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Amor de Peso

(PARTE 2) - O MUNDO DAS CACHOEIRAS

(PARTE 2) - O MUNDO DAS CACHOEIRAS

May 21, 2022

Após uma noite legal e cheia de amizades novas, tive que ir para casa. Encontrei a titia assistindo uma série na TV da sala. Ela baixou vários filmes no trabalho e conectou o notebook na televisão. Sentei ao lado dela e curti um pouco do filme.

Acabei comentando sobre a viagem para Presidente Figueiredo e o convite que recebi. Para a minha surpresa, a tia Olívia achou uma ótima ideia viajar com pessoas da minha idade.

— Mas, tia, não quero preocupar a senhora. Se eu não puder ir prometo que vou entender. — usei a máscara do adolescente compreensível.

— O pai da tua amiga vai? — ela perguntou tirando os óculos e olhando para mim.

— Sim.

— Então, você pode ir.

Droga. Traidora. Eu ficaria sem camisa na frente do Zedu. E agora? O que eu vou fazer? Não posso. Será que eu consigo emagrecer 30 quilos em quatro dias? Para de viajar, Yuri. Droga. Eu posso dizer para eles que sou evangélico e, por causa da religião, não posso ficar sem blusa.

Os dias passaram voando e, em vez de fazer dieta, eu comi dobrado. Estava nervoso. Não tive culpa. O dia da viagem chegou, Tia Olívia fez um café reforçado e me levou ao ponto de encontro. A galera parecia muito feliz, eu pelo outro lado, queria morrer. O pai da Ramona era legal. Um coroa bonito, até. Ele era divorciado e tinha o tempo livre para fazer os caprichos da filha.

A gente viajaria em uma kombi branca. Segundo Ramona, o xodó do seu pai. Coloquei minha mochila na parte traseira. Cumprimentei meus novos amigos e entrei no veículo. Sentei ao lado do Zedu. Ele vestia uma camiseta sem manga e um short do flamengo. Eu, por outro lado, optei por usar uma camisa branca e uma bermuda preta.


— Seu Walter, obrigada por cuidar do meu sobrinho esse final de semana. — disse titia, cumprimentando o pai de Ramona.

— De nada. Qualquer amigo da minha bebê é bem-vindo. Vamos lá? — ele perguntou batendo na carroceria da Kombi.

Minha primeira viagem ao Amazonas. Será que encontraria algum animal selvagem? Ou algum índio? Estava tão nervoso, que comecei a pensar besteira, principalmente, quando lembrava que ficaria sem camisa na frente daquelas pessoas.

Apesar de legais, todos eram estranhos para mim. Ainda tinha tempo para pensar em um plano. Paramos para tomar café em um restaurante muito bonito. Comi tapioca com queijo e banana frita. (Nota mental: lembrar de acrescentar leite condensado. Deve ficar mais gostoso ainda).

— Está gostando, Yuri? — perguntou seu Walter tentando tirar uma foto nossa do celular.

— Sim. É um lugar adorável. A comida também está ótima. Obrigado, tio. — agradeci pela gentileza.

— Você precisa ver as cachoeiras. Vai amar. São lindas. — ele ressaltou, ainda concentrado na missão de tirar fotos do grupo.

— Será que não é perigoso? Tipo, aparecer um animal, como uma cobra, onça ou jacaré? — questionei, mas só depois me toquei da pergunta idiota que fiz.

Todos riram da minha pergunta, mas acabei disfarçando e rindo com eles. Só que o pai da Ramona não descartou a ideia de encontrarmos um animal selvagem e pediu cautela a todos. Ok, acho que não devo me preocupar, né? Espero que não.

Seguimos viagem. E, depois de alguns minutos, finalmente, chegamos em Presidente Figueiredo. No roteiro estavam cinco cachoeiras: Iracema, Pedra Furada, Onça, Santuário e Maroaga. Eu não sou o tipo de pessoa que gosta de me aventurar, por isso, depois que desci do carro passei protetor solar e bastante repelente. Fiquei mais branco do que eu já sou.

Caramba, o Brutus e Zedu já tiraram suas camisetas no estacionamento. As meninas tiveram que trocar de roupa dentro da Kombi. Seguimos em rumo à primeira cachoeira.

Senhor, como é quente dentro da floresta. Estava derretendo, me senti a própria bruxa de "O Mágico de Oz", mas ao invés da água, a Dorothy a jogou dentro da floresta amazônica.

