Os guardas abriram as portas devagar.
Plínio entrou nos aposentos do rei com seu elmo fixo entre o braço e a cintura.
– Lugar estranho para se fazer uma reunião. – Disse o conde de Burgo e conselheiro do rei Milos.
Eduardo estava na sacada. Suas mãos estavam entrelaçadas nas costas. observava com afinco os guardas separando um pequeno ladrão da multidão enfurecida que tentava lincha-lo.
– Acredito que meu quarto seja o único lugar onde as paredes não tem ouvidos. – Falou, sem se virar para a visita. – Além do mais não o chamei como conselheiro do rei e sim como amigo. – Eduardo virou de frente para Plínio Orlov e estendeu a mão, indicando uma cadeira para o conselheiro real se sentar.
– Mmm... e agora nós somos amigos. – Falou friamente.
– Somos quase família, Plínio. Não se esqueça que meu filho casou com sua filha e com isso temos uma neta em comum. Deseja alguma coisa para comer ou beber?
– Dispenso a cortesia e espero que seja breve. Partiremos de volta a Azhard daqui a pouco. – O conde de Burgo colocou seu elmo sobre a pequena mesa redonda, sobre a qual estavam sentados. – Devo lembrar que Atriz e está morta e Sotrel está desaparecida, o que não nos faz tão família assim. – Plínio apoiou o pé direito sobre o joelho esquerdo e fez uma cara de dúvida. – Afinal, o que tem feito para resgatar sua... nossa neta.
Eduardo ficou em silêncio.
– Foi o que eu pensei. – Continuou o conselheiro. – A neta de um rei sequestrada e ele não move uma palha sequer para recupera-lá e ainda por cima proíbe o filho de tentar qualquer coisa para trazê-lá de volta. Graças aos deuses que Odilon tem mais culhões que você e foi atrás da pequena.
– A menina foi levada pelos gigantes de gelo, as criaturas mais poderosas dessa terra, meu reino está sendo atacado dia e noite. Queria que eu fizesse o que?
– Entregasse a feiticeira, como eles ordenaram.
– Ela não pertence a eles. – O rei ficou irritado. Eduardo respirou profundamente. – Creio que eu não o chamei aqui para isso.
– Se não foi para isso não me interessa ficar. – Plínio tentou se levantar.
– Espere, não vá! – Eduardo estendeu a mão, em suplica. – Milos te contou que ele mandou diplomatas para Solaria?
O Assunto chamou a atenção do conselheiro, de modo que voltou a se esparramar na cadeira.
– Conte-me mais.
– Elis, Magnólia e Milos mandaram mensageiros para Solaria, a fim de pedir ajuda para o deus sol, enquanto vinham de encontro a mim, para me fornecer ajuda.
– Até então não vi onde está o problema.
– Se Solar resolver ajuda-los eles não terão condições de pagar a dívida e o destino deles será... – Eduardo foi interrompido.
– O mesmo que o de Trívia. – Completou Plínio
– Se Solar tomar estas terras será dono dos problemas delas, ou seja, a minha dívida não será mais com Berila, Helênia e Azhard e sim com o império de Solaria.
– Como sabe de tudo isso?
– Ontem a noite Ariela me entregou esse comunicado. – Eduardo retirou do bolso o mesmo papel que outrora havia recebido de Ariela. – Por isso pedi que ela o convocasse aqui em meus aposentos.
Plínio leu o documento minuciosamente.
– Isso aqui é algo muito grave. Eles podem ser reis tolos, mais isso aqui é uma tremenda burrice.
– Agora que alertei você sobre...
– Já sei, vai querer algo em troca. – O conselheiro do rei de Azhard sorriu maliciosamente.
– Certamente. – Respondeu sem rodeios. – Na reunião que tivemos, Milos deixou a mesa de negociações sem fazer qualquer tipo de acordo.
– Então você quer que eu o convença a aceitar a sua proposta. – Disse Plínio, ao perceber que o rei de Antífes tirava do bolso outro rolo de papel amarelo.
– Leia e mostre a ele. Nesse documento tem todas as informações necessárias para ele aceitar a minha proposta.
– Farei o máximo que puder para deixa-lo propenso a aceitar seu pedido.
– Muito obrigado!
Plínio fez uma reverência forçada e se retirou.
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