Caindo sem entendimento algum do que está acontecendo, você sente a fria e estática terra te bater de todas as direções até que o teu corpo perde momento e finalmente para, em frente à uma floresta. Levantando-se, você escuta um horrível rosnar que induz as tuas pernas a correr desesperadamente, os galhos batendo no teu rosto quase que desafiando à tua fuga associam-se também a escuridão resultante de um céu sem lua, impossibilitando que você veja além da distância de um braço à frente. Porém, o quente brilho – de um lampião, talvez – vindo de alguns metros à distância provoca inflamar as tuas esperanças mas apenas decepção segue, em forma de uma chuva de balas perfurando a tua carne e te derrubando ao chão.
Quase que imediatamente, você começa a se afogar em teu próprio sangue, agonizando em dor, entretanto, um furioso latido supera os teus gritos provocando-te a instintivamente se levantar e preparar para correr novamente assim que um problema se apresenta… A escura floresta à tua frente agora possui uma clareira com o quente brilho de uma fogueira cercada por um grupo de pessoas aparentemente tendo uma boa conversa.
Sem controle sobre o teu próprio corpo, você toma alguns passos à frente em uma tentativa de melhor entender o que estão falando, mas antes mesmo de sair da escuridão, um alto grito vindo do sul em relação à tua posição força-te a desviar o teu olhar por um breve segundo. Antes a floresta era escura, escassa de vida mas agora, há nada atrás de você exceto um void absoluto que além de não possuir luz própria, parece também sufocar qualquer luminosidade externa que vem à sua direção.
Você retorna a olhar para o grupo mas agora encontra uma imagem de pesadelo: Todos eles estão cobertos por terra e sangue, com alguns membros ou mutilados ou completamente arrancados e os três estão de pé te encarando com olhos vazios, sem almas. A única mulher do grupo começa a andar em tua direção, exclamando de forma menosprezante:
– Você se perdeu chéri?
–... Mas você não é suposto a ser o maior caçador do mundo?! Como que alguém de tal grande título pode se perder tão facilmente?
Os outros dois soltam risadas desprezíveis após a segunda pergunta provocando medo a subir a tua coluna. O mais alto então adiciona, irritando algo estranho – porém, ainda familiar – dentro de você:
– Você não é “O Maior Caçador”, lad… Você é apenas um bloody amador!
– Hehehe… Ain't no necessidade de se sentir ofendido, parça… Logo você vai se juntar a nós!
Finamente o último fala, apontando para você – ou melhor, para trás de você – fazendo com que o grupo inteiro comece a rir psicoticamente.
– HAHAHAHAHAHAHA HAHAHAHHAHA HAHAHAHAHAHA!
De repente, as tuas mãos estão erguidas à altura do teu peito com as tuas palmas viradas para cima, cobertas em sangue e segurando flechas quebradas. Logo que você as joga para longe em nojo, raízes de árvores emergem do chão, violentamente perfurando as tuas pernas e te prendendo no lugar. Você grita aos céus experienciando a pior dor da tua vida, mas por mais alto que o teu grito seja, a tua atenção é tomada pelo som de um galopar tão desajeitado quanto furioso…
Você não se encontra mais no acampamento, mas em uma estrada de terra agora – ainda com as tuas pernas presas – e, à aproximadamente vinte metros, um cavalo morto-vivo avança em tua direção. Desespero força-te a tentar se mover mas o único resulta que consegue é fazer com que sangue jorre das tuas feridas e que as raízes se cravem ainda mais profundamente, acertando os teus ossos. Você está prestes a gritar de novo mas assim que levanta o teu rosto, o cavalo morto-vivo te atropela muito mais cedo do que o esperado.
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