— Ela quer ficar reclamando de tudo, não percebeu onde estamos e o que estamos passando? Acha que é fácil?
Na rapidez de seus passos e descuido por estar distraído, ele tropeçou em uma das raízes das árvores e foi em direção a um grande precipício que havia no morro. Ele não teve reação para se segurar em alguma coisa e só pode ver, em sua perspectiva, a lenta queda em direção ao penhasco
Antes que caísse, algo o segurou no ar, salvando-o de sua queda por pouco. Laila que havia visto o acontecido de longe, correu o mais rápido que pode e o segurou, se pendurando em uma árvore perto.
“Aguenta firme, Gabe!”
Gabe congelou por alguns segundos, enquanto ela segurava com força na árvore e enganchava seus dedos no moletom dele para que não caísse. Laila se esforçava para tentar puxá-lo de volta, fazendo força com seu outro braço para que pudessem voltar. Ele continuava inerte em seus pensamentos, sem conseguir mexer um músculo.
— Vamos Gabe, reage…. Meu braço tá cansando!
Ela pode sentir o galho se partindo da árvore enquanto se segurava nele. Então reuniu toda sua energia e puxou ele de volta, erguendo-o e arremessando de volta no chão e tombando ao seu lado logo em seguida. O galho acabou quebrando e veio junto de sua mão. Se ficassem pendurados por mais alguns segundos, talvez não sobrevivessem. Laila esticava o braço e gritava por ter conseguido salvar Gabe, ecoando a sua voz pelas árvores a dentro.
“Eu consegui! Eu consegui, eu te salvei e…. Gabe?” – Olhava preocupado para ele, do estado apático que se encontrava.
“Me desculpa Laila. Eu estou tão frustrado e com medo que não tive forças, não pensei em mais nada. Fui grosso com você, me desculpa.”
Laila pôs a mão no seu ombro, entendendo e perdoando ele. Ela entendia tudo aquilo que ele estava pensando e passando, pois estava vivendo junto dele. Os dois se entreolharam e viram que se sentiam da mesma forma. Ela voltava sua atenção para frente, olhando para continuidade da floresta por cima. Ela via uma espécie de nascer do Sol, se é que isso existia na Cidade Penumbra.
“Eu perdoo você, mas me ignora de novo e resmunga na minha cara pra você ver se eu não acabo com a sua raça, ouviu moleque?” – Um breve silêncio reinou entre os dois, para depois ser enchido por risadas e gargalhadas.
Os dois então ficaram sentados, observando a vista de onde estavam, admirando aquele lugar. Apreciavam as árvores e folhas, a leve brisa confortável que sentiam bater na pele, junto da luz e imensidão por onde a floresta se estendia.
Eles então perceberam, algo que lhes prendeu a atenção, assim que bateram os olhos nela. Viram um e talvez, só talvez, fosse algo que pudesse ajudar todos a se reencontrarem depois de sair daquela floresta.
De
onde estavam, eles haviam avistado uma grande caixa d’água, que
devia abastecer toda aquela cidade. Ela era alta suficiente para ser
vista mesmo com tantas árvores grandes que aquela floresta possuía.
Ela serviria de observatório, e acima de tudo, como um bom ponto de
encontro.
“Eeeei, tem um reservatório enorme no lado esquerdo da floresta, mais a frente! Vamos nos encontrar lá!” – Esbravejava Laila na beirada do precipício, esperando que os outros pudessem ouvi-la.
“Pode dar muito errado…”
“Ou pode dar muito certo. Temos que tentar.” – Os dois se olharam.
Gabe não sabia se a situação poderia ficar pior do que já estava naquele instante, muito menos Laila saberia, mas eles não tinham muitas escolhas. O reservatório fora da cidade era a melhor chance que eles tiveram nos últimos minutos, então as fichas iriam para esse plano B. Ou talvez seria o plano C?
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