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Claryssa, a Trancadora Yin

Conhecendo o protagonista masculino

Conhecendo o protagonista masculino

Jan 13, 2022

Claryssa andou com passos firmes até o escritório do rei. Suas irmãs não sabiam o que ela ia fazer. Ninguém sabia. Talvez nem ela própria soubesse.

Bateu na porta. A batida foi muito silenciosa. Bateu de novo, mais forte.

̶ Pode entrar. ̶ Disse Arthur IV.

Claryssa girou a maçaneta dourada, pôs a cabeça para dentro do cômodo. O escritório, como era de se esperar, continuava igual. Carpete vermelho e felpudo, silenciava seus passos. Teto em formato de cone e janelas largas. Uma tapeçaria a esquerda de quem entra, grande, com o mapa de toda Tinta costurado.

Arthur IV, detrás de sua mesa, tirou os olhos dos documentos e olhou para a visita. Pareceu surpreso.

̶ Oh, Claryssa, não é? O que faz aqui, mocinha?

̶ Rei, ̶ Começou Claryssa. ̶ por que as minhas irmãs têm que ir embora?

Arthur IV deixou a pena no tinteiro e entrelaçou os dedos em cima da mesa. Costas esticadas. Ombros retos.

̶ Suas irmãs são perfeitas para esta missão.

Vendo que aquilo não seria o suficiente para afugentar as incertezas da pobre menina, o bom rei fez um aceno de mão para que Claryssa se sentasse na cadeira.

Ela sentou. Seus olhos estavam abertos e brilhantes, na expectativa de obter respostas. Queria explicações de alguém fora seu ciclo de relacionamentos, alguém que sirva a verdade crua para ela.

̶ Como sabe, sua mãe Chin Muniz é a Segunda Sacerdotisa. Ela é uma heroína de guerra que se inspirou muito em Gisele, a Sacerdotisa.  Sua mãe lutou por nós treze anos atrás. Mesmo com idade avançada, 48 anos, ela foi até Cleópatra e voltou. Veja, sua mãe salvou incontáveis almas na Grande Guerra. É por isso que vocês Muniz são conhecidas em todas as províncias. A família do bem. A cura das dores. Salvadoras. Já deve ter escutados alguma dessas.

Sim, Claryssa já escutara todas essas. Escutara de pessoas que iam até sua casa para pedir bençãos.

̶ Não acha que com suas irmãs conseguiríamos convencer as pessoas a saírem dos vilarejos próximos às fronteiras sem causar pânico ou revolta?

̶ Se mamãe disser que é melhor sair das fronteiras, ̶ Claryssa raciocinou ̶ então é melhor sair das fronteiras.

̶ Eu acredito que as filhas de Chin Muniz tenham essa mesma influência. ̶ O rei levantou da cadeira elegantemente, foi até a tapeçaria. ̶ Venha, veja aqui. Primeiro elas devem ir até aqui, a Vila Nova de Dom Pedro. Em seguida para Roça. E por fim em Montenegro, bem na bordinha da província Wiles. Acredito que a viagem até Vila Nova durará no mínimo dois meses.

A menina ficou olhando para o mapa, interessada em decorar a rota de suas irmãs. Wiles era a província a leste da Capital, ao norte dele ficava Ecuardor. E ao norte de Ecuador era Bonaparte. Ao sul de Wiles eram as Terras de Rose.

̶ Está quase na hora do almoço. Gostaria de me acompanhar, senhorita Claryssa?

̶ Não. Vou com minhas irmãs. Tchau. ̶ Deu um aceno e foi correndo para fora. Se sentia um tanto orgulhosa com o que o rei falou sobre sua família.

Nos corredores Claryssa se percebeu perdida. Completamente perdida.

Passou por um corredor com paredes abertas, pequenas colunas de pedra ao redor e ramos de flores invadindo. Era adorável. Tudo ali era simplesmente adorável.

