Aproveitando que o próximo dela estava deitado, a Ceifadora finalizava seu oponente. Mesmo de longe, as crianças olhavam espantadas com tamanha proeza de sua protetora que nem mesmo parecia cansada. Ela então arremessava sua foice na direção dos últimos três cães. Um deles que tentou pular acabou sendo dividido pelo fio da arma, enquanto os outros dois que sobraram haviam se agachado.
“Ela é… incrível!” – Nate ficou fascinado com a ceifadora. Os outros também a admiravam e se sentiam aliviados por terem ela como sua aliada, menos Lucio.
— Todo esse poder… ela não pode ser boa. Eu sei o que ela tá tramando e quando for o momento, eles vão descobrir também.
A foice ia longe após ao arremesso, dando tempo para que o restante da alcateia penumbrosa se recuperasse e atacassem. Ainda esticando sua mão, ela chamou sua foice de volta. A arma pairou no ar, ainda girando em velocidade e depois retornou pelo caminho que havia ido. Sem que percebesse, um dos cães foi acertado pela lâmina, cortando sua carne com rapidez e precisão. Último sobrevivente deles interrompeu seu ataque e deslizou para trás da ceifadora, ele rosnava com ainda mais fúria do que antes.
“Parece que sobrou apenas você, cão da penumbra. Deseja repensar sua investida?” – O tom sereno e debochado da Morte irritava o penumcão.
“Vai Capuz!” – Gritava Nate animado com a luta.
Por um instante, a ceifadora perdeu o foco voltando seus olhos azuis e frios para as crianças. Isto deu uma brecha para que o penumcão mordesse seu braço esquelético com suas presas ferozes, além das gosmas que escorriam da penumbra em seu corpo.
Mesmo
tendo sido mordida pelo penumcão, a ceifadora permanecia calma. A
criatura tentava puxar e balançar o braço que havia pego, mas
sentia uma resistência vindo dela.
“Eu lhe dei uma
escolha, agora sinta o frio vento do seu perecer.”
O focinho do cão começou a embranquecer, as presas viraram gelo e seu corpo foi ficando lento até parar. O canino estava congelado, e com um puxão de seu braço, a ceifadora quebrou a mandíbula e libertou seu pulso. A grama em volta dela também havia congelado, deixando as folhas brancas e duras. Grupo celebrou a vitória dela perante os cães que os caçaram. Lucio olhava espantado, entendendo agora de fato, que ela era muito poderosa.
Puxando sua capa, ela escondia novamente seu corpo, deixando apenas sua mão e cabeça de fora. A ceifadora se aproximou das crianças, que corriam em sua direção. Elas falavam uma por cima da outra, dizendo o quanto foi incrível ver a sua guardiã lutar e derrotar os inimigos com tanta facilidade.
“Capuz, e o seu braço?” – Perguntava Sophia, olhando para o que havia sido mordido.
“Não se preocupe criança, a penumbra pode me machucar, mas não durará muito tempo.” – Ela olhava para seus ossos, com o local da mordida pulsando roxo da penumbra, mas logo se recuperando.
“Pensei que nada pudesse te machucar.” – Indagava Laila, preocupada com a nova informação.
“Quero que entendam que, ninguém é totalmente invulnerável, mesmo os celestiais podem se machucar. Agora vamos, temos um longo caminho para prosseguir.”
Eles olhavam entre si, e depois logo acompanhavam a ceifadora. Laila apertava o passo e encostava no ombro de Mika, que surpresa a olhava. Ela sorria e checava sua amiga, que respondia com um sorriso. Lucio brincava com cabelo de Nate, fazendo-o rir, e olhava para os outros.
“Eu to doido pra ter tempo e escrever sobre a luta da Capuz no meu manual.” – Dizia Nate animado.
“É, foi bem interessante mesmo. Com certeza, um aprendizado.” – Lucio falava sério, olhando diretamente para a ceifadora. Nate olhava para ele, confuso, mas pensando que talvez fosse o jeito dele de falar.
Atravessando mais a frente as árvores, eles conseguiam ver que haviam saído da floresta finalmente. Toda aquela pequena aventura os fez dar uma volta imensa para chegar até ali. Eles olhavam para um enorme muro com um portão de ferro, parecendo guardar uma fortaleza, com em cima um pequeno arco que ligava as paredes. O reservatório era tão grande que eles não haviam notado que as folhas do topo das árvores bloquearam a muralha.
“Então… é aqui? Chegamos onde você queria que viéssemos?” – Perguntava Gabe, esperando a resposta da ceifadora.
Eles
olhavam para ela, estranhando o seu silêncio. Ela olhava para
frente, quase que hipnotizada pelo local.
“Terra para
Capuz.” – Mika estalou os dedos e chamou a atenção de volta
dela.
“Perdão
crianças, eu me perdi nos meus pensamentos. Aqui é o primeiro ponto
para que possam voltar para casa. Saindo daqui, vocês estarão ainda
mais próximos do seu retorno.”
Eles ficaram confiantes
com aquilo, cada passo mais próximo de voltar, era um enorme
progresso. Eles todos decidiram entrar juntos na enorme cidade que
estavam bem a sua frente, dando o passo com o pé direito e os braços
entrelaçados, para dar sorte.
“Parabéns crianças. Sejam bem-vindas à Cidade Penumbra.”
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