O tempo de paz mantido pelos deformantes fez com que nossos heróis parassem para refletir sobre suas ações, quer dizer, delegar um tempo para lutar pela paz e justiça de forma voluntária junto a uma vida corrida que tenta conciliar o trabalho com a vida pessoal não parecia nada fácil, e era por isso que nosso herói, ômega man, tentava derrotar os vilões que insistiam em aparecer no nosso mundo o mais rápido possível.
Douglas também notou essa peculiaridade em sua vida, enquanto observava os transeuntes seguindo sua rotina diária, atravessando o parque em direção ao metro, ao seu lado estava Jéssica que teve as aulas canceladas por falta de professores.
- Já tinha me esquecido como essa vila é calma, sempre correndo para salvar essas pessoas que nunca dão a mínima.
- Não exagera Douglas, o fato deles seguirem a rotina deles sem se preocupar indica que estamos fazendo um ótimo trabalho, afinal de contas eles sabem que damos conta do recado.
- Além do mais, eu fico pensando se é necessário fazermos esse trabalho de patrulhar a cidade, quer dizer, nós dedicamos nossos tempos em lutar contra vilões extraterrestres e não recebemos um tostão por isso, vale a pena mesmo trabalhar de graça? Além de ser desgastante.
- Não quero ouvir esse discurso da boca de um marmanjo que não sai da aba dos pais.
- Olha quem fala, além do mais você não sabe o quão difícil está sendo construir uma vida e se tornar independente nos dias atuais!!?
- Só escuto desculpas! – zombou da Jéssica.
- Mas tirando isso tudo, talvez eu decida desistir de ser um patrulheiro.
- É, eu também...
Um silencio sepulcral cobriu os dois, Douglas em meio a uma confusão involuntária decidiu perguntar.
- Sério? Você?
- É... Quer dizer, eu tenho que preparar meu futuro, decidir muita coisa que vai acarretar na minha carreira, não tenho tempo para lutar contra monstros interplanetários.
- Se ao menos esse exército sumisse de uma vez, poderíamos ficar em paz, eu decidir não seguir os requisitos básicos para viver em sociedade justamente porque eu repúdio o cotidiano, mas veja só, a luta contra vilões genéricos se tornou meu cotidiano.
- Isso é uma desculpa de alguém que não consegue um emprego.
- Não enche, pentelha.
Novamente os dois foi tomado por um silêncio descomunal, apenas o som das buzinas, setas sendo ligadas e carros cortando a avenida era o destaque entre os dois, Douglas cortou esse entediante cenário com um suspiro.
- As vezes me pergunto se vou conseguir um emprego comum depois de desistir de ser um patrulheiro.
- Ué! Mudou de opinião?
- Digo, se meus bicos de programador me desse um cascalho melhor eu nem me importaria em continuar nessa vida, o suficiente para ter minha casinha longe de tudo, trabalhando em home office e não me estressando com a locomoção diária da cidade, mas as vezes a realidade bate na porta e percebo que eu não sou diferente de ninguém para querer algo tão fora da caixa como essa.
- Você fala isso como se tivesse alguma experiência empregatícia.
- Viu como você não sabe nada de mim, trabalhei três anos como empacotador.
- Isso nem sequer é emprego de verdade.
- Mas que preconceito é esse com nossa classe, se não fosse por nós, suas mercadorias não estariam perfeitamente empacotadas, retire o que tu disseste.
- Até serem substituído por robôs autômatos que faz um trabalho mil vezes mais eficiente que um humano comum.
- Eu já disse a você como te odeio!
- Não hoje!
- Pois bem, eu te odeio.
- Não me importo!!!
Dessa vez foi a Jéssica que quebrou o silêncio daquela iteração.
- Talvez esteja certo, talvez se os poderes dos patrulheiros greek fosse dado a pessoas que tivessem interesse em salvar o mundo já faria esse conflito encerrar de vez, ou talvez não seria tão ruim assim o mundo ser dominado, quer dizer, independente de quem estiver no topo, nossas vidas não vão mudar muito.
- De certa forma sim. – Douglas se levantou do banco, espreguiçou-se e se retirou. – Mas o que esperar dessa nova vida pacata?
