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Inquisição: O Teorema Perdido de Fermat

Capítulo I (1/2)

Capítulo I (1/2)

Nov 03, 2021

Você já se imaginou vivendo em um mundo onde bruxos existem? Sim, poderosos bruxos. Eles são maus? Alguns. Mas um está ali para provar que…
Não. Isso está horrível
Você já imaginou viver num mundo mágico? Se já, você deve saber que existem seres extremamente poderosos. São eles: os bruxos. Entre todos, um se destaca! Não por suas habilidades, mas sim, por seu coração de ouro…
Ah! Bem melhor.
Ele é um bruxo incrível que decidiu eliminar todos os outros bruxos malignos da terra! Ele é o maior bruxo que já existiu! Sim!
Não! Definitivamente não.
Ele tem um coração nobre como o mais fiel cavalheiro e uma alma reluzente como a mais brilhante das estrelas. Com seu parceiro elfo, Vicent Possom, ele carrega a esperança de uma geração. Seu nome é Shame…
— Ei, o que está escrevendo aí, Kat? — Shame perguntou, pulando em cima da minha mesa, do nada.
— Ah, Shame, eu não vi você chegando! — exclamei, recolhendo meu caderno todo rabiscado enquanto o garoto esticava o pescoço, curioso, sem nem disfarçar.
Ele ri de mim. 
Posso confessar uma coisa, querido leitor? Eu achava ele um chato. Mas um chato bonitinho. Olhos azuis, loirinho. Tudo de bom! Ai que ódio, ele me viu escrevendo aquelas coisas vergonhosas. Será que ele leu demais? 
— Como você está nessa manhã, baixinha? — perguntou ele com um tom estranhamente provocador e carinhoso. 
— Para com isso, garoto — disse puxando sua touca para baixo, escondendo seu rosto das minhas histórias ridículas. — Você não deveria ficar lendo as coisas que eu escrevo. São pessoais!
— E por que eu tenho que ser o elfo de novo? — Indagou Vicent, de umas carteiras atrás de mim, enquanto lia algum livro sobre algo profundo e esclarecedor. Ele era um daqueles nerds clássicos que sempre estava estudando, mesmo antes da aula começar. 
— Como assim elfo? —  Que desgraçado. —  Não tem elfo nenhum aqui, não. De onde você tirou um elfo? Eu escrevi outra coisa. Era uma lista de compras! Se eu não anotar acabo esquecendo, você sabe. 
— Você não tem jeito mesmo, não é baixinha?
— E você ainda errou meu nome — Vicent continuou. Como ele conseguiu ver essas coisas estando tão longe? — Você sabe que é Poisson — disse ele, dando ênfase à letra “I”.
— E se lê “Poasson”, porque é francês — Rossane complementou, retocando a maquiagem típica de todo dia, sem tirar os olhos do pequeno espelho que segurava em uma das mãos. —  Você fala a mesma frase desde que éramos crianças, Vivi.
— Primeiro, odeio que me chamem assim — retrucou ele, emburrado, encarando a garota. — E segundo que eu já não falo isso há anos. Você sempre fala no meu lugar. Eu nem ligo mais.
— É mesmo, hein “Pusson”? — Shame soltou, forçando uma pronúncia errada só para irritar Vicent. 
— Shame, é por isso que ele não vai com sua cara! Assim vocês nunca vão se entender. —  Alertei. 
— Eu não consigo não ser chato, às vezes —  falou o loiro, sentando-se ao meu lado, no seu lugar de costume. —  O que tem hoje mesmo? 
Preciso de dois segundos para pensar. Rossane não ligou muito para a pergunta e Vicent não responderia nada para alguém como Shame. Estou prestes a abrir o caderno para ver o horário quando me bate uma sensação horrível e eu lembro, exatamente, qual é a primeira aula do dia. 
— Português – respondi desanimada. — Acho que era para a gente ter feito aquela… — Congelo só de pensar na bronca bonita que eu vou levar por ter esquecido de fazer a lista de exercícios. Voltei para a Terra quando, de repente, um bloco de folhas foi jogado em minha mesa.
— O quê é isso? – questionei Shame, meio confusa. 
— É a lista de português. Fiz uma cópia pra você e ainda errei algumas coisas porque sei que você não iria acertar tudo — disse ele, dando uma piscadinha ao terminar de falar.
— Ai… Eu não posso aceitar. 
— Relaxa! Você me ajudou muito com física nesse trimestre e no passado — começou ele, tentando me acalmar. — Você vai ser uma grande física um dia, não precisa ficar desperdiçando essa sua genialidade com coisas como português — brincou ele, fazendo uma certa careta ao falar “português”. Não consegui segurar uma risada desajeitada. — Se bem que, para alguém que fica tanto tempo escrevendo historinhas, você deveria gostar mais desse tipo de coisa. 
— Eu sei! — respondi um pouco mais baixo do que eu gostaria. — Odeio admitir, mas você, Shame Liverston, tem razão — completei, fazendo um pouco de drama. Ele, por sua vez, me encarou com aquela cara de bobo e sorriu com o canto da boca. Retribui e um silêncio constrangedor começou a nascer. — Eu… — olhei para baixo, limpando a garganta como uma forma de não deixar a vergonha me fazer parar de falar. — Não sei como agradecer! — senti meu rosto começar a corar.
— Quer me recompensar? Depois da aula você pode ir lá em casa — propôs o garoto. — Quero te mostrar aquele jogo que comprei semana passada. Você não sabe o que está perdendo! — Fiquei um pouco sem graça.
— De jeito nenhum! — disse Rossane, se intrometendo. — Você falou que ia me ajudar a estudar, senhorita. Esqueceu?
Encarei a garota como se ela tivesse acabado de me apunhalar pelas costas. Rossane nem ligou. Como alguém consegue ser tão frio na hora de acabar com os planos da melhor amiga para, finalmente, ficar sozinha com o crush? Mas, a verdade é que eu não posso julgá-la. A gente tem história. Aquelas amizades de anos, sabe? Ela e Vicent estão comigo desde que eu me mudei da capital para cá. Eles são os melhores! E eu meio que devo isso à eles. Mas, mesmo assim, todo o hemisfério, incluindo ela, sabe que rola alguma coisa entre Shame Liverston e Katrin Date! A única diferença entre o resto do hemisfério e Rossane é que eles não ligam e ela, por não gostar muito dele, tenta transformar isso em um romance de anime enrolado. De novela. De série de 12 temporadas. Não tive escolha: 
— Desculpa Shame, ela tem razão — disse, meio contrariada. — Mas eu posso tentar me organizar para conseguir fazer as duas coisas.
— É, quem sabe… – respondeu ele, um pouco chateado.
— E se a gente fizer tudo ao mesmo tempo? — sugeri, sem pensar muito. — Nós podemos ir na casa do Shame para estudar e jogar um pouco. É melhor do que nada, não é gente? — me referi aos dois, mas, olhei diretamente para Shame, esperando que ele concordasse. 
— Ótima ideia! — exclamou Rossane, para a minha surpresa.
— Se não se importarem, eu poderia comparecer — Vicent acrescentou, se convidando. – Já que vocês também queriam jogar Avenue Fighter e pediram ajuda com Biologia. 
De repente todo mundo quer ir? Ah, beleza. 
— Tudo bem, Shame? – perguntei fazendo carinha de cachorro abandonado com ração barata em uma casa em chamas ao som da música mais triste de Linquin Boskage. 
Ele me olhou um tanto decepcionado. Talvez consigo mesmo por cair na técnica da carinha de cachorro abandonado com ração barata em uma casa em chamas ao som da música mais triste de Linquin Boskage novamente. Ou, talvez, por realmente querer passar um tempo sozinho comigo e não conseguir. 
— Tudo bem — respondeu, por fim. — Eu não vejo problema. —  Isso! A técnica da carinha de cachorro abando… A técnica com o nome longo sempre funciona! 

