Depois de algumas horas caminhando, Zack e Samuel já estão bem longe do Castelo.
- Está tudo bem? – Pergunta Samuel, com um tom de preocupação.
- Claro que tô, eles não deviam ter te cortado.
Samuel leva sua mão ao seu pescoço. – Você não precisa se descontrolar toda vez que alguém me machucar.
- Me deixa. – Zack deixa seu irmão falando sozinho e vai andando na frente.
Samuel fica em silêncio pensando sobre o que ocorreu, está preocupado com o psicólogo de seu irmão.
Depois de algum tempo andando, Zack volta a andar ao lado de Samuel e quebra o clima silencioso. – Eu sou uma pessoa ruim?
Samuel fica em silêncio, sem saber o que responder ao seu irmão.
Lágrimas começam a escorrer pelo rosto de Zack. - Eles eram inocentes, tinham famílias, irmãos, eu não sou diferente daquele draykx que atacou no... – Antes que Zack terminasse de falar, Samuel o para e o abraça forte.
- Eu sei que fizemos algo terrível. – Samuel olha nos olhos de Zack. – Mas eu estou feliz de ter você ao meu lado. – Samuel abraça Zack novamente. – Vamos parar um pouco, já está ficando de noite.
- Tá bom. – Zack seca suas lágrimas.
O Sol vai se pondo, e a Lua vai aparecendo, Samuel olha para o céu na noite estrelada e quebra o clima de silêncio entre os dois.
- Muitas estrelas essa noite, mais a frente deve ter uma clareia, vamos acampar lá.
Os gêmeos andam mais um pouco e chegam até uma clareira onde há um tronco de árvore caído, os dois se sentam no tronco por alguns minutos, para poder descansar da caminhada longa.
Em seguida, já começam a montagem do acampamento, Zack deixa sua mochila encostada no tronco de árvore caído e vai atrás de lenha para montar uma fogueira, enquanto isso, Samuel retira da mochila de Zack algumas carnes que eles tinham guardado.
Ele põe as carnes em cima do tronco e então tira o baú de dentro da mochila, ele põe o baú em seu colo e começa a analisá-lo, tentando descobrir uma maneira de abri-lo.
Zack retorna de sua procura por madeiras, põe as madeiras empilhadas e acende a fogueira.
- Já descobriu como abrir? - Zack pergunta, se sentando ao lado de Samuel.
- Acho que o único jeito é quebrar o cadeado.
- Quebra logo então.
Samuel segura o cadeado com sua mão esquerda e aproxima sua mão direita, e com seu dedo indicador apontado para a tranca, ele atira um jato de água, mas ao invés do cadeado quebrar, ele brilha em azul forte e se mantém intacto.
- Droga! – Diz Samuel largando o cadeado.
- Deixa eu tentar. – Zack arranca o baú das mãos de seu irmão, com uma mão, ele aperta o cadeado e o esquenta, mas o cadeado faz o mesmo que antes, ele brilha em azul e se mantém intacto.
- Aff! – Zack joga o baú no chão. – Tudo aquilo por nada. – Zack se afasta de seu irmão e começa a andar em círculos.
Samuel pega algumas cordas dentro da mochila de Zack, pega do chão o baú, e o amarra para poder carregar como se fosse uma mochila.
Samuel põe o baú ao lado do tronco e vai até seu irmão. – Ei, se acalma, a gente vai dar um jeito de abrir. Agora vamos dormir, ainda temos muito pela frente.
Zack para de andar em círculos e se vira para seu irmão. - Tá. Boa noite cara.
Zack vai até o tronco caído e se deita ao lado da fogueira, ele tenta pegar no sono, mas não consegue dormir facilmente, ele fica observando por horas o fogo antes de conseguir apagar. Samuel faz o mesmo, ele deita do outro lado da fogueira e observa o céu, ele leva sua mão ao seu pescoço e sente o corte feito pelo machado com as pontas dos dedos, por algumas horas, ele observa as estrelas até pegar no sono.
Após uma noite de sono complicada, os primeiros raios de sol batem no rosto dos irmãos, Zack se levanta e dá uma longa espreguiçada, Samuel se levanta também e joga água para apagar a fogueira. Zack põem sua mochila nas costas e prende seu machado em sua mochila e Samuel põem o baú em suas costas.
- Vamos cara? – Pergunta Zack
- Vamos!
Samuel e Zack começam a caminhar para dentro da floresta, em direção ao vilarejo perto da entrada do portal, e após 3 dias de caminhada, os irmãos chegam ao vilarejo. Todos os draykxs da vila olham diretamente para os gêmeos, Zack com seu machado draykxano, e Samuel com uma grande cicatriz em seu pescoço. Todos olham assustados para os irmãos e correm para suas casas.
- É, acho que eles têm razão em ter medo de nós agora. – Diz Zack enquanto anda com a cabeça baixa.
