Breno não esperava que quase uma semana longe dos seus pais pudesse ter feito com que sentisse tantas saudades assim. A começar pelo barulho, não que seus amigos não fizessem barulho, mas é que seus pais faziam barulhos específicos, como o som das panelas, as aulas de yoga pelo YouTube, o barulho do teclado, as melodias de música que ecoavam. E ele também sentia saudades do cheiro de casa.
Na sua cabeça, Breno planejava chegar em casa e tomar um banho demorado, com água gelada, deixar suas malas num canto qualquer do quarto e então ficar espalhado em cima da própria cama, só de cueca, mexendo em todas as redes sociais possíveis. Ele queria pedir uma pizza e comer uma inteira na companhia de seus pais, quem sabe até assistir aos filmes de super heróis que seu pai Nando amava.
Só que nem tudo é como imaginamos. Quando Breno chegou em sua casa, graças à carona das mães de Sol, ele soube que não teria sossego. Talvez fosse pela forma como o sorriso de seu pai Anderson era grande demais, ou pela forma como seu pai Nando estava vestido com roupas de festa.
― Breno! – Seu pai Anderson gritou correndo em sua direção e lhe abraçando com força, sua bochecha ficou rapidamente babada de tantos beijos. ― Eu senti tanta falta do meu bebezinho! Preparamos uma surpresa para você, meu amor.
― Mais uma?― Breno pergunta.
― Dessa talvez você não goste muito. – seu pai Nando sussurra com um alerta.
― Estamos dando uma festa! Vamos comemorar seu namoro com a Sol!
Breno encara seus pais como se não os reconhecessem por um segundo, como se ele não soubesse o quão alto seu pai Anderson era, ou a forma como suas tranças em twist corriam livres pelos ombros, ou a forma como ele sempre vestia roupas que destacavam seus olhos verdes em meio à pele negra. Como se Breno não soubesse o quão pálido seu pai Nando parecia no sol, como seus traços lembravam o lado europeu da família, como a maioria das características de Nando podiam ser notadas no rosto de Breno. Até mesmo em seus cabelos longos e lisos presos em um coque desajeitado.
E mesmo que ele olhe para os pais como um estranho por um segundo, ainda é apenas só um segundo, o que faz Breno abrir um sorriso de lado sabendo que seus pais só gostavam de comemorar a família que tem em qualquer oportunidade.
― Alguém já chegou? – Breno pergunta entrando em casa junto com os pais.
― Ainda não, meu bebê, só chegam daqui há trinta minutos, toma o seu banho com calma, eu e seu pai te compramos uma roupa nova que vai ficar lindo com os tênis que você usou no aniversário da sua tia Andréia. – seu pai Anderson falou.
Breno subiu as escadas e enquanto tomava banho, sentindo a água fria escorrendo pelo seu corpo, finalmente tomando um banho decente depois de uma semana tomando banho de balde no meio do mato, ele pensou que definitivamente não trocaria aquela vida por nada.
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