As diversas carroças se acumulavam pelo caminho até riou formando uma gigantesca fila na espera de serem designadas a algum espaço na área externa da cidade, devido a isso o som de pessoas conversando e discutindo com os guardas fosse audível para aqueles mais próximos do portão externo, dentro estava cheio de pessoas vindas de diversas regiões, alguns acompanhando mercadores ricos e outros aventureiros buscando alguma glória ou casa para se juntar.
Aos poucos eles se acumulavam em frente ao palanque, Secilia observava a multidão se formando, a garota já estava acostumada, mas não esperava ver algumas figuras importantes que estavam ali ao seu lado.
Yurok, o senhor da tormenta, um goliath de 2,50m com sangue dos genasí do ar dando a sua pele uma coloração azul com linhas paralelas azuis escuras desenhas em seu rosto, suas roupas negras com cota de malha por baixo o deixavam com um ar de soberania, diziam que ele era um mestre da guerra extremamente habilidoso que “unificou” seu povo e que porta uma arma anciã que controla relâmpagos.
Ves Auderin Vera, a professora da academia mágica Karmity, uma mulher de aproximadamente 1,70m com cabelos marrons extremamente claros e olhos amarelos, suas roupas brancas com entalhes douradas remetem a antiga nobreza de Paratia, as histórias sobre ela contam que uma vez enfrentou sozinha um despertar de uma entidade aberrante que quase destruiu Ivla, sua terra natal, não se sabe muito sobre suas reais habilidades, mas sabem que ela é um dos “12” do conselho mágico.
E por fim, um grupo de elfos vestidos com sobretudo branco, seus rostos eram simples e ao mesmo tempo chamativos, seja seus olhos azuis reluzentes com cabelos brancos brilhantes, ou pelo símbolo em suas roupas remetendo árvore Menona, o símbolo de Ilaia indicando serem representantes da rainha. Ao lado deles estava apenas um soldado, um homem elfo vestido com armadura prateada completa, porém segurando seu capacete em mãos.
Além dos 3 representantes alguns nobres do reino se encontravam no local, Secilia os ignorava respirando fundo ao ver seu pai andar em direção à escada, a garota e sua mãe seguiam logo atrás, em cima do palanque o Duque recebia de Ayla um tubo metálico com um cristal amarelo posicionado em uma extremidade e indicava para ele falar com aquilo proximo a boca e então descia.
— Sejam bem vindos, eu Andino Ladrey, Duque de Riou vim recebê-los hoje
A voz do duque saia de dois objetos retangulares posicionados nas laterais do palanque fazendo sua voz ecoar por toda a praça sem que o mesmo precisasse falar mais alto.
— Durante o festival anual Kronblade comemoramos a vitória do Rei Hargar e a libertação das terras do mal antigo da nefasta necromancia, no decorrer desse mês iremos realizar um grande torneio!
Ele parava por um instante vendo como as pessoas estavam perdidas com a voz dele surgindo dos objetos
— Como bem sabem os Artífices de Paratia estão em constante estudo e criando novos objetos, este é um deles, caso possuam algum interesse busquem a caravana deles no lado exterior.
Secilia segurava o riso, mas abria um sorriso perceptível, ver seu pai, o Duque, anunciando algo era engraçado, não só para ela como para o povo da cidade que abria um sorriso ao ver aquilo.
O duque realizava um rápido estalo na garganta retomando o que estava dizendo.
— Como estava dizendo, o torneio será executado em algumas etapas, nos próximos 4 dias acontecerá o torneio de eliminação, permitindo que todos aqueles que forem participar do torneio principal conquistem suas vagas…
Enquanto seu pai seguia explicando sobre as eliminatórias Secilia desviava o olhar para o público observando as pessoas, haviam vários combatentes: Um grupo de humanos vestidos com roupas de pele acompanhados por uma garota loira, um grupo com 4 aventureiros bem distintos, uma garota encapuzada, um homem alto com uma roupa comum e uma capa de pelo, um anão bastante amigável e um monge careca com manoplas pesadas na cintura. Além deles havia alguns grupos de Velvets e até mesmo alguns piratas acompanhados acompanhados de sua capitã.
Um garoto com capuz azul escuro e um sorriso sínico, ele carregava uma…
Por estar distraída a garota não percebia o fim do discurso sentindo a mão de sua mãe sobre seu ombro a fazendo recuar com o susto e descia ao lado de seus pais ainda meio distraída.
Após descer do palanque a garota olhava para a plateia que se dispersava procurando a pessoa estranha, mas não conseguia ver nada além da multidão se separando para lados diferentes.
— Vamos Secilia.
