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Amor de Peso

(PARTE 2) - A FESTA DOS URSOS

(PARTE 2) - A FESTA DOS URSOS

Jun 05, 2022

A única luz do meu quarto vinha da luminária de mesa, que lembra aquele ícone da Pixar. Sem fazer movimentos bruscos olhei para o Zedu, quase um stalker do sono.

Putz, como esse garoto é lindo. Ele gosta de dormir de lado com as duas mãos debaixo do rosto. Como esse manauara conseguia despertar o melhor de mim? Essa pergunta ecoava nos meus pensamentos.

Foram muitos acontecimentos em um único dia. A minha cabeça precisava processar tudo, então, qual a forma que ela acha de me ajudar? Nada mais que um sonho erótico com o Zedu. No sonho, eu era um fazendeiro e o Zedu meu ajudante. Bem, essa é toda informação que você precisava.

Eu não sou o tipo de pessoa que fica parada quando dorme, como expliquei, gosto de dormir espalhado na cama. Acabei dormindo abraçado com o Zedu, de forma inconsciente, juro. O Zedu acordou primeiro e ficou me encarando por um tempo, ele tocou no meu nariz e percebeu que não estava tão inchado.

— Vendo a obra de arte que você deixou no meu rosto? — perguntei sem abrir os olhos.

— Yuri. Para. Eu não fiz por querer. Vou chorar de novo. — ele disse rindo e sentando na cama. —Nossa, dormi tão bem. Você é um ótimo travesseiro, no bom sentido, claro.

— Obrigado. Eu acho. Você quer tomar café?

— Não. Preciso ir. A gente se vê na parada? — ele perguntou levantando e vestindo a camisa.

— Zedu. - falei com uma cara de bobo, quase rindo. — Hoje é sábado.

— Sério?

— Sim.



Zedu riu da própria idiotice, tirou a camisa e deitou na cama. Pediu para dormir mais um pouco. Claro, que eu deixei, não sou besta. Égua, já estou falando até como amazonense. Peguei a pílula que o médico prescreveu e tomei, antes de dormir de novo. Nossa, aqueles remédios acabavam comigo, tomava um e o sono era imediato.

Acordei, após algumas horas, e o Zedu não estava mais do meu lado. Sentei na cama, ainda sonolento por causa dos medicamentos, peguei o celular e abri a câmera. Puxa, o nariz não estava mais tão inchado, porém, continuava roxo. Encontrei um bilhete do Zedu na escrivaninha do quarto.

***

YURI,

VOCÊ É O MELHOR AMIGO QUE EU PRECISAVA E NÃO SABIA, SÓ NÃO DEIXA O BRUTUS SABER DISSO, POR FAVOR. OBRIGADO PELA CONVERSA, AS SÉRIES, MÚSICAS E POR SER MEU TRAVESSEIRO. MAIS UMA VEZ DESCULPA PELA BOLADA.

DO SEU AMIGO, ZEDU

***

Desci feliz da vida e encontrei a tia Olívia na cozinha. Ela analisou meu rosto, parecia um agente da perícia, como se meu nariz fosse parte de um crime horrendo.

— Melhorou mais. Você acha que pode ir à festa?

— Claro, tia. Passo uma maquiagem. Pelo menos, a Giovanna serve para alguma coisa.

— Tá bom, mas nada de beber, usar drogas ou fazer sexo, não quero menina grávida aqui na porta de casa. — ela percebeu o exagero e fez uma careta engraçada. — Credo. Pareço a mamãe.

— Parece mesmo, já estava assustado. — comentei servindo uma xícara de café.

***

O universo das modelos é fascinante, qualquer oportunidade se torna um grande evento. A Letícia chegou cedo no estúdio de gravação. Ela levou sua mãe e Ramona, afinal, uma modelo precisa de uma staff glamourosa. Cabelo, maquiagem e troca de roupas, ao todo, seriam dois comerciais para a televisão e uma sessão de fotos com o produto.

Um dos produtores levou um roteiro para a Letícia, a minha amiga leu tudo com atenção e decorou cada linha. Não queria repetir o mesmo fiasco (de sorte) do teste com os diretores. Enquanto ensaiava, a Letícia andava de um lado para o outro. De repente, um rapaz entrou na sala e esbarrou com ela.

