Mikaela suspira cansada e nervosa. Ela se escondia atrás de uma árvore, tentando controlar sua respiração enquanto observa alerta seus arredores. Nem mesmo ela sabe como conseguiu fugir do cerco das criaturas, apenas que a sorte tinha salvado daquele momento. Ela fecha seus olhos por um instante e revive a cena.
Três Penumcães a rodeavam enquanto ela, exausta, tenta reunir forças para puxar outra flecha. Ela os observa, acompanhando com seus olhos rapidamente para tentar não os perder de vista, sempre prestando atenção aos seus passos. Eles se moviam coordenados, se entrelaçando, passando calmamente uns pelos outros, para que sua presa perdesse o foco.
“Podem vir, um atrás do outro, eu vou matar vocês. EU JURO!!”
Seu cansaço era visível, mas Mikaela não era uma pessoa de desistir facilmente, se ela caísse, carregaria alguém junto dela.
— Vamos, façam alguma coisa, eu não me aguento em pé…
Os
cães rosnavam para ela. Mika começava a segurar o arco com mais
força para se manter acordada e continuar alerta com eles em volta,
mesmo que seu corpo estivesse esgotado. Um deles percebeu a leve
balançada de Mikaela e se preparou para o bote.
Um dos
olhos quase fechava quando Mikaela percebeu a mudança de movimento
deles. Ela segurou o fio com mais firmeza e se preparou para o
ataque. Um deles então correu de seu lado esquerdo, fazendo-a olhar
por um instante para ele. Mika erguia seus braços para mirar quando
percebeu o ataque de outro vindo pela frente. O do lado esquerdo
serviu apenas para atrair sua atenção para que outro pudesse
atacá-la. Instintivamente, ela se virou rapidamente e soltou a
flecha e acertou bem na boca da criatura, que caía a seu lado.
“Hoje não, cachorro encapetado.”
Os
outros Penumcães rosnavam e latiam ainda mais. Os dois pularam em
sua direção para atacá-la e usando seu arco, ela balançava e
acertava a cabeça dos cachorros, deixando-os caídos por um
instante, enquanto tentavam recobrar os sentidos. Ela aproveitou este
momento para finalmente sair do cerco. Os dois restantes logo se
recuperaram e, vendo-a fugir, logo começaram a perseguição,
enquanto o que foi acertado desmanchava no chão.
Mika era
possivelmente, a mais atlética do grupo. Ela corria e desviava das
árvores com velocidade e destreza, usando as como apoio e impulso.
Os cães, que não precisavam de vigor para correr, avançavam atrás
dela com velocidade. Sua visão embaçava, ela forçava seus olhos a
continuarem abertos.
— Tenho que…. me manter...
acordada...
E por um instante, quando conseguiu enxergar
melhor, ela rapidamente se segurou em uma árvore que tinha próximo
a um rochedo. Mikaela tentava respirava devagar para poder recuperar
seu folego, mas antes que pudesse fazer qualquer coisa, uma das
bestas desenfreadas acabou por colidir com ela. Ela via sem esperança
seu corpo se afastando da árvore por onde tinha se segurado antes.
Mika virou seu corpo para baixo enquanto a criatura que a
colidiu, caía junto dela. Ela tentou se direcionar para cima de uma
árvore, usando seus galhos para amortecer sua queda, cobrindo seu
rosto com os braços. Os galhos arranhavam e rasgavam sua pele, até
que ela acertou em cheio um galho grosso que estava na horizontal.
Por um instante, a pancada que sofreu a deixou sem ar e quase a fez
desmaiar, mas recobrou a consciência rápido o suficiente para que
pudesse agarrá-lo.
A fera, desceu acertando os galhos e
sem a mesma sorte, caiu no chão derretendo instantaneamente. Mika
observou tudo pendurada no galho, tentando subir sua perna para que
pudesse subir nele e ficar segura.
“Essa… foi por bem
pouco… ah, meus braços.” – Dizia Mika, olhando seus braços
esfolados pelos galhos.
Ela foi procurando apoio pela árvore, cautelosamente olhando onde seus pés ficariam e onde poderia segurar para descer. Mesmo já estando em segurança, não poderia dar sorte ao azar e despencar dali. Mesmo assim, quase perto do chão, seu pé escorregou em um dos nós da árvore e caiu de costas no chão.
Ela rangia os dentes e segurava seu grito de dor, tentando se controlar para não ser escutada. Antes que pudesse se levantar, ela ouviu o rosnado de um deles por perto.
— Mas que inferno, ele conseguiu me seguir até aqui em baixo?
Ela se arrastou para trás da árvore e tentou ficar o máximo em silêncio. Mikaela suspira cansada e nervosa. O som do rosnado parecia se aproximar dela, o que significava que o penumcão estava ali. Seu coração batia mais rápido. Ela prendia o nariz com uma das mãos para que sua respiração não fosse tão barulhenta.
“Eeeei, tem um reservatório enorme no lado esquerdo da floresta, mais a frente! Vamos nos encontrar lá!” – Mika reconhecia aquela voz que gritava ao longe. Era Laila.
O grito ecoava bem audível pela floresta. Mika abriu os olhos naquele momento e olhou para trás dela e percebeu que o grito dela distraiu a criatura, e que também, ela estava bem atrás. Talvez, esse fosse o momento que ela precisava para fugir e despistá-lo.
Antes que pudesse fazer se mover ou pensar como sairia, sua perna fez um leve som escorregando nas folhas. A criatura voltou seus olhos para onde estava.
— Não, não, não, não, não, não…
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