- Você!? – Zack aponta para o Homem. - Por favor, nos ajude então. Queremos vingança contra Za...
O homem joga a espada nos pés de Zack, e o interrompe. - Cale a Boca, seu idiota! Zaryn vai ouvir.
- Mas você acabou de falar o nome dele!
- Ele não pode me ouvir.
- E como isso é possível? – Pergunta Samuel, confuso com a afirmação do homem.
- Não importa. – O homem manda sinais para que os flecheiros recuem, e em seguida, o portão de ferro começa a se abrir. Novamente, ele se vira e começa a ir em direção ao portão, mas antes de entrar para dentro da vila, ele para e solta um longo suspiro. – Venham, quero conversar com vocês.
Zack embainha sua espada e aperta sua mochila, se estica e anda em direção até o portão, e Samuel ajeita seu quimono e se junta a seu irmão.
Ao entrarem na vila, o local começa a se mostrar para os gêmeos, é uma vila calma, com casas feitas de madeira e telhados de palha, em cima das portas de cada casa à um crânio de javali, com símbolos coloridos nas presas. Crianças correm pelas ruas, jogando lama um no outro, mães brigando com as crianças por conta da sujeira que fizeram e idosos sentados nas varandas de suas casas fumando e rindo alto, muito parecido com a vila em que os irmãos cresceram.
- Qual é a dos crânios de javali? – Pergunta Zack, enquanto segue o Treinador.
- Nesta vila á um costume, ou um ritual de passagem, pode se dizer assim. – Responde o Treinador. – Quando as crianças alcançam os 18 anos, eles têm a missão de caçar um javali na floresta e traze-lo para a vila, assim tendo um banquete familiar e colocando o crânio do javali sobre suas portas de casa.
- Nossa vila também tinha um ritual de passagem. – Diz Zack.
- E qual seria?
- Quando fazemos 17 anos, nossa pele é tatuada com uma tinta abençoada pelo ancião da cidade. – Diz Samuel. – A tatuagem simboliza seu destino, e você irá carrega-la até o momento de sua morte.
- Vocês já receberam uma tatuagem?
- Sim. Nós já fomos marcados. – Responde Samuel.
- O que significa a tatuagem de vocês?
- Apenas os marcados podem saber. – Diz Zack.
- Entendo.
Após alguns minutos caminhando pelas ruas da vila, os três chegam até uma casa parecida com as outras, porém, o crânio que está acima da porta é enorme, comparado com crânios das outras casas.
O homem abre a porta e entra, já seguindo em direção à um pedestal que está entre duas colunas no canto da sala. Zack entra após o homem e tira sua mochila e espada, colocando-as sobre uma cadeira ao lado da porta, e Samuel começa a tirar seus sapatos.
- Não tem necessidade disso, garoto. – Diz o homem, interrompendo Samuel.
Samuel então calça seu sapato novamente e entra para dentro da casa.
O homem para em frente ao pedestal e tira de seu pescoço um amuleto que emana uma luz verde e brilhante, o põe em cima do pedestal, e uma luz verde brilha por toda a sala, as paredes rangem e o chão treme, mas a luz para de emanar e tudo ao redor se acalma. Ele então sai de perto do pedestal, anda até uma poltrona revestida por pelo de javali e ornamentada com dois chifres de veado, e se senta nela, Em frente a poltrona à uma lareira de pedra, com outras quatro cadeiras de madeira ao redor, ele aponta para as cadeiras em volta da fogueira e os gêmeos se sentam.
– Pode acender o fogo para mim? – Pergunta o treinador, apontando para a fogueira no meio da sala.
Zack acena com a cabeça e cospe fogo na fogueira.
- Zaryn não pode mais nos ouvir... – O treinador de energia se ajeita em sua poltrona e pergunta. - Então, vocês disseram que querem vingança contra Zaryn?
- Um monstro foi enviado por ele, mas não pudemos proteger nossa vila e agora ela está destruída. – Responde Samuel.
- E como vocês sabem que foi ele? – Pergunta o homem.
- Uma anciã de nossa vila nos contou. – Responde Zack.
- Então vocês não têm provas. – Afirma o homem.
- Mas deve ser ele. – Diz Zack.
- Tudo bem, um Draykx não atacaria uma vila sem motivo. Se foi um, Zaryn deve estar envolvido.
- Draykx? – Pergunta Samuel.
- Não importa agora, mas você está certo. Dos quatro Deuses, Zaryn é o único que ainda manteve contatos com eles.
Zack fica confuso com os murmúrios do homem. - Como assim ainda?
- Estou falando da guerra.
Zack fica mais confuso ainda com aquelas palavras e uma fumaça leve começa a sair de sua cabeça. - Que?! Desde quando teve uma guerra?
Samuel também fica confuso com aquelas palavras. - Nunca soubemos que houve uma guerra. Quando ocorreu?
