A IBDT é uma corporação que começou a operar durante a pandemia. Todos os recursos deram uma estrutura autossuficiente, mas poucas pessoas tinham acesso a essas mordomias. Nós soldados vivíamos como animais presos em ambientes pequenos, entretanto, contávamos com água quente, alimentação balanceada e conforto.
Atualmente, são 400 soldados, que fazem um trabalho minucioso saqueando recursos, principalmente, de lugares abandonados e de difícil acesso. No helicóptero, temos uma visão do que sobrou do mundo. A mata passou a encobrir a maioria das cidades, alguns prédios estão ruindo com o passar do tempo e os animais passeiam livremente.
Da base, uma equipe vai nos orientando. Estamos no turno do Capitão Henrique. Ele é um cara legal, mas que ficou estranho quando perdeu a família. Temos que lidar com suas explosões de humor. Nós chegamos a conversar sobre a vontade de pedir dispensa. Isso é possível, porém, a IBDT nos dá poucos recursos para encontrarmos uma nova moradia.
Abro o computador e tenho uma noção das coisas que o Adam olha. Ele está fazendo várias brincadeiras com as mãos, por causa disso, levamos uma bronca do Capitão Henrique. "Vocês são duas bichinhas?", ele grita pelo rádio, algo que faz o nosso piloto rir. Afinal, o Adam e eu somos considerados o casal do esquadrão.
— Cê quer levar a porra da missão a sério? — pergunto, quando o Adam fica apontando a câmera na minha direção.
— Chegamos! — avisa o piloto, que faz uma aterrissagem suave e desliga o helicóptero.
— Senhor, o que estamos procurando? — Adam questiona do Capitão.
— Adam e Arthur, vocês querem pedir a dispensa, né? E se eu falar que tem uma possibilidade de vocês saírem com mais recursos do que o normal? — o Coronel dispara nos deixando felizes.
— Claro, senhor. Aceitamos. — solta Adam, sem me dar tempo de pensar.
— Ok. Chegou uma informação de que estão testando uma cura em jovens, porém, os testes estão dando um resultado contrário. Precisamos que vocês eliminem qualquer rastro dessas aberrações. — ele avisa.
— Ok. E porque mandou só nós? — pergunto.
— Vocês querem sair. Digamos que essa é uma festa de despedida. — comenta o Coronel, suspirando fundo. — Me deixem orgulhoso.
O Adam se prepara para entrar no prédio. Não há sinal de vida. A instalação parece ser um hospital abandonado. Corredor por corredor. Não existe uma única pessoa. De repente, o Adam escuta alguns passos na direção oeste. Com cautela, ele empunha a arma e segue o rastro. Através da câmera, acompanho tudo, mas, na verdade, queria estar ao lado do meu amigo.
Tudo parece tranquilo, até que o Adam se depara com um grupo de pivetes e mulheres. Eles estão com uma aparência estranha. Uso o zoom da câmera e foco em uma garotinha. Seus cabelos estão caindo, os olhos vermelhos e a pele parece ressecada demais. Só que diferente dos zumbis, eles parecem estar entendendo o que está acontecendo.
— Arthur, você está vendo isso? — questiona Adam que está com a arma apontada para eles.
— Sim. — é a única coisa que consigo responder.
— Moço. — uma das mulheres toma a linha de frente e tenta argumentar com o Adam. — Essas crianças estão doentes, por favor.
— Porque elas têm todos os sintomas? — Adam pergunta, sempre com a arma apontada para o grupo, que deveria ter umas 15 pessoas, a maioria, crianças.
— Existe algo no DNA deles. Algo especial. Só queremos viver em paz. — pede mais uma vez a mulher.
— Devemos recuar? — Adam pergunta.
— Não, caralho! — grita o capitão, que está acompanhando a transmissão. — Matem todos.
— Espera. — eu peço, ainda em choque. — Adam.
— Vocês não querem a liberdade de vocês? — o Capital questiona.
Começamos uma discussão, ao mesmo tempo, que as mulheres tentam convencer o Adam a não atirar. A pressão é muita. Consigo ouvir a respiração ofegante do meu amigo. Então, o Adam cede e abre fogo contra o grupo. Todas as pessoas caem sem vida no chão, só que outros começaram a aparecer. O Adam não economiza dos disparos.
— Adam, para! — eu grito, chamando a atenção do piloto, que liga o helicóptero. — Espera, porra. — agora, estou gritando com o piloto.
O Adam continua matando todos que aparecem. Um dos jovens o fura com uma faca na coxa. Com raiva, o meu amigo pressiona a cabeça do inimigo contra a parede. Eu grito para que ele pare e volte para o helicóptero, mas o Capitão o incentiva. Droga, a maldita adrenalina.
— Adam, não! — grito, ao tentar sair, mas o helicóptero levanta voo. — Não, filho da puta, espera.
Somos alvejados com flechas. Uma delas atinge o motor do helicóptero. Eu olho para o computador sem acreditar no que estou vendo. O meu melhor amigo sendo morto por um grupo de jovens zumbis, que tem plena consciência do que estão fazendo. Um deles tira a câmera do capacete do Adam e aponta para o seu corpo, completamente desfigurado.
— Adam, acorda! — eu grito. — Adam, porra, acorda, por favor.
— Soares, eu não estou bem. — o piloto avisa.
Tiro o cinto de segurança e sigo para a cadeira do copiloto. Uma das flechas o acertou no peito. Um dos motores do helicóptero falha e começamos a rodopiar no ar. Assumo os controles e o ajudo a estabilizar, só que não temos um lugar seguro para pousar. Seguimos mais alguns quilômetros e só tem mata fechada à frente.
— Kairo, você vai aguentar? — pergunto ao olhar para o piloto.
— Não sei, mas temos que pousar em segurança e urgente. — ele nos guia com uma velocidade inacreditável. — Droga. O motor está falhando feio. Já fomos mais de 100 quilômetros.
— Porque não voltamos para a base? — pergunto, olhando em volta atrás de um lugar para aterrissar.
— Soares, o controle não está respondendo. Só podemos ir para frente. Só nos resta esperar a gasolina acabar e cair com estilo. — ele explica, me deixando ofegante e pensando em um plano de fuga.
O helicóptero mostra sinais de instabilidade. Sou lançado para cima e bato a minha cabeça com força nos controles da aeronave. O sangue escorre pela minha cabeça, mas eu continuo atento para a situação. Rodopiamos no ar, então, sou lançado em direção às árvores e apago.
***
ATUALMENTE
— Fala, Arthur. Como você veio parar aqui? — questionou Beatriz, uma das comandantes da IBDT, e também conhecida como a minha melhor amiga.
— Eu, eu, eu...
— Arthur? — escuto a voz do Cristian, que me olha de uma maneira estranha.
— Cris, eu posso explicar. — digo, mas o meu namorado sai correndo.
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