Eles foram para fora do reservatório e perceberam a quantidade de criaturas mortas a redor deles, um verdadeiro massacre. A ceifadora havia eliminado todos com bastante facilidade, feito que até Lucio ficou impressionado. Ela levitou após pisar fora da base, como fosse mais leve que o próprio ar, se virando lentamente para as crianças que observavam a delicadeza da morte.
“Vou descê-las em segurança, fiquem tranquilas” – A ceifadora esticava sua mão e as crianças flutuaram juntas.
Ao sair da base, elas olharam ao chão e perceberam o enorme número de penumbrantes destruídos e dissolvendo bem em baixo de seus pés. Nem elas podiam entender o tamanho poder que a Morte tinha para conseguir derrotar tantos inimigos juntos assim. Ela desceu e as carregou para baixo, pondo-as em segurança no chão, longe das criaturas que dissolviam e sumiam.
“Você destruiu todos eles? Eles não vão voltar?” – Perguntava Lucio, intrigado com a força da ceifadora.
“Sim, foi eu e não, não voltarão. Diferente de suas armas que são mundanas, a minha foice não é deste mundo, assim como eu. Eles foram erradicados.”
— Então este é o poder dela? Deve ter uma explicação pra essa destruição toda, ela não fez isso sozinha.
“Eu sabia que você era bem forte capuz, até porque já vimos você nos protegendo, mas não sabia que essas… ‘coisas’ morriam.” – Dizia Gabe.
“Tudo tem um fim de um jeito ou de outro. Essa é a minha natureza, meu garoto. A morte tem o propósito de dar fim e sentido na nossa jornada, para isso que eu sirvo.”
Algo vindo entre as árvores interrompeu a conversa que eles tinham. Aquele ser passou direto pela ceifadora, ignorando-a e atacando uma das crianças de forma rápida e sorrateira. Antes que pudesse feri-la, a Morte a segurou em pleno ar, deixando a criatura centímetros de distância do rosto de Sophia.
“Como você OUSA atacar uma das minhas protegidas, inclusive na minha presença?” – A voz diferente da ceifadora, que sempre pareceu serena, havia mudado. Ela tomou um tom de raiva e ódio que todos em volta conseguiam sentir aquela sensação emanando dela.
Usando suas habilidades, a ceifadora arremessou a criatura para longe, abrindo um enorme caminho entre as árvores que eram acertadas com a tremenda força que ele foi jogado. O penumcão ficou caído após rolar o resto do trajeto enquanto os outros se aproximavam dele, se virando para o grupo. Eles rosnavam e latiam de forma grotesca, parecendo buscar vingança pelo que fizeram.
“Acho que são os penumcães que nos atacaram mais cedo” – Mika se preparava colocando pronta uma flecha, mas sentia seu braço doer por consequência dos machucados.
“Então eles atacaram vocês enquanto eu estava fora? Entendo, devo mostrar minha autoridade para eles. Saberão que não devem mexer com a Morte.”
Antes que piscassem, a ceifadora havia se movido para perto dos penumcães, deixando apenas um rastro de vento e folhas que se moviam com a intensa velocidade. Eles protegiam o rosto e observavam de longe o combate das criaturas contra sua guardiã. Ela escondia seu corpo com a capa, mostrando apenas o seu braço esquelético que segurava a foice prateada. As criaturas caninas começavam a rodeá-la, como fizeram com as crianças, fechando suas saídas para não poder escapar. Diferente do combate com o grupo, eram 5 contra 1 dessa vez.
— Ela vai enfrentar eles todos juntos? – Lucio ficou espantado com a coragem da ceifadora.
A clareira que se abriu com o primeiro cão era um perfeito local para o combate. O vento batia forte, a capa da Ceifadora balançava e voava na direção da corrente, as folhas das árvores mexiam e faziam um barulho, parecendo que o vento preparava o clima na floresta para o embate. Repentinamente, o vento parou, e junto dele o som das folhas. Por um segundo, tudo havia ficado em silêncio.
Uma das criaturas fez o primeiro movimento e a atacou. A ceifadora movimentou seu braço para trás, e quando a criatura passou ao seu lado, ela foi dividida ao meio com a lâmina da foice. As crianças admiravam a agilidade de suas ações, sem nem mesmo hesitar. Sua capa não escondia mais seu corpo e eles podiam ver como ela era: Morte usava roupas de uma época primordial, com panos escuros e partes como uma armadura, de couro e prata. Áreas do braço e pescoço não estavam cobertas pela vestimenta, mostrando que ela era de carne e osso como eles, exceto pelos ossos expostos pelo corpo.
A Morte começava a se mover, levemente flutuando, e se afastando das criaturas, que corriam atrás dela. Ela se movia com fluidez, trocando de direção rapidamente e não deixando que eles a alcançassem. Um dos cães pulava para atacar e, facilmente, ela esquivava. Após outro ataque, ela balançou sua foice novamente, agora atingindo a mandíbula com o cabo da arma, levantando-o com a força do golpe, depois girava e o dividia com lâmina da foice.
Dois saltaram em sua direção, aproveitando que o corpo do outro bloqueava a visão, mas calmamente ela esticou sua mão e os parou no ar como fez com o outro. Eles ficaram imóveis, presos em pleno ar. Um tentava atacar pelas costas, porém a Ceifadora usou sua foice para que mordesse e bloqueasse o ataque.
Agora com sua defesa aberta e suas mãos ocupadas, o canino que estava caído estava novamente de pé e corria ferozmente na direção da ceifadora. Ela então batia o que mordia sua arma no chão com força, o desnorteando, e arremessava os imóveis na direção do que corria, fazendo mais uma vez com que ele trombasse e caísse.
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