~14h04
Biblioteca
[Adira]: E aí Ramon! — Grita.
[Ramón]: Boa tarde, Adira... — Diz em tom depressivo.
[Adira]: Ora, mas que tom mais capenga. Aconteceu alguma coisa?
[Ramón]: Você é que tá acontecendo exatamente agora...
[Adira]: Porra, mas que frieza, hein. Vou pra casa antes da meia-noite, 'no worries'!
[Ramón]: "Meia-noite" é uma pinóia! Quero que você tenha a decência de respeitar o horário. Oito horas é o limite.
[Adira]: Também te gamo~! — Diz enquanto come um pão doce e se dirige à uma mesa de leitura
(Ramón): Pelo menos ela limpa a sujeira que faz comendo. Ei, pera aí...
(Adira): Acho que vou ler 'Won Peace' hoje, acumulei alguns capítulos.
[Ramón]: Ei, Adira!
[Adira]: Ohm? – Diz ainda comendo pão doce.
[Ramón]: O que você acha de trabalhar aqui por meio período? — Exclama.
[Adira]: Trabalhar? O que eu iria fazer aqui?
[Ramón]: Ora, você poderia ler e ainda por cima ganhar um salário! Basicamente você organizaria prateleiras e guiaria clientes. A única coisa que iria mudar é que você iria ficar aqui no balcão onde eu fico. Mas você teria que arcar com o compromisso e comparecer aqui de segunda a sexta.
[Adira]: Qual o horário?
[Ramón]: Das duas da tarde até às oito da noite — diz —. Hihi, agora ela vai aprender como clientes podem ser inoportunos quando não vão embora... — pensa.
[Adira]: Cara, infelizmente ficaria muito puxado pra mim, porque agora eu fico ocupada de tarde.
[Ramón]: Desde quando isso? Pra mim você só ficava vadiando o dia inteiro.
[Adira]: Desde hoje, na verdade. Eu encontrei um Artefato Mágico e agora tô treinando com ele.
[Ramón]: O QUÊ? UM ARTEFATO MÁGICO? VOCÊ DIZ ISSO NESSA TRANQUILIDADE?
[Adira]: Olha, você abre a biblioteca de sábado e domingo?
[Ramón]: Na verdade não, ficaria muito desgastante. Preciso de um tempo para mim também.
[Adira]: O que acha de eu trabalhar aqui de sábado e domingo? Você me pagaria apenas pelas horas que eu trabalhei, aí seriam 216 Volkans.
[Ramón]: 216 Volkan por mês? Mas até que horas você ficaria com a biblioteca aberta?
[Adira]: Acho que das nove da manhã às seis da tarde.
[Ramón]: Olha, eu confio em você para vigiar a biblioteca e estatar a situação dos livros, mas nove horas de trabalho é meio puxado, não? Digo, vai ficar aqui por nove horas e aceitar um terço do salário?
[Adira]: Não tem problema pra mim, acho que é uma boa chance de me tornar responsável e tal. Além do mais, eu nunca trabalhei, então seria legal trabalhar com algo que gosto, ou que pelo menos não me incomode. E também, são só dois dias na semana, acho que posso treinar de segunda a sexta-feira e descansar trabalhando aqui no sábado e no domingo.
[Ramón]: Treinar? AH É, FALA SOBRE O ARTEFA-
[Adira]: Valeu pelo emprego Ramón! Garanto que cumprirei com a responsabilidade.
[Ramón]: Mas que infeliz, não quer me contar sobre o Artefato...
Adira senta-se e inicia sua sessão de leitura, que perdura até de noite.
Sexta-feira — 12h48
Adira ia embora da escola quando Nedz a abordou sem muita cerimônia.
[Nedz]: BOA TARDE ADIRA! — Exclama.
[Adira]: Minha vida é uma maravilha... — Resmunga.
[Nedz]: Hum, huum! – Acena com a cabeça afirmando — Já sabe o que vamos fazer hoje?