Andou por aquele corredor belíssimo, sem fazer a mínima ideia de onde ia parar. No fim, foi passeando pelos cantos até ver uma plaquinha dizendo: Ala Leste. Não lembrava de ler algo assim em seu primeiro percurso até o quarto. Dando meia volta, apressada, foi correndo por onde viera.

No fundo de sua mente uma Miranda imaginária zangada reclamou: para de correr! Mas a menina Claryssa, como sempre, não ouviu. Foi virar para o corredor à esquerda, que dava para aquela passarela cheia de flores.

Mas o chão estava molhado. Claryssa deslizou e caiu sentada.

 ̶ Ai... ̶ Bufou, chocada. Quedas sempre a deixavam sem palavras.

Olhou para suas roupas e deu batidas na saia do vestido. Ouviu alguém rindo.

Diante dela estava um menino. Um menino segurando o riso.

̶ Tá rindo do quê?! Tenho cara de palhaço? ̶ Claryssa reclamou, se pondo de pé o mais depressa possível. Bateu o pé e continuou a andar.

̶ Não, claro que não. ̶ Disse o estranho ironicamente, em suas mãos estavam um livro grosso e velho. ̶   É uma Muniz, não é? Soube que a mais jovem tinha um cabelo incomum. ̶ Sua voz era doce.

̶ Sou. ̶ Respondeu rubra, sem deixar de andar para longe. Olhou para trás por um instante, aquele garoto estranho usava roupas caras, tinha olhos afiados com o mais profundo tom de preto que já vira na vida. E além de exótico, ainda estava muito feliz por ter visto sua queda.

̶ O dormitório das Muniz fica um pouco depois do Salão Oval, posso levá-la até lá.

Uma chama de interesse nasceu em Claryssa, se virou completamente para ele.

̶ Sério?

 ̶ Venha. ̶ O menino começou a ir em direção ao corredor cheio de flores (ainda sorrindo).

Claryssa seguiu com desgosto aquele serzinho à sua frente.

̶ Isso é... ̶ Ele abaixou o olhar para as meias-listradas rosa e amarelo com desenhos de gatinhos brincando de Claryssa, soltou um expressão de pleno desgosto ̶ muito bonito. Realmente lindo.

Claryssa ficou boqueaberta, e depois vermelha de raiva. Ele estava tentando irritá-la? Estava definitivamente conseguindo.

Andou mais rápido e afirmou:

̶ Quer saber? Não preciso mais de você, seu rabo de fuinha. Tchau! ̶  E então correu para a Salão Oval, sem deixar de ouvir uma sonora risada à suas costas.

 

 

No quarto, Amélia estava dormindo. Miranda dobrava a roupa usada.

̶ Vamos aproveitar essa tarde para descansar. Já avisei América que não vamos ir almoçar. Se estiver com fome, ela trouxe uns bolinhos. Vou dormir já já.

Depois de uma tarde todo de descanso, Claryssa foi acordada com cutucões no ombro.

̶ Acorda, é a hora do jantar. ̶ Era Amélia, seus cabelos estavam maramanhados e espetados.

̶ Você não vai assim, vai? ̶ Miranda perguntou para a irmã. ̶ Vai arrumar o cabelo, vão parecer que eu te peguei na rua.

Amélia fingiu se ofender:

̶ Eu estou maravilhosa.  

Claryssa sorriu e se levantou, tomou um banho e pôs um vestido. Miranda penteou seus cabelos compridos e pôs uma tiara.

̶ Bom? ̶ Ela perguntou.

̶  Eu gostei!

Havia um lugar já determinado para cada um. Claryssa não poderia chamar aquilo de cadeira, era uma colossal poltrona individual. Alcochoada com almofadas vermelhas.

Haviam 3 mesas no total. A mesa em que Claryssa estava era comprida (todas eram), coberta por um tecido fino, cheio de rendas com desenho de flores. Na frente dela estava a alguns passos de distancia outra mesa, e ao lado a mesa da família real, formando quase um quadrado no salão (soube disso pela empregada América)

Não poderia mentir, conhecia nenhuma daquelas pessoas.

