O dia de
folga!
Um momento que o assalariado/ estudante comum tira o dia para fazer absolutamente nada, mas para Ricardo, um patrulheiro greek, pai de família, é o dia para resolver assuntos no qual ele não teria tempo no dia-dia, mas o que ele mais temia era se os vilões deformantes atacassem justamente no momento que ele teria um tempo para si mesmo.
Depois da conversa com sua esposa, Ricardo estava disposto a dedicar seu tempo para sua filha, que iria fazer aniversário daqui há uma semana e ele gostaria de comprar um presente perfeito para ela.
- Sabe o que é! Eu queria o boneco da Alpha! – Disse a filha entusiasmada.
- Alpha? – Indagou Ricardo, ele interrompeu sua leitura de jornal matinal. – Porque a alpha? Não é melhor o ômega.
- Mas a alpha é mais legal.
Ricardo sentiu o dano, sua filha repudiava seus atos heroicos.
“Talvez seja porque tento acabar com o confronto o mais rápido possível”
Parando para pensar, Ricardo nunca recebeu homenagens de crianças e adolescentes que ele salvou, está certo que ele nunca parou para escutá-los, já que ele sempre estava atarefado.
E no fim, se ele tinha reservado aquele dia para achar o presente perfeito para sua filha, ele aproveitou a oportunidade para sondar as reações das pessoas sobre os bonecos dos patrulheiros greeks.
Os bonecos dos patrulheiros greeks, é um produto dos mais de mil produtos no qual o quartel greek recebe royalties e direitos de imagem, para poder financiar a luta pela justiça.
- Ora, e não é que é fofinho esses bonecos? – Disse Catarina enquanto ela brincava com a versão de miniatura da patrulheira gama.
- O mais legal é que essa versão troca de cabeça, entre o capacete e o nosso rosto. – Beta girou a cabeça do boneco, que revelou o rosto real, e ele se decepcionou por ter visto uma versão piorada de seu rosto. – Onde diabos isso parece comigo?
- Tem certeza disso general Z? Nos transformar em meros produtos?
- Mesmo que estejamos lutando em prol de manter a paz e a prosperidade neste planeta, os humanos não tem nenhum interesse de nos financiar, e sabe, consertar e aprimorar nossos equipamentos custam dinheiro.
- Se eu recebesse um porcento do valor disso para pagar minhas contas eu poderia focar no trabalho de patrulheiro vinte quatro horas por dia.
- Maldito seja! Douglas, o trabalho de um herói nunca deve ser monetizado, isso faz parte do alicerce de sermos heróis, senão viraremos meros mercenários!
- Esse papo de virtude e heroísmo não paga minhas contas, Raul! – Retrucou Douglas.
- Seja como for, fico feliz que as pessoas estejam prestigiando nosso trabalho de alguma forma. – Comentou Jéssica.
Após refletir sobre essa reunião no fatídico dia, ele voltou sua atenção as lojas de brinquedos e mercearia, e todos os bonecos Alpha estavam esgotados, em contra partida, os bonecos Beta e ômega estavam ilhados nas prateleiras, um misto de decepção e tristeza derrubou o Ricardo.
- Porque eles não apreciam meu trabalho!!!
Ele se levantou subidamente após lembrar o seu principal objetivo, procurar um boneco alpha disponível para comprar de presente a sua filha.
Assim se transformando no ômega man, e com sua velocidade afobada, percorreu por toda a cidade, visitando loja por loja, e nada de bonecos alphas disponíveis, assim ele parou no caminho para poder descansar e procurar no celular outras lojas no qual pudessem ter tal presente a sua filha.
- Eu devia ter pedido pro general Z para reservar um para mim, justo o boneco que ela mais quer, não tem!
De repente um grupo de crianças o cercaram.
- Olha papai, é o ômega man.
- Você está afobado como sempre, me dá um autografo. – Disse outra criança mostrando o boneco a ele.
- Ora, estou em uma missão importante, vê se não espalha para ninguém. – Pegou uma caneta do bolso e fez uma marca no boneco do ômega.
Eles saíram daquela praça felizes, ele retomou sua atenção ao celular em sua busca desenfreada, até receber em primeira mão a notícia de que uma loja iria receber uma carga nova de bonecos alphas em seu estabelecimento.
- Droga, a loja é mais de dez quilômetros daqui. – Ele olhou para o horizonte, depois voltou a atenção ao aplicativo de mapa aberto no celular. – Preciso correr antes que esgote.
E assim partiu em uma velocidade absurda, no caminho ele trombou com deformantes que aproveitavam um festival de músicas para causar o terror e absorver energia negativas dos civis assustados, ômega man como um honorável herói, passou rasgando entre eles, derrubando-os e derrotando antes que eles causassem mais danos.
- Eu sou a deformante lagosta e eu estou aqui para...
A lagosta gigante mal terminou sua apresentação, e foi atravessado pelo ômega com um único golpe mortal.
Ômega man finalmente chegou na loja, mas já era tarde demais, toda carga de bonecos alphas havia sido esgotados.
Uma criança estava na fila chorando por ter ganhado o boneco alpha de presente, ele queria o beta, o pai sem entender tentou convencê-lo de que aquele boneco poderia valer uma fortuna por conta da oferta e demanda.