[Adira]: Ué, mas cadê?
[Nedz]: Cadê o quê? Osh.
[Adira]: Minha bola de cristal.
[Nedz]: Nem sabia que você tinha, haha! — Diz sorrindo e dá um peteleco na testa de Adira
[Adira]: Porra cara! Isso dói.
[Nedz]: O meu coração também dói diante de tanto sarcasmo — Diz gesticulando dramaticamente.
[Adira]: E o que a gente vai aprender hoje, senhor cabelos de fogo?
[Nedz]: Iniciaremos nosso treinamento de verdade hoje, minha querida Adira — bate palmas e os teleporta para o jardim infinito.
[Adira]: Mano, sério, qual é a dificuldade de andar?
[Nedz]: Dessa forma é bem mais interessante. Bom, note que você ainda está com aquilo que tinha da última vez que veio aqui.
[Adira]: Sim, sim. Estou com o martelo e com aquela tabelinha.
[Nedz]: Bom, não precisamos mais da pauta — bate palmas e a lista se desfaz em fumaça vermelha.
[Adira]: Você realmente gosta de sumir com as coisas, hein...
[Nedz]: Bom, hoje nós iremos descobrir sobre o seu Pânkara. Lembra-se do que é Pânkara?
[Adira]: É aquela parada que pode ser convertida em fatores da natureza, ou algo assim, né?
[Nedz]: Exatamente, Adira. O Pânkara pode ser convertido em diversos Elementos, mas precisamos saber qual o Elemento que você tem mais aptidão.
[Adira]: Bom, eu sei usar gelo. Aprendi um pouco com a minha mãe, já que ela é professora de artes marciais.
[Nedz]: Hoooh! Isso já é um passo incrível. Mas eu preciso saber de algo, como foi que você descobriu que conseguia utilizar gelo? Lembra-se de algo sobre símbolos?
[Adira]: É uma boa pergunta, na verdade eu não faço ideia. Não consigo imaginar direito um tempo onde eu não conseguisse produzir gelo, na verdade.
[Nedz]: Ok, ok. Dentro do mundo do Pânkara há uma certa hierarquia, que estabelece raridade e aptidão sobre os dez Elementos. A hierarquia classifica-se em um decágono, onde os Elementos mais comuns ficam acima e os Elementos mais raros abaixo. Quando você tem um Elemento na terceira fileira, por exemplo, você pode demonstrar aptidão para Elementos "anteriores" que não sejam o seu principal.
[Adira]: Então eu não preciso parar no gelo?
[Nedz]: Olha, é bem complicado você criar afinidade com um Elemento novo, mas com bastante dedicação você consegue sim — bate palmas e uma parede se ergue apresentando a hierarquia dos Elementos.
[Nedz]: Bom, tecnicamente ele é bem raro, mas eu não diria que é algo extremamente útil, sabe?
[Adira]: Ué, por quê?
[Nedz]: É basicamente o Elemento Pedra, mas dá pra congelar as coisas. As vantagens são a capacidade de aptidão para outros Elementos, a facilidade de transmutação e também o mandamento, que é bem defensivo.
[Adira]: Como assim?
[Nedz]: Lembra que eu disse que mandamentos são vinculados à alma, vulgo Kokyu do portador? O mandamento geralmente surge quando há uma aptidão para o Elemento de Pânkara ao qual permanece. Ou seja, cada Elemento tem um dos dez mandamentos, e o do Gelo é a Contensão. Você já deve ter usado antes sem perceber.
[Adira]: O que a "Contensão" faz?
[Nedz]: Sendo honesto eu não sei dizer. Na verdade, sei bem pouco sobre mandamentos.
[Adira]: Que droga.