Os gêmeos continuam andando por dentro da vila, até chegarem ao pé da montanha, e enquanto os gêmeos sobem a montanha, Zack procura pelo senhor que os encontrou ao entrarem no Reino dos Draykxs, mas nenhum sinal do idoso.
Após 1 hora subindo, Samuel e Zack chegam à entrada do oásis, os dois pulam dentro da água e nadam até chegar ao portal. E ao passar pelo portal, aquela mesma sensação, algo inexplicável que não há sentido, suas sensações corporais não existem mais, seu pensamento é infinito e sua única visão é um grande vazio, você sente seus membros se moverem, mas não há movimento algum sem seus braços, você começa a correr, mas suas pernas não se movem. Você está em um vazio infinito que não sabe se sairá algum dia.
Os irmãos chegam na mesma sala de portais que estavam antes, passam pelo pedestal e entram pelo mesmo portal que de onde vieram, sentindo aquela mesma sensação, e voltam para a Ilha Abadita. Eles saem no fundo do vulcão, ainda vazio, com o portal acima deles preso por arcos nas paredes, Zack usa suas chamas saindo do pé para voar até a boca do vulcão, Samuel faz o mesmo, ele lança um jato de água para baixo e voa até a boca do vulcão.
O sol está quase se pondo, e as ondas do mar quebram na beira da praia, Zack olha ao redor e acha o guardião do portal, fumando uma grande palmeira, sentado à beira do mar e observando o pôr do sol. Os irmãos descem correndo o vulcão até chegarem perto do gigante.
O guardião ouve os passos dos gêmeos na areia e se vira. - Vocês voltaram... - O gigante expira fumaça. - Conseguiram a cabeça?
- Sim, ela tá nesse baú. - Diz Zack apontando para o baú. – Mas não conseguimos abrir.
- Não foi fácil conseguir... - Samuel começa a tirar o baú de suas costas. - Mas conseguimos.
- Não consegue abrir? – O guardião olha para o baú. – Me passe ele.
Samuel estende o baú na direção do gigante fumante, que começa a aproximar sua mão para pegá-lo, mas antes de encostar no báu, o cadeado começa a brilhar em uma grande luz azul.
- Droga! – O gigante joga seu “charuto” no mar. – Eu te odeio Kápita! – Seus olhos começam a brilhar com uma luz vermelha forte, uma fumaça espessa e negra sai de sua boca e envolve seu grande corpo. Um brilho vermelho sai de dentro da fumaça negra, como se estivesse abrindo um caminho, e um garoto, com a aparência de 13 anos, usando uma veste branca e cabelos azuis, sai do meio da fumaça. – Me passa o baú. – O garoto estende sua mão.
- O que?! - Zack aponta para o garoto. - Você é assim de verdade?
- Cale a boca! Me dê isso logo.
Samuel entrega o baú ao garoto, que põe sua mão direita sobre o cadeado, uma luz azul forte começa a emanar de suas mãos, e como se fosse um biscoito, o cadeado se quebra em vários pedaços.
- Pronto. – O garoto entrega o baú para Samuel. Ele se vira e vai até a beira do mar novamente, se senta na areia e fica observando os últimos raios de luz do sol.
Samuel fica apreensivo antes de abrir o baú, tem medo do que irá ver. Ele começa a abrir com cautela, levantando a tampa devagar, e ao terminar de abrir, os gêmeos se deparam com uma cabeça decepada.
Os irmãos ficam em choque com o que vêm, Zack eufórico grita. - Caralho! É realmente uma cabeça!
Samuel fica confuso com aquilo tudo, ele põe o baú no chão e fica observando.
- Como isso vai nos ajudar? - Samuel pergunta indignado.
- Sei lá, eu não tava muito crente que seria uma cabeça mesmo!
Um som de bocejo paira no ar e os gêmeos se calam perante o som, eles olham para o baú, que está ao lado deles e começam a chegar perto para ver.
- CALA A BOCA! Eu quero dormir! - Kaito grita dentro da caixa.
Os gêmeos se assustam, e Zack grita. - AAAAAAAAAAAAA! A CABEÇA TÁ FALANDO!!!!!
- É claro que eu estou falando!
- Mas como? Como você está vivo? - Pergunta Samuel, indignado.
- Isso é um problema meu. Agora me deixem em paz.
Kaito fecha seus olhos para voltar a dormir, mas antes que pudesse pegar no sono, Zack levanta Kaito pelos cabelos e começa a gritar com ele.
Agora fora da caixa, os gêmeos conseguem ver o rosto de Kaito melhor, literalmente uma cabeça decepada, com 3 brincos presos em cada orelha, olheiras pesadas e com uma pele com algumas rugas, que fazem ele aparentar mais velho que Maralto, cabelos negros e longos e uma barba rala, cicatrizes pelo rosto e olhos amarelo claros, que chegam a brilhar na noite.
- Eu não matei centenas de draykxs pra você ficar dormindo. ACORDA!
