E quem seria Ana na fila do pão? Uma imigrante? Uma traiçoeira espiã? Só um perdida mesmo em meio a tantos 'cacetinhos' como se diria no sul do Brasil, onde vivera uma parte de sua vida, em que sua única preocupação era saber se grudaria chiclete embaixo da carteira como os descolados ou se prestaria atenção na aula de biologia como os nerds.
E assim seguiu o raciocínio adolescente 'Ser descolada? Ser trouxa? Ser obediente? Ser o que?' enquanto andava de volta ao postinho. 'Com quem eu deveria me aliar? Não posso simplesmente achar que vão me respeitar, vou ter que mostrar que não sou uma trouxa que pode ser jogada de um lado ao outro!'
E suspirou baixinho 'Sabe que de trouxa não tenho nada!', frase na qual Henrique só entendera 'Não tenho nada' e ficou a tentar adivinhar o que tanto ela queria, seria uma casa? seria um emprego melhor? seria talvez algo mais intangivel como viajar pelos alpes galinhosos? seria a liberdade? ou seria um marido?
E nisso Henrique suspirou 'marido...?' meio vermelho em seu mundo de fantasias e amores e que ele poderia conquistá-la se soubesse o que ela desejava tanto! E passou a tarde a prestar atenção dobrada para ouvir mais alguma dica, óbvio que em vão...
Chegando o final do expediente, Ana estava ansiosa para jantar junto com a amiga, então esperou no portão ao leste, um fato estranho já que Ana sempre saía pelo sul, pois morava num mini quarto alugado de um conglomerado do que ela chamava de 'cortiço das manas' e que de manas não tinha nada, as mulheres que ali viviam eram porque deram 'errado' na vida e cada uma cuidava da própria vida, ou assim, ficou o preconceito de Ana.
Logo Eduarda caminhou lentamente em sua direção e ambas vão lentamente pela rua a dentro e se deparam com uma pequena feira na qual a gata resolve comprar alguns pepinos, cenoura e mangericão, o que intrigou Ana, pois não conseguia pensar em se quer uma receita que levasse os 3 ingredientes, então perguntou:
- Quer que eu ajude a pagar?
- Hoje é minha convidada - respondeu Eduarda ao pagar o feirante - E espero que goste de Gatatouille, farei como minha avó me ensinou.
- Mal posso esperar para experimentar - respondeu Ana enquanto pensava 'Hm... Vai que é bom... Vou ter que comer para saber...'
E antes mesmo de chegarem a casa de Eduarda, ouvia-se uns miados agudos vindo de dentro da casa, era a gatinha, filha de Eduarda.
- Não entendo como o relógio biológico dela consegue ser tão preciso - disse Eduarda enquanto abria a porta - Se me 'atraso' 1 minuto, ela já fica a chorar.
- Me dê as compras, eu carrego - Sugeriu Ana
- A cozinha é a esquerda - respondeu Eduarda enquanto andava corredor a dentro da casa.
Ana chegou a cozinha meio desajeitada e ficou em pé no canto da mesa apreciando a decoração com quadros de frases motivacionais como 'Bom dia, Gata!' e ' e os móveis em tons amarelos com rosa que tinham pequenos detalhes em flores e folhas e ao olhar para fora da janela ficou surpresa com os olhos amarelos a observando do outro lado da rua.
'Ela faz amizade fácil, preciso reportar a nova localização para o esquadrão' pensou Henrique ao enviar um pequeno recado através de um bilhete mágico que sobrevoou a casa de Eduarda em direção ao quartel, mas que fora interceptado assim que saiu de vista de todos.
O sino bateu 7 horas, Henrique com receio se preparou para terminar a sua parte da guarda, estava cheio de pensamentos e cansado, não esperou que a sua reserva chegasse e pulou árvores a fora.
Tatiana estava a achar que o alvo estaria de volta na cortiço e para lá foi, ao chegar ao local e nao encontrar nem Henrique e nem Ana, ela suspeitou que algo poderia ter acontecido e mandou um bilhete ao quartel, o qual também fora interceptado.
Assim que Henrique saiu a outra gata da patrulha estava no local errado, Eduarda apareceu na cozinha meio esbaforida e atrás dela parecia haver... Algo muito maior do que Ana esperava.
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