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Claryssa, a Trancadora Yin

A viagem das irmãs Muniz

A viagem das irmãs Muniz

Jan 13, 2022

Dia 30 de agosto.

Claryssa não conseguiu dormir direito.

Voltou tarde depois de passar um bom tempo converando com seu mais novo “amigo” ̶ era melhor dizer conhecido ̶ sobre qualquer coisa. Nunca imaginou que Kenichi poderia ser divertido. Quando fechara a porta do quarto, Amélia já estava no décimo sono, enquanto que Miranda ficava ali, olhando a janela.

̶ Ah, você voltou. ̶ Disse ela ̶  Onde esteve?

̶  Na biblioteca. Com o Kenichi. ̶ Explicou, bocejando.

̶ Sua Alteza? ̶ Os olhos de Miranda brilharam ̶  O que achou do menino?

Claryssa encolheu os ombros: ̶ Legal. Preciso tomar banho? ̶  Tomara que não. Tomara que não.

̶ Não banhou o dia todo, não estou cuidando de nenhum porquinho.

Claryssa bufou, com extrema preguiça. Fechou a porta do banheiro. Dez segundos depois, ela gritou:

̶ Preciso molhar o cabelo?!

̶  Não, lave amanhã.

Claryssa conseguiu cochilar por uma ou duas horas, mas logo seus olhos se negaram a se fechar. Estava preocupada como nunca esteve em sua vida. Seus coração batia depressa.

Amélia e Miranda vão embora. Eu não quero ficar sozinha aqui. Apertou os lábios e tentou não choramingar. Antes que desse conta, viu uma silhueta se levantar da cama, se espreguiçar e arrumar os cabelos.

Miranda foi até a cama de Amélia.

̶ Está na hora. Vamos.

Amélia odiava acordar cedo, mas levantou.

Claryssa ficou vendo suas irmãs irem para lá e para cá se ajeitando. Miranda tomou um banho de corpo inteiro, já Amélia sequer pensou em lavar o rosto.

̶ Quando era mesmo? ̶ Ela perguntou. ̶  Clary voltou quando?

̶ Vão nos buscar em 40 minutos. Voltou um pouco depois de você dormir, estava conversando com o príncipe. Vão se dar bem, crianças conseguem ficar amigas muito rápido.

̶ Eu já tenho 13 anos, não sou criança. ̶ Claryssa reclamou, se mostrando acordada.

̶  Já ia te acordar ̶ Miranda deu um sorriso. ̶  Estamos de saída.

Claryssa não gostou de ouvir isso.

̶ Mas eu não quero que vocês vão embora! ̶ Disse, indignada, os olhos lacrimejando e o rosto todo vermelho. ̶ Eu não quero ficar aqui!

E começou um choro alto.

̶ Clary, se você chorar eu choro também. ̶ Miranda a abraçou. ̶ Sabe que vai dar tudo certo. Só vamos ajudar as pessoas. O Território de Matake é um lugar perigoso, e existem vários vilarejos perto da fronteira. Só vamos ir até lá e pedir que as pessoas nos sigam até um lugar seguro. Depois disso nós voltamos. Não tem com o que se preocupar.

̶ Vamos mandar cartas. ̶ Disse Amélia, deitada do outro lado da cama. ̶ Muitas cartas. E a primeira que vamos mandar é para a mamãe, pedindo para ela vir e ficar com você. ̶ Deu uma beliscada na barriga de Claryssa, ela riu. ̶ Vamos trazes os doces de Wiles, aqueles que o dono João vende lá na esquina.

̶ Tá bom. ̶ Claryssa deu um sorrisinho, agora mais calma.

̶ Vamos, venha limpar o rosto, temos que descer.

O pátio frontal do castelo era circular, com vários espaços cobertos para pôr carroças e carruagens. Alguns cavaleiros estavam montados em cavalos e andavam por aí. O sol lá em cima ainda estava fraco, em um tom amarelado. A brisa era fria e leve.

Um belo momento para voltar para a cama.

A rainha estava lá. Ela parecia uma escultura de ouro, parada e orgulhosa, cada detalhe de sua roupa cheio de amarelo brilhante, um leque dourado no bolso da saia, olhando para os funcionários. Apenas seus olhos se mexiam.

