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Aviso de Gatilho: Esse capítulo apresenta conteúdo sensível: Relacianamento Tóxico/Abusivo.
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Sonne
Andar sem destino era sua única vontade, o ômega não queria ir pra casa de sua mãe e também não queria e nem podia voltar pra casa. Ele só queria que as lágrimas parassem de cair e que aquela dor fosse embora... Como ele nunca percebeu o quão aprisionado ele estava? Como ele não percebeu que toda aquela obsessão de Faux não poderia trazer nada de bom?
Sonne se sentia tão culpado por se permitir em viver naquela situação e ao mesmo tempo com tanta raiva por Faux tê-lo controlado e se aproveitado de sua fragilidade... Mas especialmente por só enxergar tudo que havia acontecido no momento em que se imaginou preso em um casamento, que imaginou como seriam seus próximos anos ao lado daquela pessoa que ele sempre achou que era seu porto seguro, no entanto era apenas aquele que o mantinha longe de todos os objetivos que ele queria alcançar e de todos que ele gostava.
Apesar disso ele ainda conseguia sentir que o sentimento de ambos era verdadeiro, que apesar do relacionamento ter se tornado algo que não era saudável para ambos eles ainda podiam se acertar, certo? Faux disse que o amava pela primeira vez... A terapia era um bom caminho, ele havia feito terapia por um tempo, por que ele havia parado mesmo? Certo... Faux...
A mente do ômega estava confusa e dolorida, as lágrimas pareciam simplesmente não cessar, por isso ele apenas andou e andou até que ele se viu nas proximidades da casa de sua mãe, mas ele tinha medo que Faux fosse atrás dele e fizesse algum escândalo na frente dos irmãos, por isso ele foi afogar suas mágoas em um bar.
"É ainda mais deprimente beber sozinho, quem eu deveria chamar?"
Sonne olhou pela agenda do celular, todos os seus amigos que ele havia perdido contato ao longo dos anos quando um nome chamou atenção dele "Lehrer", ele e o professor haviam se tornado grandes amigos e costumavam beber juntos, sempre que Sonne se apresentava ele ia para prestigiar.
"Será que ele ainda mora por aqui?"
Sem pensar muito Sonne mandou uma série de mensagens dizendo que estava bebendo sozinho no bairro e que se ele estivesse livre para encontra-lo por ali, rapidamente suas mensagens foram respondidas e um Lehrer bem surpreso apareceu 15 minutos depois.
-Nossa Sonne você está bem? – disse o platinado sentando-se ao lado do ruivo.
-Está tão na cara assim?
-Está! Estranhei suas mensagens, mas me parece muito pior do que eu imaginava.
-Eu terminei com Faux – disse Sonne dando uma golada na sua cerveja.
-Fico feliz em ouvir – Disse Lehrer abraçando Sonne – Ele sempre foi um babaca.
-Por que você nunca me contou?
-Eu tentei algumas vezes, mas sempre achei que você sabia e gostava dele mesmo assim... – disse Lehrer rindo.
-Ele sempre foi bom pra mim... Mas... -Sonne começou a chorar novamente.
-Eu sempre achei meio estranho como vocês começaram a namorar depois daquela confusão do bar, então eu tinha certeza que você sabia o quão babaca ele é.
-Você sabia da confusão?
-Eu estava lá, você não lembra?
Sonne olhou pra Lehrer tentando lembrar de tudo daquela noite, mas ele realmente não conseguia era muito doloroso acessar todas aquelas memorias e ainda mais doloroso agora... Tudo que tinha sobrado daquele dia foi o sentimento de gratidão que ele tinha por Faux tê-lo ajudado.
-Eu realmente não lembro.
Foi então que Lehrer soube que Sonne não conhecia a história completa, ele pediu mais uma cerveja e contou tudo que havia acontecido naquela época.
Após o sumiço de Mond tudo que Sonne fazia era sair beber e se agarrar com a primeira pessoa que aparecesse, era quase um mantra, cantar, beber e foder e Faux não aguentava isso, pois o ômega dava atenção a todos independente se fossem homem ou mulher, ou alfa, ou beta ou ômega, mas nunca a ele, apesar do beta ser o único que realmente se preocupava, que ouvia os desabafos, ajudava com as medicações e o acompanhava em todos os compromissos, pois Sonne parecia que podia colapsar a qualquer minuto.
Como em todas as noites para encerrar a apresentação Sonne cantava "Somebody that I used to Know" e aquela noite não era diferente:
But you didn't have to cut me off
(Mas você não precisava me afastar)
Make out like it never happened and that we were nothing
(Fingir que nós nunca acontecemos e que não éramos nada)
And I don't even need your love
(E eu nem sequer preciso do seu amor)
But you treat me like a stranger and that feels so rough
(Mas você me trata como um estranho e isso é muito difícil)
No, you didn't have to stoop so low
(Não, você não precisava se rebaixar tanto)
Have your friends collect your records and then change your number
(Mandar seus amigos buscar os seus discos e depois mudar o seu número)
I guess that I don't need that though
(Eu acho que eu não preciso disso)
Now you're just somebody that I used to know
(Agora você é apenas alguém que eu costumava conhecer)
Era sempre a última canção da sua performance e era sempre a mais emocionante, porém sempre acabava com Sonne chorando e deixando o palco em meio aos aplausos, ele insistia naquela canção pois era o jeito que ele lidava com a tristeza, música sempre foi seu local de conforto e apesar da letra doer e lembrar a ele do abandono que sofrera de forma tão brusca era uma forma também de consolo.
