– Se me ceder todo o norte da Sístia eu lhe dou o que precisar para sua guerra além de perdoar toda sua dívida nos bancos de Azhard.
Magnólia e Elis se surpreenderam com a atitude do rapaz. Milos adotou um ar mais sério. Meneava a cabeça como se fosse um apostador nato. Eduardo respirava funda, sua vontade era de expulsar o jovem a pontapés, porém sabia que precisava da ajuda de todos os presentes.
– Não acha que esta sendo ganancioso de mais? – Eduardo ajeitou seu manto e estufou o peitoral.
– Ora e não é isso que move esse mundo? Olhe para o Novo Mundo. Solar transformou quatro reinos em um grande império, no nosso mundo Menetuf transformou parte do continente em seu próprio quintal, estendendo seu reinado até as Ilhas Aurora. Aqui em Az você detém a maior parte das terras. Se isso não é ganancia eu não sei o que é. Eu também quero ser grande, poderoso, temido.
– Você já é. – Disse Magnólia. Sua fama de matar magos e feiticeiras já se espalhou pelos quatro cantos.
– Isso é uma questão religiosa. Meus conselheiros que são responsáveis por isso.
– Então se seus conselheiros ordenarem que cague nas próprias calças você obedeceria? Que tipo de rei é você? Seus conselheiros estão lá para dar conselhos e não ordens, pense por si só, seja um homem e um rei de verdade. – Disse Elis, fazendo o garoto tremer de raiva.
– Já chega! – Gritou o rei de Azhard, levantando rapidamente da mesa. – Se não que negociar, dane-se, não me importo, mas não vou ficar aqui sendo insultado, tampouco vou ficar aqui servindo de chacota para um bando de dementes.
– Cuidado com as palavras, garoto. – Magnólia Fernanda usou um tom ameaçador.
– E vai fazer o que? Destruiria seu reinado em dez dias se eu desejasse, treparia com suas filha e depois as mataria. Mandaria cortar sua cabeça e exibiria como um lembrete, para que nunca mais ninguém zombe de mim.
– Basta! – Gritou Eduardo.
O rei da Sístia se levantou e aproximou-se do pequeno rei. Era duas vezes maior que o franzino rapaz. Milos teve medo, todavia continuou a bufar e encarar o mais velho e sábio rei. Olhava para cima com arrogância. Eduardo rosnou, fazendo com que o menino desse um pulo para trás.
– Volte para a saia de sua mãe garoto. Só volte aqui quando for um homem de verdade.
Milos deu de costas e saiu bufando de raiva.
– Bem… se não tivermos mais nada a tratar… – Disse Elis, levantando-se da poltrona.
– Não, não temos. Muito obrigado por ter vindo, Elis. – Agradeceu Eduardo.
Elis se retirou. Magnólia levantou-se e foi na direção de Eduardo. O rei estava um pouco abatido. A soberana de Berila pôs as mãos no rosto dele e o acariciou, olhou no fundo de seus olhos e tentou beija-lo. Eduardo afastou-se do rosto da bela mulher, virando o rosto.
– O que foi? – Fernanda cruzou os braços em volta de Eduardo e repousou sua cabeça no forte peitoral do rei. – Está chateado pelo nosso acordo?
– Como pode exigir meu herdeiro? Sabe como ele é importante para min.
– Desculpe-me, mas… eu preciso dele. – Magnólia se distanciou de Eduardo e ficou de costas. Estava com olhar tristonho. – Já não sou mais a rainha consorte de Berila.
– Como assim?
– Kramuel está morto. já tem quase um mês que ele faleceu. Eu ordenei que mantivessem tudo em segredo, mas não sei quanto tempo isso vai durar. As notícias correm e quando descobrirem que meu marido está morto vão começar uma disputa para ver quem se sentará no trono. Preciso de Otis, pois se algo acontecer casarei ele e minha filha para que eles venham governar. Gostaria que fosse Odilon, ele já é um homem e tem responsabilidade, mas…
– Então você resolve me pedir o filho mais novo?
– Poderíamos resolver de outra forma. – A rainha de Berila segurou firme na genitália de Eduardo. – Case-se comigo, torne-se rei de três nações.
– Não posso. – Eduardo retirou a mão de Fernanda de suas partes íntimas e tornou a sentar no assento.
– Do que tem tanto medo? Já nos deitamos juntos diversas vezes e agora você quer me negar.
– É diferente.
– Nossos conjugues estão mortos. Será que não percebe? Essa é a chance de unirmos nossos reinos de uma vez, ao invés de ficarmos apenas fazendo esses acordos.
– Não insista, Magnólia. Tudo o que tivemos ficou onde deve estar, no passado. É melhor casarmos nossos filhos e deixar nosso romance enterrado.
…
Eduardo caminhava pelo corredor do castelo, quando percebeu que Ariela vinha em sua direção. A jovem sorriu ao avistar seu pai, porém o rei não correspondeu o gesto.
– Achei que tivesse em Pontar. – Disse Eduardo, friamente.
– Vou partir pela manhã. Recebi esse comunicado e estava levando para sua mesa. – A princesa retirou do bolso da jaqueta um papel amarelado, fechado com uma tira de cetim verde escuro. – Como foi a reunião?
– Foi uma merda. Seria mais fácil ter pedido ajuda a três cabras.
– Milos aceitou a oferta de se casar comigo?
– Não. Aquele idiotia fez questão de esboçar um sentimento de repudio pelo nosso tom de pele.
– Então não fizemos nenhum acordo?
– Fizemos dois, por enquanto. Estamos unidos com Berila e Helênia.
Ariela viu o descontentamento nos olhos de seu pai.
– O que houve? Algo não parece estar certo para o senhor.
– Magnólia vai levar Otis. Kramuel morreu e ela precisa de um jovem para casar com a filha dela.
– Mas meu irmão ainda é jovem. Como pode se casar?
– Ela disse que já tem um plano em mente.
– Quanto a Azhard? Não conseguimos nada?
– Não. O rei Milos só fez acusações, comentários impróprios e outras atitudes infantis; não é atoa que é manipulado pela mãe e pela bancada dos sacerdotes. Por falar nisso, o pequeno rei disse que Polipedes e Odilon foram vistos em Azhard. Achei que estivesse cuidando da captura deles.
– E estou, mas é difícil cuidar de uma guerra e ao mesmo tempo ter que me preocupar com fugitivos. Estou fazendo o melhor que eu posso.
– Não me dê desculpas, Ariela. Seu melhor não está adiantando. Se não formos vencedores contra Polian não teremos mais terras para governar e nossas cabeças serão exibidas como troféus no nosso próprio castelo.
– Continuarei me esforçando. – Ariela fez uma reverência. – Tome. – A jovem entregou o comunicado. – É bom que leia o mais rápido possível.
– Antes de partir quero que faça uma coisa.
Comments (0)
See all