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Aviso de Gatilho: Esse capítulo apresenta conteúdo sensível: Relacianamento Tóxico/Abusivo.

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Sonne

Passar o dia pensando sobre seu ex crush de cinco anos atrás que o sacaneou era o que Sonne menos queria da vida, mas por alguma razão Mond vivia invadindo seus pensamentos e ele já não era capaz de se concentrar propriamente nas coisas, já havia queimado a comida que esquentou no micro-ondas, pois botou tempo demais, jogou quase todo seu shampoo fora enquanto pensava embaixo do chuveiro e acabou nem lavando o cabelo, não conseguia cantar sem pensar naquele alfa e no motivo de ele ter ido embora.

Foi um período extremamente doloroso, ele sofreu por tantas razões diferentes, mas Faux estava ali, sempre ali por ele e Sonne era muito grato por isso. Apesar de ser um beta e não saber direito como os feromônios o afetavam, ele fez tudo o que pôde para ajudar o ômega, até quando Sonne teve uma pesada crise que desencadeou em um cio extenso de quase quinze dias, a pessoa que estava lá com ele era Faux.

Foi realmente muito engraçado a forma como se conheceram Faux estava sozinho na sala quando Sonne chegou, eles sentaram próximos um do outro, mas não o suficiente para conversarem, logo depois um jovem de cabelos prateados e óculos sentou-se perto de Faux e por alguma razão o beta começou a tagarelar. O professor daquela matéria tinha fama de ser muito rígido, apesar de ser uma matéria eletiva, corriam muitos boatos sobre ele e Faux começou a contar absolutamente todos enquanto o jovem ouvia atentamente e perguntava se tudo aquilo era verdade e ele afirmava veementemente. Acontece que o platinado era o professor Lehrer, ele era de fato jovem e aparentava ter menos idade ainda. Faux não sabia o que fazer, nervoso começou a gaguejar e suar, foi quando Sonne interviu, inventando uma dúvida qualquer e chamou a atenção do professor. Depois disso Lehrer sempre pegava no pé do loiro, apesar dele ser o melhor aluno da turma.

E quem diria que o fato de Sonne ter se matriculado para uma aula eletiva de culinária, assim como Faux eles acabariam na mesma turma e que isso tudo levaria a um relacionamento? Absolutamente ninguém, apesar do fato de que Faux o perseguia, o ômega o tratava com indiferença, não chegava a tratar mal, mas era perceptível a falta de interesse.

Até aquele dia... Após Mond ter ido embora as coisas ficaram muito turbulentas e Sonne acabou em um certo momento entrando no cio em um bar lotado onde perdeu a consciência, ele nunca soube o que aconteceu, tudo que ele sabia era que Faux o encontrou desmaiado no banheiro, cuidou dele e ficou sempre ao seu lado, inclusive depois da morte de sua mãe, Sonne estava devastado ajudando a cuidar dos gêmeos e o beta foi o seu porto seguro.

Faux estava sentado no sofá e Sonne deitado com as pernas sobre o loiro enquanto assistiam alguma serie que passava na TV, mas nenhum dos dois pareciam prestar atenção

-Sonne, por que você anda tão avoado ultimamente? – Perguntou Faux preocupado – Você descobriu não foi?

-Ham? – Sonne estava confuso – Descobri o que?

-Tenho certeza que você descobriu, só pode ser por isso que você anda no mundo da lua, não é mesmo? – disse Faux se levantando e indo em direção ao quarto.

Sonne o seguiu sem entender o que estava acontecendo.

-Do que você está falando? – perguntou Sonne ansioso.

-Você não estaria pensando naquele desgraçado né? – disse Faux em um tom de desgosto.

-Bem...

-Você está assim há dias e como eu sei que você não sente mais nada por ele então tenho certeza que você descobriu – Faux tirou uma caixinha de veludo preta do armário e entregou a Sonne – Eu queria fazer isso de uma forma especial com um jantar, música velas e tudo que você tem direito, mas vendo que você está tão ansioso vou te entregar logo e depois comemoramos, ok?

Sonne ficou um tempo fitando aquela caixinha em sua mão, perplexo ele abriu e fechou a boca sem conseguir falar nada.

-Você não vai abrir? – perguntou Faux se aproximando – Vamos, baby abra.

Sonne abriu e se deparou com um lindo anel de ouro branco, uma pedra de rubi em forma de gota brilhava juntamente com os diamantes cravados ao seu redor, o ômega deu um paço para trás e o solitário foi ao chão.

-Você não gostou? – Perguntou Faux pegando o anel.

-O que é isso?

-Um anel – Faux se ajoelhou e pegou a mão de Sonne – Estamos juntos um cuidando do outro, moramos juntos e nosso carinho só cresce. Quero estar com você pelo resto da minha vida, Sonne você quer casar comigo? - Antes mesmo que Sonne respondesse Faux colocou o anel no dedo anelar do ômega que puxou a mão imediatamente.

