Capítulo 1.1: A metalinguagem de começar pelo começo.
Veja bem, cabelos vermelhos não são a coisa mais normal do mundo, são chamativos
demais, principalmente quando estão rodeados por cabeças repletas de cabelos negros e
lisos.
Qual é o primeiro pensamento com isso? Só pode ser estrangeiro; contudo, não existe
palavra melhor para descrever a garota correndo pelas ruas ignorante para com os
semáforos, mas confiante que não vai ser atropelada por ninguém.
Seu uniforme padronizado é a única coisa que diz que ela é uma estudante, mas nem ele
conseguiu escapar de sua estranheza. Modificações claras foram feitas, para, segundo ela,
deixar sua aparência de colegial a mais "maneira" possível!
— Ei ei! Que desgraça de aspas são essas?
… ahm ... onde eu tava? ... ah! Sim! Como prova de sua excentricidade, como se a cor
vermelha em sua cabeça não fosse chamativa o bastante, ela ainda a complementa com
mechas de manchas verdes, lhe dando um ar quase poluído ou tóxic-
— Ei! Não pense que só porque você é "O escritor" eu vou deixar você falar assim como
bem quer de mim!
Como você quer que eu fale então? Eu sou um narrador observador, observar os diferentes
pontos de vista é meu trabalh-
— He! Eu não poderia me importar menos, todo mundo sabe que sem mim essa história
não existe! Eu sou a personagem principal!
— Mamãe, olha!
— Xiiu! Não aponte! Se não, ela vai olhar pra cá querido!
Nossa auto proclamada "personagem principal" acaba de passar vergonha no meio da rua.
Talvez ela devesse lembrar que nem todo mundo consegue interagir diretamente com o
narrador ou leitor como ela faz. Ganhando talvez um pouco de decência, a garota continua
seu caminho diário para a escola.
Ela pegou o caminho mais longo como sempre, por quê? É uma ótima pergunta, ainda mais
se você perceber que mesmo tendo posse de vários carros e motoristas a seu dispor, ela
ainda prefere andar; a resposta é que é muito mais fácil perceber as novidades das lojas a
pé. Nossa personagem principal é uma pessoa muito atenta a qualquer jogo, roupa,
acessórios e CDs que saia de qualquer que seja seus gostos no momento.
E é isso que a torna tão simples em certo modo, não importa a situação, a resposta será
sempre aquela em que ela poderá ter mais diversão.
A escola era de fato longe. Mas a maioria dos alunos já estavam chegando e se dirigindo
para dentro de seus respectivos grupos de amigos ou não, todo mundo sabe que essa é a
época em que os jovens costumam ser "deuses de um novo mundo" e essa característica é
acompanhada de exclusão proposital, expressões sérias e calculistas e um ar misteriosos e
sombrio; mas Mika não precisa disso pra ser a deusa de seu próprio mundo, regido por
suas próprias regras.
— Bom dia Haru!
— Ah! B-bom dia Mikaella ...
Ela saúda a todos com cumprimentos alegres e animados desde o outro lado da rua até o
portão para ser recebida por um dos presidentes de turma encarregados de avaliar os
alunos que entram … Isso vai ser interessante.
— Bom dia!
— Bom dia Mikaella! Ahm … o que aconteceu com a sua saia? ...
— Oh! Eu colei alguns babados! O que achou?! — ela dá um giro completo para mostrar
seu ponto.
— Bem ... ficou bonito sim mas ... essa já é a sétima customização que você faz no seu
uniforme ...
— Ooh, você tá contando?
— Bem, é o que eu tenho que fazer, além de registrar e … ahh ... eu não sei se posso
deixar você ... entrar …
- ...hhe?
— Essa já é a sétima vez e-era para terem lhe dado um aviso mas-
— Calma … então, eu não vou poder entrar, só porque quis deixar meu uniforme mais fofo?
— Sim mas, eu nã-
— Sabe ... isso é algo bem ruim ... minha família faz uma doação mensal para o colégio, é
graças a isso que o diretor conseguiu fazer todas as melhorias para melhorar a qualidade
da nossa educação … mas isso só acontece se eu estiver, sabe? Dentro da escola ...
Ela se aproxima, devagar mas firme, como um predador; não perseguindo uma presa em
potencial, mas desafiando aquele que estava agora repensando suas escolhas de vida, e
continua agora com seus rostos bastante próximos.
— Então eu só acho … que você não quer ser aquele que vai me impedir de estar dentro …
quer?
— Definitivamente não!
-ÓTIMO! ~✧
Ela passa pelos portões, saltitando como uma lebre; como se não tivesse acabado de
passiva agressivamente intimidar o jovem presidente do terceiro ano com seus óculos
quadrados, normalmente até bem sério e composto; mas ninguém realmente consegue se
manter sério e composto diante de uma presença tão poderosa e caótica como a de Mika.
— Cheguei! Bom dia!
A garota diz ao entrar na sala, faltando só alguns segundos para a aula começar, ela passa
pelas carteiras cumprimentando a todos com seu típico sorriso astuto. Bem, nem todos.
Ao lado de sua mesa, uma garota de cabelos claros notoriamente descoloridos e curtos
dormia descaradamente. Espalhado em sua mesa, havia inúmeras cartinhas fofas com
desenhos fofos de coelhos em tema medieval.
