Na mesma noite do dia em que o trio se separa, Saki está na rua em busca de algum lugar para treinar. ela encontra várias academias e dôjos, mas acredita que não servirão. Por um breve momento, Saki se lembra de ter visto Elena usando magia para pegar alguns ingredientes para cozinhar, mesmo estando relutante, ela desiste do seu orgulho e vai falar com ela pessoalmente.
No caminho para casa, apreensiva e encarando o chão, seu rosto cai de cara em um par de seios.
"Ack! Desculpa senhora, eu estava distraída." (Saki)
"É assim que as crianças hoje em dia se comportam na rua?" (Elena)
Saki se espanta por ter se encontrado justamente com a pessoa que estava procurando.
"O que cê tá fazendo aqui sua velha?" (Saki)
"Eu não te devo satisfação, criança" (Elena)
"Tanto faz. Eu tava te procurando mesmo." (Saki)
Elena fica levemente surpresa com a fala de Saki. Ela não imaginava uma situação dessas.
"Isso é inusitado. O que você quer?" (Elena)
Envergonhada, Saki não sabe como perguntar.
"Você... Por acaso... Tem alguma experiência com arm-" (Saki)
"Pode esquecer.” (Elena)
“O que?” (Saki)
“Galliard me contou. Vocês saíram para treinar, não é? Vou deixar claro que não sou professora." (Elena)
"Então você sabe lutar?" (Saki)
"Eu nunca disse isso." (Elena)
Saki se curva de joelhos enquanto Elena fala.
"Por favor, me ensine." (Saki)
"Você não tem orgulho, criança?" (Elena)
"Orgulho... Isso não vai me fazer mais forte." (Saki)
"Você é idiota?" (Elena)
"..." (Saki)
Elena suspira, vira as costas e vai embora.
"Espera! Eu preciso... De ajuda... Da sua ajuda..." (Saki)
O pouco de orgulho que restava em Saki foi embora, doeu em sua própria alma dizer essas palavras. Elena ri de forma sarcástica e fala.
"Acha mesmo que só se curvar é o suficiente para me fazer mudar de ideia? Você não tem convicção, você não tem vontade. Não se lembra? A chave se ativa para aqueles que tem uma motivação, não é? Nada aconteceu quando você tentou usá-la. Por que eu deveria ensinar alguém que nem sabe porque está lutando."(Elena)
"Eu..." (Saki)
"Cala a boca. Apenas venha!" (Elena)
Saki não sabe o que fazer. Atordoada com as palavras de Elena, segue sem argumentar. Ela vai para as montanhas. Saki não enxerga nada além das árvores, mas, em um piscar de olhos, um templo japonês aparece em seus olhos.
"Desde quando isso tá aqui? Eu não tinha reparado." (Saki)
"Isso é meu. Pedi que construíssem e com a ajuda do Galliard, usamos uma magia que tornasse esse templo invisível a uma certa distância."
"Se vocês são tão ricos... Por que Galliard continua trabalhando como ferreiro?" (Saki)
"Ele gosta." (Elena)
Elena leva Saki para uma sala onde há várias armas e armaduras. Faz ela se sentar no tapete e começa a falar.
"Porque você quer treinar?" (Elena)
"Eu quero resp-" (Saki)
Elena empurra Saki para o outro lado da sala com uma rajada de vento.
"O que é isso?" (Saki)
"Se você quer que eu te treine... É bem simples. Me dê um motivo pelo o que você luta!” (Elena)
"Isso é fácil." (Saki)
"Também quero que faça um único corte em minha gravata. " (Elena)
"Que?" (Saki)
"Fácil, não?" (Elena)
Elena anda lentamente para um painel com várias armas e para em sua frente. Saki usa sua Expansão Mágica, invocando a foice, mas, Elena logo a puxa para sua mão.
"Como que cê fez isso?" (Saki)
"O vento. Vou explicar tudo o que precisa se me der uma boa resposta." (Elena)
"Você é um saco!" (Saki)
"Que pena." (Elena)
Elena joga uma foice que estava no painel, faz um gesto provocante para que Saki a ataque.
