O maior inimigo dos patrulheiros greek não são os generais deformantes que assombram a vida terrestre, ou o pai Cronos, uma entidade que ganhou forma e poderio após coletar quatro dos cinco cubos mágicos espalhados pelo universo.
É a inflação.
Ricardo estava receoso ao ver se extrato bancário, enquanto sua esposa, Maria apresentava a mesma insegurança.
- Não vai dar, esse mês vamos fechar no vermelho, se continuar assim vou ter que fazer hora extra pro resto da vida!
- Não se preocupa querido, eu também ajudarei nas despesas, pegando horas extras em meu serviço, mas o problema é com quem nossa filha vai ficar.
- Não tem problema, a gente pode chamar a Catarina para nos dar uma força.
- Isso não seria exploração demais? E também ela precisa trabalhar, não dá para ficar o tempo todo com ela, além do mais as férias da escolinha dela já está próxima.
- Eu sei, pretendo marcar minhas férias nesse período, dos dois trabalhos, sobre quem pode ficar só temos uma opção.
Maria ligou para a sua mãe que estava curtindo as relaxantes aposentadorias viajando por todo país, o que impossibilitava dela ajudar o casal naquele momento.
- Isso não está certo! Eu não quero ficar fora da infância de minha filha, não gastando tempo entre trabalhar e proteger o mundo de ataques de alienígenas.
- Você pode largar o trabalho de patrulheiro greek!
- E você acha que não tentei? Toda vez que vou pedir as contas para o general dos patrulheiros, ele rasga minha carta de aposentadoria na minha frente, dizendo que sou eficiente em enfrentar o exército de deformantes.
Por conta de uma cultura enraizada naquela sociedade, Ricardo sempre resolveu seus confrontos o mais rápido possível, isso entra no mérito da produtividade, onde você produz mais em pouco tempo.
- O único que nos resta são seus pais, Ricardo.
Ricardo expressou sua negação com uma careta feia, era capaz até de poder enxergar os olhos por trás dos óculos que ofuscavam os glóbulos.
- Porque você não quer que a gente dê uma chance pro seu pai?
- Eu nem posso dizer que “aquilo” é meu pai, é por caras como ele que tento ser um pai de verdade pra ela.
Ricardo e Maria estava em uma discussão de relacionamento, mas a conversa era tão branda que era incapaz de notar, típico da família Silva.
- O único que restou foi o Douglas.
- Ah! Esse não! Não quero uma má influencia de um vagabundo sustentado pelos pais.
- Catarina não pode pois ela também trabalha, se deixarmos com a Jéssica, será considerado como abandono de incapaz, já que ela não tem idade para cuidar de uma criança, e Raul é só um esquisito que passa tempo estudando pedras e treinando pose de super herói, o que nos resta o Douglas!
- Mesmo assim eu não gosto da ideia de deixar nossa filha com alguém por tanto tempo, nós não podemos usar os fundos de emergência.
- Não! Esse fundo é para emergência.
- E isso não é uma Emergência, Ricardo!
-x-
No fim do dia eles chamaram Douglas, o que pode se considerar de um hacker sustentado pelos pais, participa em eventos patronizados pelas corporações em desafios de tentar invadir o sistema de segurança deles, em troca de um prêmio, Douglas sempre consegue invadir tais sistemas, orienta as corporações sobre o que deve fazer para fortalecer a segurança e leva o prêmio pra casa, em torno de cinquenta mil réis por premiação.
E porque ele continua morando com os pais? Por aplicar toda essa premiação em investimento de risco, e 90% das vezes ele perde tudo, restando apenas a pouca dignidade de voltar para a casa deles.
Mas acredita fortemente que ainda levará uma bolada como seus ídolos que ganharam uma fortuna em criptomoeda e fugiram do país (nem posso dizer que era um sistema de lavagem de dinheiro).
- Fala família, cheguei na área. – Se apresentou Douglas.
Maria demonstrou um olhar de repulsa, e sussurrou ao pé do ouvido de Ricardo.
- Tudo menos ele Ricardo!
- Relaxa, vou advertir ele sobre tais comportamentos. – Sussurrou Ricardo de volta.