- Eu não to nem aí, eu quero o boneco beta!
O pai finalmente desistiu de tentar convencer seu filho e o trocou pelo boneco que havia pedido, ômega man que havia tomado a forma de Ricardo, invadiu a conversa dos dois.
- Por favor, eu estou à procura desse boneco em diversas lojas e todas não tem mais, poderia me entregar esta replica!
- Sorte sua que meu filho não quer o patrulheiro alpha. – E assim o pai o entregou, cumprindo sua missão de arranjar um presente perfeito a seu filho.
O dia do aniversario chegou, a filha abriu seus presentes com entusiasmo, e o presente no qual os olhos dela brilharam era a do boneco do patrulheiro Alpha, que seu pai tanto se esforçou para ter.
- Me diga filha, porque você quer justamente a Alpha.
- Porque ela é a mais legal e eu não preciso do ômega, porque tenho o verdadeiro ômega do meu lado.
Ricardo não conseguiu esconder o choro, enquanto a mãe o consolava.
-x-
Episódio 7.1 – Outro dia de folga.
Douglas estava entediado.
Não havia mais nenhum trabalho de hacker para fazer, as chamadas de deformantes eram logo silenciadas pois o ômega man acabou fazendo a limpa ( sem querer, já que ele estava a procura do boneco alpha).
E ele havia sentido o baque de descobrir que a garota que ele gostava na verdade era um deformante disfarçado e servido de plano para o general P.
Até receber uma ligação de alguém incomum.
Indo até a oficina de Mirian, Douglas parecia um pouco cansado.
- Finalmente você chegou! – Disse Mirian, vestia um macacão completamente enxarcado de óleo. – Preciso de sua ajuda para meu computador.
- Você não estava trabalhando na cafeteria? Voltou a ser mecânico?
- Depois que perdi meu trabalho de general P do quartel dos deformantes, eu tive mais tempo livre, então decidi dar uma mãozinha para um amigo de longa data na oficina dele, vamos entre, só toma cuidado com a poça de óleo, pode se sujar.
Ela foi até a pia improvisada, e lavou o rosto, Douglas analisou o cenário, uma oficina comum, focada principalmente em manutenção de motos.
- E pensar que um tempo atrás estávamos nos matando, o mundo dá voltas.
- Toma! – Mirian entregou uma garrafa d’água pra ele, Douglas a encarou com desdém. – Não tá sujo de óleo, pode beber.
- Meu problema não é isso!
- Ora, ainda tá irritado por ter se aproveitado de suas fraquezas e criado a garota perfeita pra você?
- Também não é isso! Porque raios você me chamou aqui? Pra arrumar seu computador?
- Se me ajudar, ti apresento uma das minhas amigas.
- Eu faço qualquer coisa por essa oportunidade.
-x-
Depois de um diagnóstico, ele formatou o computador, e voltou a configuração de fábrica.
- Está pronto, infelizmente boa parte dos documentos se perderam por causa do vírus, que tipo de site você visita para pegar um vírus danoso?
- Isso não é da sua conta.
- Seja como for, cadê meu pagamento?
Mirian puxou o celular e começou a procurar por algo.
- Minha amiga vai chegar amanha de viagem, ela pretende passar alguns dias aqui pois ela quer ir a uma apresentação de rock por aqui perto, você pode vir acompanhar como forma de pagamento, pode deixar que banco tudo.
- Tá me achando com cara de garoto de aluguel? Seja como for, é melhor do que nada, já estava entediado mesmo.
- Beleza, amanhã a gente se encontra na cafeteria, as 19h.
Os dois ficaram um tempo em silencio, até Mirian comentar.
- Já pode ir embora, seus serviços não são mais necessários.
- Não precisa dispensar! Antes de mais nada eu quero ti perguntar uma coisa. Porque você se uniu aos deformantes?
Mirian parou de mexer no celular, colocou-o de volta no bolso do macacão e disse.
- Porque eu estava entediada!
- Só por isso?
- Escuta, você não acha que a vida é monótona demais? Sempre repetindo a mesma rotina, é como se a gente tivesse preso em um feitiço do tempo, então essa parada de luta para proteger a humanidade, os deformantes constantemente invadindo o planeta, mudou a lógica desse mundo.
- Mas no fim, tudo voltou a ser rotineiro, chega a ser previsível toda vez que algum deformante invade a Terra.
- E não é! Bem, seja como for, a vida nada mais é que nossos esforços para ter uma rotina menos entediante.
- E tem outros que só abraçam a rotina por não estarem dispostos a mudar, ou medo de sair de uma zona de conforto.
- E não é?
Ambos riram.
- Seja como for, desculpa por ter ferido seus sentimentos, só fazia parte do escopo de vilão de arco.
- Deixa disso, foi uma semana divertida, apesar de eu ter feito amizade com um extraterrestre em forma de louva-deus.
- Sim, eu prometo que minha amiga não é uma deformante que vai tentar ti matar.
- Eu espero que seja viu, talvez mude minha rotina novamente.
Mirian riu, Douglas partiu, o dia seguinte chegou e ele finalmente as acompanhou no show de rock, apesar de que não rolou nada.
- Eu não disse que ela se interessava por caras! – Advertiu Mirian.
- Você me deve uma formatação de computador! – Reclamou Douglas.
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