela primeira vez se sentiu acolhido. quando tudo terminou só restavam penas por todo o quarto. O garoto, Júlio e Sancho acabaram dormindo devido ao cansaço. Azel e Joana no fim de suas forças desferiram seu ultimo golpe uma contra o outra se acertando no rosto.
— É o fim... Azel.
— Isto foi um empate... Joana.
As duas caíram em cima da cama dormindo com um sorriso no rosto. Garen ao perceber que o som parou subiu para ver o que aconteceu e ao chegar no quarto soltou um leve sorriso.
— Vocês são incríveis. — disse sorrindo.
Garen arrumou Azel e Joana na cama e as colocou ao lado do garoto, pegou as almofadas, pelo menos o que sobrou e colocou em baixo da cabeça de Júlio e Sancho que estavam deitados no chão. Enquanto isso Lyle caminhava pelas ruas nubladas de Londres.
Caminhei observando aquele céu estrelado, as estrelas pareciam tão belas como no dia em que fui ao céu mas as palavras de Joana ainda ecoavam na minha mente, observei as ruas por um tempo, as casas pareciam vazias e apesar das cores tudo parecia tão cinza, abaixei a cabeça e caminhei por alguns minutos perdido em pensamentos até que uma forte luz veio da minha esquerda, notei que havia uma placa na porta de madeira.
— Taverna Londres? — disse confuso. — Existem tavernas nessa época?
Decidi entrar, não reparei muito no lugar apenas caminhei um pouco e me sentei em uma das mesas redondas de madeira, coloquei o rosto no queixo e olhei para o balcão a esquerda, parecia apenas uma simples taverna até que uma moça de cabelos ruivos se sentou ao meu lado.
— Olá senhor, você usa roupas bem diferentes, qual seu nome?
— Me chamo Lyle e você?
— Sou Mata Hari.
— Desculpe moça, você dever ser uma atendente mas eu não quero nada no momento.
— Atendente? Eu?
Olhei confuso para ela.
— Você não é?
— Garoto... Eu sou uma prostituta. — disse Hari se inclinando sobre Lyle.
— E-Espera, aqui não é uma taverna? — respondeu Lyle nervoso.
— Desculpe-me mas você está em um bordel.
Comments (0)
See all