Durante o intervalo, Rossane e Vicent, por algum motivo, saíram na frente, me deixando para trás com o Shame. Pode parecer bobo, mas, ficar sozinha com ele é uma coisa muito grande para mim, já que os dois sempre estão por perto. É a minha chance!
— Quer ir sentar naqueles bancos atrás da quadra? — perguntei ao garoto. 
Shame dificilmente recusava uma oportunidade de passar o intervalo deitado atrás da quadra e, por isso, a afirmativa foi imediata. Assim que chegamos nos bancos, me sentei e Shame se acomodou ao meu lado, deitando, é claro. Sua cabeça encostava em uma das minhas pernas, bem de leve. 
Eu nunca conseguia levar aquilo que a gente tinha para frente por medo, vergonha ou sei lá o quê. Mas, depois de tanto tempo, acabei ficando um pouco impaciente com nada acontecer e coloquei na minha cabeça que eu faria as coisas darem certo. 
— Então – comecei, procurando as palavras certas –, que pena que não vamos ficar sozinhos hoje, né? 
— Ah, tudo bem! Eu já me acostumei com isso – respondeu ele, bem tranquilo. 
— Ei, Shame. – Hora do ataque. – Você já sentiu que amava alguém, tipo, de verdade? 
— Entendi tudo, Katrin. Te peguei nessa! – disse ele, apontando para o meu rosto.
— Como assim pegou? Pegou nada. Nem eu peguei o que você pegou. — Que frase confusa. — Quer dizer... o que você pegou? 
— Você tá caidinha pela Rossane! – Desgraçado! – É triste porque eu acho que o que ela gosta você não pode oferecer — comentou ele, rindo. 
—  Acho que você também está fora da lista dela então, né “Xaméu”? – zombei dele. 
— Qual é?! —  Sua expressão mudou de Shame engraçadão para Shame irritado, mas não durou muito. — Já falei para vocês não me chamarem assim. É só uma professora substituta errar meu nome na chamada, uma única vez, que vocês nunca mais esquecem disso. Que absurdo! 
— Ah, mas é um belo nome, admita —  provoquei e ele riu.
É incrível como, mesmo quando eu estou tensa, Shame me deixa leve. Não é algo que eu consiga explicar. O silêncio pairou no ar.
— Mas sim – respondeu ele, repentinamente, quebrando o gelo e acelerando meu coração.
— Sim, o quê?
— Eu já amei alguém. — Olhei para ele, assentindo com a cabeça, mostrando que estou escutando. Shame, então, continuou: — Tipo, amei bem de verdade mesmo. Queria ficar o tempo todo com essa pessoa.
— E isso faz muito tempo?
— Não! – Droga. – Eu percebi isso faz menos de um ano.
— Mas faz muitos meses? – perguntei nervosa.
— Na verdade, menos de um mês – respondeu, ainda tranquilo.
— Hmm… — senti algo estranho e então percebi o quão insegura e desesperada eu estava.
— Não vou mentir. Talvez eu esteja me sentindo assim agora — comentou ele, fazendo meus olhos ficarem levemente marejados. Sou eu? Será? Não, definitivamente não sou eu. Sorri para ele, tentando disfarçar e ele retribuiu, ainda mais lindo do que sempre foi. O sinal toca. — Vamos voltar? — perguntou ele.
Concordei com a cabeça e o vi levantar. Minha vontade era de nunca mais sair daquele momento.