[Nedz]: Mas, como eu ia dizendo, há uma hierarquia entre os Elementos. Se a vida fosse um jogo, pode-se dizer que as "raridades" dos Elementos seriam Comum, Incomum, Raro, Épico, Lendário e Mítico. Nesse contexto, o Gelo é "Lendário", o que possibilita ao seu portador abrir portas para utilizar Elementos de níveis mais baixos. Sendo assim, você poderia aprender a utilizar Ferro, Eletricidade, Ar, Madeira, Água, Fogo ou Pedra.
[Adira]: A Luz tá no mesmo patamar que Gelo. Não posso aprender a usar ela?
[Nedz]: Até que é possível, mas exige um esforço descomunal. Bom, para descobrir o seu Elemento, geralmente você aplica seu Kokyu em uma forma de vida com Kokyu inferior. Isso deixaria uma marca respectiva à sua afinidade de Pânkara no corpo físico do alvo, um símbolo extremamente específico.
[Adira]: Tem alguém que domine todos os Elementos?
[Nedz]: Eu sei de apenas um único ser que é capaz de governar os dez Elementos de forma magistral. Este ser é o Phobos, o Arcanjo responsável pelo Fundamento 'Poder', que por sua vez rege a existência do Pânkara e dos Mandamentos.
[Adira]: O que você quer dizer com "magistral"?
[Nedz]: Bom, certamente existe um pico para aquilo que chamamos de poder, Adira. Existe uma classe de pessoas que é responsável por desenvolver ao máximo o potencial de determinado Elemento e seu respectivo Mandamento, e estes são os Elementais. Eles são capazes de destruir um planeta do tamanho da Terra em menos de uma hora, Adira, apenas com poderes à base de Pânkara. Phobos é capaz de, diferentemente dos Elementais, que dominam um único Elemento, utilizar o potencial máximo de todos os dez Elementos.
[Adira]: Os Arcanjos são tipo deuses então?
[Nedz]: Bom, eles batem com a descrição das mitologias. São asquerosos, arrogantes e impiedosos, então creio que sim, são.
[Adira]: Deve ser incrível ter o poder de um deus...
[Nedz]: Adira, notei que você não chegou a ativar o Amuleto.
[Adira]: Ativar? Como assim ativar?
[Nedz]: Primeiramente, coloque ele em contato com o seu corpo. No caso, basta que coloque o colar que acoplei a ele antes. Certo, certo, agora você tem que concordar com os termos do guardião, que sou eu.
[Adira]: Por que isso?
[Nedz]: Porque eu tenho poder o suficiente para desativá-lo quando eu quiser.
[Adira]: Me parece um argumento um tanto justo...
[Nedz]: Certo. Você, Adira Layla Sanchez, concorda em jamais desviar-se do caminho do bem, valendo-se dos poderes concedidos por este Amuleto para realizar seus objetivos em prol do bem maior, sujeitando-se à restrição do uso do mesmo caso viole as leis aqui estatadas neste aperto de mão? Aperte minha mão caso concorde plenamente.
Adira aperta a mão de Nedz, calmamente e sem hesitação. O poder da Estrela da Liberdade é ativado, afetando o corpo de Adira. Seus cabelos e olhos pretos agora eram azuis e escuros como a noite [#000037].
[Adira]: Droga cara, a pintura de cabelo não vinha incluso no contrato — Diz sarcasticamente —. Eu vou ficar assim pra sempre agora?
[Nedz]: Enquanto estiver com o poder do Amuleto, sim. E seus olhos e as sobrancelhas também estão da mesma cor, se isso te tranquiliza.
[Adira]: Eu adorei essa cor. Azul é a minha cor favorita, na verdade. Fico feliz de ter o combo de cabelo colorido e natural, kaka — ri.
[Nedz]: Tem interesse em saber quais são os poderes desse Amuleto?
[Adira]: Sim, por favor.
[Nedz]: Ficou mais educada, hein? O que uma nova cor de cabelo não faz, né... Bom, é basicamente um Amuleto que multiplica os seus atributos naturais, se me lembro bem, é algo por volta de cento e trinta vezes. Mas eu lembro de uma coisa certa, esse multiplicador fica maior conforme a densidade do seu Kokyu natural. Ou seja, quanto mais forte você é naturalmente, maior é o boost que o amuleto vai dar a você.