Tive muitas dificuldades, mas quase soltei um palavrão quando eu vi um obstáculo. Era uma pedra gigante que alguém teve a ideia de escavar uma escada. Fiquei apreensivo ao passar. Senhor, por que não fiz uma dieta?

— Pode vir, Yuri. — pediu seu Walter passando na frente. — Quer ajuda?

— Estou bem. — falei passando com dificuldade pela rachadura na pedra. — Consegui. — comemorei soltando um riso abafado.

— Muito bem, grandão. Só tira essa aranha do seu ombro. — alertou Zedu passando por mim.

— Credo. — soltei dando tapinhas no meu ombro.

O Zedu e Brutus estavam suadinhos. Jesus. Que visão era aquela. Nunca havia reparado em como o Brutus era gostoso. Deve ser por causa da burrice dele que tirava todo o charme. Dava para contar cada gominho e músculo daquele corpo.

O 'meu' Zedu não ficava para trás, ele era menor que o Brutus, mas não significava que era menos bonito. O Brutus, na verdade, era gostoso e não bonito.

— Vamos. — disse Letícia, me tirando do delírio.

— Claro. Claro.

Os garotos foram os primeiros a pularem na água. Seu Walter até subiu em uma árvore e saltou. As meninas passaram seus produtos de beleza, pois queriam ganhar uma marquinha de sol. Eu não tinha um corpo bonito igual ao Brutos e nem a beleza do Zedu. Peguei o meu Kindle, arrumei uma cadeira e fiquei lendo.

— Você não vem? — quis saber Ramona.

— Daqui a pouco. É que meu corpo ainda tá quente. — usei a primeira desculpa que veio na cabeça.

— Letícia, a última que chegar na água é mulher do Brutus. — desafiou Ramona, correndo na direção da água.

— Deus me livre!!!!

O lugar era realmente lindo, porém, estava muito quente e a minha camisa estava ensopada de suor. Ainda bem que trouxe umas cinco na mochila. Era divertido ver o meu novo grupo de amigos se divertindo, na verdade, eles eram os primeiros. Nunca fui muito popular na escola, ainda mais quando eu mesmo me fechava para novas amizades. Minha tia se preocupava com esse meu lado que costumava se sabotar.

— Ei, Rio de Janeiro? A gente não te trouxe lá de Manaus para você ficar sentado e lendo Paulo Coelho. — falou Zedo balançando a cabeça na minha direção e um pouco de água caiu sobre mim.

— Estou indo. — disse me levantando e deixando o Kindle na mochila.

— Você não vai tirar a blusa? — ele perguntou.

— Eu não sei. Tem muita gente e...

— Você tá com vergonha? — ele questionou rindo. — Para de ser assim. Olha. — apontando para frente — Aquele homem deve ter uns 200 quilos e tirou a camisa na boa. Você não deveria se importar com a opinião das pessoas.

— Você diz isso porque é gostoso. — balbuciei.

— Você disse algo?

— Falei que vou tirar. — tirando a camisa, dobrando e deixando próximo da minha mochila.

— Quem chegar por último é mulher do Brutus! — Zedu gritou, correndo e se jogando na água.
— Até que não seria uma má ideia. — pensei.

Você já fez algo que se arrependeu muito? Eu já. Pulei na água de uma vez só. Puta merda! Pareciam mil facas furando o meu corpo. Como um lugar tão abafado pode ter uma água tão fria? Todos riram da minha reação. Mas, em relação ao meu corpo, não vi ninguém comentando ou olhando. Só o Zedu, porém, acho que foi por causa da nossa conversa. Ele acabou se afastando e resolveu subir no alto da cachoeira.

As meninas chegaram perto de mim e começaram a fazer mil perguntas. Contei sobre os meus pais que morreram, o motivo de vir morar no Amazonas, lembranças da minha antiga escola e minhas namoradas, ou seja, nenhuma. Elas também falaram sobre sua amizade e algumas aventuras que viveram juntos.

O primeiro a chegar na rua foi Zedu. Ele fez amizade com o Brutus ainda no ensino fundamental. Depois foi a vez de Ramona chegar, entretanto, ela só se aproximou dos garotos quando Letícia mudou. No fim das contas, eles passaram a frequentar o mesmo colégio e a amizade se fortaleceu com os anos.

— Acho legal a amizade de vocês. Por causa das mudanças (e da minha falta de habilidades sociais), acabei fazendo nenhum amigo. Depois meus pais morreram, então, me fechei um pouco mais — confessei para as duas.

— Deve ter sido difícil perder sua família, né? — perguntou Ramona, fazendo uma expressão de pena.