Saki pula tentando cortar a gravata de Elena.
"Eu luto para conseguir respostas!" (Saki)
"E POR ISSO VOCÊ É FRACA!" (Elena)
Ela é arremessada mais uma vez para longe.
"Enquanto você voa por aí, pense em uma resposta decente e em uma forma de me acertar." (Elena)
"Eu quero saber do meu passado..." (Saki)
Avançando por baixo, Saki tenta um corte vertical e mais uma vez... É mandada para longe. Elena anda lentamente enquanto Saki está derrotada no chão. Ela a levanta puxando pelos cabelos e diz.
"Acha que querer respostas é o suficiente para se tornar forte?" (Elena)
Saki recebe um tapa na cara.
"Você é só uma pirralha que chora porque a mamãe te abandonou." (Elena)
Com uma voz trêmula Saki pergunta.
"Como você sa-..." (Saki)
Elena dá uma joelhada no seu estômago.
"Aqueles que lhe ajudaram a chegar até aqui não importam?" (Elena)
Saki se lembra dos momentos em que foi ajudada, Monku, Noelle, Galliard e Eliot passam em sua memória.
"Há coisas que nem o dinheiro é capaz de comprar. Há coisas que não valem ser sacrificadas por respostas. Você não entende isso porque está cega por um objetivo raso. (Elena)
Saki olha para Elena e vê em seu bolso a chave que deveria estar com Galliard e sussurra.
"A chave do meu corpo... Revelará a minha alma..." (Saki)
"Patético." (Elena)
Elena soca sua barriga fazendo com que Saki vomite e pare do outro lado da sala.
"Eu sei pelo o que eu luto... Sim, eu quero respostas. Mas quero proteger... Aqueles que são importantes pra mim. Proteger o sorriso deles. Não vou deixar... Que o que aconteceu com meu pai... Se repita outra vez." (Saki)
Saki sussurra mais uma vez.
"A chave do meu corpo revelará a minha alma." (Saki)
Saki se levanta com a foice de madeira e corre em círculos pela sala.
"Interessante..., mas acha que correr em círculos vai te ajudar?" (Elena)
Enquanto arrasta a foice pelo chão, formando um círculo, Saki pula em direção a Elena tentando cortar sua gravata.
"A chave do meu corpo revelará a minha alma." (Saki)
"Que inútil." (Elena)
Elena para a foice em pleno ar com um único dedo. Por outro lado, a chave no bolso de Elena começa a criar uma névoa sussurrante, mas, dessa vez algo diferente é dito.
"Boa sorte, em sua jornada" (Saki)
Saki cai no chão sem conseguir se mexer. E pergunta.
"Quando você pegou isso?" (Saki)
"Não achou que deixaríamos um artefato desses naquela casa, não é?" (Elena)
"Sua vel-" (Saki)
"Me chame de mestra. Você não cortou minha gravata, mas me disse uma motivação que vale a pena investir. Então... Como completou meio desafio... Vou te ensinar apenas a parte teórica. A qualquer momento do dia você pode tentar cortar a gravata novamente, e então partiremos para a prática." (Elena)
"Você não é tão ruim afinal..." (Saki)
"Não me entenda mal, são raras as pessoas que não lutam só por elas mesmas. Sem contar que... Não vou te ensinar de graça."
Saki desmaia em seguida e Elena a leva para um quarto. Quando acorda ela vê que está com seus ferimentos enfaixados.
"Quem diabos tirou minha roupa?" (Saki)
Elena entra no quarto arrebentando a porta e gritando.
"TÁ NA HORA DE ACORDAR QUE QUEM TRABALHA DEITADA É PUTA." (Elena)
"Cê me arrebenta na porrada e espere que eu esteja 100% no outro dia? " (Saki)
"Acho que era melhor eu ter pedido ajuda pra um rato gigante no esgoto, pelo menos eu ia aprender a usar um nunchaku." (Saki)
"Você quer ou não quer ficar mais forte, sua pirralha?" (Elena)
"Tá, tá. Já tô indo, velha." (Saki)
“Mais respeito com quem tá te dando abrigo e treinamento.” (Elena)
Saki faz seu maior esforço para não vomitar e responde.
