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Inquisição: O Teorema Perdido de Fermat

Capítulo II (1/2)

Capítulo II (1/2)

Nov 24, 2021

Uma luz batia em meus olhos, ainda fechados. 
Um lampejo pintava minha mente com lembranças tortuosas. 
Levantei meu corpo, desajeitadamente, e me deparei com meu quarto. Estava de pijama e com fome, com todas as lembranças bem vivas do meu último pesadelo. 
Eu sempre tive esse tipo de sonho, principalmente, com a minha mãe. Era aquela velha história: eles eram sempre muito horríveis e pareciam muito, muito reais. Quando eu acordava, era um alívio saber que eram apenas ilusões. Contudo, nada do que já apareceu na minha cabeça se compara com isso. A sensação de náusea que veio junto com a manhã me deixou preocupada e me questionando se tudo aquilo não poderia ser verdade. 
Pulei para fora da cama com o coração a mil e corri pra fora do quarto. Não podia acreditar na coragem que estava tendo para fazer isso. Apesar de ter sido tudo muito aterrorizante, a casa parecia normal. Desci os degraus aos pulos até parar numa plataforma que ficava no meio da escada. Segurei firme no corrimão de madeira e olhei para a minha sala de estar, esperando ver o pior.
Tudo estava normal. 
Respirei fundo e me acalmei. Terminei meus passos até o centro da sala, bem perto da cozinha.
— Baixinha! 
Um grito correu por toda a casa. Meu, é claro. Shame estava ali, com um avental ridículo e chapéu de cozinheiro, saindo da cozinha. 
— Ai, Shame! – disse, levemente irritada por causa do susto. — O que você está fazendo aqui? Me deu um baita susto! 
— Desculpa, Kat – respondeu ele, esfregando a mão em seu ombro, meio desconcertado. — É que ontem eu tive problemas com meus pais porque não avisei que levaria outras pessoas para lá. Como fui meio que proibido de sair de noite por causa disso,  resolvi acordar cedo e fazer o seu café da manhã — explicou ele, com aquele sorriso bobo.
Que… gracinha. É estranho dizer isso, mas, meu pesadelo tinha acabado de virar um sonho! 
— Nossa, obrigada. Você não precisava se esforçar tanto! — falei, me aproximando da mesa, até lembrar que eu ainda estava usando pijama. — Eu vou só me trocar e já volto, tudo bem? 
— O.k! – respondeu ele quando eu já estava a 20 maratonas de distância, cheia de vergonha. Comecei a me arrumar, um pouco mais apressada do que o normal, com ótimos motivos, obviamente. 
Eu não me lembrava de nada sobre ontem a noite. Provavelmente eu estava cansada, mas será que era tanto assim para desmaiar desse jeito? Ao menos eu tinha lembrado de trocar de roupa e escovar os dentes. Ainda bem! Mas dava pra ver como eu estava exausta porque geralmente durmo sem sutiã. Normal, certo? Eu tinha dormido com ele. Estranho, mas pelo menos Shame não me viu sem. Já foi vergonhoso o suficiente aparecer de pijama de girafa na frente dele.
A melhor coisa que fiz na minha vida foi dar uma cópia das chaves de casa para o Shame. Sabia que um dia seria útil. Desesperada, eu? Talvez. 
Desci as escadas já com o uniforme do colégio, toda feliz. Sentia meu corpo muito mais descansado do que nas outras manhãs. Com certeza estava precisando de um descanso extra! Enquanto isso, Shame estava lá, arrumando a mesa. Ele, graciosamente, puxava uma cadeira para mim e se sentava logo ao lado. Eu ainda estava indo até a mesa quando, de repente, ele olhou para mim tão profundamente que eu pude sentir a minha pressão cair. Me apressei e logo me sentei ao seu lado. Começamos a comer. 
— Essa comida está incrível! E você ainda comprou algumas coisas, não é? Não tinha nada disso em casa —  comentei, surpresa. 
— Eu sabia que você ficaria com pouca coisa com seu pai longe. Então fiz umas comprinhas – disse ele, com um sorriso estonteante. – Não se preocupe, nada caro. 
— Perdeu a chance de dizer que gastou todo seu dinheiro. — Rimos à vontade. 
Shame fazia questão de encostar em mim, sempre que falava algo. Trocamos calor naquela fria manhã de inverno, só de estarmos perto um do outro. O melhor dia da minha vida! Ainda mais depois da noite anterior e do meu pesadelo. Estávamos na porta da minha casa, prontos para seguirmos a caminho de mais um dia tedioso na escola. Eu tinha levado, secretamente, algumas pastilhas e maquiagem. Estava decidida: deste intervalo não passaria! Como me sentia fútil nos últimos dias. Mas fazer o quê? Meu coração nunca esteve daquele jeito, estava até tendo uns pesadelos estranhos. 
— Vou pegar a minha bicicleta! Vamos ter um passeio melhor assim – disse ele, indo na direção da lateral da casa, onde, provavelmente, a sua bicicleta verde que doía os olhos estava estacionada. – Só espero não derrubar a gente, não sou bom quando tem duas pessoas nela.
— Vamos andando, Shame — comentei, antes que o garoto se afastasse. — O passeio vai durar mais. 
Ele pareceu um pouco incomodado. Que lerdo, nem devia. 
— Ah Kat, você é muito velha mesmo, hein? Só velhinhas gostam de passeios de manhã! —  zombou ele. 
— Velho é você com essa bicicleta centenária — retruquei, meio sem graça. De repente, sinto um puxão seguido de uma dorzinha no couro cabeludo.
— Olha! — Agitou ele. — Um cabelo branco – exclamou, com um fio de cabelo meu em uma das mãos. Ele claramente não era branco. Revirei os olhos e então, o garoto colocou o fio no bolso da calça. – Vou usar pra fazer umas mágicas depois.
— Engraçadão — provoquei. Ele sorriu e eu fiquei ainda mais quente com as nossas risadas. Boas risadas. Do tipo que eu só tinha com ele.