Uma carruagem belíssima foi chegando, toda decorada de vermelho, com rodas substitutas e seis fortes cavalos presos na frente.

̶ Acho que é a nossa ̶ Miranda se virou para a irmã caçula ̶ Nós voltaremos antes que possa sentir saudade. ̶ Encheu o rosto de Claryssa de beijos. ̶ Vamos trazer os doces e qualquer coisa legal que encontrarmos.

Amélia bagunçou os cabelos da caçula, rindo. Claryssa sorriu também, agora mais leve e contente.

̶ Seja uma boa menina durante suas aulas com Simon ̶ Miranda mandou ̶ E tente ser amiga da alteza, é bom ter alguém da sua idade para conversar. Amélia, temos que cumprimentar a rainha antes de entrarmos aí.

Rainha Elizabeth se aproximava, imponente. Seu leque balançando no bolso lateral.

̶ Eu vim desejar uma boa viagem para as senhoritas.

Miranda, que via fantasmas de cabelos brancos sempre que estava diante do espelho, sorriu rubra com o “senhoritas”.

̶ Obrigada, sua Majestade. Espero corresponder suas expectativas. ̶ Ela respondeu. Amélia, a seu lado, não pôde conter a cara de deboche.

̶ Eu coloquei na parte de cima tudo o que podem precisar. Seus arcos estão embaixo dos bancos. ̶ Afirmou a rainha ̶ Farão obrigatoriamente duas paradas até Vila Nova de Dom Pedro para que os cavalos descansem, e vocês também. Não se preocupem, já organizei os lugares onde vão ficar. É um percurso longo para só duas paradas, mas a situação exige medidas assim.

̶ Não se preocupe, Majestade.

A carruagem estava estacionada a nem cinco metros delas, e pelo visto seria acompanhada por várias outras, todas com vários cavalos.

Amélia esticou os braços, mandou uma piscadela para Clary e subiu a escadinha da carruagem - sem querer ignorando completamente o cocheiro que pretendia ajudá-la. Miranda girou e segurou o rosto de Clary entre as mãos.

̶ Não se preocupe. Tudo vai dar certo. Já pedi que enviassem a carta para mamãe, já está dando tudo certo. ̶ Ela sorriu docemente ̶ E nunca se esqueça, não importa o que aconteça, se você quer, você pode e você consegue ̶ Junto sua testa com a da irmã ̶ porque....

̶ Sou maravilhosa... ̶ Clary completou em sussurro.

̶ Vou escrever todos o dias. ̶ Miranda se afastou e beijou a testa de Clary ̶ Até logo.

E elas se foram.

Claryssa não sabia exatamente o que sentia, medo, esperança, tranquilidade. Só sabia que seu coração martelava forte suas costelas.

̶ Está tudo bem? ̶ Rainha Elizabeth ainda estava lá. ̶ Venha para dentro, aqui está frio.

Os corredores do castelo, pelo menos os que Claryssa andara, estavam sempre barulhentos. Uma mulher limpava um espelho, outras duas trocavam um vaso de flor sujo por um brilhando.

̶  Quantos anos têm?

A pergunta foi inesperada.

̶ Tenho treze. ̶ Claryssa ficou sem saber o que dizer realmente ̶ E...vossa Majestade? ̶ Se Miranda estivesse ali, Claryssa já teria levado um puxão de orelha, não se pergunta a idade de uma mulher!

̶ Eu tenho 39. ̶ O rosto da rainha era como marfim, um marfim resplandecente sob a luz ̶ Sabe, meu filho tem sua mesma idade. Você já o viu?

̶ Sim. Ele veio falar comigo ontem, na biblioteca. ̶ Claryssa tinha um leve problema de ser extremamente sincera e não saber ler a situação: ̶ Ele foi um chato. Minhas meias não são ridículas, foi a mamãe que fez. Mas aí ele ficou legal. A gente ficou lendo depois. Ele pegou um de poesia, eu também peguei um de poesia, mas estava na língua passada, então não entendi nada. Ele parecia estar entendendo, então eu fingi que entendi também... ̶ Foi interrompida pelo sorriso esperançoso e brilhante da rainha(tudo nela era brilhante)

̶ Isso é magnífico! ̶ Quase começa a pular ̶ Sua família tem a tradição de praticar arco e flecha, não é? Eu quero mostrá-la algo simplesmente....simplesmente estupendo!

