O grupo estava reunido dentro de uma casa, onde a Ceifadora havia acabado de salvar o garoto de uma criatura terrível. As outras crianças estavam espalhadas pelos quartos e corredores, enquanto duas delas, o garoto com moletom azul e a menina de camisa roxa, estavam de frente para Lucio, que sentava no sofá. Entre os dois, estava o ser encapuzado empunhando uma foice, cabo de madeira e lâmina afiada, esse ser era a Morte. Lucio olhava de forma apreensiva e totalmente desconfortável para ela, já que nunca em sua vida, mesmo que curta, imaginou que estaria cara a cara com a própria ceifadora.
“Então, você disse estou aqui por um erro seu? Na verdade, todos estamos aqui pelo mesmo motivo, é isso?” – Voz trêmula de Lucio enquanto falava, mostrava seu nervosismo.
“De fato, é isso.”
A frieza na resposta da Ceifadora não o acalmava. Talvez, se tivesse mais informações para entender o que estava acontecendo, ele pudesse enfim tirar algo disso tudo.
“Explicarei de uma vez a sua situação, se me permitir, Lucio”
“Po-pode falar.” – Dava-se pra ouvir ele engolindo seco. Poderia a Ceifadora, ouvir o que ele estava pensando?
“Você e todas essas jovens crianças que estão aqui, estão presas neste local chamado de Cidade Penumbra. É um plano nada amigável entre os mundos, onde existem criaturas que podem te matar, e pode ter certeza que elas vão tentar. Entretanto, existe uma forma de vocês poderem voltar a vida normal de vocês.”
A Ceifadora havia dito algo interessante. Então, de fato, era possível que pudessem voltar a vida e sair daquele local de uma vez por todas. Isso fez com que os olhos de Lucio brilhassem e prestasse ainda mais atenção ao que dizia.
“Tudo o que a gente precisa fazer, é ir em direção ao norte dessa cidade e sair daqui por uma porta especial que a Ceifadora vai abrir pra nós.” – Dizia o outro garoto ao lado da Morte, complementando o que ela estava dizendo.
“Mas não vai achando que é fácil, moleque. La fora tem de tudo que pode matar você. Ela os chama de Penumbrantes, e tem vários desses querendo caçar você. Em forma de cachorros, pessoas…. Eu vi um que parecia um gorila, era bizarro.” – Dizia de forma metida a menina, também ao lado da Ceifadora. Vendo como respondiam, Lucio começava a pensar sobre esses dois garotos bem na frente.
— Esses dois parecem ser os líderes desses garotos todos. Talvez eu tenha que ficar de olho neles.
Antes que pudesse dizer alguma coisa de fato, A Ceifadora o interrompeu e falou à sua frente. Temendo ser algo que precisasse de fato ouvir, ele então se calou e esperou que ela pudesse terminar a sua frase.
“Devo informar que, perante tudo isso, existem regras.”
“Regras? Que tipo de regras?” Retrucava Lucio, não se aguentando de curiosidade.
As regras então ficaram bem claras para Lucio. A Cidade Penumbra não era um local para onde qualquer pessoa ia, a Ceifadora iria ajudá-los a sair daquele lugar. Suas memórias foram especificamente apagadas pela própria Morte, logo não lembrariam um do outro, como chegaram ou que estavam fazendo, apenas quem eram eles próprios.
Se morressem pelas mãos de algum dos monstros que vivem na Cidade Penumbra, sua alma não poderia ser salva. Qualquer toque dessas criaturas no seu corpo, era ‘Game Over’.
“Outro detalhe que sou obrigado a lhe informar: Mesmo que eu possa proteger vocês das criaturas que vivem aqui, não posso permanecer na Cidade Penumbra o tempo todo. Quando acontecer, devo retornar ao plano celestial e só poderei voltar 30 minutos depois. Nesse momento, vocês estão sozinhos.”
Isso não era algo que gostou de ter escutado. Estar em um local medonho, perigoso que não desejava estar já, não era fácil de se aceitar, agora mesmo sabendo que havia a remota chance de voltar para sua vida e aquele que te trouxe, te deixaria sozinho várias vezes? Lucio não concordava. O garoto de moletom via a frustração e desespero nos olhos dele ao ouvir aquilo. A garota fingia indiferença, mas também não gostava nada daquela regra.
A Ceifadora então os deixou na sala enquanto saiu da casa, para rondar um pouco. Os três ficaram se entreolhando e disfarçando os olhares, uns aos outros. Lucio estava incomodado com tudo aquilo e percebia que os outros também, mas não tentavam não deixar aparecer. Obviamente, a situação não os deixava tranquilos, mas a união possivelmente os acalmava. Enquanto juntos, um protegia o outro, e vice-versa.
“Vocês…. estão juntos a muito tempo?” Perguntava Lucio, de forma curiosa e informativa.
“Quando a capuz me achou, ela já estava com a Mika e o Nataniel. Depois encontramos com a Sophia, Laila e agora, você.”
“Então, vocês não se conhecem?”
“Não ouviu ela, topete? Não lembramos de nada, tirando nossos nomes. Nem se quiséssemos lembraríamos. E é melhor assim.” Mikaela dizia de forma irritada, mas seu raciocínio estava certo.
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