- Tá, tá, tá. Para com isso, pirralho. – Kaito olha para o lado e vê o garoto na beira do mar. – Greg? É você, não é? Me ajuda aqui.
- Cala boca. – Grita o garoto.
- Seu nome é Greg? – Pergunta Zack, soltando uma risada.
Greg solta um suspiro. – Sim, sou eu. – Greg se levanta e vai até os gêmeos.
- Por que você está nessa forma? Achei que você não gostasse. – Pergunta Kaito.
- Ei! – Zack vira Kaito para si. – Foco aqui. Nós estamos atrás de vingança, queremos sua ajuda!
- É, é, eu já sei disso.
- Como você sabe disso? - Pergunta Samuel.
- Eu sou um filho de Deus, seu fedelho! – Kaito cospe em Zack. - E você me solta!
Zack solta a cabeça de Kaito, que cai no chão.
- Eu vou te matar sua cabeça falante de merda! – Zack se prepara pra chutar a cabeça, mas é interrompido por Samuel.
- Calma. – Samuel pega Kaito e o põe dentro da caixa. – Nós só queremos ajuda.
- Em primeiro lugar, eu quero saber. – Kaito cospe areia e continua a falar. – Como vocês sabem que foi um dos Deuses que massacrou a vila de vocês?
- Como você sabe disso? – Pergunta Zack.
- Eu já falei, sou um filho de Deus.
- E arrogante pra caralho! – Diz Zack, bufando de raiva.
- Uma velha de nossa vila nos disse. – Responde Samuel.
- E como ela sabia disso? – Pergunta Kaito.
Os gêmeos ficam em silêncio, depois de muito tempo, os dois se tocaram de quem mal sabiam se era verdade ou não sua busca por vingança.
- Imaginei. – Kaito revira os olhos. – De qualquer forma, essa “velha” estava certa, foi mesmo o Deus que ela falou.
- E como você...?
- Você já sabe a resposta. – Kaito interrompe Zack. – E sinceramente, se eu for explicar como funciona meu poder, só vai fritar a cabeça de vocês.
- Então quem era aquela “senhora”? – Pergunta Samuel. – Ela morava na vila conosco, víamos ela todos os dias.
- Garoto, não acredite em tudo que você vê. – Diz Kaito, com seriedade no rosto. – Nem tudo que você sabe é a verdade.
- Tá, tá... – Zack interrompe a conversa. – Tirando isso de “não acredite em tudo, pipipi pópópó”. Você vai nos ajudar?
Kaito olha para Samuel, e depois para Greg. – O que você acha, irmão?
- Irmão? – Zack pergunta.
- Kaito, esses dois garotos mostraram fibra, me enfrentaram, furaram meu olho e tiraram toda a lava do vulcão. – Greg dá uma pausa, olha para o céu, que agora está estrelado, e diz. – Garanto que eles conseguem.
Kaito sorri para seu irmão. – Certo, pirralhos, eu vou ajudar vocês.
- Quem você chamou de pirralho? – Zack pergunta.
- Muito obrigado. – Samuel o agradece. – E então, para onde vamos agora?
- Bem, vocês precisam dos 4 elementos reunidos. Eu sei que vocês são os receptáculos do fogo e da água. – Kaito dá uma pausa e começa a pensar. – O receptáculo da Terra está no País Akamato, na Cidade Seranin, e o receptáculo do Vento está no País Serafina, na cidade Tuwana.
- Vamos para qual? – Pergunta Zack.
- Vamos até o Receptáculo da Terra – Responde Samuel. - Para que lado fica Seranin?
- Para lá. Responde Greg, apontando para Sudoeste.
- Temos uma grande jornada pela frente, irmão. – Diz Zack.
- Temos mesmo. – Diz Samuel. - Certo, vamos então. – Samuel se levanta, pega Kaito e começa a ir em direção de Zack. – Põe ele na sua mochila.
- O QUE?! – Zack e Kaito gritam juntos, como se fosse um coral.
- Não podemos andar por aí com uma cabeça amarrada na cintura. – Samuel estende Kaito para Zack.
- Aff, tá! – Diz Zack já tirando sua mochila das costas.
- É bom você não ficar batendo essa mochila, seu pirralho. – Diz Kaito, provocando Zack.
- Cala boca, sua cabeça decepada. – Zack pega Kaito e o põe na mochila.
Antes de Zack fechar a mochila Kaito olha para Greg. - Tchau meu irmão, espero vê-lo novamente. – E antes da mochila se fechar, Kaito observa que, no topo de uma palmeira, á um corvo, sendo iluminado pela luz do luar e observando todos. – O que você está tramando?
O corvo olha diretamente nos olhos de Kaito, antes de alçar voo em direção a Seranin.
Os gêmeos se despedem de Greg e partem em rumo ao mar, Samuel usa seus poderes para se locomover mais rápido pelo mar, ondas fortes começam a se formar atrás do bote, as forças das ondas aumentam e o bote começa a se mover em grande velocidade em direção ao País Akamato.
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