Diante dela estava um homem barrigudo, barba branca e olhos grandes, ele parecia ser alguém importante e rico. Ao lado dele estava uma mulher de vestido muito chamativo e amarelo, mais parecia que os costureiros grudaram várias folhas de ouro no corpo da mulher. Era exagerado, mas Claryssa gostou.

̶ Não olha assim  ̶ Miranda sussurrou  ̶ Não se encara as pessoas aqui.

̶ Sabe quem são? ̶ Claryssa perguntou.

̶ Pessoas podres de ricas porque nasceram com sorte. ̶ Amélia respondeu com escárnio. Ela recebeu um chute por debaixo da mesa. ̶ Au!

Miranda apenas sorriu graciosamente e se recompôs, sua postura e seu queixo erguido a deixava a par de qualquer outra mulher no salão.

Mais um grupo chegou na sala, eram 5 homens vestidos de terno preto, com gravatas de tecido fino e brilhante. Se sentaram na mesma mesa que as Muniz. Agora faltava apenas a mesa do lado, que ainda tinha todos os seus lugares vazios.

̶ Simon vem?

̶ Hm... ̶ Amélia ficou pensantiva ̶ Você disse que ele num canto a parte do castelo, então não acho que ele venha...

̶ APRESENTANDO! ̶ Um guarda vestido de vermelho exclamou ̶ FAMÍLIA REAL VENTURINI!

Todos os participantes se levantaram de suas poltronas. (Oh, que dramático!) Miranda levantou também, levando junto a ela as irmãs.

̶ Sério? Levantar por eles? ̶ Amélia riu baixinho, escondendo o rosto como podia com seu cabelo curto. Dessa vez ela recebeu uma cutovelada leve de Miranda.

̶ VOSSA MAJESTADE ARTHUR IV VENTURINI!

Primeiro veio o rei, imponente.

Claryssa percebeu que o jantar era um verdadeiro espetáculo. Talvez fosse uma amostra de poder. Talvez a mesa em que as Muniz estavam seja a “mesa dos convidados”, convidados importantes que precisem ser maravilhados.

̶ VOSSA MAJESTADE RAINHA ELIZABETH VENTURINI!

Uma mulher surgiu, logo atrás do rei.

Não vão sair dizendo o nome de todo mundo, vão? Que droga.

̶  VOSSA ALTEZA KENICHI VENTURINI!

A rainha era belíssima, com uma pele brilhante, cabelos presos num coque alto. Cheia de ouro, nos brincos, na presilha, nos dedos, no vestido. Cheia de amarelo com vermelho. Lábios vermelhos, laços vermelhos, pó vermelho no rosto, sapatos vermelhos. E o tal príncip-

Pelos Anjos

Claryssa quase cai para trás. A criatura que a viu cair no chão pouco tempo atrás. A criatura serpenteosa que riu dela no chão e que conseguia ser mais irritante que uma pedra no sapato. Como alguém como ele poderia ser a vossa alteza do país?

Eu chamei ele de rabo de fuinha, lembrou. Céus, eu chamei o herdeiro do trono de rabo de fuinha.

O garoto cretino estava vestido algo ainda mais chique e caro que antes. (Eu chamei o príncipe de rabo de fuinha) Usava um casaco grosso de lã amarelo queimado por baixo do que parecia ser uma blusa, uma blusa avermelhada com estampa, gola bem aberta, sem mangas e folgada. O casaco terminava nos pulsos de um jeito bufante. Cabelo pretos lisos e olhos escuros refletindo a luz dos lustres do teto.

Ele olhou ao redor com aquele sorrisinho forçado. Passou os olhos por uns nobres, pelos comerciantes de Terra de Colombo e Grazia. Deu uma piscada sarcástica quando olhou para Claryssa, que apenas revirou o rosto fingindo não conhecê-lo.

Aquele jantar seria horrível. 

jujuliamribeiro
Ju Marri

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