- E nós responderemos...
...SOMOS AQUELES QUE AS PESSOAS CHAMAM DE DEMÔNIOS.
INTRODUÇÃO
O som de um disparo se faz ouvir no conjunto de apartamentos populares, ninguém ousa chamar a polícia, ou tentar espiar o que está acontecendo uma vez que o local anteriormente pacifico tornou–se recentemente uma boca de fumo que impõe o terror sobre os moradores, um grito de dor, alguém está ferido, no apartamento com visão para o pátio de estacionamentos um braço surge em meio as sombras de um cômodo,ele empunha uma bereta 9mm que a pouco realizou o disparo perfurante que atingiu o ombro de seu inimigo e se afundou na parede trazendo junto uma parcela do sangue da “vítima!”
– MAS QUE DIABOS!? – Grita o homem branco e careca vestindo com roupas de marca com motivos esportivos, pertencentes a algum time americano enquanto segura o braço ferido.
– Parece até um Polock!
– O que!?– Grita sem entender o homem alvejado.
– O jeito que o sangue espalhou na parede atrás de você, parece um Polock! Eu lembro das aulas de arte, acho que finalmente entendi por que chamavam aquilo de arte, realmente é bonito. –disse o rapaz!
– SEU MALUCO!!! VOCÊ TÁ MORTO!!!! MEUS HOMENS VÃO CHEGAR E ACABAR COM VOCÊ!!!!
– Morto!? Homens? Se tem alguém aqui que vai morrer é você seu monte de bosta! Os únicos homens que tem aqui são os moradores, aquele monte de lixo que fazia sua segurança já eram!
– Como!? É pela boca? Você quer tomar ela pra você!? Toma! Mas em uma semana meus chefes vêm e acabam com você e com metade dessa gentinha que mora aqui pra servir de exemplo...
A frase do homem ferido écortada por um forte chute em seu rosto.
– Não pense que eu sou baixo como você Artur! Eu não tenho o menor interesse em ser a porra de um traficantezinho desprezível! Eu tô aqui para te preparar para um interrogatoriozinho legal.
– Artur? C–como você sabe meu nome?
– Eu adoro quando as pessoas não me reconhecem! Mesmo tendo me infernizado a vida toda! Vocês nunca gostaram de olhar o meu rosto né? – Falou o atirador se aproximando de Artur saindo da penumbra e revelando um rapaz de na casa dos 20 anos, cabelos castanho escuros, pele branca quase cadavérica, um rosto fino e uma cicatriz do lado esquerdo do rosto que vai de próximo da linha do cabelo até a maçã do rosto cortando seu olho esquerdo que é de um tom verde sem muita pigmentação tendo um aspecto frio e morto em comparação ao seu olho direito castanho esverdeados.
– F–Fábio!?
– Oi amiguinho! A gente não se vê desde o ensino médio, né? Isso tem o que uns 4 anos?
– Como que te soltaram daquele hospíc...–Mais uma vez Artur é calado por um forte golpe, o fazendo cair no chão, dessa vez cuspindo um dente molar.
– Isso não é uma reunião de classe! Bem, talvez seja..., mas não sou eu que respondo as perguntas.
– O que você quer de mim cara? Eu não tenho nada a ver com você ter sido internado! Eu te zoava, mas não fui eu que mandei você praquele lugar!
Uma risada se fez ouvir por todo o bloco de apartamentos. Fábio colocou a arma na fronte enquanto secava as lagrimas de riso. Tal cena apavorou ainda mais Artur que não conseguia se mover de tanto temor daquela figura psicótica que estava diante dele.
– Você acha que eu tô aqui por que vocês foram uns escrotos comigo? Não cara! Você entendeu errado, eu falei aquilo lá só pra te refrescar a memória! Se você tivesse me mandado para o hospital talvez eu estivesse pegando mais leve contigo...Afinal, aquilo me fez um bem danado! Eu estava precisando de um pouco de equilíbrio! Sabe como é? Eu tava com uns parafusos soltos!
O rosto de Artur começou a se cobrir de um suor frio, algumas lembranças confusas do passado começaram a tomar sua mente. O pavor estava tomando conta de cada um de seus nervos, seu cérebro gritava para ele se levantar e correr, porém, suas pernas não respondiam, sentia–se como um gato bobo no meio de uma estrada ao ver o farol de um carro vindo rápido em sua direção, com a diferença que se fosse o gato ele conseguia imaginar o que aconteceria quando fosse atropelado.
– Chega Fábio!
O rosto de Fábio se fechou e olhou com raiva para trás, três figuras estavam de pé diante da porta aberta para o corredor do prédio logo atrás dele.
– Vocês demoraram! –Disse Fábio visivelmente irritado.
– Trânsito, e tivemos que organizar para recolher o lixo que você deixou espalhado para trás. –Disse o mais alto das três pessoas, um rapaz negro de olhos amendoados e voz calma – O resto do pessoal logo chega.
– Pô Fer, mas agora que eu ia pintar a parede com os miolos desse imbecil! – Disse Fábio colocando a arma dentro da calça.
– Eu já vi você pintando, ia ficar uma merda, ainda mais com material de tão pouca qualidade. –Falou um rapaz baixo, em torno de 1,60 usando óculos e cabelos loiros que sorria como se tudo aquilo fosse o mais corriqueiro dos dias.
– Vá se foder Daniel! –Exclamou Fábio enquanto se aproximava dos três jovens e abraçava Fernando. –Cara, eu não esperava que você também viesse!
– Era preciso!
O terceiro rapaz possuía cabelos compridos fazendo um rabo de cavalo, estava fumando um cigarro e permanecia em silêncio observando Artur fixamente.
– Quer começar o interrogatório Cris? – Perguntou Daniel colocando a mão no ombro do jovem fumante.
– Quero! E você Artur? Quer me responder algumas coisas?
Nesse momento Artur começou a chorar e se mijar nas calças, ele já sabia o que iria acontecer, e ele tinha certeza de que era preferível que o Fábio tivesse explodido a cabeça dele. Quando mais pessoas chegaram ao local a porta do corredor se fechou.
Nenhum grito ou tiro foi ouvido. Somente o choro de Artur pôde ser notado pelos vizinhos mais próximos que reuniram coragem e se debruçaram próximos das paredes.
No dia seguinte, o apartamento estava vazio, nenhuma marca de sangue, tiros ou sinal de que algum dia tivesse sido ocupado. Os capangas que viviam aterrorizando a região haviam desaparecido e ninguém ficou no lugar como costumava acontecer nesses casos, era claro para todos os moradores de que algo muito sério aconteceu, mas de que alguma forma havia sido benéfico para eles, logo era melhor ficar em silêncio a respeito, afinal ninguém gostaria de mexer com seja lá quem fosse aquele grupo de jovens.
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