eu estava confinado nas paredes que me cercavam nesta sala branca, todos me chamaram de louco

mas oque eles consideravam loucura eu via como a verdade, a verdade passava na frente dos meus olhos sempre

meus ouvidos conseguiam ouvir os sons perturbadores da guerra, do odio, eu via faíscas surgirem desta sala branca

faíscas feitas pelo ferro e sangue, eu escutava estalares nesta sala branca e escutava o desespero da dor

se eu fechar os olhos eu vejo claramente o outro lado, uma casa quebrada com paredes manchadas de sangue, a guerra ja tinha tomado vidas

inocentes.

dentre todas as coisas que via e ouvia, uma unica pessoa era diferente, eu não via faíscas sair com ela por perto, ela sempre abafava os sons da guerra, do desespero

quando eu fechava meus olhos e via aquele local totalmente quebrado, la estava ela com sua mesma aura, mas...completamente tomada por dor, eu via sua semblante madura se quebrar

um de seus olhos arrancado, sangue escorria de seu pescoço e sua barriga completamente aberta, com o tempo eu me acostumei com esta vista, um dia, eu finalmente tomei coragem suficiente

- como é sentir seu corpo dilacerado -- perguntei

- como assim? -- ela respondeu

- seu olho arrancado, seu pescoço completamente perfurado e seu estomago aberto ao meu ver, como é sentir esta dor -- eu falei

ela em choque me olhava completamente confusa, como se tivesse visto algo horrível, e então

- c-como eu explico isso...talvez..eu me acostumei? -- ela não conseguia entender mas sabia responder

ela mesma confusa com a propria resposta, olhava para o chão branco em minha sala

eu via em seus olhos pretos, de alguém que acabou de sentir algo que não deveria, e tomei minha decisão

- entre em minha sala branca e veja oque eu vejo jovem -- falei em quanto entendia a mão

eu não falava para a senhorita em minha frente, mas sim para a criança ao meu lado

a senhorita confusa e a criança desesperada olharam para mim, eu abri um dos meus olhos e via seu olho sangrar e seu corpo fraquejar

ambas pegaram a minha mão e eu as levantei, confusas em mundo completamente novo eu conseguia ver que elas viam exatamente oque tinha em ambos os lados

- nada ira acontecer com vocês agora, pois a passagem esta aberta -- eu falava em quanto colocava a mão em seus cabelos

e eu, me empalei nessa sala de paredes brancas, preso a ensinar o mundo a essas duas e passar oque e sei para elas, pois o seu sofrimento ja avia passado.