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Guerreiros

Capítulo 6 –Sozinho. (parte 3)

Capítulo 6 –Sozinho. (parte 3)

Oct 08, 2021

This content is intended for mature audiences for the following reasons.

  • •  Abuse - Physical and/or Emotional
  • •  Drug or alcohol abuse
  • •  Blood/Gore
  • •  Mental Health Topics
  • •  Physical violence
  • •  Cursing/Profanity
  • •  Sexual Content and/or Nudity
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                - MÃAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAEEEEEEEE! – Gritou Cristiano ao se aproximar do pequeno quiosque.                - Ohhhh mãe!

- Uma mulher com rede de cabelo colocou a cabeça para fora da área de atendimento.

                - O que você tá fazendo aqui Cris? Não tá em horário de aula?

                - Faltou professor, daí a gente trouxe um amigo novo da escola para conhecer o melhor lanche da cidade! – Disse Cristiano batendo no ombro de Fábio.

                - Sei, olha se tiver uma única falta no boletim desse bimestre eu vou te comer no couro rapaz. – Gritou a senhora sacodindo uma espátula na mão como se fosse uma palmatória.

                - Fica tranquila que não vai ter mãe! cadê o Tom?

                - Tá com a vizinha, ele tava meio doentinho hoje daí ela ficou cuidando dele.

                - Ahhh, bem... faz um lanche pra mim e pros meus amigos? Pode pedir qualquer coisa Fábio é de graça.

                - De graça o escambau moleque! Vocês todos podem pagando adiantado que aqui não é caridade, inclusive você seu porco espinho, aliás... Aproveita que tá liberado mais cedo e entra pra me ajudar.

                - Droga, não foi exatamente um plano perfeito. – Disse Cristiano se levantando da mesa de plástico e vestindo um avental.

 

Minutos depois todos estavam comendo cada qual seu lanche e conversando, com exceção de Fábio que observava tudo ao redor e não havia tocado no x-tudo que mandaram pra ele mesmo sob protestos de que ele não estava com fome.

                - Que é mano? – Perguntou um Rapaz corpulento.        - Tu tá praticamente mudo desde que a gente te convidou a vir pra cá.

                - Não foi exatamente um convite.  – Pensou Fábio, se assegurando desta vez que não tinha falado.

                - Olha, vamos tentar desfazer qualquer mal-estar da nossa primeira impressão. Meu nome é Pedro, mas meus amigos me chamam de montanha.

                - Mentiroso! Ninguém te chama assim. – Gritou um jovem baixinho e também bem gordo.

                - Me chamariam se vocês não me sabotassem.

                - Montanha! Só se for de banha! Respondeu o baixinho.

                - Hahahaha! O Sujo falando do Mal lavado. – Gritou Valéria enquanto inclinava a cadeira.

                - EI VAL EU NÃO SOU SUJO NÃO!!!

                - Meu deus Miguel tu é burro assim ou tá fazendo graça? Falou um jovem da mesma altura que Fábio, porém com cabelos platinados e traços que lembravam os da Coronel Carla.

                - Meu nome é Thiago, eu estudo na mesma sala do Cris.

                - Prazer. Posso perguntar uma coisa?

                - Fique à vontade.

                - Quem diabos são vocês?

                - Bem... Nós somos o grêmio estudantil.

                - O grêmio estudantil? Eu jurava que vocês eram uma gangue.

                - Qual é a diferença? – Perguntou Valéria se aproximando dos três jovens e se sentando com a cadeira entre as pernas encarando Fábio.

Fábio ficou tenso com a aproximação da jovem e a posição que ela estava tornava ainda mais tensa a situação.

                - Que foi garotão? Tá com medo de um par de coxas? – Falou a jovem se divertindo com o nervosismo do rapaz e abrindo ainda mais as pernas e se aproximando do garoto.

O coração de Fábio disparou.

                - Ei mocinha! Pode parar com essa safadeza! Deixa o menino em paz.

                - Desculpa Dona Maria, eu só tava brincando com o menininho.

                - Sei, brincando. Essa brincadeira que tu tá fazendo eu sou campeã olímpica.

                - MÃE! – gritou Cristiano horrorizado.

                - Que é? Você acha que veio na cegonha?

                -Lálálálálálá eu não vou escutar isso, não preciso ter essa imagem mental.

O grupo inteiro caiu na gargalhada, dessa vez incluindo Fábio que inclusive lacrimejou.

                - Ei, você tá sangrando. - Disse Valéria recuando o corpo ao ver um filete de sangue escorrendo pelo rosto de Fábio.

                - Que?

                - Porra! Paulo não era pra machucar ele.-         Gritou Thiago.

                - Mas eu não fiz nada. Respondeu Paulo.

                - Calma...é só... – Fábio tentou explicar, porém de repente Maria, mãe de Cristiano estava diante dele. A mulher alta e forte, mas de feições gentis parecia uma parede diante do jovem.

                -Deixe-me ver esse machuc...

                - Não faz isso tia! – Gritou Fernando lembrando a reação do Fábio ao ver ele levando a mão na direção do rosto dele.

Fábio imediatamente cobriu o rosto com a mão.          

- Por favor, não faz isso. É normal eu juro, ninguém me machucou.

                - O que você tem menino?

                - Eu juro que não é nada.

                - Vamos fazer o seguinte, vem comigo que de qualquer forma você precisa limpar isso eu te dou a chave do banheiro.

Maria segurou o pulso do jovem e o conduziu até a porta do banheiro aos fundos do quiosque.

