- É... Amargo é legal. Legal.
Luana do céu, PENSA!
Só pensa.
- Então... Estava em alguma... Reunião? - Perguntei e já me arrependi. - Digo, já que você chegou mais tarde.
Ele me olhou por um instante e antes que eu tivesse percebido, eu já estava falando.
- Não que eu espere que você sempre chegue no horário... Já avisaram que a gente que tem que está a disposição de você e...
CALA A BOCA LUANA!
Parei.
Só, parei.
E claro que o bastardo riu.
Ele estava bem risonho, não estava?
- Achei que seria interessante terminar os meus compromissos de hoje antes de encontra-la. - Ele disse com um brilho nos olhos.
Parei novamente.
Essa é uma daquelas coisas que as pessoas aqui falam e que normalmente tem algum sentido escondido atrás né?
Vamos lá neurônios, funcionem!
O que faz alguém querer terminar as tarefas antes? Bom, para poder descansar? Se ver livre de responsabilidades? Para ter tempo de praticar seu hobbies?
Então isso significa que ele vai terminar o encontro logo para fazer uma dessas coisas, né? Já que o encontro é um compromisso na agenda dele!
Olhei para o Príncipe. Ele estava tomando o chá pacientemente enquanto me olhava com curiosidade...
O idiota não parecia estar com pressa ou era impressão minha?
...
...
...
Pera... Ele disse o quer exatamente? Que queria terminar os compromisso antes do encontro ou para ir ao encontro?
...
Hahahahaha. Desisto
- Você faz isso com todas?
Pera...
NÃO! Não. Não. Não. Aaaaaaaah!
- É a primeira vez, sendo honesto. - Ele disse enquanto brincava com a colher que estava sobre a mesa. - Senti que talvez fosse interessante ver como tudo seria se não houvesse um tempo limitando nossa conversa.
Uhn?
Ok, pera? Isso pareceu... Algo normal de se dizer? Uma coisa que um ser humano comum diria normalmente?
- Mas isso não é algo normal?
Ele riu.
- Digamos que o normal para mim não seja o mesmo que o você consideraria. - Ele suspirou. - Poucas pessoas conseguem ter conversas longas comigo.
Não imagino o porquê, moço.
- Por causa dessa coisa toda de Aura da Deusa?
- Bem isso. - Ele disse, cutucando um doce com o garfo.
- Mas se eu e as outras já nos acostumamos só depois de você ficar nos expondo a esse poder por quase dois meses, deve existir muitos outros que já se acostumaram, não?
Ele arqueou uma sobrancelha.
- Isso é em parte verdade, mas nem todos que se expõe ao Mana conseguem se acostumar com os efeitos que ele causa e, ainda que se acostumem, há um limite para cada pessoa.
Então... Isso significa que mesmo que ele grudasse em uma pessoa por um ano inteiro, essa pessoa podia continuar quase morrendo ao lado dele por causa do Mana da Deusa?
Que merda!
- Que merd-... - Mordi minha língua e tossi, tentando esconder o que eu tinha começado a dizer.
Certamente aquilo não era algo que Ladys diziam!
E certamente, não para um Príncipe!
- Me parece bastante... É... Pesado.
- É uma maneira de descrever.
...
Ok, dessa vez a culpa havia sido minha, eu que acabei com a conversa.
Argh.
- Acredito que isso explica o porque ficar nos isolando aqui enquanto a gente tem encontro com vocês...
Ele riu.
- Pensei que era bem óbvio o porquê, mas sim, é basicamente para saber quais de vocês tem os melhores níveis de tolerância e então... - Ele parou por um momento. - Escolher a mais apropriada para o papel.
- O papel de sua esposa? - Falei sem pensar.
Claro, Porque isso me irritava.
Ficar com alguém não era somente o papel. Podia ser por amor, diversão ou um contrato, mas só um papel?
Não.
- Mais para o papel de Imperatriz... E de próxima progenitora do Príncipe Herdeiro.
Claro.
- Aposto que Lady Bárbara iria adorar assumir esse papel.
Ele riu, levantando o olhar para me encarar.
- Não sei o porquê, Lady Ana, mas algo me diz que ela é a única realmente interessada nessa pequena competição.
Eu ri.
- Eu não imagino o porque, Vossa Graça. - Eu ri, novamente.
Não parecia errado brincar com isso, ainda mais quando Bárbara estava fazendo inferno na vida de todo mundo só falando sobre as competições passadas, sua encontro com o Príncipe mimimi.
- Só consigo desejar boa sorte para você, Príncipe Herdeiro.
- Não há porquê me desejar boa sorte ainda. - Ele disse com um sorriso quase bobo. - Ainda não tive a sorte de ter a conversa agradável com a Lady Bárbara...
Quase gargalhei.
Merda.
Como alguém podia se achar tanto quando mal conseguia conversar com a pessoa que ela tanto queria agarrar?
- Isso é interessante! - Disse animada. - Isso me dar forças para revidar quando...
Parei.
Por que eu falava tanto não só quando estava nervosa mas quando estava animada também?
Aaaah, merda!
- Revidar? - eleê parecia curioso e isso só fez com que eu quisesse enterrar minha cabeça na mesa.
- Não é nada. - Disse.
Desabafar sobre meus problemas pessoais com a realeza não era tipo meu plano de vida.
Definitivamente não. Nunca.
Mas o Príncipe me analisou, com o mesmo olhar que ele havia me dado quando havia chegado.
- Isso tem alguma relação com o fato de você estar usando o mesmo vestido que já usou no Salão das Flores anteriormente?
...
COMO É QUE DIABOS ELE SABIA?
No início da semana, havia chegado algumas encomendas e cartas de nossas famílias.
Por mais estranho que parecesse, eu havia ficado extremamente feliz ao ver que havia quatro cartas endereçadas a mim. Eram todas enviadas pela minha família, mas apenas meus irmãos haviam escritos duas.
Ainda assim, minha felicidade durou apenas o suficiente para me fazer ter um leve sorriso, já que barulhos animado preencheram o salão junto com inúmeros vestidos e caixas que foram enviadas paras as outras.
Todas as outras meninas haviam recebidos vestidos novos, jóias e sapatos.
Pelo que eu havia estudado, isso era um costume desde o começo. As famílias supriam as necessidades das candidatas a cada mês, de modo que a competição se tornasse cada vez mais acirrada, logo que beleza e elegância eram os caminhos mais rápidos.
Certo, eu não era a pessoa mais vaidosa desse mundo e nunca havia feito muito para me arrumar, mas o Rei dava uma mesada para a família das candidatas por um motivo apenas!
Eu já estava cansada já de me sentir excluída. De ver todas tão bem vestidas e arrumadas enquanto eu repetia as mesmas roupas toda semana sem falta. Como se meus modos e aparência já não fossem deficientes o bastante quando comparados a...
- Lady Ana?
Eu tava viajando na minha própria cabeça?
- Me desculpe, acabei perdida em meus pensamentos.
Ele me encarou, novamente.
- Você deve estar cansada.
Eu estava.
Às vezes a tristeza vinha de um jeito que nem dava para perceber, com os pensamentos mais aleatórios possíveis.
- É, estou. - Confessei.
- É melhor você ir descansar, então. - Ele disse se levantando.
- Agradeço, Vossa Graça.
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