O grupo seguia a Ceifadora em direção a cidade grande, para o museu nacional. Lá havia um atalho para que pudessem atravessar a cidade mais rapidamente, e pudessem chegar nessa outra criança que eles deviam resgatar. Quanto menos tempo naquele local, melhor.
“É seguro andar pela cidade, dona Morte?” Perguntava a pequena Sophia, a mais jovem entre eles, sempre aflita e com uma expressão de tristeza e indiferença.
“Nada é seguro aqui, minha querida. Porém, a cidade tem muitos Penumbrantes vagando por lá, por isso pegaremos este atalho pelo planetário.” A tristeza no olhar de Sophia apenas aumentava seu desanimo ouvindo aquilo
Os outros se entreolhavam sobre a cidade ser tão infestada de criaturas, já que havia tanto perigo assim, passar pela cidade talvez não fosse uma boa ideia. Mikaela e Gabe se mostravam com raiva e ansiosos, Laila tentava ser confiante, Lucio desconfiava ainda mais da Ceifadora e Nate anotava tudo em um pequeno caderno. Cada um lidava de alguma forma sobre a situação, mas ninguém questionava a sua “líder”.
“A Mikaela disse que já viu um desses bichos em forma de gorila. Ele existe mesmo? Quantos existem desses monstros?” Lucio perguntava com um ar cético.
“Existem variações deles, cada um de um tipo, um mais perigoso do que o anterior. Mas respondendo a sua pergunta, não sei se ele está na cidade.” Lucio cerrava o punho que segurava sua arma. Mikaela olhava para ele, sentindo que algo estava errado.
“Esse garoto está aprontando alguma, eu estou com um mau pressentimento.” – Sussurrava Mika para Gabe.
“Ele só tá nervoso, dá um tempo que logo ele vai se acalmar mais” – Gabe tentava ser mais racional e lógico, mesmo Mikaela não pondo sua mão no fogo para o novato.
Enquanto andavam, um dos garotos com camisa colorida listrada, baixo e gordinho, se aproximou de Lucio para conversar. Entre todos, ele era com certeza o mais animado. Lucio achava estranho a animação dele perante tudo que acontecia a sua volta, até para o estilo dos outros garotos que estavam com eles.
“Oi, meu nome é Nataniel., mas pode me chamar de Nate, tudo bem?”
“É…. tudo, eu acho.”
— O que esse garoto quer comigo?
Ele começou a andar no mesmo ritmo de Lucio para acompanhá-lo e poder conversar. Lucio tentava não dar muita atenção, mas Nate continuava conversando e falando praticamente sozinho, já que Lucio não respondia nenhuma das perguntas dele. Nate falava entusiasmado sobre a Cidade Penumbra, os penumbrantes e sobre como eles haviam chegado lá.
“Eu anoto tudo nesse meu caderno, junto de outras coisas que tenho na bolsa pra poder ajudar. Eu não sou muito bom com armas, então montei algumas coisas que poderiam ajudar nos combates e….”
“Espera aí, você está anotando tudo nesse caderno? Tipo… tudo o que acontece aqui?”
“Sim, eu anoto tudo para poder nos ajudar se precisarmos de alguma informação importante. Eu o chamo de ‘Guia da Penumbra’. Ou só de Manual.”
Nate então abriu seu caderno e começou a folhear rapidamente as páginas, mostrando várias anotações sobre tudo o que havia visto e perguntado a Morte. De acordo com ele, a Ceifadora lhe deu o caderno para que parasse de perguntar e analisasse sozinho.
Lucio então ficou fascinado com tantas coisas que aquele jovem havia percebido e anotado, não só daquele mundo em si, mas sobre coisas que ele havia descoberto que funcionavam: pequenas bombas, objetos elétricos e coisas pessoais da própria Morte. Enquanto Nate falava, Lucio pensava em pegar aquele caderno para si.
— Se eu tiver esse caderno, não estarei mais dois passos à atrás dela, eu estarei dez passos.
“Será que eu posso pegar ele? Queria dar uma olhada no que você escreveu sabe, eu sou novato e quero entender melhor as coisas.”
“Me desculpa Luci, mas não posso. É importante o caderno ficar com apenas uma pessoa, se outras ficarem pegando, pode acabar se perdendo ou pior.”
“Pior tipo o que? E não me chama de Luci.”
“O caderno pode sujar.”
Nate era um garoto muito jovem e ingênuo, e Lucio sabia disso. Para ter aquele caderno, ele devia se aproximar mais do garoto e pegá-lo sem que percebesse, já que ele não daria para ele de livre e espontânea vontade.
Se criou uma pequena obsessão por aquele manual que Lucio não conseguia ainda entender. “Aquele que sabe de tudo já venceu a guerra, não é?”, pensava ele. Contendo observações sobre a Morte dentro das páginas, ele tinha que pegá-lo. Ter o manual era seu maior objetivo naquele momento.
O grupo continuou caminhando, seguindo na direção que lhes foram apontados pela Ceifadora. Após subirem uma pequena colina que dava para ver o início da cidade, a Morte parou enquanto esperava os outros chegarem no topo. Quando se reuniram, ela se virou para os garotos com algo a dizer.
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