Gabe e Laila corriam juntos morro a baixo, sem mais conseguir enxergar as outras crianças. Eles se esforçavam para tentar avançar o máximo possível, mesmo com um dos cães os perseguindo.
“Temos que continuar descendo, sem parar!” Gritava Laila para Gabe.
Enquanto corriam, um grito pode ser escutado ao longe. Laila se distraiu por um segundo com elas e, por descuido, acabou tropeçando em uma pedra que a fez cair. Gabe viu e rapidamente se pôs em frente a ela com seu escudo. O penumcão atacou diretamente o escudo empurrando Gabe para trás, fazendo ele empurrar de volta, escorregando pelas folhas e carregando Laila, que estava caída no chão, junto.
Gabe fazia força com as pernas para parar de escorregar e Laila tentava ajudar fazendo o mesmo, mesmo parecendo sem efeito devido a força do animal. Ela consegue apoiar em duas pedras para que eles conseguissem parar finalmente. Gabe ficou cara a cara com a criatura, que mordia e arranhava o escudo com ferocidade extrema, tentando passar da defesa e conseguir atacá-los.
— Tenho que segurar o máximo aqui, tenho que proteger a Laila!
Ele sentia o peso do animal contra ele, atacando-o de todas as formas. Laila olhava e via todo seu esforço e determinação naquele instante. Começava a empurrar contra as pedras para que Gabe tivesse mais espaço e pudesse empurrar o penumcão de volta.
“Laila, acho que nossa única chance é se acertarmos ele, aí poderemos continuar correndo.”
“E
como vamos fazer isso, gênio?”
“Vai ter que se esforçar!”
“Hmff... Quando você quiser então, Gabe.”
Gabe forçava ainda mais o escudo para frente, empurrando a criatura para que ela ficasse mais em pé o possível, mesmo ela sendo muito mais pesada e forte do que ele era. Laila conseguiu se virar de frente e empurrava ele com uma das mãos, enquanto puxava seu taco com a outra. Os dois empurravam com toda força, suas vontades explodiam juntos naquele momento, e gritavam com máximo de energia que podiam, contra a criatura que rosnava e grunhia.
“Vamos lá, AGORA!”
Gabe então movimento seu com força seu braço para fora, empurrando a criatura para trás e levantando ainda mais o seu corpo. Ele então se abaixou rapidamente, dando abertura para que ela pudesse passar por ele. Laila apoiou seu pé em cima de Gabe, e pulou na direção da criatura que ainda cambaleava para trás. Aproveitando o embalo, ela acertou com seu taco no tronco do penumcão. Ele tombou para o lado, acertando uma árvore, derretendo bem na frente deles.
Os dois respiravam pesado e se deitaram no chão, descansando por alguns instantes. Sabiam que a batalha não tinha sido ganha por completo ainda. Outros daqueles cães ainda poderiam vir e deveriam encontrar o resto do grupo no final do morro.
“Não podemos parar, temos que encontrar eles lá embaixo.”
“Mas e aquele grito? Você acha que…”
Ele desviou seu olhar por um segundo, apertando seus olhos. Não queria pensar que algum deles tivesse se machucado, ou coisa pior. Laila percebeu a preocupação matando-o por dentro, ela esticou sua mão levemente, mas retraiu e deixou assim. Ele então se virou, secou algo nos olhos e continuou andando.
“Vamos, temos que descer.”
Enquanto desciam, conseguiram ouvir um grunhido no fundo. Eles olharam para trás, mas não conseguiam identificar de onde vinha. Ficavam olhando entre as árvores e troncos para ver se conseguiam enxergá-los. O grunhido parecia vir de todos os lugares, poderia estar perto deles ou poderia ser de um dos que estavam seguindo o resto do grupo.
Eles continuaram descendo enquanto permaneciam alertas sobre um possível ataque. Os dois perceberam que no desespero, haviam se separado demais dos outros, e estavam basicamente bem a fundo na floresta. Deviam continuar a caminhada e encontrar com seus colegas, mas a cada passo que davam, parecia que estavam ainda mais longe deles.
“Desse jeito vamos ficar perdidos, parece que esse morro não tem fim” Reclamava Laila, e com razão.
Gabe tentava manter seu foco em continuar andando, e deixou em silêncio os comentários angustiados de sua amiga. Ela percebeu que ele estava ignorando-a, algo que deixou enfurecida.
“Fica em silêncio então, não queria falar com você de qualquer forma.”
“Ótimo, fica mais fácil sem ouvir você reclamando o tempo todo.”
Ele apressou seu passo para descer mais rápido que ela, e poder manter distância. A garota não se sentia confortável em discutir com ele ali, mas a atual situação não era culpa dela, muito menos de nenhum deles.
Gabe devia entender que coisas ruins aconteciam e que eles deviam enfrentá-las juntos, a raiva não os levaria a lugar nenhum. Mesmo assim, ele continuou descendo, resmungando e deixando-a para trás.
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