                - O que houve criança? Perguntou a mulher basicamente se ajoelhando para ficar na altura de Fábio e tentar olhar ele nos olhos.

                - Não é nada, não precisa se preocupar, acontece quando eu rio ou choro é um problema no meu olho, nada demais.

                - Isso não é normal, você já procurou um médico?

                - Já, é que...

                - É um machucado?

                - Sim, antigo.

                - Por isso a franja e o cabelo comprido?

                - Sim. As pessoas assumem que eu sou gótico, emo, metaleiro ou qualquer coisa ao invés de olhar para minha cara.

                - Bem, eu te entendo. - disse a mulher arregaçando as mangasdo uniforme e exibindo uma série de cicatrizes de queimaduras.             - Todo mundo tem cicatrizes, as minhas são de trabalho, cozinhas são locais perigosos uma distração e você pode se machucar feio. Não sei como nem a origem dos seus machucados, então não irei me envolver mais. Mas posso te dar um conselho de alguém que sofreu com machucados e ainda sofre quase todos os dias?

                - Claro.

                - Esconder algumas coisas só atrai mais atenção sobre elas.

                - É que...

                - Eu não tô falando para você entrar no banheiro e mudar o penteado mostrando seja lá o que estiver embaixo dessa cabeleira, mas para você pensar como vai fazer no futuro.

                - Como assim no futuro?

                - Não é em qualquer lugar que você pode entrar cobrindo o rosto, quando você for trabalhar como que você fará se o lugar pedir, por exemplo, para usar uma rede de cabelo. – Disse a mulher apontando pra própria cabeça e exibindo a rede de cabelo que prendia o longo cabelo preto.

                - Eu realmente nunca pensei nisso.

                - Você me conhece há pouco tempo, eu não deveria estar me metendo, mas eu sou mãe de um garoto que nem você e é meu trabalho como mãe me preocupar com esse tipo de coisa, acho que sua mãe deve estar pensando o mesmo que eu, mas ainda não falou por algum moti...

 

Nesse momento Fábio caiu de joelho e começou a chorar copiosamente sendo abraçado por Maria

                - Desculpa querido! Mil perdões, meus sentimentos.   -Disse a senhora abraçando fortemente o jovem. As lagrimas e o sangue vertiam dos olhos do jovem manchando o avental da doce cozinheira.

 

Do lado de dentro do quiosque, Cristiano via pela janela seus amigos se divertindo e questionando a situação enquanto escutava a conversa de sua mãe ao fundo do quiosque.

                - Pesado. – Falou o jovem antes de virar mais um pedaço de hambúrguer na chapa.

 

Havia passado algum tempo, após se recompor Fábio começara a se entrosar com aquele grupo maluco e diverso e composto por desajustados.

Cristiano era uma espécie de líder, todos se espelhavam nele mesmo não sendo o mais velho e vivia ajudando o pessoal além de ter a mãe mais bacana de todos eles.

Valéria era uma formiga disfarçada de humano ela e o irmão eram filhos de norte coreanos que fugiram, nasceram em São Miguel e ensinam português e sobre a cultura para os pais, infelizmente parece que eles têm uma dívida enorme, pois foram contrabandeados para fora da Ásia então quase todo o dinheiro que eles ganham em uma pequena lojinha de presentes é usado para saldar essa dívida.

Fernando era um jovem prodígio, tão inteligente que assustava, era o mais novo embora estivesse quase na mesma série que eles, segundo o que falavam ele “pulou” a primeira série então era um garoto de 12 anos na sétima série cercado por jovens de14 a 16 anos, de fato o mascote da turma.

Pedro e Rafael eram um dos mais velhos da turma, um com 15 e outro com 16 eram também os mais pesados um era um gigante inteligente e gentil e o outro um anão grosseiro e meio limitado, mas superengraçado.

Paulo é reservado e discreto. É tão silencioso que parece até um ninja, chegando ao ponto de se esquecer que ele está ali, é grudado no Lucas, Se comportam como se fossem irmãos, mas a diferença física depõe contra isso, uma vez que a pele morena e o cabelo ondulado de um em nada combinava com o outro uma vez que Lucas era um jovem ruivo, lembra um pouco o Daniel no tipo físico porém mais alto, Tem uma cicatriz enorme no pescoço o que fez com que Fábio sentisse uma certa afinidade com ele.

                - Ahhh isso? Foi uma linha com cerol que enroscou no meu pescoço quando eu andava de bicicleta. Tenho sorte de estar vivo. – Falou o jovem, quando comentaram sobre machucados.

Quase todos ali tinham algum nível de machucados, muitos devidos a brincadeiras perigosas ou acidentes envolvendo carros.

                - Você não gosta de mostrar o rosto por causa de um machucado também né? – Perguntou Lucas.

                - Sim é que eu sofri um acidente de carro quando criança.

                - A gente imaginou que era algo do tipo quando é em um lugar visível as vezes a gente demora pra ficar legal...Eu usava gola alta, cachecol e o escambau... Imagina que ridículo um moleque de cachecol no calor do verão. Esse cara era eu.

                - Era isso ou você é completamente demente. -Disse Cristiano.              - Felizmente, já sabemos que não é o segundo caso então dá pra entender sua situação.

                - Seja bem-vindo ao nosso grêmio, estávamos precisando de gente como você aqui.

Fábio estava cada vez mais confuso.

                - Mas eu não tenho interesse em me envolver com esse tipo de coisa, embora tenham me assustado inicialmente vocês são legais e tal, mas se envolver em atividade de grêmio está longe das minhas intenções.

                - Fica tranquilo, você não vai ficar ocupado com as reuniões.



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