"Sim... Senhora." (Saki)
"Acho bom. Apareça naquela mesma sala em dez minutos." (Elena)
Saki põe sua roupa e vai para a sala de treino.
"Se você quer se tornar forte, há algumas coisas que deve saber.
“A magia que todos usam, existe no ar assim como os átomos... Você já ouviu falar do big bang... Certo?" (Elena)
"Quem você acha que eu sou? Claro que já?" (Saki)
"E o que sabe sobre isso?" (Elena)
"Foi a junção de poeira cósmica que trouxe uma explosão e deu origem ao universo?" (Saki)
"E você nunca se questionou como que havia poeira cósmica se o universo não existia ainda?" (Elena)
"..." (Saki)
"Foi o que pensei. Vamos do início. Deus, o Deus dos deuses, ele é o próprio universo. Ele apenas existia, e certo dia ele se sentiu entediado de apenas existir e decidiu criar outros seres. Primeiro criou outros deuses, deuses nórdicos, hindus, gregos, egípcios e todos os outros. Depois criou os planetas e essa parte você conhece. Com todos os sistemas solares criados ele construiu os outros seres restantes, animais e humanos." (Elena)
"Em resumo todos os deuses existem..." (Saki)
"Exatamente... Deus criou a sua imagem e semelhança, do barro, o homem, uma criatura bípede capaz de pensar por si próprio, que lhe foi dado o nome de Adão. Durante a noite, do mesmo barro, Deus criou a mulher, que conseguia fazer tudo que o homem fazia, e se chamava... Lilith. Porém, por ser o primeiro, Adão não aceitava que outra pessoa fosse tão competente quanto ele e não obedecesse a suas ordens. Então reclamou a Deus pedindo que a expulsasse do paraíso. Deus atendeu o seu pedido, exilou Lilith e criou pelo dia Eva, a mulher que veio da costela de Adão e era submissa a suas ordens." (Elena)
"Até aí eu peguei a informação, mas e os outros deuses?" (Saki)
"Lilith, com um profundo ódio. Resolveu viver sua própria vida sozinha, sem depender de ninguém. Vagou pela terra chamando por outros deuses. Enquanto vagava, avistou algo caindo bem a sua frente. Era um anjo com suas asas cortadas que se apresentou como Lúcifer. Um anjo que sua cobiça foi maior do que sua devoção a Deus e foi mandado ao inferno. Lilith usou essa cobiça ao seu favor e se tornou a rainha do inferno. Tomando todas as suas atitudes com o nome de Lúcifer." (Elena)
"Lilith é malandra... Mas o que tudo isso tem a ver com magia?" (Saki)
"Os deuses viram um comportamento estranho vindo da terra e foram investigar. Encontraram Lilith e para que não fosse punida, propôs uma batalha contra todos eles. O desafio foi aceito e Lilith, com todo o poder que havia adquirido no inferno exterminou todos os deuses com um simples balançar de mãos. Esse feito foi chamado de Ragnarok. O final do massacre resultou no extermínio de todos os deuses e seus cadáveres apodrecidos se tornaram poeira cósmica acumulada o que resultou numa grande explosão trazendo assim a magia ao mundo. A magia se espalhou pelos ares, entrando no organismo de todos os seres humanos. Pessoas que eram capazes de abrir o mar ao meio e até mesmo de se comunicar com os animais." (Elena)
"É O QUE? EU SABIA QUE AQUILO NÃO ERA MILAGRE." (Saki)
"Se acalma, pirralha. A magia ainda está por aí, ela é chamada de mana básica. Da pra infundir a mana básica em qualquer lugar e com as palavras certas podem se tornae um feitiço." (Elena)
"Tá, mas e a parte dos poderes?" (Saki)
"Se tornou hereditário. Minha família inteira foi ”escolhida” por Éolo, Deus dos Ventos, então a maioria pode voar ou faz objetos flutuarem. E através das gerações, os elementos foram se ramificando, como raio, lava, gravidade e até mesmo os astros. Os mais habilidosos podem até mesmo transformar o seu corpo em seu elemento." (Elena)
"Quebrado!" (Saki)
"Com isso a aula acaba por hoje, use isso pra ver se consegue ao menos tocar em mim." (Elena)
"O que? Só isso?" (Saki)
"Isso mesmo. Até amanhã." (Elena)
Elena sai da sala e fechando a porta com força deixando Saki sem entender porque a sua "aula" foi tão rápida.