A garota ouvia o chamado de seu pai, ela se virava no impulso em sua direção e seguia calmamente ao lado de sua mãe.
O Duque parava em frente aos elfos que o comprimentava com uma reverência.
— É um prazer recebe-los em minha casa
O Duque correspondia com uma reverência parecida.
— Vamos conversar em um lugar mais calmo?
Os elfos correspondiam com um aceno de cabeça, o Duque e os elfos seguiam em direção a mansão Laffrey.
— O que acha de ir até a Cyclops e ver como estão as coisas?
Secilia sorria com felicidade ao ouvir a ideia de sua mãe, porém essa felicidade foi cortada no último minuto pela chegada do Duque Bargosa com dois guardas. Para Secilia ele era apenas mais um nobre do reino, mas sua mãe parecia nervosa.
— Que belo dia não é mesmo, senhoritas? Vejo que o senhor Andino está ausente, resolvendo pendências do festival eu presumo.
Dizia o nobre com um sorriso no rosto e com as mãos na costa, o Duque Bargosa era o segundo filho do antigo rei, devido a ascensão de seu irmão mais velho ele perdeu o direito ao trono e o título de príncipe se tornando Duque da província de Sifix.
— Sim, um belo dia, uma pena que meu marido não pode estar aqui, mas isso é algo normal para um Duque, como o senhor bem sabe.
Helena respondeu fazendo uma breve reverência segurando as bordas do vestido, Secilia acompanhou sua mãe mantendo sempre uma expressão serena no rosto.
— É um prazer finalmente conhecê-la senhorita Secilia, como tem passado?
O duque cumprimentou a garota que ergueu sua mão lentamente, a qual o o mesmo deu um pequeno beijo como comprimento.
— O prazer é meu, estou ótima.
A voz de Secilia saia calma, porém a mesma não olhava diretamente para o rosto do Duque, a garota odiava comprimentar outros nobres, principalmente as 4 famílias.
— Como podemos ajudá-lo, Duque?
Helena perguntou enquanto posicionava suas mãos entrelaçadas a frente do seu corpo e Secilia fazia o mesmo, embora sua expressão corporal indica-se para sua mãe a vontade de sair daquela situação o quanto antes.
— Apenas queria conhecer a senhorita Secilia…
O homem parava por um instante olhando para o rosto de Helana que fechava levemente os olhos com um olhar sério e rígido em direção ao ex-príncipe que abria um sorriso debochado.
— Mas já estou de saída, irei me preparar para o combate amanhã, nos vemos no jantar esta noite?
Helan respondia apenas com um aceno de cabeça e então o Duque se retirava em direção a Ves que conversava com um grupo de adolescentes na faixa etária de Secilia.
— Essa é a parte que mais odeio do festival.
A garota dizia em tom natural, mas logo em seguida percebia que falou aquilo perto de sua mãe se assustando antes de olhar para a mulher.
— Eu sei, também não gosto de receber nobres, principalmente Duques.
Secilia suspirava pouco antes de sua mãe olhar para ela e abrir um sorriso.
— Vamos? Fiquei curiosa sobre os tais itens dos artífices.
A garota sorria e ambas seguiam andando calmamente em direção ao lado exterior, um soldado que estava fazendo guarda no local tomava posição pouco atrás delas, mas isso não as incomodava.
O Duque Bargosa olhava de Relance para as garotas abrindo finalmente um sorriso sínico totalmente aberto.
Duque Antino chegava a mansão com o grupo de elfos o seguindo, ao adentrar o mesmo era recebido por Corvan que se curvava para ele
— Meu senhor, já alojamos o Duque em um dos quartos de visitas.
O Duque concordava com um aceno de cabeça e seguia pelas escada
— Prepara um chá de Modrika* (Maçã única de Riou - Capítulo 01).
Corvan retornava a postura ereta e seguia para a cozinha em silêncio.
O grupo seguia calmamente em direção ao escritório, ao chegar no local apenas o Duque e os representantes da rainha adentravam a sala deixando o guarda do lado de fora.
Andino se sentava a mesa e observava os Elfos que se mantinham em pé
— A rainha pediu que viessemos verificar como estava a guarda do selo, porém também pediu que entregássemos isso ao senhor.
Um dos elfos retirou de dentro de sua manga um pergaminho lacrado com bordas de prata ornadas com ramos de madeira escura.
O homem olhava para os elfos que possuíam uma expressão totalmente serena sendo quase impossível dizer o que pensavam. Andino abriu o pergaminho e começou a ler calmamente o que estava escrito e ficou assustado fechando imediatamente o pergaminho.
