Nate e Lucio continuaram caminhando pela floresta adentro. O vento nas folhas trazia uma certa calma que não era comum ali, ainda mais depois dos momentos tensos que passaram. Nenhum penumbrante havia sido visto até o momento, deixando-os alertas para um ataque surpresa.
“É normal a gente não ver esses bichos com tanta frequência?” – Perguntava Lucio meio receoso pela calmaria.
“Bem… não é comum, mas também não é raro.” – A falta de certeza da resposta de Nate não ajudava. Ter criaturas por perto era perigoso, mas pelo menos tinha-se noção deste perigo, não ver nada era algo ainda mais perigoso.
Alguns barulhos por perto podem ser escutados, o que fez Lucio correr na direção de Nate e segurá-lo atrás de uma árvore, tapando sua boca. Quando o menino olhou confuso para cima, Lucio fez um sinal de silêncio para ele, podendo escutar melhor dessa vez. O rapaz inclinava sua cabeça para tentar olhar o que era sem sair de sua cobertura, enquanto Nate fica parado esperando por um plano.
— Seja lá o que for, quando corri ele correu também. Droga, não consigo escutar mais nada!
Lucio então virou para Nate, tentando fazer com que ele entendesse o que diria, apenas com sinais. O menino olhava confuso para os estranhos comandos com as mãos que ele fazia, deixando-o irritado pela complexidade. Ele tinha que pensar rápido para que não fossem pegos de surpresa.
“Se você me disser o que quer fazer, talvez eu consiga ajudar mais…” – Lucio logo calava Nate para que não continuasse fazendo ainda mais barulho. Em um momento de desespero, ele pediu a bolsa do Nate que prontamente o emprestou. Ele revirava tudo por dentro e sem que percebesse, retirou o livro das costas e fingiu que estava dentro dela. Nate olhava assustado pelo caderno enquanto Lucio folheava até uma página e começava a escrever alguma coisa.
Ele entregou o caderno aberto para Nate que finalmente conseguiu entender o que ele estava tentando dizer com todos aqueles movimentos doidos e sinais estranhos. “Vamos causar uma distração, quando ouvirmos alguma coisa, atacamos!” dizia o papel rabiscado. Os dois se olhavam confiantes e se preparavam. Nate acendia uma das várias bombinhas que possuía na bolsa e jogava para longe. Os dois aguardaram, e quando ela estourava e soltava vários pequenos ruídos, esperaram alguma reação.
Logo
após a breve barulheira, o som de alguns arbustos se mexendo
anunciavam que realmente havia alguém ali com eles, e rapidamente o
dois garotos se preparavam para seu ataque. Os dois contavam juntos
para o momento certo.
— Um, dois…
“TRÉS!”
- Gritava Lucio, liderando o ataque surpresa pelo outro lado com sua
pá, enquanto Nate preparava seu estilingue para arremessar uma
bexiga com alguma coisa dentro.
Lucio
corria e segurando sua arma com as duas mãos, empurrava o ser
escondido com o cabo e prensava contra uma árvore. O local meio
escuro não ajudava a enxergar com clareza, mas ele sabia que estava
prendendo algo e que aquilo estava empurrando de volta. Enquanto
fazia força, ele escutou algo vindo de trás e quando olhou pelo
ombro, pode ouvir seu amigo sendo atacado.
“LÚCIO!” -
Berrava Nate, caído no chão com sua cabeça sendo segurada.
“Solta ela, ou eu corto ele.” – O rapaz conseguiu ver quem estava em cima do garoto, era Sophia. Ele estava confuso quanto o que estava acontecendo.
“Mas espera, se é você, então quem é…” – Lucio voltava a olhar para frente e com seus olhos se acostumando ao escuro, percebia Mikaela tentando empurrar a pá para se soltar.
Ele então parou de fazer força e Mika o empurrou com raiva enquanto passava por ele. Sophia também soltou a cabeça e ajudou Nate levantar, ajeitando seu cabelo. O garoto limpava a sujeira da roupa enquanto observava os dois mais velhos.
“Que doideira foi essa de me atacar? Você poderia ter me machucado sério.” – Reclamava Mika com Lucio.
“Eu não sabia o que era, então pensei em algo pra me proteger e proteger o Nate. Acha que não fiz certo, Legolas?” – O deboche de Lucio aumentava a raiva que ela estava sentindo naquele momento. As duas crianças que observavam se entreolhavam, e permaneciam quietas. “E você tá reclamando de eu poder te machucar, e sua amiguinha que poderia ter matado ele?”
“Ela tava me protegendo. Nunca que ela mataria o Nate, eles se conhecem a mais tempo que você conhece ele. Lembre-se de uma coisa: o novato aqui é você.”
Os dois não se olharam mais. As crianças percebiam a enorme tensão entre os dois, como duas nuvens carregadas estivessem perto de colidir. Mika se aproximou de Nate, ajoelhou perto dele e começou a ajeitar sua roupa e seu cabelo, tirando o pouco de sujeira que ainda restaram. Nate olhava para o rosto sério dela e uma lágrima pequena em um dos cantos dos olhos. Quando se levantou, secou o rosto.
“Vocês meninos sabem pra onde estão indo?”
“S-sim, nós ouvimos a Laila quando ela gritou lá de cima.” – Nate ainda não sabia o que falar sobre o que tinha acabado de acontecer, mesmo entendendo que não foi culpa de ninguém.
“Então vamos.”
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