Uma explosão cortou a iteração dos dois, escombros e uma nuvem de poeira tomou todo parque, as árvores ao redor dele haviam sido derrubados, enquanto uma cratera no centro dela estava a amostra, Jéssica tampou seu rosto com as mãos e Douglas tossia por conta da poeira que havia invadido suas vias nasais.
- Mas o que aconteceu?
Uma gargalhada assustadora partiu em meio a poeira, era o general H, incumbido com uma marreta maior que seu corpo.
- Veja só o que temos aqui, o marco zero de minha dominação mundial.
- Um deformante? – Perguntou Douglas entre tosses.
- Pior. – Jéssica se transformou, na patrulheira alpha. – Um general, talvez o mesmo nível da Mirian.
Douglas por puro reflexo também se transformou, patrulheiro beta.
- Só dois? Achei que vocês trabalhavam em equipe. Onde está o ômega?
- Não precisa do quinteto para derrubar você. – Blefou Alpha. – Vamos, cai dentro.
-Vejo que há uma audácia em suas palavras, ainda não conheceu o verdadeiro poder de um general deformante. – Mesmo fisicamente impossível, o general H levantou a marreta a altura dos ombros, tornando-o em uma figura ameaçadora. – Vamos ver o que é capaz.
Os dois partiram sem excitar, Beta puxou seu machado azul, capaz de cortar trovoadas enquanto a Alpha sua espada que podia cortar na velocidade do som, mas com um único giro da marreta os dois foram atingidos, Beta foi arremessado contra um ônibus que estava parado na avenida, e Alpha sobre as árvores tombadas.
- Só isso que vocês têm? – General H não percebeu que o machado do beta havia sido cravado no seu ombro esquerdo, ele então sem nenhum esforço o removeu e logo pisou em cima. – Não sei em qual situação você conseguiu me atingir, mas pode ter certeza que este será a última.
Em passos largos o general foi em direção ao beta que estava se recuperando da ultima pancada, ainda de joelhos, Beta recebeu uma marretada com toda a força, defendendo o golpe com os braços cruzados acima da cabeça.
“que pressão! Ele realmente é um monstro” – Pensou Beta.
Alpha ainda se recuperava no primeiro baque, correu em direção ao general com sua espada, acima do ombro ele expressava um sorriso triunfante.
- Desculpa azulzinho, mas temos alguém que pode me proporcionar um desafio.
H aumentou ainda mais a pressão, era tanta que a marreta cravou nas costas do Beta, pressionando-o chão e quebrando o concreto abaixo dele, Alpha atacou o general com sua espada, que a defendeu com o cabo da marreta, trocou de mão para a esquerda e girou ela, atingindo o lado direito da Alpha e a jogando a longe.
- Eu esqueci de dizer que meu braço dominante é o esquerdo.
“tá brincando que ele me derrubou com o braço que não estava habituado”.
- Mas. – Ele pegou o cabo com as duas mãos e levantou a marreta acima da cabeça. – Se eu utilizar os dois braços, a força é ainda maior.
Sem pestanejar, a patrulheira gama surgiu abaixo do general H, segurando seu escudo, que formou uma redoma em baixo do beta, segurando a força da marretada do general.
- Você está bem Douglas?!
- Já estive melhor!
- Vocês fizeram bem em segurar o general por esse tempo. – Disse Raul que fez poses heroicas antes de se tornar o patrulheiro Épson. – Agora vamos dar o fim a mais um general do arsenal dos vilões.
O general H gargalhou com aquela afirmação.
- Diga isso após serem varridos dessa terra, vocês serão os últimos pilares a serem derrubados pela minha existência.
Épson puxou o revólver de diamante, disparou oito vezes contra o vilão que rebateu todas com aquela marreta.
Enquanto Épson esperava a arma resfriar, novamente o general H puxou a marreta e atingiu com toda força do mundo contra o escudo de gama, que absorveu boa parte da pancada e quebrou como brinquedo, a outra parte da força atingiu a nuca da gama, que a afundou no chão junto com beta, e o restante jogou o general H para trás pelo efeito de contra strike da arma.
Ele se levantou gargalhando.