Quando a aula acabou, nós quatro fomos direto para a casa de Shame. Estávamos em nosso encontro regado a vídeo games e livros do ensino médio quando Shame me chamou, disfarçadamente, para ir até a cozinha.
Eu, com a maior convicção e seriedade do mundo, levantei alguns segundos depois que ele saiu do cômodo e disse “vou ao banheiro”. Me senti suja, mas, às vezes é preciso enganar os amigos para se conseguir o que quer! Falando assim parecia horrível, na verdade. 
Olhei para trás para ver se houve alguma reação. Vicent estava com a caneta na boca, vidrado em seus livros. Rossane, com o olhar congelado e uma cabeça pegando fogo, olhava para a lista de exercícios. Por algum motivo ela parecia profundamente perturbada. Bem, matemática. 
Corri para a cozinha que parecia vazia. Já ia mandar aquele inocente “ué” quando fui puxada, pela cintura, por alguém atrás da porta. Meu coração disparou. Senti coisas que nunca tinha sentido antes, só com aquele puxão agressivo e, ao mesmo tempo, apaixonado. 
— Ei, que pena que não estamos sozinhos – disse Shame, bem perto de mim. Seus olhos encaravam os meus e eu só conseguia pensar no quanto eu queria beijá-lo.  – Mas 18h cada um vai para o seu canto. 
— Ah, sim! – respondi, nervosa demais para pensar em algo melhor como resposta e animada demais para não falar: — Meu pai é meio ocupado, sabe? Ele está viajando essa semana, a trabalho, o que você acha de… 
— Não precisa dizer mais nada, baixinha. – falou ele, me soltando e pegando um saco de batatas, em um dos armários. — Tá combinado! — afirmou, passando por mim, acariciando meu rosto, e indo em direção à porta da cozinha. Que arrepio tenebroso! Me encostei na parede e senti meu corpo derreter. Tudo bem. Força Katrin Date! Aguente mais duas horas, pensei comigo. Mas, a verdade é que isso parecia, realmente, a coisa mais difícil do mundo naquele momento. A espera seria insuportável. É o que dizem, nessa idade os hormônios tiram sua cabeça do lugar.

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