- Fica na paz que fico de olho nela nesse fim de semana! – Completou Douglas.
Ricardo se aproximou de Douglas e murmurou a ele.
- Se liga, minha esposa não gosta desse tipo de comportamento perto da nossa filha, então vamos maneirar um pouco tá legal.
- Que isso chefe, esse é meu estilo.
- Nada de gírias, palavrões, e suas ideias deturpadas sobre investimento de risco ou essas besteiradas de jovens.
- Não é como se ela entendesse, ela só tem 10 anos.
- De resto eu quero que você se comporte como um ser humano normal, tá me entendendo?
- Assim você me magoa.
- Muito bem então, eu conto com você
Ricardo foi até a sala onde a sua filha assistia desenho.
- Escuta Ana, quero que você se comporte e respeite o tio Douglas, entendido? – Disse Ricardo dando o mindinho a ela.
- Sim papai! – Ana mantinha sua atenção a televisão da sala, dando um mindinho de cumprimento a ele.
Maria foi um pouco mais invasiva, dando um beijo na bochecha de sua filha, que insistia em prestar atenção ao desenho.
- Se comporta viu! – Advertiu Maria.
E os pais saíram para trabalhar no fim de semana, Douglas permaneceu parado na entrada da sala encarando Ana.
- E aí guria, o que tu queres fazer?
- Assistir desenho.
Douglas olhou para a tela da tv e logo se empolgou.
- Ora, esse desenho! Curtia demais, vou acompanhar você
- Tá!
-x-
Um deformante surgiu no centro da cidade, Minotauro, derrubando tudo que estava a sua frente em uma carreira impiedosa, seja o que for, caminhão, carro, ou um trailer de sorvete, ele corria e gargalhava assustadoramente.
- Ninguém pode me parar, sou o Minotauro, o indestrutível.
No parque central, aguardando pelo monstro que chegaria aquele lugar, estava Épson, lutando contra mini capangas e se perguntando onde estaria os demais patrulheiros.
- General Z, você convocou os demais integrantes? – Disse Épson para o relógio de pulso, enquanto chutava um mini capanga que partia em direção a ele.
- Eu já tentei, mas eles me ignoraram.
O Ricardo afirmou que precisava do dinheiro da hora extra no fim de semana e não pode responder o chamado.
Douglas ignorou o seu relógio de transformação, por estar entretido com o desenho junto com a Ana.
Catarina estava cobrindo um atentado em um país estrangeiro e não tinha viabilidade de chegar até a capital.
E Jéssica estava a caminho.
- Mas qual é o problema deles? As vidas medíocres deles importam mais que o futuro da humanidade?
- Jéssica está próxima do período, segure as pontas até a chegada dela.
- Que seja, vou dar o cabo nesse Minotauro sozinho!
-x-
Era hora do almoço, Ricardo se espreguiçou após fazer o ultimo orçamento da manhã e voltou sua atenção ao relógio de transformação que indicava incontáveis notificações do general Z.
- Ômega Man presente – Disse Ricardo no relógio de transformação.
- Graças as entidades místicas você atendeu, eu preciso de sua ajuda no parque central agora, um deformante chamado Minotauro está causando um alvoroço tremendo, não deixe ele alcançar o cubo mágico.
- Bem! Tenho uma hora de almoço, acho que vinte minutos é suficiente para resolver isso e poder almoçar! – Ricardo viu Gabriel saindo da sala e chamou a atenção dele. – Ei Gabriel, você vai no restaurante do outro lado da esquina?
- Sim, quer alguma coisa?
- Tem como me trazer uma marmita de lá, pode ser o prato da casa. – Ricardo entregou um bolo de dinheiro para o Gabriel. – Mas me devolve o troco, eu to liso!
Gabriel assentiu e saiu da sala, Ricardo foi até a janela do escritório, vigésimo quinto andar, pressionou o botão do relógio, “transformação”, um ômega gigante holográfico saiu do relógio para fora da janela, ele então pulou sobre esse símbolo e logo em seguida se transformou no patrulheiro greek ômega man, aterrizando no prédio seguinte e correndo como se sua vida dependesse disso ( ou ele teria que almoçar no meio do expediente o que não é recomendado para a digestão).