O homem fica intrigado com aquela situação e responde à pergunta de Samuel. - Para começar, essa guerra foi a quase 200 anos atrás. Ocorreu em 334 e durou até 345. Qual era a vila de vocês?
- Nós viemos da Vila Papalute. – Responde Samuel.
- Vila Papalute? É uma vila que apareceu a pouco tempo, talvez tenha 100 anos de existência. – Diz o homem pensativo.
- Por que essa guerra aconteceu? – Zack pergunta, interrompendo o raciocínio do homem.
O homem se ajeita na cadeira, respira fundo, e começa. - Bem, a história é longa, então ajeitem-se...
“ Por muitos anos, realmente houve paz entre as nações, porém, entre os 4 deuses nunca houve uma paz real.
Ninguém nunca soube o motivo, mas Bandur e Zaryn tiveram uma grande discussão que os levou para uma luta entre os dois, cansados da briga, Serafina e Akamato intervieram na luta e acabaram se envolvendo na discussão também, por fim Bandur e Zaryn fizeram as pazes, mas foi por um curto período.
Alguns dias depois da reconciliação, Bandur enviou um monstro para destruir a vila mais importante da Nação Zaryn, a Vila Semnome, Zaryn ficou furioso, e atacou a Vila Estorno da Nação Bandur, e assim começou a Guerra dos Deuses. ”
Zack interrompe o homem. - Peraí, dos Deuses? Serafina e Akamato se envolveram também?
- Se você me deixar acabar a história, vai saber! – Diz o homem, com agressividade.
Samuel lança um olhar para Zack e fala. - Deixa ele falar.
- Voltando... – O homem retorna a contar.
“Serafina, como não queria fazer parte de uma guerra, não apoiou nenhum dos dois e se afastou da briga, entretanto, Akamato querendo paz como sempre, tentou acalmar os dois ficando em uma posição neutra, mas Zaryn não ficou contente com essa posição, pois achava que Akamato deveria o apoiá-lo contra Bandur.
Por conta de sua raiva contra Akamato, Zaryn sequestrou Maralto, o filho mais velho de Akamato, e para não entrar em conflito com o irmão mais novo, Akamato falou que deixaria Maralto em suas mãos, para mostrar que não queria enfrentá-lo. Agora com Maralto em mãos, Zaryn então o aprisionou no Reino dos Monstros, durante toda a duração da guerra.
Akamato resolve se distanciar do conflito e deixar os dois Deuses lutarem entre si, e após 11 anos de luta, usando o poderio militar das vilas de suas nações e muitos monstros a seus comandos, a guerra chegou à uma conclusão, Bandur derrotou Zaryn, e a paz reinava novamente. ”
- Bandur começou uma guerra? – Samuel pergunta temendo pela resposta.
- Claro que não! Zaryn não aguentou alguns incômodos do irmão e travou uma guerra, ele é o culpado. – Zack responde à pergunta, mesmo estando inseguro também.
- Que seja! – Diz o homem interrompendo os gêmeos. - Vocês dois não irão voltar atrás de suas crenças, é perda de tempo. Enfim, vamos para o mais importante agora, por que vieram atrás de mim?
Zack se levanta e diz. - Precisamos aumentar nossa capacidade de energia interna, para treinar nossas técnicas dos elementos.
- Não vou ensinar para vocês! - Diz o homem.
Sua fala quebra as expectativas dos gêmeos, que desabam suas esperanças. Mas Zack, não satisfeito com a resposta, começa a se enfurecer.
- O que?! Por que? – Zack grita, irritado.
- Sinceramente, eu gostaria de lhes ensinar, mas levaria anos de treino, não é tão simples assim. - O homem dá uma pequena pausa, olha para o fogo e continua. - Vocês não têm todo esse tempo para aprenderem todas as fases do controle de Energia.
- Nós conseguimos em menos tempo, pode acreditar em nós. - Diz Samuel.
- Diferente de mim, vocês não nasceram com o poder de controle de energia. Seria um tempo desperdiçado para vocês.
- Como assim poder? – Samuel começa a ficar desconfiado das palavras do homem. - Nenhum humano pode nascer com poderes.
- Isso porque eu não sou humano! – Diz o homem com um tom de voz sério.
Zack então fica na defensiva, ele olha para a cadeira onde está sua espada, e em sua cabeça começa a planejar um plano de fuga.
Samuel se levanta devagar, e ainda desconfiado, pergunta. – Quem é você?
O homem se ajeita em sua poltrona, respira fundo novamente e responde. - Acalmem-se garotos, eu não sou um monstro.
Zack fica em posição, estava prestes a pôr em execução seu plano de fuga, mas Samuel percebe e o interrompe, pondo seu braço na frente de seu irmão.
- Então, o que você é? – Pergunta Samuel.
O homem se levanta calmamente, olha nos olhos de Samuel e diz com toda sua força. - Eu sou Maralto, o filho mais velho de Akamato, o filho do Deus que deixou seu próprio filho nas mãos de um lunático para ser torturado no fundo do poço!
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