– Tem certeza que sua irmã veio parar aqui? – Odilon tentar encontrar uma jovem que lhe foi descrita apenas uma vez.
– Sim, tenho. Não vai ser difícil de encontra-la. É uma jovem de cabelo azul turquesa.
A feira estava a todo o vapor. Pessoas andavam amontoadas em ambas as direções, a fim de achar o melhor preço. Além da feira havia um grande palco no meio da praça com uma banda tocando músicas bem animadas. Era um dos feriados mais famosos da região e para os festeiros aquilo estava tão bom que nem mesmo o tempo chuvoso acabava com sua diversão.
Um dos foliões pisou no pé de Odilon, deixando- o furioso; tentou falar algo, mas quando se deu por si o folião já tinha desaparecido na multidão.
– Esse é um ótimo lugar para ficar de luto. – Gritou Odilon, tentando ser ouvido no meio de todo aquele barulho.
– O que disse? – Mikaela gritou mais alto ainda.
– Eu disse… ah! deixa.
– Vamos nos ater somente em Fiorella. – Polipedes afastou pelas costas um festeiro que iria lhe esbarrar. – Vocês preferem se separar ou procuram juntos?
– E o que? Ainda não consigo ouvir nada?
– Eu disse – Gritou a feiticeira. – vocês querem procuram juntos ou separados.
Mais uma vez Mikaela não consegui entender nada.
– Ah, que se dane! – Falou Odilon, saindo pela multidão.
– Aonde vai? – Disse Polipedes.
– Acabar logo com essa palhaçada.
Uma das ruas paralelas ao espetáculo estava mais calma. Pessoas tinham suas barracas, mas estas recebiam menos clientes, exceto por uma que que estava mais movimentada.
– Olhem só! Viram como é fácil, basta acertar onde está a pérola e você leva o dinheiro. – Disse o charlatão misturando novamente os três canecas de madeira. – Quem vai ser o próximo a tentar adivinhar?
– Já vi esse truque uma vez, mas era feito com cartas de Solaria. Não é muito difícil. Eu aposto três moedas de bronze. – Disse uma jovem de vestido preto e botas de meia plataforma.
– Tem certeza? Você não tem cara que sabe jogar menina.
– Sei muito mais do que imagina, seu bobalhão.
O homem ficou deveras ofendido.
– Se tem tanta sorte assim, escolha uma caneca.
– É essa aqui. – Apontou para a caneca da esquerda. – Pode abrir!
O público ao redor ficou surpreso ao ver que a garota estava correta. Um homem de mais idade decidiu apostar também, dizendo:
– Aposto cinco moedas de bronze na caneca que a garotinha escolher.
Uma mulher, de meia idade decidiu apostar cinco moedas… de prata.
– Então são dez moedas. Cinco de bronze e cinco de prata. – Disse o homem que manipulava a brincadeira. – Eu aposto duas moedas de ouro que vocês vão perder.
– Aposto que não, mane. – Disse a jovem. – Joga logo!
O homem embaralhou as canecas de maneira tão rápida que nenhum olho humano conseguia ver. As pessoas tentavam acompanhar seus movimentos, mas falhavam miseravelmente. A menina ficava bem atenta aos movimentos do enganador, mas parecia não se preocupar onde ele botaria a caneca premiada.
– E agora? Aonde está? – O rapaz sorriu, mostrando seus dentes sujos.
– Está bem aqui! – Apontou para a caneca do centro. – Pode levantar.
O publico ficou admirado com tamanha façanha.
– Jogue mais uma vez! – Gritou um desconhecido ao fundo.
– É mane! Jogue mais uma vez!
Todos estavam rindo do charlatão, que a muito tempo não perdia uma partida. Este por sua vez estava muito intrigado e ao mesmo tempo irado com tal situação.
Tornou a mexer as canecas. Sua expressão era séria, pois não estava acostumado com a derrota. Terminou de embaralhar e tirou as mãos dos canecos, dizendo:
– E agora senhorita? Em qual destas canecas esta a pérola?
– Em nenhuma delas.
O público ficou indignado.
– Como assim? Tem que estar em ai… em alguma delas tem que estar.
– Certamente, mas não está. Você não suportou perder, então retirou a joia, para que qualquer caneca que eu escolhesse estivesse vazia.
– Isso… isso é um ultraje!
– Ah é! Então vire as três canecas, senhor. Vire-as agora mesmo.
– Escolha uma…. – O charlatão se engasgou com algo e logo cuspiu para fora uma pérola, a pérola que deveria estar escondida em uma das canecas.
– Viu! O homem trapaceia. Por vocês não conseguem ganhar dele.
– Isso é impossível. Era para ela estar escondida nas minhas mangas.
– E ainda por cima tem a audácia de confessar o feito na cara de pau.
– Como?… como você descobriu? Bruxa! – Gritou o enganador. – Ela é uma bruxa!
– Eu não tenho culpa se você é um trapaceiro de merda.
O homem levantou o braço, para aplicar um corretivo na garota.
– Vai ficar para uma próxima, amigo. – Odilon segurou firmemente o braço do enganador.
– E que é você? O namorado dela?
– Não. Sou alguém que você não vai querer ver de novo. Venha, vamos embora.
Odilon chutou a armação do charlatão derrubando tudo no chão. A plateia se dispersou lentamente. O homem, coberto de vergonha catava suas coisas do chão, enquanto a jovem seguia Odilon para um caminho incerto.
– Ficou maluca? – Mikaela socou levemente o braço de sua irmã. – Brincando de adivinhações no meio da praça pública, em meio a uma Azhard perseguida.
– Pensei que estivesse morta. – Respondeu friamente.
– Eu não. – Disse Odilon, mordendo uma maça. – Eu nem conhecia vocês até uns três dias.
– E continua não conhecendo. – Retrucou Fiorella. – Eu… eu chorei por você. Senti sua falta.
– Eu também. Mas agora não temos tempo para reencontros, temos que ajudar Odilon e Polipedes.
– Vejamos; eu comprei quatro sacos médios de pipoca, para Frella eu trouxe salgado. Do que estavam falando? – Disse Polipedes, enchendo sua mão de pipoca caramelada.
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