Sonne começou a perder o ar, o quarto começou a girar, ele não entendia porque ele se sentia assim, ele amava o Faux, não amava? Foi Faux que sempre o ajudou, foi Faux que sempre o apoiou, foi Faux que sempre esteve lá por ele, então por que agora ele se sentia tão mal?

Pensar em casamento engatilhou vários sentimentos profundos que Sonne guardava há tempos dentro de si... Foi como se sua mente explodisse e finalmente ele conseguia ver o que aquele relacionamento realmente era... Faux nunca havia dito que o amava, nenhuma só vez em todo aquele tempo e o que eles sentiam podia ser chamado de amor?

-Sonne? Você está bem? Venha sente aqui – Disse Faux ajudando-o a sentar na cama.

Casamento e passar o resto da vida juntos foram coisas que Sonne nunca imaginou e nem nunca desejou ter com ninguém e agora que Faux falou sobre isso o nervosismo tomou conta dele, o peito afundou e apertou ao imaginar uma vida inteira ao lado daquele homem que sempre o ajudou parecia profundamente errado.

-E-eu não posso – gaguejou Sonne.

-Você não pode? – perguntou Faux calmamente.

-Eu não posso viver a vida inteira com você. – Soltou Sonne desesperadamente.

-Por causa daquele desgraçado? -Rugiu Faux – Você ainda sente algo por ele? Por isso está confuso?

Finalmente Sonne começou a realizar todas as coisas que ele havia passado, mas havia ignorado deliberadamente, apesar de tudo aquilo o incomodar imensamente, ele não tinha forças pra lutar, ele estava muito fragilizado por causa do abandono, por causa da morte da sua mãe ômega, toda a exaustão por cuidar dos gêmeos junto com sua mãe alfa e a única fonte de força para ele nos últimos anos era Faux, mas essa força tinha um custo muito alto...

-Não... – começou Sonne baixinho – Porque eu não posso viver nessa prisão que é estar com você! Eu tive que me afastar de todos os meus amigos, até do Lehrer que é um ômega também. Deixei de conhecer um grande investidor porque você me convenceu que ele parecia suspeito.... Eu parei de fazer grandes shows e correr atrás dos meus sonhos – Sonne fez uma pausa para enxugar as lágrimas que caiam de seus olhos – Eu parei de brilhar! Eu sou o Sol e parei de brilhar só porque você me ofereceu conforto e ajuda nos meus momentos mais obscuros, mas você sabe o que acontece com uma estrela quando ela para de brilhar? Ela morre! -Sonne levantou, tirou o anel e jogou no chão com força.

-Eu fiz tudo pra te ajudar! – disse Faux segurando o braço de Sonne – Eu sempre fiz tudo por você, eu morreria por você! Então não venha me dizer que eu apaguei o seu brilho!

-Mas você apagou! Aos poucos eu fui deixando um pouco de mim para trás e só fazendo aquilo que você queria que fizéssemos. Eu não tenho amigos, eu não tenho vida social, eu não sou assim!

-Então vamos resolver isso, vamos fazer uma festa e chamar os seus amigos e procurar um empresário...

-Você acha que meus amigos irão vim? Você acha que depois de tanto tempo eles ainda me consideram como um amigo?

-Então eles nunca foram seus amigos, pra início de conversa, isso mostra que tudo que você precisa sou eu.

-Não, Faux! Você é tudo que eu NÃO PRECISO! – disse Sonne se soltando.

Faux agarrou os dois ombros de Sonne, jogou ele na cama e o beijou, mas Sonne logo o afastou.

-Eu te amo, porra – gritou Faux – Era isso que você precisava ouvir? Eu sei que eu nunca disse, mas E-U T-E A-M-O! Eu realmente te amo e não posso viver sem você, você é tudo que eu tenho, meu sol, minha luz, meu ar, por favor não me deixe...

Sonne abraçou Faux e ambos ficaram em silêncio por um tempo, ambos choravam enquanto sentiam o corpo um do outro.

-Isso não vai dar certo, isso não é saudável... – Disse Sonne baixinho.

-Vamos fazer terapia de casal, então. Vamos resolver, vamos tornar nosso relacionamento saudável. – disse Faux sentando na cama.

-Eu preciso pensar...

-Mas você não vai me deixar, certo? – disse Faux secando as lágrimas e segurando as mãos do ômega. – Vamos fazer terapia de casal e resolver tudo, não vamos.

Sonne bufou.

-Eu preciso de um tempo sozinho, vou dormir na casa de minha mãe hoje.

-Não vá... Por favor, não me deixe...

-Eu só preciso pensar, ok? – disse Sonne colocando as mãos de Faux sobre o colo do loiro e levantando.

-Ok...

-Tchau, boa noite...

A porta do quarto se fechou atrás de Sonne e Faux ficou ali parado olhando pro anel jogado no chão enquanto as lágrimas insistiam em escorrer dos seus olhos.