Conforme se aproximavam da praça principal mais e mais pessoas eram visíveis, o som da música era cada vez mais alto e o cheiro das diversas comidas invadiam suas narinas, faixas e bandeirolas começavam a aparecer enfeitando as ruas e principalmente a praça, que em dias comuns costumava ser mais espaçosa, mas agora estava toda circundada por barraquinhas dos mais diversos itens, de alimentos a jogos e a lembrancinhas, os irmãos encantam-se com a diversidade do festival.
Ao fim da praça, de frente a rua principal, havia um palco, de onde vinha a música delicada e animada. Atrás do palco e ao fim de uma longa escadaria erguia-se Aman dir, o castelo branco, contudo o castelo fosse de mármore branco originalmente, ele agora estava cinza como um dia nublado de inverno, um reflexo da situação de Mérion e dos reinos magos.
Os olhos de Aglia recaem sobre o castelo, ela sente um aperto em seu peito, sem muita certeza da causa, talvez fosse o desapontamento pela existência de tantas guerras entre magos, talvez fosse o péssimo governo do Regente. Mas sempre que olhava para o castelo tinha a mesma sensação, algo que ela não sabia explicar. Algia contudo decidiu não pensar muito sobre aquilo, sentia que cedo ou tarde encontraria as respostas que tanto procurava, assim retornou sua atenção a seus irmãos e o festival.
Lilla já esperava os dois na fila da barraquinha de Cassidy acenando para que se juntassem a ela.
— Há poucas pessoas hoje, vejo apenas moradores daqui. Ninguém de fora. — Comenta Rox na fila observando os arredores. — Nem mesmo elfos.
— Tem razão, essas guerras têm tirado mais e mais os motivos de alegria de todos. — Responde Aglia a pequena fila avançava lentamente. — Nem mesmo os cavaleiros podem festejar. São sempre enviados a outros reinos em tentativas falhas de paz.
— Não me admira, a única vez em que o regente realmente se envolveu foi quando eu e Rox estivemos na escolta dele. E as palavras dele pareciam incitar ainda mais a guerra ao invés de encerrá-las.
— As ações do regente são suspeitas, me alegra que não dependa dele a escolha dos cavaleiros, ou estaríamos desempregados. — Os três riem.
Quanto mais se aproximavam, mais tentador era o cheiro doce vindo em sua direção, mas para sua alegria precisaram esperar menos que cinco minutos antes de sua vez.
— Bom dia Cassady. — Cumprimentam em uníssono.
— Bom dia. — Responde a doceira, rindo da mania de seus amigos.
— Como vão as coisas? — Pregunta Rox.
— Por enquanto tudo tranquilo, o regente ainda não deu as caras. — Cassady vira-se para colocar alguns bolinhos num forno, que ela acende usando sua magia de fogo. — Apesar de eu ter visto Os Dois andando por aí, não faz muito tempo. — Continua a maga ajustando o lenço nos cabelos cinzentos.
— Já nos encontramos. — Responde Lilla emburrada.
— Nos desafiaram a um duelo.
Aglia aproximou sua pedra estelar, da de Cassady debitando parte de suas horas de trabalho para pagar os bolinhos.
A pedra estelar, chamada de Eishtar, é uma pequena pedra em formato triangular, com cerca de 10 centímetros de altura, com furo circular ao centro. Cada mago possuí sua própria pedra que ressoa exclusivamente com sua magia. Suas utilidades são variadas, mas a principal delas é a comunicação ente magos.
— Mas nem tudo são más notícias, vejo que está com sua joia. — Comenta Rox, reparando no brinco que Cassady usava, uma pedra multicolorida e forma de gota envolta em um anel de ouro.
— Sim. Sei que é costumeiro usar sempre sua joia, mas não me sinto muito confortável em usá-la sempre, joias são muito mais uteis para cavaleiros e fazendeiros que usam muito a magia, além das magias complexas.
Os trigêmeos trocam um rápido olhar. — Não nos faz tanta falta assim.
— De toda forma, eu acho que esse brinco não combina muito comigo.
— Ele fica muito bom com a cor dos seus cabelos — Responde Rox levemente envergonhado.
— Ainda sobre joias — Diz Cassady retirando os bolinhos do forno. — Ainda não receberam o chamado de suas?
— Não, acredito que estejamos fadados a não possuir joias. — Comenta Rox.
— É estranho, quero dizer, nunca ouvi de nenhum mago que tenha recebido o chamado depois dos dezesseis anos. O único caso conhecido é do antigo príncipe, que ignorou o chamado por anos.
— Me intriga o misterioso desaparecimento do príncipe Rean. — Comenta Aglia.
— Há boatos de que ele foi capturado por Chernobog. — Diz Cassady enfeitando os bolinhos. — Aqui, tenho algo especial para vocês hoje. — Ela entrega três bolinhos enfeitados. — Minha receita especial de aniversário, parabéns pelos dezoito anos.
— Obrigada, mas nosso aniversario é amanhã, não precisava.
— Mas vocês estão aqui hoje, levem como um presente antecipado. — Ela pisca para os trigêmeos.
Eles deixam a fila e permanecem ao lado da barriquinha desfrutando de seus bolinhos de amoras, os pratos de Cassady eram particularmente saborosos, mas estes superavam em muito os bolinhos comuns dela.
— Estão divinos. — Cumprimentam, Cassady e mesmos os irmãos riem pela sincronia.
Permanecem ali conversando com sua amiga cozinheira até Lilla puxar Aglia e Rox para o centro da praça para que pudessem dançar.
Boa parte daqueles que dançavam, e especialmente aqueles que estavam ao palco cantando usavam roupas de cores vibrantes, saias, caças e coletes quase sempre adornados com belos bordados de flores e fitas de seda coloridas.
Todos dançavam em roda, a maioria em pares, pulando e girando, vez ou outra um grita agudo irrompia dos dançarinos animado ainda mais os que participavam do festival.
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