— Cuidado. — disse o garoto segurando Letícia nos braços.

A atração foi imediata. O rapaz era ruivo (um natural), ostentava um corte no estilo do Leonardo DiCaprio em Titanic. Seus olhos ficaram hipnotizados pela beleza de Letícia. Para quem estava de fora, a situação durou apenas uns poucos segundos, mas para eles, foi o suficiente para se apaixonarem.

— Arthur, filhote. Não vai derrubar a nossa estrela! — exclamou Inácio, o diretor do comercial, com as mãos na cabeça.

— Acho que você pode me soltar. — pediu Letícia ainda nos braços de Arthur.

— Você está bem? Desculpa, eu sou avoado mesmo. — desculpou-se o rapaz se afastando de Letícia.

— Tudo bem. Eu sou forte. — ela respondeu piscando para ele e mostrando os músculos.

— Letícia? Vamos começar. — avisou Inácio andando em direção ao estúdio de gravação.

As gravações e fotos foram um sucesso. A minha amiga chamou a atenção de todos, mas, principalmente, de Arthur, o filho de Inácio. O jovem ficou bobo quando viu a beleza de Letícia. Depois do trabalho, eles trocaram telefone e a minha amiga ganhou seu cachê. Alegre, ela decidiu pagar um lanche para sua mãe e Ramona.

***

Você pensa que a vida de um gordinho no dia de folga é moleza? Após o almoço, a tia Olívia deu a notícia que íamos fazer compras. Eu sou o responsável por fazer o inventário mensal, claro, que sempre acrescentava uns docinhos a mais. A minha irmã, por outro lado, se importava apenas com produtos de limpeza e os benditos queijo/leite de búfala. Já o Richard amava a sessão de produtos de limpeza, nunca entendi, já que ele nunca limpou nada na vida dele.

Para uma casa com quatro pessoas, a gente até fazia milagre. O item que eu mais gostava de cozinhar era frango, ainda mais depois da invenção da Air Fryer. Chegamos em casa e fizemos uma força-tarefa para guardar todas as compras. Por sorte, Deus tocou no coração da titia e ela comprou o almoço no caminho para casa. Engoli a comida, literalmente, e segui para o meu quarto. Apaguei na cama e acordei no fim da tarde.

A luz do celular estava apitando. Peguei o aparelho e vi 20 mensagens do Diogo. Enviei um pedido de desculpas. Ele só queria confirmar minha presença na festa do Hélder. Apesar de estar com o nariz roxo, confirmei, afinal, o presente já estava comigo.

Havia comprado uma roupa nova para a ocasião. As meninas chegaram em casa para me ajudar na maquiagem, de acordo com a Ramona a cor da maquiagem certa para o meu tom de pele é branco zumbi, ela estava brincando é claro, assim eu espero.

Finalmente, depois de horas e um cochilo, minhas amigas e a Giovanna deram um jeito no meu nariz, entretanto, precisaram passar quase 1kg de maquiagem no meu rosto.

Deixei as minhas amigas no portão de casa, quando virei me deparei com a tia Olívia. Ela fez uma expressão engraçada ao me ver maquiado, na verdade, aquela era a primeira vez que usava algo do tipo. Entramos no carro em silêncio, mas a titia começou a ficar suada. Revirei os olhos e esperei o sermão. Dito e certo. Foram os 10 minutos mais constrangedores dos meus 16 anos.

— É aqui o endereço! — gritei, antes que a titia pudesse falar sobre os diversos tipos de IST's.

— Ok, Yuri. Se cuida. Precisando de algo me liga. Não aceita bebida de ninguém.

— Sim, pode deixar. Obrigado, tia. — falei a beijando e saindo do carro.

Minha primeira festa gay. O que aguardava por mim? Era uma casa normal, mas a decoração estava linda. Na entrada, encontrei uma drag queen que tinha o dobro do meu tamanho, fiquei fascinado. Havia uma bandeira do 'orgulho urso' enorme na sala. O Diogo estava me esperando na entrada. Aparentemente, o meu colega era popular entre os ursos de Manaus, pois, falou com todos os convidados. Todos.