"Mas oque? Essa mulher tem problema... Tanto faz, ela disse que a mana básica está em todo lugar, não é? Então talvez se eu fizer um esforçinho, eu consigo senti-la, certo? Pelo menos é assim que funciona nos mangás." (Saki)
Saki cruza as pernas e se concentra. Ela tenta acumular a mana básica na sua mão direita, que fica com um leve brilho azul, sente um formigamento vindo juntamente uma sensação de força.
"Talvez eu saiba o que fazer com isso..." (Saki)
Então dias e dias se passam. Saki aprendeu a controlar a mana base a agora consegue aumentar sua velocidade e força acumulando mana em partes específica do seu corpo, com isso ela tenta todo dia cortar a gravata de Elena, mas sempre acaba falhando.
Saki acaba de falhar mais uma vez e está ofegante no chão, enquanto Elena está plena apoiando seu ombro na parede.
"Que saco! Eu sempre sinto que minha foice atravessou a gravata mas quando eu olho... Ela tá lá sem nem se mexer." (Saki)
"Você ainda não está forte o suficiente, como planeja derrotar Rosa dessa forma? Quer defender seus amigos ou quer ser um fardo para eles?" (Elena)
"Cala a boca, você falou que ia me treinar, mas só deu uma aula de história." (Saki)
"Não foi suficiente? Por acaso a bebê quer rodinhas pra bicicleta também?" (Elena)
"Que seja. Eu vou pro quarto. Já deu pra mim por hoje!" (Saki)
Saki vai para o quarto, ao chegar, cai direto na cama e fica com o rosto no travesseiro por um tempo pensando.
"Como será que os outros estão se saindo? Monku tá treinando sozinho? Aquela floresta é meio assustadora, não sei como ele consegue ficar lá por tanto tempo..."
Uma memória não tão antiga passa por sua cabeça. Saki lembra. Do dia que conheceu Noelle até o dia que se separaram.
"Caramba... Quando eu a vi pela primeira vez ela era tão... Fria... Sempre muito insegura, andava sempre calada e meio afastada... Tão pouco tempo e já parece outra pessoa... Que bom que eu consegui ajudar, mas... Sinto que falhei em ajudar o Monku, ele parecia tão triste desde que a gente chegou na cidade. Talvez seja o choque pelo o que aconteceu na floresta. Espero que ele esteja bem."(Saki)
Saki dorme ali mesmo, uma sono tranquilo. Na manhã seguinte ela se levanta, toma seu banho e sai do quarto para tomar café. Ao chegar na cozinha tentam acerta-la com um soco, em uma velocidade altíssima. Saki consegue desviar e assustada olha para direção de onde o punho vem.
"Tá ligeira ein... Criança?" (Elena)
"Você tá maluca ou o que? É de manhã cedo!" (Saki)
"Foi só pra testar se tá pronta." (Elena)
"Pronta pra que?" (Saki)
"Seu treino prático." (Elena)
"Mas eu nem encostei na sua gravata" (Saki)
"Eu tô de bom humor hoje. Só aceita." (Elena)
"Não. Eu tenho orgulho sabia?" (Saki)
"Você perdeu ele assim que me pediu que te treinasse." (Elena)
"... Aí eu perdi no argumento." (Saki)
"Esteja na sala em 20 minutos." (Elena)
Sem reação alguma, apenas aceita que Elena estava certa e toma seu café da manhã. Bota os pratos na pia e vai para Sala.
"Então é isso. Vamo começar logo!" (Saki)
Na noite anterior. Elena chega em seu quarto e abre um armário de duas portas. Dentro dele havia mais de 100 gravatas, cada uma com um corte maior que o outro. Ela coloca mais uma no armário e o fecha.
"Acho que já tá na hora..." (Elena)
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