Após sair do muro era possível ver que haviam poucas caravanas na área, porém muitas pessoas ajudando na organização da área, elas colocavam postes de madeiras com lampiões.
— Bom dia Balk, como está a organização da área?
O homem que guiava os outros organizadores se virou ao ouvir a voz de Secilia e abria um sorriso ao ver ela, o homem era careca com uma longa barba negra que escondia seu pescoço.
— Ola Secilia! O que faz aqui hoje?
O homem agora percebia as garotas atrás dela e então acenava para elas com o sorriso no rosto
— Vieram conferir como estava indo a montagem, certo? Não se preocupem, tudo está correndo bem, recebemos uma das invenções recentes de Paratia, lampiões movidos a magia.
Secilia apenas sorria sem ter tempo para responder, já que o homem respondia por si só e já iniciava a explicar tudo, sendo assim a garota preferiu andar até um dos lampiões, ao estender sua mão o mesmo se acendia imediatamente
— Oh, isso ilumina mais que a fogueira interna da Cyclops.
O homem olhava o lampião com um sorriso no rosto
— Ora ora, parece que nossa senhorita também possui alguma afinidade mágica, para se usar isso é necessário um desses.
Ele retirava de seu bolso um anel com uma pequena pedra branca e apontava ele para outro lampião fazendo o mesmo apagar.
— Esse anel permite quem tem pouca mana ativar esses tipos de objetos, os artífices chamaram essa nova invenção de…
O homem parou para se lembrar o nome usado pelos mesmo, porém antes de poder continuar ouviu a resposta vinda de alguém atrás dele
— Hex-opfindelse, ou apenas Hexop.
Atrás do homem estava uma garota desconhecida por Secilia e o grupo, ela possuía cabelos loiros longos e olhos roxos vividos, usava um sobretudo branco com uma camisa e calça preta.
— Essa é Ayla, uma das artífices de Paratia, ela que trouxe os lampiões para demonstração e ao que soube também trouxe outros aparelhos que estão desenvolvendo.
A mulher andou ate Secilia e estendeu sua mão para a garota com um sorriso aberto no rosto
— É um prazer conhecê-la senhorita Laffrey, vejo que possui algum dom mágico, não gostaria de se juntar à academia? Talvez aprender a usar magia!
A mulher falava animada quase se jogando sobre a jovem que recuava levemente, mas mantinha o sorriso no rosto e respondia a garota
— Sinto muito, tenho obrigações como uma Laffrey…
Rosaria que estava atrás, fazia um som com a garganta como se tossisse, fazendo Ayla recuar.
— O que acha de dar uma olhada nas coisas que trouxemos?
Secilia ouvia a proposta se animando, porém logo mudou de expressão ficando mais ereta e seria por um instante
— Adoraria, mas tenho que terminar a vistoria e então retornar para casa, quem sabe durante o festival.
Ayla suspirou concordando.
Logo após isso o grupo seguiu andando mais a frente em direção a algumas das caravanas que já se organizavam
Era possível ver uma caravana com roupas tradicionais das cinco ilhas, havia um homem sentado à uma mesa vestido com uma hanfu de cor branca com cantos roxos e desenhos de nuvens cinzas na borda inferior da roupa, a sua frente estava uma mulher com um kimono vermelho com linhas roxas e desenhos leves de chamas alaranjadas espalhadas por ele. Ao passar perto deles o casal olhava para a garota e acenava com a cabeça retornando o que estavam fazendo.
Mais a frente se encontravam dois anões arrumando uma área com diversos objetos para uma oficina móvel incluindo um diferente equipamento que lembrava uma forja, Secilia sorriu ao pensar que aquela provavelmente seria uma das novas ferramentas dos artífices.
Após andar por mais algumas caravanas regionais e de outros reinos o grupo de Secilia chegava ao final, a garota parou suspirando.
— Parece que já está tudo quase pronto, não tem o que ajudar aqui.
A garota dizia se virando para suas companheiras, Alina aparentava estar cansada e Rosária se mantinha firme e com uma expressão serena.
— Vamos voltar, meus pais já devem estar me esperando.
A garota dava um passo para frente quando sentia algo segurar a barra de seu vestido e antes de se virar ouvia a voz de uma senhora
— Minha querida, você pode me ajudar a desmontar minhas coisas? Meu filho ficou doente e não pode me ajudar…
A garota se virava instintivamente abrindo um sorriso e respondendo com uma afirmação de imediato. Alina percebia uma mudança na expressão de Rosaria que agora estava mais séria e atenta a senhora.
Após alguns minutos as garotas já haviam montado uma pequena barraca com uma mesa de jogos, Alina se direcionou a algumas caixas de madeira lacradas mas a senhora a parou segurando sua mão o que chamou a atenção de Rosaria a fazendo colocar sua mão direita na parte lateral de sua roupa de empregada.
— Não precisa desmontar isso minha jovem, são apenas recompensas para os vencedores, estragaria revelar a surpresa, não acha?
Alina recuava um tanto assustada por não perceber a senhora, mas concordava um pouco receosa e após a mulher soltar sua mão a garota se aproximava de Rosaria.
— Nós estamos indo agora.