Estávamos no meio da aula. Tudo normal: Vicent estudando arduamente. Rossane meio que nem aí. Shame? Bem, ele estava fazendo desenhos grosseiros da professora de história e me mostrando. E eu, claro, estava me segurando pra não rir e acabar levando um esporro. Como eu disse, tudo normal. 
Como faltavam 10 minutos para o intervalo, pedi para ir ao banheiro. Sempre fui uma boa aluna, então, nenhum professor se incomodava com isso, mesmo que nenhum aluno normal saísse 10 minutos antes do intervalo com a intenção de voltar para a sala.
Corri pro banheiro feminino e fui direto para a pia.
Estava praticamente sozinha. Tinha um banheiro trancado mas eu não conseguia ouvir nenhuma respiração, sequer.
Comecei a me preparar para finalmente realizar meus objetivos românticos com Shame. Ele cozinhava bem melhor do que eu, era divertido, lindo e gostava de cuidar de mim. Essa manhã começou e parecia o melhor dia da minha vida. Eu tinha certeza que era. Estava esquecendo de todas as dificuldades que eu já tinha passado na vida. Página nova! Não, capítulo novo! 
Mas nada é perfeito.

— Você se meteu com o bruxo errado — escutei uma voz grossa e intimidadora começar a falar. O som vinha da cabine fechada. 
Borrei um pouco a maquiagem que estava fazendo. Segurei a pia de porcelana com força e lágrimas de desespero, lentamente começaram a escorrer pelos meus olhos. Congelei ao ouvir aquela voz demoníaca que me perseguiu na última madrugada. Fiquei encarando a porta, tentando manter o café da manhã no meu estômago. Minha respiração ficou pesada. O espelho em minha frente embaçava. Respirei fundo e, pela primeira vez, um gesto de coragem:
— Quem é você? — indaguei, sem conseguir me virar. 
— Meu nome é… – Ele parou de falar, de repente. – Acho que você vai ter que esperar até de noite para saber. 
A cabine fez um “click” e se destrancou. O silêncio tomou conta do lugar. 
Antes que eu conseguisse pensar em fazer alguma coisa, Rossane entrou no banheiro. Recuperei o controle rapidamente. 
— Você está bem, Kat? – questionou ela. 
— Eu… Bem, eu… 
— A sua maquiagem está meio borrada. Você quer ajuda com isso?  — disse ela, apontando para a minha pequena necessaire. — Pera aí, você está se arrumando para ver o Shame? Tipo, o nosso Shame? – questionou ela, toda incrédula. 
Eu apenas sorri pelo espelho. Me virei, ainda um pouco abalada, quando ela avançou na direção da cabine onde aquela coisa estava. Não tive tempo de gritar para que ela parasse. A porta se abriu. 
Nada. Vazio. 
— Quer dizer – continuou ela. – Você sabe a minha opinião. No fundo eu acho que ele não presta. Você deveria me escutar – prosseguiu, fechando a porta e falando mais alto. – Eu sempre tenho razão quando se trata dessas coisas. 
— Eu não sei se é verdade – respondi, limpando o meu rosto e juntando todas as minhas coisas o mais rápido possível para sair, sem saber muito bem o que estava acontecendo e sem conseguir pensar em muita coisa. – Depois a gente se fala, amiga! 
— Ei Kat, você…
Foi a última coisa que escutei antes de ir para o pátio. Estava desolada.
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#inquisicao #volume_1 #capitulo_2

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