Um sussurro rouco e assustado seguidos de soluços chorosos ecooaram em meus ouvidos. Meu corpo obedeceu de imediato correspondendo a apenas pequenos estrimiliques. Minha cabeça pousou na areia.
" Por quê... por quê meu corpo cedeu? Não consigo me mexer...'
O garoto tremia mais do que eu, e ainda tinha mais, ele não era só um maluco que se escondia no mato e cheirava a peixe, ele não tinha... pernas??
"Isso não é possível, isso não é possível. QUAL O SEU PROBLEMA MULEQUE, CADEIRANTE NÃO ANDA".
Ele não tinha pernas, era como um rabo enorme de peixe repleto de escamas alaranjadas e vermelhas.
" Alguém... Por favor alguém me ajude!! Eu preciso de socorro!! Alguém... Por favor"
Lágrimas quentes rolavam do meu rosto sujo de areia.
O peito do garoto lutava em respirar sem fazer barulho enquanto os lanterninhas se aproximavam dos arbustos, o bizarro falou quase que para si mesmo:
- Eu conheço essas criaturas terrestres... Horriveis, Maldosas...
Do que ele esta falando? São guardas, eles nos protegem. Para me proteger de loucos como você:
- Peixinho,peixinho volte aqui. Você não pode fugir para sempre, esta em terra firme agora, lembra?
- É melhor aparecer agora antes que precise usar... Alguns equipamentos.
Okay, talvez isso fosse um pouco estranho, e sim, não estava delirando, realmente ele era um peixe, uma sereia mais especificamente. Aquelas mesmo que você ouve falar quando pequeno, isso era assustador.
Os guardas procuravam de um lado para o outro, olhavam atrás de cada coqueiro, de cada pedra. Finalmente ouço um dos fardados bufar:
- Devíamos ir embora.
"Não pelo amor de Deus, eu estou aqui!"
- O que disse seu guardinha de merda? - o comandante disse rispidamente a um de seus companheiros.
- Isso mesmo que você ouviu. Vamos embora. Não é nosso grupo para essa patrulha. Devemos voltar para os cubículos.
Retrucou.
- Ele tem razão. Nem mesmo é o nosso horario de patrulha.
-Talvez o animal apareça mais tarde, talvez na madrugada... Nós bem sabemos se realmente ele é o que vimos...
-Hum... Talvez vocês tenham um ponto. Vamos avisar o albatroz que terminamos por hora. Liguem a caminhonete!
- Sim, senhor!
Disseram todos num coro só enquanto sorriam pela façanha de comfrontar o comandante. Todos subiram no baú da picape, ligando-a num tranco e se afastando lentamente do nosso esconderijo.
As mãos do garoto folgaram de uma vez só, fazendo meus instintos de fuga darem um único pulo me levando direto ao primeiro degrau da escada de madeira. Olhei uma última vez para ele, queria confirmar se estava ali, sem nenhuma tentativa de perseguição.
" E como poderia Nínive, ele não tem pernas. Ele não tem... Pernas..."
Olhei novamente, ele se encolhia ao máximo enquanto tampava o rosto com as mãos. Decidi não olhar ou meditar sobre isso, somente me virei e subi as escadas correndo e me lacei a porta de trás da minha casa. Fiquei caída no chão da cozinha, recebendo o vento fresco e o banhar da lua enquanto recuperava o fôlego.
- Meu Deus, que loucura...
Me levantei devagar e me arrastei para o banho, deixando a porta de trás aberta.
Analiso os machucados de hoje antes de entrar no Box, talvez eu realmente devesse tratar de todos eles antes que fique marcado para sempre, não que isso importe de verdade.
" 23:45, tarde, não sei se vou conseguir acordar amanhã..."
Terminando o banho quente, me jogo na cama. As lágrimas logo brotam e eu soluço de medo, tudo isso realmente me assustou, se fosse um homem real, não sei se o final seria assim. Respiro e inspiro, está tudo bem agora, Nínive, tu bem agora...
Ouço um "cleck" no andar de baixo, não dou atenção, e finalmente caio num sono profundo.
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