— Hehe, pelo visto eu não fui a única que ficou até o último segundo tentando conseguir a
carta dourada, né? Nyana?~
Mika comenta de forma sarcástica enquanto balança o ombro da amiga; esta acorda com
um enorme bocejo antes de se justificar.
— WahhHHHhh … nya nya … eu não cheguei nem perto … nynhaa — ela se espreguiça
com força e estala os dedos e as costas antes de se virar para melancia viva ao seu lado —
E você? Alguma sorte nya?
— Haha! Eu?! Se eu tive sorte?!?
— Sim, você nya, teve nya? — inclina a cabeça de forma adorável enquanto encara a
melancia com grandes olhos de cores diferentes e sonolentos cobertos pela enorme franja.
— Hahahaha! Minha cara amiga Nyana! Eu consegui comprar todas as últimas caixas que
sobraram na última loja!
— Ohh! Incrível nya! E quantas cartas douradas você achou?!
— He … he he … quantas eu achei?
— Sim nya! Quantas? Quantas nya?
A garota melancia em um salto sobe em cima da cadeira e põe uma perna na mesa,
fazendo assim uma pose deveras incrível enquanto olha para o teto e aponta
fervorosamente para cima.
— EU NÃO ACHEI NENHUMA!
• • •
— ... nenhuma nya?
— SIM! NENHUMA! NEM MESMO CHEIRO!
— Então parece que nenhuma de nós teve sorte ...
— EXATAMENTE! — Ela desce da cadeira com um pulo mas não tira o sorriso de seu rosto.
— Ahh ... que pena nya ... — ela começa a guardar as cartinhas lentamente, organizando
de seu próprio jeito.
— Vamos vamos, não precisa ficar tão murchinha! Eu tenho um plano!
— Mas a venda delas se encerrou ontem nya ...
— Hehe~ então só temos que achar alguém que conseguiu alguma e comprar dele! — era
uma conclusão incrivelmente simples em sua cabeça de melancia.
— É um bom plano nya, como pretende encontrar essa pessoa nya? Não tem muita gente
por aí que consiga apreciar a beleza de "Cute Bunny Knight".
— Hehe é por isso que vai ser um desafio divertido!
É nessa hora que o sinal toca, anunciando o início das aulas; todos os alunos começam a
se arrumar, ajeitando até mesmo a compostura para a chegada do professor. O senhor que
passa pela porta já deveria estar na casa dos cinquenta, ele ajeita os óculos ao se pôr na
frente da lousa e seus olhos perfuram a única aluna que não se levanta e faz a típica
reverência normal.
Ao invés disso, nossa garota melancia fica em pé na cadeira e faz uma exagerada
reverência teatral, segurando a saia e deixando todos os babados extras visíveis.
— Bom dia professor!
O mesmo apenas suspira acenando a cabeça, ele já estava acostumado depois de quase
cinco anos desde que a presença da aluna estrangeira se tornou ... Bem, definitivamente
mais estranha e também notoriamente extravagante, mas depois de tanto tempo, até
mesmo a mais anormal das coisas se torna rotina e você aprende a lidar com ela.
No caso de Mikaella, para ele como professor, a melhor coisa a se fazer é ignorar e seguir
em frente.
— As provas estão chegando, então vamos revisar tudo que vimos do começo do mês até
agora ...
A aula corre rápido sem nenhuma interrupção divina ou explosão de luz para a decepção de
certas pessoas. Uma certa aluna em específico, que eu não preciso mais apresentar pois
você leitor já deve imaginar quem seja, estava desenhando um plano mestre para identificar
e resgatar todas as cartas douradas de "Cute Bunny Knight".
Ela já estava articulando um jeito de conseguir fantasias fofas para ela e suas amigas.
Afinal, todo mundo sabe que para capturar cartas douradas, você precisa estar com uma
fantasia fofa e de quebra com um bastão voador ... Talvez um mascote fofo também fosse
necessário? Definitivamente! A garota logo adiciona uma fatia de melancia com um rostinho
fofo nos desenhos.
Nyana percebe a alegria da amiga ao lado e se inclina para ver melhor os rabiscos
apressados e coloridos de canetinha.
— Seu plano nya? — sussurra tentando ser discreta.
— Sim sim, vamos começar na rua principal e depois direto para o distrito comercial!
Infelizmente Mika não era exatamente uma pessoa discreta. O professor parou de escrever
e se virou, mas assim que viu o foco do barulho, voltou ao trabalho repassando o
pensamento de "se fingir que não existe, ela não existe"
— Vamos chamar a Yasusun nya! ~
— Mas é claro! Ela é o equilíbrio do nosso grupo, sem ela estamos perdidas!
— Eu comentei sobre as cartinhas com ela, então mesmo não sendo uma colecionadora
super experiente em "Cute Bunny Knight" como nós, ela vai conseguir identificar uma
cartinha com certeza nya!
— Perfeito! Perfeito!
~✧fim da parte um✧~
Infelizmente caro leitor, teremos que parar por aqui.
Será que esse plano vai dar certo?
Mika e Nyana iram conseguir suas incríveis e fofas cartinhas douradas?
Sera que o professor vai conseguir continuar fingindo que essa conversa não existe?
Bem, caro leitor, só há um jeito de descobrir não?
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