[Adira]: O que é esse negócio de densidade? Não entendi direito ainda.
[Nedz]: O Kokyu corre por aquilo que é essencial para lhe manter viva, no caso, seu sangue. Sendo assim, no nível um de densidade, o Kokyu máximo que você possui equivale ao máximo de sangue que você tem, portanto, no nível dois equivale a duas vezes essa quantidade, e assim por diante.
[Adira]: Ahhh, agora eu entendi, agora eu saquei... Bem, então para eu me tornar mais forte num geral eu preciso ficar mais forte de forma natural para que o Amuleto fique mais potente e então me deixe mais forte, né? Jesus, que confuso...
[Nedz]: É basicamente isso aí mesmo.
[Adira]: Pera, como eu aumento a densidade do meu Kokyu?
[Nedz]: Conforme você consome o seu Kokyu ele se regenera. Quando você consome mais de cinco oitavos do seu Kokyu total, quando ele se regenerar podemos dizer que ele vai se tornar "mais", porque percebeu que você precisa de mais. Nesse caso, você vai ter mais Kokyu dentro do mesmo espaço. Quanto mais denso, mais você pode usar dele, entende? É basicamente mais, só que comprimido.
[Adira]: Ah, então é basicamente que nem treinar músculos? Você provoca uma situação de risco nele e ele se regenera de forma mais forte?
[Nedz]: É, é bem por aí mesmo.
[Adira]: Então quer dizer que, de segunda a sexta, eu vou ralar que nem uma condenada aqui pra aprimorar o meu Kokyu e vou ficar sem forças o resto do dia?
[Nedz]: Sim, que bom que você capta rápido as coisas. Mas tá tudo bem, depois de algum tempo de descanso o Kokyu vai se regenerar o suficiente. Ah, e tem algo importante que você precisa saber, se você gastar todo o seu Kokyu você pode entrar em um estado vegetativo, do qual não vai acordar caso não te forneçam mais. No entanto, mesmo não morrendo, você jamais terá de volta todo o potencial que teve antes. Mas mesmo assim é melhor evitar isso.
[Adira]: Caraca, que interessante saber disso. Fico extremamente animada.
[Nedz]: Adira, você se acha merecedora desse poder? Do Amuleto.
[Adira]: Eu não sei, cara. Sinceramente, eu tô só aceitando isso tudo já que acabei tendo a sorte de encontrá-lo e possuí-lo. Na verdade, não acho que qualquer um mereça qualquer coisa, tendo em vista que ninguém é realmente relevante nessa vida.
[Nedz]: O que torna alguém relevante?
[Adira]: Olha, eu acho que é fazer o bem para a maioria. Creio que o valor das pessoas venha da concepção daqueles que vivem ao redor dela. Não acho que alguém poderia ser valioso vivendo sozinho, por exemplo.
[Nedz]: Humph — ri aliviado —. Espero que as pessoas lhe deem valor, Adira. Você quer ser uma heroína, certo?
[Adira]: Eu? Claro que não. Eu não sou uma heroína, eu sou uma sonhadora, e farei qualquer coisa para trazer os meus sonhos à realidade.
[Nedz]: Será que eu poderia ter caído nas mãos de alguém melhor?... Me pergunto se alguém como eu merece a companhia de alguém tão reluzente assim. — Levanta-se da posição de pernas cruzadas em que estava. — Adira, lhe desejo muita sorte daqui pra frente! Espero que você aguente tudo que virá pela frente! — Estende o punho para Adira.
[Adira]: Ah, que isso. Não sou tão especial assim. — Levanta-se também. — Mas eu aceito o desafio! — Promete aceitando o cumprimento de Nedz, dando a ele o seu punho e braço estendido.
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