Um casal de corretores observava Épson lutando contra mini capangas sozinhos.
- Nós deveríamos nos preocupar? – Indagou a mulher com rabo de cavalo.
- São só uns patrulheiros dando fim em um grupo alienígena que preza para a extinção da humanidade, nada de tão preocupante assim.
- Que terrível, é uma pena que temos mais o que fazer do que se importar com isso.
- Quem me dera se a humanidade perecesse, assim todos os problemas da Terra acabariam.
- E, não é?
Um mini capanga brotou da moita, e estava prestes a atingir o casal, mas a Alpha, surgiu em meio as copas das arvores e aplicou um chute na nuca dele, utilizando-o para amortecer a queda, Alpha fez um sinal de condolência para o casal e correu até o centro do parque.
- Alpha se apresentando para missão!
- Graças a Deus o reforço chegou, vamos bolar um plano para parar aquele Minotauro descontrolado.
O Minotauro finalmente alcançou o parque, Épson empurrou Alpha e foi ao encontro dele.
- Ninguém pode me parar, nem um moleque esguio igual a você! – Gargalhava o Minotauro. – Arrancada do touro.
- Está enganado, eu me exercito três vezes por semana, pode vir que vou segurar você. – Gritou Épson.
Mas de nada adiantou, com uma arrancada, Épson foi arremessado há três metros de distancias e se espatifou no chão.
-ÉPSON! – Gritou Alpha preocupada.
Com os últimos esforços, Épson levantou o braço e apontou para Alpha.
- Alpha... Proteja o cubo mágico e a humanidade. – E desmaiou.
- Você é idiota por acaso? Que ideia de girino, ir de encontro a uma arrancada do Minotauro!
- Não se preocupa jovenzinha, você vai se unir a ele em breve. – Minotauro centralizou e disparou em direção ao Alpha. – Arrancada do Minotauro.
- Eu não vou ser tão idiota como Épson, cai dentro!
No meio das arvores Ômega man surgiu em disparado, aplicando um soco, o ômega punch, atingindo o focinho do Minotauro no lado direito e fazendo-o girar no próprio eixo.
- Maldito seja... Ômega Man.... – Ele tombou, explodindo logo em seguida, inundando todo parque com uma fumaça densa.
- Ufa, ainda tenho meia hora para poder almoçar, eu vou indo nessa, bom trabalho, Alpha, Épson.
E partiu em disparada logo em seguida, deixando os dois patrulheiros a ver navios.
-x-
O dia finalmente acabou, Maria e Ricardo voltaram para casa, e viram Douglas perdendo mais uma vez no jogo da vida.
- Não tem graça de jogar com você tio, você é muito azarado. – Comentou Ana.
- Azarado na vida, no jogo, no trabalho, eu me odeio.
- Chegamos! – Disse Maria, Ana correu até ela. – E você? Se comportou?
- Sim, o tio Douglas é muito ruim no jogo de tabuleiro.
Ricardo tirou da carteira uma nota de duzentos réis e entregou ao Douglas.
- Obrigado pela ajuda Douglas, eu conto com você na próxima.
- Não! – Douglas levantou a palma da mão na frente do dinheiro. – Um herói de verdade ajuda os outros sem esperar nada em troca.
- Está bem sabichão, mas não acho justo explorar você.
- Tudo bem, eu não tinha nada para fazer em casa mesmo, se precisar tamo aí!
- Ei Douglas, o que você quer para o jantar? É o mínimo que eu possa fazer por você ter nos ajudado.
- Rosbife!
- Ei! E a história de que um herói ajuda sem esperar nada em troca.
- Cara! É Rosbife.
Douglas se despediu após o jantar, e Ricardo com um olhar acabado, junto com sua esposa, zelava o sono de sua filha.
- Eu to todo quebrado, e sinto que eu estivesse perdendo o crescimento dela.
- Nem me fale, vamos nos esforçar muito para economizar e não precisar fazer hora extra.
- E eu vou tentar marcar minhas férias o quanto antes, precisamos viajar, nada de escritório de contabilidade ou proteger a humanidade.
E o dia se encerra com o casal planejando seus próprios futuros, o futuro da humanidade pode esperar...
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