O George e Jonas estavam dançando ao som de "Kitty Girl", da RuPaul. Na parte da canção que dizia: "Ei, gatinha. O mundo é seu, quando você caminha pela rua. No ritmo da batida". O Jonas rodopiou no salão e parou na nossa frente. Mesmo ofegante, ele não parou de dançar e voltou para perto de George. Os dois juntos eram fofinhos demais.

O Diogo não parava de olhar para mim. Será que ele havia percebido os quilos de maquiagem que passei no rosto, principalmente, no nariz? Ele foi até um bar feito de improviso na cozinha da casa e trouxe dois copos de refrigerante. Bem, tia Olívia, o Diogo é um conhecido, então, posso aceitar copos de bebidas, certo?

— Você tá muito bonito! — Diogo gritou no meu ouvido por causa da música alta.

— Você também. — respondi.

E, realmente, o Diogo estava lindo. Usava uma blusa 3/4 quadriculada verde, uma calça preta e uma bota marrom. Por que eu não consigo gostar desse homem? Se eu me apaixonasse pelo Diogo, todos os meus problemas estariam resolvidos.

— Yuri. — George estava tão bêbado que me abraçou de uma forma constrangedora. — Que bom. Não aguentava mais o Diogo falando de você.

— Amigo. — Jonas tirou George de cima de mim e me abraçou, mas de uma forma normal. — Que bom. Aproveita. Tem bebida, comida e até piscina. — Vamos dançar, Pé de Cana. — levando o namorado para a pista de dança.

— Vamos? — Diogo pegou na minha mão e me conduziu até a pista de dança.

— Ei, o pedido de casamento ainda vai acontecer? — perguntei perto do ouvido do Diogo.

— O George ficou tão nervoso que bebeu todas. Então, sem pedidos até o momento. — explicou Diogo.

Ok. Eu não sei dançar. Sou péssimo em qualquer atividade que envolva movimentar o corpo. Li em um artigo na internet que a dança tem três elementos básicos: tempo, espaço e movimento corporal. Bem, spoiler: sou péssimo em todos eles. Fiz uma confusão de estilos, o que rendeu um maxixe muito mal executado.

Olhava para ver se alguém estava fazendo piadinhas, porém, para a minha surpresa todos se divertiam. "É uma festa de urso", disse Diogo no meu ouvido. Deixei as preocupações para trás e apenas dancei, cara, como era divertido.

A gente riu bastante, o George mais do que todos, imaginava que no dia seguinte ele estaria arrependido, pois perdeu uma bela oportunidade de pedir a mão de Jonas.

Do lado de fora, Vando e alguns amigos passavam de moto. Eles perceberam que a festa era para o público gay. Ele então teve uma de suas ideias geniais, claro, que vindo do Vando boa coisa não devia ser. Lá dentro, eu parecia estar em outra realidade. As pessoas eram iguais a mim e pareciam não se importar com seus pesos ou medidas. Fomos todos para uma parte mais afastada da festa para conversar, alguns deram PT, pobre George.

— Então, Yuri. Gostou? — perguntou Jonas passando a mão nas costas de George que vomitava como se não houvesse amanhã.

— Demais. - respondi tentando não olhar para George. — A primeira vez que eu vou para uma festa.

— Olha quem chegou! — gritou Hélder, vestindo uma túnica roxa cheia de estrelas. — A diva que vocês querem copiar!! — descendo até o chão e levantando com dificuldade. — Levanta a cabeça, princesa. Se não, a coroa cai. — ele disse olhando para George.

— Já caiu tudo, amigo. Só falta o fígado dele. — comentou Jonas revirando os olhos.

Enquanto o George morria lentamente, entreguei o presente de Hélder e o abracei desejando um ótimo aniversário. Comprei um cartão de uma loja famosa de Manaus. Sou péssimo em comprar presentes, por isso, prefiro os lugares que oferecem esses tipos de cartões.

***

A minha tia tentou uma atividade em família com Richard e Giovanna, mas as coisas não deram muito certo. Ela decidiu ir para o quarto dormir, só que recebeu uma mensagem do Carlos. No início, ela tentou despistar, entretanto, não conseguiu.

***

Carlos:

- Eu vou pedir demissão. Vou fazer isso na segunda-feira.

Olivia:

- Carlos. Não faça isso. O estágio é importante para a tua faculdade.

Carlos:

- Eu prefiro seguir o meu coração. E ele diz para escolher você.

