Gabe trocou de turno com Mikaela para que ela pudesse dormir e os outros aproveitaram para dormir também. Lucio esperou o momento que Nate dormisse para puxar o caderno de sua bolsa e poder ler. Suas mãos foram bem devagar, tentando chegar mais perto do manual para conseguir puxá-lo e tirar da bolsa que Nate protegia tanto.
Um barulho pode ser escutado entre arbustos, que chamou atenção de Gabe. Ele pegou seu escudo enquanto se aproximava do local onde o som estava vindo. Andava devagar, tentando ser cauteloso o máximo possível, já que algo perigoso poderia estar do outro lado. Ao chegar nos arbustos, ele puxava as folhas para o lado, tentando localizar o que poderia ter feito aquele barulho. Nesse momento, Mikaela acordou com o barulho que Gabe estava fazendo e viu a situação.
“GABE, SAI DAI!!”
Quando Gabe se virou para ela, e no mesmo instante, alguma criatura pulava em cima de Gabe, o derrubando no chão. Sua sorte e seu reflexo rápido o ajudaram, pois conseguiu pôr o seu escudo na frente do seu corpo e jogou o bicho para trás, deixando-o entre os garotos. Todos acordaram com o grito de Mikaela e o som da própria fera. Antes que percebesse, Lucio tirou sua mão da bolsa de Nate e se levantou logo.
“É um Penumcão, um dos tipos de penumbrantes daqui!” - Dizia Nate, já abrindo seu livro, checando sua informação
“Sério que você deu esse nome?”
“Ele é mais perigoso que os penumbrantes, que tem forma de pessoa. Eles farejam vítimas, são grandes caçadores e….”
O momento de silêncio repentino de Nate não foi o mais assustador para as crianças naquela hora. O uivar daquela criatura gelava as crianças, pois logo atrás de Gabe, mais penumcães saíram dos arbustos, quase cercando-as.
“E eles andam em matilhas”.
Os penumcães eram diferentes dos penumbrantes que Lucio havia visto antes. Seus corpos pareciam que tinham pedaços de cachorros de verdade misturados enquanto tinham aquela forma grotesca que o outro tinha. Poderia se dizer até que lembravam muito zumbis, porém com uma cobertura sombria que os envolvia.
Sophia e Nate foram para trás dos outros que rapidamente empunhavam suas armas improvisadas. Mikaela pegava lentamente uma das flechas enquanto observava aquelas bestas rosnando e olhando para eles. Ela devia pensar rápido, pois a cada minuto, a situação piorava.
“Gabe, quero que não se mexa até eu falar, entendeu?”
“Ok….” Gabe dizia apreensivo.
“Quando eu falar, você corre para nossa direção, e fugiremos pela floresta, bem atrás de nós. Nate, você sabe o que fazer, ao meu sinal.”
“Ok, Mika.” Nate então começa a procurar na sua bolsa o que precisava para o plano que ela estava mencionando, tentando não alertar as criaturas.
Os penumcães não pareciam pacientes com a situação, cada vez estavam mais inquietos sobre atacar logo suas presas tão fáceis. Eles rosnavam e latiam uns aos outros enquanto tentavam cercar ainda mais as crianças. Tudo teria que acontecer como ela planejava. Lucio ficava cada vez mais ansioso pela longa demora em fazer alguma coisa, mas sabia que não era o momento de bancar o herói. Ele devia esperar pelo plano de Mikaela.
Por alguns instantes nada acontecia. Todos esperavam pelo momento certo de agirem, mas isso não os deixava tranquilos, e sim mais assustados e ansiosos que já estavam. Mikaela olhava seriamente para uns dos cães, suor de ansiedade escorria pelo seu rosto, mas seus olhos mostravam determinação e foco. O cão também olhava para ela, mas seus olhos não demonstravam o mesmo, mas sim a única coisa que a movia: fome.
“AGORA!”
No momento de seu grito, ela atirou uma flecha bem no meio da cara do penumcão que estava atrás de Gabe, dando espaço para que pudesse fugir. Nesse instante, Nate atirou uma pequena sacola com várias bombinhas dentro, bem ao centro dos cães. O som fez com que se eles ficassem atordoados, cada bombinha estourando e fazendo barulho e pequenos flashes, agora dando segundos de vantagem.
“Vamos, corram para floresta. Vão!”
Eles corriam em direção as árvores para poderem despistá-los o mais rápido que podiam. Os penumcães logo se recuperaram de seu temporário atordoamento, e o que levou a flechada, arrancou a flecha com a pata e uivou, dando o comando para que fossem atrás de suas presas, correndo mais rápido do que as crianças podiam. Eles pareciam uma manada de cavalos selvagens, seus movimentos eram velozes e coordenados.
Lucio olhou para trás por um instante e percebeu o quão perto os cães estavam deles. Mesmo sendo uma descida, não eram rápidos o suficiente para fugirem. Mikaela também olhou para trás e depois diretamente para Lucio, que também percebeu a situação.
“Temos que nos separar, ou não vamos conseguir!” Esbravejava Lucio para que ela pudesse ouvi-lo em meio a loucura.
“Grupos de dois, nos encontramos no final do morro!”
Comments (0)
See all