Faux o esperava na porta do banheiro.
-Não esqueça de tomar seu remédio – ele disse.
Obedientemente Sonne tomou o supressor e entrou no banheiro para lavar o rosto, depois daquilo suas lembranças era um borrão, ele só lembra de ter acordado no chão do banheiro com Faux sentado à sua frente tentando trazer sua consciência de volta.
Foi essa parte do nebulosa que Lehrer contou, na verdade ele desconfiava que Faux havia dado um afrodisíaco no lugar do supressor, pois quando o professor foi no banheiro pra procurar pelo ômega o banheiro estava trancado, ao sentir os cheiros dos feromônios de Sonne e a voz de desespero do ômega ele arrombou a porta.
Faux estava tentando convencer verbalmente Sonne de que ele podia ajuda-lo com o cio, enquanto o ômega negava, foi Lehrer que deu supressores pra Sonne e ficou ao seu lado até fazerem efeito, ele só foi embora quando achou que o amigo tinha recobrado a consciência, mas aparentemente ele ainda estava fora de si.
-Você está me dizendo que Faux criou uma situação pra tentar dormir comigo? – berrou Sonne transtornado.
-Eu vi os afrodisíacos no banheiro, eu não deveria ter te deixado com ele naquela noite... Mas de alguma forma ele me convenceu a ir embora e eu tinha certeza que você estava consciente... A culpa também é mi....
-Sua o caralho! – gritou Sonne – A culpa é daquele FDP!!!! Como você pode se culpar pelas ações dele??? É claro que você nunca imaginaria que ele tentaria fazer algo do gênero.
-Você acha que se eu não tivesse chegado, ele teria conseguido alguma coisa?
Sonne bateu na mesa.
-No final ele conseguiu muito mais do que ele esperava e merecia, não é?
-Eu me senti muito culpado nesses últimos anos. – disse Lehrer triste – mas ele estava sempre te rondando e eu não conseguia te alertar nem conversar com você direito sobre as atitudes dele.
-Você fez o que pôde, mas agora eu me livrei daquele encosto! Vamos beber!
Sonne e Lehrer continuaram a beber e a conversar, eles lembraram da época da faculdade e como Sonne era um péssimo cozinheiro o que fez eles se tornarem amigos de alguma forma, o ruivo foi o pior aluno que Lehrer já teve e era um verdadeiro desafio para o platinado que se aproximou cada vez mais até eles se tornaram inseparáveis, mas quando Faux entrou em cena como namorado e ficou cada vez mais ciumento e possessivo, Sonne se afastou e eles se viam cada vez menos e acabaram apenas trocando mensagens de vez em quando.
A tristeza que Sonne sentia antes tinha se transformado em ódio e ele não sabia o que faria se encontrasse Faux na frente dele, como ele pôde enganar ele todos esses anos? Quais outras artimanhas ele fez para manter o ômega a seu lado? Era impossível confiar em uma pessoa assim...
Lehrer estava feliz por ver seu amigo se livrando daquelas amarras de um relacionamento tóxico, mas ele queria ter feito mais e que Sonne não tivesse levado tanto tempo pra perceber a armadilha que caíra.
Os dois ômegas beberam e riram até o bar fechar, quando eles estavam saindo o celular de Sonne tocou, número desconhecido.
-Será que é o Faux??? – perguntou Lehrer.
-Ele não tentou me ligar do número dele, sei que é estranho mas por que me ligaria de um número desconhecido?
-Então você vai atender?
-Alô? – disse Sonne meio grogue ao levar o celular ao ouvido.
-Sonne? Aqui é Ami, o amigo de Mond, lembra de mim? Da faculdade?
-É Ami – disse Sonne cobrindo o telefone com a mão.
-Amigo de Mond?
Sonne assentiu.
-Claro que lembro de você! Nunca vou esquecer da recepção calorosa que você me deu quando cheguei na faculdade.
-Sei que é tarde, mas podemos conversar sobre o Mond?
Sonne ficou um tempo olhando pra Lehrer, quando uma ideia apareceu em sua mente, ele sorriu e disse:
-Eu preciso falar com Mond, você pode me passar o número dele? Não, melhor o endereço dele?
-O que você está pensando? – perguntou Lehrer.
Sonne fez sinal de silencio.
-Anh, claro...
-Estou esperando sua mensagem com o endereço, tchau tchau.
Lehrer tomou o telefone da mão de Sonne e disse:
-O que você vai fazer? Você não está em condições de ir atrás de ninguém, muito menos de Mond!
-Eu sei que eu estou bêbado, é óbvio que vou passar a noite na sua casa hoje – disse ele sorrindo. - Mas antes pode me devolver meu celular? Eu preciso fazer uma coisa.
-Você promete que você não vai fazer besteira?
Sonne levantou a mão cruzou os dedos e disse:
-Prometo.
Lehrer riu e devolveu o celular dizendo:
-Dizem que quem cruza os dedos está mentindo, mas vou te dar esse voto de confiança!
Sonne pegou o celular e discou o número de Faux, no primeiro toque ele atendeu.
-Alô? Sonne?
-Olha aqui Faux você é um falso manipulador! Você vive dizendo que Mond é um monstro desgraçado, o único monstro desgraçado aqui é você! Esqueça a terapia, nós acabamos aqui, pra mim você morreu, Faux! – Sonne disse em um só fôlego e deligou o telefone.
-Uau, por essa eu não esperava.
-Agora vamos dormir, amanhã tenho que resolver mais uma coisa.
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