Olivia:

- Vamos esperar. Eu não quero que tome atitudes precipitadas. Por favor.

Carlos:

- Tudo bem. Eu só queria te beijar.

Olivia:

- Carlos, eu preciso ir. Conversamos em outro momento, por favor, não tome nenhuma atitude de cabeça quente.

***

Que festa maravilhosa. A gente cantou parabéns e comemos bolo de chocolate com cupuaçu ( que maravilha). Tivemos que colocar o George deitado em um dos sofás da casa, ele apagou completamente. Depois de um tempo e muita conversa, a gente decidiu voltar para a pista de dança e começou a tocar uma música romântica, inclusive, uma das minhas preferidas "In My Place", do Coldplay.

Jonas puxou o aniversariante e tascou um beijo em seu rosto. Me aproximei do Diogo, um pouco sem graça,  ele também estava. Coloquei os braços em volta do pescoço dele, enquanto ele segurava minha cintura.

— O que foi? — ele perguntou olhando para mim.

— Nunca dancei assim. Tão...

— Tão perto? — quis saber o Diogo, antes de me tascar um beijo.

— Hum. — soltei quase sem fôlego e o empurrei.

— Qual o problema?

— As pessoas vão olhar. — expliquei.

— Yuri. — Diogo me puxou de volta para os seus braços. — Só tem gay aqui. — me beijando de novo.

Sim. Beijei muito o Diogo. Ele era um fofo, um cavalheiro e estava disponível. Infelizmente, começou a ficar tarde e decidi ir embora, não queria incomodar a minha tia e o Jonas ia me levar em casa. Ele só pediu para se despedir de uns amigos e pegar o namorado bebum. Diogo e eu, ficamos esperando na calçada, havia outros casais gays também.

— Você gostou? — ele perguntou, agora sem precisar gritar.

— Sim. — falei. — Obrigado. — dei um beijo no Diogo.

— Nossa. - soltou Diogo, quase sem ar. — Você é tão lindo.

— Para, assim eu acredito. — brinquei. — Agora, me fala. Como você vai pra casa?

— O Hélder vai me levar. Sem problemas. Só queria que você não fosse embora. — desejou Diogo me beijando.

Que momento incrível. É tão bom beijar na boca. Eu deveria fazer isso com mais frequência. Tudo perfeito, quer dizer, até eu sentir uma coisa molhada atrás de mim. Do nada, somos atacados por vários balões com água. O Diogo ficou na minha frente e levou vários balões nas costas.

O Vando apareceu e começou a tacar mais balões em nossa direção. Ele gravou o meu beijo com o Diogo e fez a maior baderna. Eu não conseguia acreditar na capacidade desse homem de infernizar a minha vida.

— Olha só. Além de gordo é viado. Teus amigos sabem disso? — ele quis saber, enquanto reassistia o vídeo.

— Idiota! — gritou Diogo, sempre ficando na minha frente.

— Ei, homofóbicos! — Hélder chamou a atenção de Vando e seus amigos.

Hélder, Jonas e algumas drags começaram a tacar bolo, doces e salgadinhos na direção de Vando. O covarde pegou a moto, cantou pneu e saiu em disparada com seus colegas. Aquilo me deixou aterrorizado. O Vando poderia acabar minha amizade com o Zedu, Brutus, Ramona e Letícia.

— Gente, o que aconteceu? — perguntou George, ainda tonto por causa da bebida.

— Isso é urina. — afirmou uma das pessoas atingidas pelos balões.

— Você tá bem? — Diogo questionou tirando um balão estourado do meu cabelo.

— Eu preciso ir pra casa. — disse ainda em choque por ter um dos meus maiores segredos descobertos dessa forma.

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A cidade de Manaus, no coração do Amazonas, é o cenário para o livro 'Amor de Peso', que acompanha a história de Yuri Teixeira, um adolescente de 16 anos. Atualmente, ele mora com a tia e seus dois irmãos.

Em Manaus, Yuri vai se lacionar com o seu colega de escola, Zedu. Porém, o caminho dos dois não vai ser fácil. Eles precisarão enfrentar o medo do desconhecido e o preconceito das outras pessoas.

'Amor de Peso' é um romance LGBTQIA+ que escrevi em 2012, por esse motivo, decidi publicar aqui no TAPAS. Espero que vocês gostem.
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