Disse Rosaria de forma séria abaixando a mão novamente, Secilia estava próxima a pequena carroça e ao ver que Rosaria estava nitidamente desconfiada ela se juntou a sua empregada, fez uma pequena reverencia em direção a mulher como um sinal de despedida e sem dizer nada se virou para ir embora junto de suas companheiras
— Ah, antes de ir, aceite isso como um agradecimento
As garotas se viraram para olhar e perceberam uma pequena caixa na mão da mulher, Rosaria por impulso andou em direção a mesma pegando ela e abrindo em frente à mulher.
Para Secilia aquilo era desnecessário, mas também confiava nos instintos de Rosaria então não falou nada apenas observou a mulher olhar o conteúdo da caixa por um instante e em seguida fechar a mesma, ela se virou de costas para a senhora e se juntou ao grupo entregando a caixa para Secilia
— Boa noite, senhora.
Se despediu a mulher antes de tomar a dianteira na caminhada, o que fez as garotas se olharam estranhando, o que as fez responder da mesma forma a senhor que apenas sorriu acenando a mão enquanto elas seguiram a empregada sem ao menos olhar a caixa.
O silêncio pairava pelo escritório do Duque Laffrey, em sua mesa estavam diversas cartas e pergaminhos com requisições, desde de exportação dos vinhos até participação em eventos e para o kronblade do ano seguinte, porém o que deixava a sala silenciosa era um pergaminho com o selo real de Valandor, ele informava que o Rei e o Príncipe participaram do kronblade e que estariam na cidade a tempo para a peregrinação.
A frente da mesa parada em pé estava Helena com uma expressão pesada
— Por que ele tinha que vir logo esse ano…?
Questiona Helena se mantém em pé com um rosto angustiado e com sua mão direita em seu queixo.
— Ele está diretamente relacionado com isso Helena, era inevitável que fosse acontecer uma repercussão, talvez devêssemos contar para Secilia so…
Antes que Andino Laffrey pudesse concluir sua frase a porta do escritório rangia com a abertura fazendo com que os olhos de ambos se virassem para a porta onde Secilia aparecia
— Desculpe atrapalhar…
Secilia disse um tanto incomodada por intrometer uma conversa deles, seu pai respirou fundo por um instante e indicou para que ela continuasse, sua mãe abria espaço para que o Duque pudesse ver claramente sua filha.
— Posso ver os registros das caravanas que se juntaram? Quero repassar as informações.
Helena abria um sorriso no rosto ao ouvir o seu pedido, já seu pai esboçava uma nítida expressão de surpresa.
— Posso saber o motivo?
Secilia erguia seu rosto olhando para seu pai que estava com ambos os cotovelos sobre a mesa fazendo um arco com as mãos que cobriam o seu rosto.
— Quero conferir a organização das caravanas e seus locais de origem.
O duque observava a expressão de Secilia e suspirava, logo em seguida ele chamava com um estalar de dedos por seu mordomo pessoal que estava parado no canto próximo à porta.
— Corvan, leve estes documentos até o quarto de minha filha e prepare um café com grãos de Besua para mim e para ela.
Ele respondia guardando o pergaminho com selo real e retirando uma carta selada da pilha ao lado, Secilia fazia uma reverência e se retirava do lugar com Corvan logo atrás carregando os livros e fechando a porta ao sair
— Não devemos contar para ela ainda, vamos esperar até depois da Cerimônia, durante o discurso do vencedor do torneio.
O Duque se erguia e andava até a janela atrás do mesmo olhando por ela possuindo uma vista de parte da grande montanha descanso do herói ficando em silêncio por um tempo
— Tudo bem, vamos esperar…
Helena concordava com o balanço de cabeça e saia do escritório deixando o Duque sozinho observando o céu noturno.
Após chegar em seu quarto, Secilia se sentava em frente à escrivaninha e Corvan colocava as cartas de requisição sobre a bancada e se retirava encostando a porta.
Após ele sair, Secilia retirava a caixinha de dentro do bolso e a colocava sobre a mesa, analisando calmamente a mesma. Uma caixa de madeira entalhada com vinhas entrelaçadas por toda a caixa e na tampo um símbolo de árvore.
Secilia abria a caixa e dentro dela estava um colar com uma espada serpentina feita de esmeralda, a garota sorriu analisando o mesmo, a corda se amarrava ao redor da esmeralda a impedindo de cair, porém os laços davam a impressão de simular vinhas assim como na caixa.
A garota colocava o cordão dentro da caixa e a deixava aberta no canto da mesa enquanto procurava entre as cartas duas em específico: Uma senhora com seu filho e os artífices
Após algum tempo ela finalmente encontrou ambos, o da senhora estava escrito em papiro e o dos artifices em 4 páginas separadas descrevendo a requisição de levar os equipamentos, a garota preferiu não ler para n estragar a surpresa, com isso a mesma resolveu ler o da senhora onde descrevia que era apenas uma barraca de jogos de carta e que ela havia vindo com seu filho, nada fugindo do comum, exceto que Secilia percebeu um detalhe nos jogos “utforske”, a garota já havia visto isso em um antigo livro infantil.
Um jogo de desejos, uma aposta pelo caminho até seu sonho.
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