— É uma dor que não diminui. Mesmo com toda a distância. — minha linha de raciocínio quebrou quando Zedu foi jogado na nossa direção.

— Trouxe o fugitivo! — gritou Brutus, orgulhoso e mostrando os musculos.

Rimos bastante daquela cena. Zedu emergiu e balançou a cabeça em nossa direção. As gotículas de água atingiram a todos. Infelizmente, o pai de Ramona chamou nossa atenção. Era a hora de desbravar outra cachoeira.

— Esperem! — Ramona pediu saindo da água para pegar o celular. — Vamos tirar nossa selfie um. — correndo com cuidado para não deixar o aparelho cair dentro d'água.

***

Brutus: (mostrando os músculos)
Ramona: (fazendo duque face e piscando)
Letícia: (perfil e arrumando os óculos escuros)
Zedu: (colocando os braços em volta de Yuri)
Yuri: (vermelho de vergonha e sorrindo)

***

A primeira selfie com amigos que tirei na vida. Não queria esquecer daquele momento. Para a galera era apenas uma foto, entretanto, para mim, de alguma maneira, significava uma mudança, uma boa mudança.

Seguimos para as outras cachoeiras, todas lindas. O Amazonas era realmente um lugar maravilhoso. Assistimos ao pôr do sol em cima de uma grande rocha. Parecia um sonho.

Aquele dia ficou marcado na minha vida e no meu corpo. Mesmo passando protetor solar fiquei todo vermelho e ardido. No caminho de volta acabei adormecendo, acordei com a cabeça no ombro do Zedu, ele também adormeceu por causa do cansaço. Sério. Foi muito perfeito.

Quando chegamos, o seu Wilson pagou uma pizza de 70 cm. Fiz o educado e comi apenas cinco fatias. A casa da Ramona não ficava muito longe da minha, então, ficamos conversando por um bom tempo. Era legal se sentir incluído dentro de um grupo, apesar de não entender algumas piadas internas.

Ramona pediu minhas redes sociais para marcar meu nome nas fotos. Eles ficaram surpresos quando expliquei que não usava elas. Nunca fui de expor nada na internet (diferente da Giovanna). Na real, achava uma perda de tempo. Confesso que já tentei criar um blog, porém, escrevi apenas um texto e apaguei em seguida.

— Passa o teu e-mail. Te encaminho as fotos hoje. — ela pediu me entregando o celular.

— Claro. — falei anotando o e-mail. — Gente. Só queria agradecer a todos vocês. Hoje foi um dia incrível. — entregando o celular para Ramona.

Segui caminho com o Zedu, a casa dele era antes da minha. Fomos conversando sobre várias coisas, principalmente, a respeito da minha primeira experiência nas cachoeiras do Amazonas. Conversar com o Zedu era fácil, não precisava usar filtros, ele conseguia entender muito de mim. Algo que era fascinante e assustador.

— Quero te agradecer pelo conselho de hoje. É que pra mim ainda é difícil. — criei coragem e agradeci ao Zedu pela ajuda na cachoeira.

— Não se preocupe. Somos amigos, né? — Zedu pegou no meu ombro e tremi todo.

— Sim. Somos.

— Firmeza. Ah, essa é minha casa. — apontando para uma residência de dois pisos. A casa tinha um estilo diferente, mas uma coisa padrão nas casas de Manaus? As grades nas janelas. — A gente se encontra amanhã?

— Sim. Quero conhecer mais a cidade. — soltei ansioso. — Não esqueça que você vai ser nosso guia amanhã?

— Vamos te levar no Teatro Amazonas. Bem, Yuri, tenha uma ótima noite. Até mais. — ele desejou, entrando na casa.

Respirei fundo e lembrei de todos os momentos que vivi naquele domingo mágico. Ainda mais no momento em que dormi no ombro do Zedu. Acho que nunca mais vou lavar o lado direito do meu rosto. Faltavam poucos metros para chegar em casa, quando um motoqueiro chegou perto de mim e cantou pneu.

Acelerei o passo e o motoqueiro voltou. Ele subiu na calçada e ficou acelerando sem sair do lugar. Meu coração começou a palpitar forte e tive vontade de gritar. Que droga. Vou ser assaltado?
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Em Manaus, Yuri vai se lacionar com o seu colega de escola, Zedu. Porém, o caminho dos dois não vai ser fácil. Eles precisarão enfrentar o medo do desconhecido e o preconceito das outras pessoas.

'Amor de Peso' é um romance LGBTQIA+ que escrevi em 2012, por esse motivo, decidi publicar aqui no TAPAS. Espero que vocês gostem.
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