- E pensar que a única vez que vocês me derrubaram foram rebatendo com minha própria força, não sei como essa planetinha estúpida não foi dominado ainda.
Uma pergunta passava na cabeça dos quatro.
“Será que o ômega man vai conseguir derrotar ele tão facilmente quanto os outros?”
Beta se levantou com dificuldade, e sua transformação se desfez, com uma expressão de dor e o braço direito em volta de sua barriga, ele se sentia impotente.
A Gama não conseguia se levantar mais, a pancada havia sido forte o que a deixou inconsciente, a transformação se desfez e Catarina se expressava com um rosto desconfortável.
Épson resfriou a arma, voltou a atirar contra o general, ele marchava ate o ultimo patrulheiro, e quando finalmente estava a queima roupa, ele agarrou-o pelo pescoço e o jogou para cima, em posição como se fosse rebater uma bola de baseball, ele girou a marreta, atingindo Épson e jogando na escadaria do metro, um grande brilho eclodiu na estação, indicando que mais um patrulheiro havia sido sucumbido.
General H gargalhava sem parar, até suas risadas serem caladas por uma espada fincada em suas costas, era a Alpha com o pouco de força que lhe restava atingindo o vilão.
- Acertei em considerar você um desafio, parabenizo por ser o primeiro a me ferir.
- Vai a merda, você não viu a bagunça que você fez aqui! – Disse Alpha ofegante. – Todos na rua estão temendo você, porque não dá um tempo e nos deixe se recuperar.
- Se eu fizesse isso não seria um vilão a altura, Você não entende que sua existência devem servir a nós os deformantes, agora me traga o ômega para eu poder completar minha missão de esmagar os patrulheiros de uma vez.
Mirian interrompeu aquele confronto, chegando na praça com um ódio no olhar.
- Seus idiotas, vocês não veem que estão espantando potenciais clientes? Porque não vão lutar em um terreno baldio ou algum cenário de baixo orçamento e nos deixe em paz?
- General P, nunca imaginei que você veria impedir meus planos, você teve sua chance de dominar esse planeta estúpido, agora é minha vez.
Alpha teve dificuldade de tirar a espada cravada nas costas de H, ele sem nenhum esforço girou a marreta contra a alpha, que finalmente foi jogado para um lago ali perto, desfazendo a transformação e assim sentenciando no fim dos patrulheiros greek.
Não por enquanto, General H levantou a marreta contra Mirian e mais uma vez golpeou acima da cabeça.
Só não contava com a habilidade secreta da general P, reversal.
Diferente do escudo da Gama, reversal é uma habilidade que muda a trajetória da força do ataque contra o adversário, só funciona contra ataques físicos, diferente do escudo de gama que absorve boa parte do ataque, reflete a demais, e funciona tanto com ataque físico como de energia.
Sem mover um músculo a marreta do general H explodiu em mil pedaços, o sorriso triunfante mudou para um olhar de puro desespero.
- Maldito seja, é proibido generais entrarem em confronto.
- Eu desistir de trabalhar para vocês, logo essa condição é anulada.
- E quando esse poder especial que você ativou agorinha!
- Idiota, isso é uma habilidade que herdei deste que eu era uma patrulheira greek, agora dá no pé antes que eu te encha de sopapos.
- Pois bem então, o próximo confronto que terei será em um terreno baldio, para eu mostrar minha superioridade contra os patrulheiros greek.
- Que seja, só não atrapalha meus negócios.
E assim general H partiu para consertar sua marreta, tal arma capaz de derrubar os patrulheiros greek, exceto o ômega que nem sequer apareceu, sentindo-se frustrados e derrotados, os quatro foram procurar o único ser que poderia confrontar o general H de igual para igual.
Segurando sua filha no colo enquanto entrava em casa, ele foi cercado pelos quatro patrulheiros greek, mas em forma humana, completamente quebrados, sem entender, Ricardo coçou a cabeça.
- Vocês querem que eu treine vocês?
- Por favor, você é o único que consigo imaginar derrotando o general H. – Pediu Catarina.
E assim inicia o derradeiro arco de treinamento, com o intuito dos nossos heróis de superar aquele desafio consolidado.
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