Enquanto Ana estava sendo julgada em praça pública, Henrique Nunes, o guarda real que a capturou na noite anterior, marchava tediosamente no posto externo do palácio real quando fora convocado para o saguão principal, onde o rei e alguns súditos da realeza estavam presentes, entre eles, o barão de Limburgo e sua filha, Isabel Limburgo.
Ele se apresentou com formalidades e o assistente do rei se pôs a dizer:
- O guarda real Henrique Nunes cumpriu seus deveres com disciplina, dignidade e eficiência ao capturar a suspeita de atacar o nosso grande príncipe! A captura levou apenas 3 minutos e 10 segundos, um recorde até entre os mais treinados - disse o assistente com tom de firme e forte - E como recompensa será promovido a Guarda Real Das Forças Internas Especiais Contra Ataques Terroristas Contra a Realeza.
O rei se levantou com uma postura meio cansada, tinha pelos beges com branco e sua roupagem era toda bordada e elegante. Ao andar sua capa polia o chão, sua coroa pontuda e cheia de gemas farfalhavam barulhinhos e com seu cajado brilhante começou a cerimônia de título:
- Henrique Nunes, súdito do reino, declaro-lhe com o honroso posto de Guarda Real das forças internas - e sem fôlego, o rei continuou com a voz rouca - especiais contra ataques terroristas... contra... a... re..aleza...
- Seu súdito aceita tal honra e cumprirei meus deveres com ética e fidelidade! - Disse Henrique com orgulho.
Os outros nobres disseram baixinho, alguns em tom de inveja:
- Que seja feita a vontade do rei.
E antes que a cerimônia acabasse, o rei se pôs a dizer:
- E como está em idade perfeita para casar, concedo-lhe a mão de Isabel Limburgo, jovem recatada do lar, delicada, afetuosa e - o rei subiu a voz - virgem.
Henrique olhou em direção a donzela e Isabel estava pálida com um longo vestido rendado, suas orelhas eram pequeninas e pontudas. Ela então virou em sua direção e ficou fixada em um ponto da parede, seus olhos pareciam se encontrar, mas ambos estavam imersos em suas próprias fantasias, um toque de decepção atingiu o coração de Henrique ao comparar tal olhar com o de ontem, da criatura amedrontada sob a lua e uma curiosidade imensa de saber o que ela seria. Enquanto isso, Isabel lembrava-se do beijo que dera às escondidas no seu primo e como foi pega pelo seu pai e por isso teve que triplicar a maquiagem ao acordar antes mesmo do sol nascer.
Ambos juntos pelo destino, mas separados em coração, eles se cumprimentaram e aceitaram o noivado. Se tudo corresse bem, estariam casados em menos de um ano.
Se Ana presenciasse a cena ficaria enojada com o fato de uma mulher ser dada como recompensa a outra pessoa, mas isso é o esperado e todos estavam com sinal de aprovação.
Assim que os presentes estavam se despedindo devidamente, o conselheiro do rei entrou no saguão com um olhar sério e disse no ouvido do monarca algo que despertou a curiosidade de todos, mas que somente Henrique fora chamado para acompanhá-los para o interior do palácio, deixando os outros nobres roendo as patas. Então, para a sua surpresa, o conselheiro explicou que a criatura de ontem era dos Países Baixos e portanto, uma grande suspeita de espionagem, assassinato e terrorismo contra a realeza, caso perfeito para o novo posto de Henrique, o qual se sentiu ansioso.
Henrique foi direcionado e apresentado para o restante do esquadrão da Guarda Real Das Forças Internas Especiais Contra Ataques Terroristas Contra a Realeza ou para simplificar, GRFIECATCR e para os íntimos, CAT (Contra Ataques Terroristas). Ele estava com o coração tão palpitante que mal ouviu o nome de seus companheiros e qual exatamente seria a missão. Seu único pensamento era se teria a chance de conversar com tal criatura.

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