A alegria dela contagiou Claryssa. Foram rápido pelos corredores.

̶ Há tanto tempo em tenho a esperança que meu filho tenha pelo menos um amigo a seu lado. ̶ A rainha disse para si mesma ̶ Claryssa, você é um verdadeiro milagre! Aliás, vai ficar um tempo aqui, não é? Aprovei sua estada aqui para ter aulas com Simon. Estou tão feliz!

A menina nunca imaginou que a rainha elegante e polida poderia ser tão eufórica.

Abriram-se as portas duplas e um grande salão se apresentou para elas. Era enorme tanto para os lados quanto para cima, o teto era uma enormíssima abóboda comprida e cheia de pinturas. No final do salão havia uma abertura para um jardim.

̶ Meu filho prefere treinar lá fora. ̶ A rainha explicou ̶ Xamã, querido!

Xamã era um homem corpulento, um sorriso no rosto, uma espada na mão.

̶ Vossa Majestade! ̶ Cumprimentou ̶ E você deve ser a Claryssa Muniz, não é? Esse seu cabelo é muito bonito. Eu sou Xamã, mentor das artes do combate de Vossa Alteza. Ele está ali se alongando.

A rainha e Xamã se envolveram numa conversa baixa e tranquila. Claryssa foi andando por aí, pisando na grama e sentindo os frescor friozinho do vento.

Kenichi estava no chão, braços e pernas largados e olhos fechados. Vendo daquele ponto, naquela calmaria, Claryssa poderia quase dizer que ele era tolerável.

De repente, Kenichi abre os olhos, seu rosto se desfigurou em uma careta:

̶ O que você tá fazendo aqui? ̶  Se sentou rápido.

Claryssa ganhou um sorriso mais e mais comprido.

̶  Senhor Xamã, ele estava dormindo! ̶ Saiu correndo. Os olhos de Kenichi se arregalaram tanto que quase saltaram do rosto, se levantou depressa e foi atrás da palerma inconveniente.

̶ Não diz isso! ̶ Brigou

̶  Adivinha quem estava dormindo! ̶ Claryssa gargalhou. Xamã e a rainha se viraram rápido.

̶ Você é um estraga prazeres, sabia? ̶ Kenichi exclamou, orelhas vermelhas. ̶ Mãe, por que ela está aqui?!

Rainha Elizabeth tinha novamente um sorriso em seu rosto.

̶ Aqui tem um campo de arquearia. E também... ̶ Foi para detrás de Clary e segurou seus ombrinhos ̶ pensei que pudémos assistir seu treino de hoje.

Kenichi e Claryssa fizeram uma expressão de puro desgosto.

̶ Pronto, Alteza? ̶ Perguntou Xamã, agora com a espada em mãos.

Para a surpressa de Claryssa, a rainha sentou-se na grama. Antes disso ela jamais conseguiria imaginar alguém imperial sentada no chão. Sentou-se ao lado da rainha, propositalmente Kenichi fixamente nos olhos, apenas para irritá-lo e envergonhá-lo.

Então aquilo era arte das lâminas?, não era tão mágico quanto todo mundo parecia dizer. Mas era empolgante vê-los dançando por aí, Xamã estava na defensiva(claramente por escolha) e o menino alteza suava.

̶ Alteza, segure com as duas mãos. ̶ Reclamou Xamã. Kenichi tinha uma menina de deixar sua mão direita livre, e de fazer movimentos ousados demais que Claryssa sequer conseguia explicar.

̶ Vão passar umas horas nisso ̶ Disse Elizabeth ̶ Venha, vou te dar um arco.

Foi divertido. A rainha era divertida, a lembrava de sua família: alegre, eufórica e responsável. Talvez Claryssa conseguisse se adaptar ali.

Já se via em algumas semanas, com livros pesados nos braços, cumprimentando quem quer que fosse nos corredores, indo até o casebre de Simon pelas manhãs. Conversando com Kenichi. Recebendo cartas das irmãs. (E recebendo sua mãe quando chegasse!)

jujuliamribeiro
Ju Marri

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