— Alguém além de mim leu este pergaminho?
O duque perguntou se levantando da cadeira com o pergaminho em mãos.
— Apenas nós que transcrevemos o pergaminho e a própria rainha.
O Duque andou calmamente até uma vasilha de ouro que estava ao lado de uma das prateleiras com livros, ele colocou o pergaminho dentro e com um movimento runas surgiram na vasilha fazendo o interior da mesma ascender em chamas queimando o pergaminho por inteiro.
— Ninguém deve saber dessa informação, irei começar os preparativos para a incursão… Quanto ao selo ele permanece intacto, porém só por garantia levarei vocês até ele após a cerimônia.
O grupo de elfos concordava com um balançar de cabeça e seguiam em direção a porta de saída deixando o duque sozinho na sala.
Andino andava até a janela do escritório com as mãos nas costas observando a montanha mais ao fundo com uma expressão séria
— Parece que as engrenagens começaram a se mover novamente…
Secilia e Helena seguiam em meio a multidão observando os diversos grupos de aventureiros que se formavam espalhados pela grande rua central, uma grande quantidade de cidadoes e aventureiros haviam se juntado em volta do que parecia ser uma apresentação, mas devido a multidão as mulheres não conseguiam ver o que tinha no centro.
— Um bardo?
Disse olhando por cima do ombro das pessoa, porém não era alta suficiente, devido a isso a garota tentou se esgueirar por entre as brechas da multidão, ela conseguia ver um tabaxi axolote vestido com roupas claras e um chapéu longo com uma pena vermelha alaranjada segurando um alaúde e uma mulher com uma jaqueta azul feita de tecido que se encontrava fechada, em sua mão se formavam pássaros, do que parecia ser água
— Incrível…
Sussurrava Secilia, os passaros passavam sobre a multidão e ao chegar a cima de todos eles se tornavam notas musicais.
— Já tinha ouvido falar de bardos que andavam com aventureiros, mas não esperava ver um fazendo um show com uma feiticeira.
Helena dizia se aproximando de sua filha enquanto observava as notas desaparecerem no ar
— Como sabe que é uma feiticeira e não um mago?
Perguntou Secilia olhando para sua mãe que por sua vez retomava a caminhada.
— Você viu algum cajado, orb ou cristal com ela?
— Não, ela não segurava nada, só os pássaros
Respondeu Secilia após um instante pensando sobre o que viu.
— Exatamente, feiticeiros não utilizam catalisadores, eles convertem magia usando seus próprios corpos… algumas raras exceções utilizam, porém apenas catalisador menores como anéis, colares e outros adornos.
Helena respondeu com calmaria passando por alguns guardas que estavam relaxados, sem ao menos uma palavra da duquesa os guardas retomaram postura olhando reto
— Então magos usam sempre catalisadores? Porque?
Secilia questionou sua mãe pouco antes de chegarem às portas da Taverna
— Bem…
— Porquê nós precisamos.
A mulher era cortada pela professora da academia, Ves, a mesma estava acompanhada de dois alunos.
— Diferentes dos feiticeiros que nascem com algum dom, dos bruxos e sacerdotes que recebem sua magia de entidades, nos magos estudamos até desenvolver a magia.
Helena prestava uma breve reverencia a mulher que correspondia da mesma forma
— Está é Ves Aldrim Vera, professora da academia de magia..
Helena apresentava a mulher com uma expressão que embora fosse formal ainda demonstrava uma certa tranquilidade.
— E amiga de infância, estudamos juntas na academia real até que eu decidi me juntar a academia de magia em Paratia.
Helena soltava uma risada contida enquanto falava sobre decidir se juntar à academia, o que deixava Secilia curiosa sobre as circunstâncias. Vês seguia andando em direção a porta a abrindo com sutileza
— Quem sabe eu não lhe conte algumas histórias senhorita Secilia, mas por hora tenho que me despedir, alguns dos meus alunos estão me aguardando.
Helena suspirava assim que a professora sumia em meio a Taverna enquanto a porta se fechava
— Parece que ela não era tão… tranquila, não é?
Helena abria um sorriso ao ouvir o comentário de Secilia.
— Acredito que nem mesmo agora.
Ambas seguiam para dentro da Taverna com Helena na frente.
O local estava bastante movimentado, os aventureiros falavam alto e sentavam com seus grupos em volta das mesas.
— Movimentada como sempre.
Na escada para o segundo andar que mais parecia com uma sacada interna, se encontravam dois soldados com uma Gibesom e usavam um brasão laranja de duas espadas entrelaçadas com vinhas de espinhos representando a guarda de espinhos de Besua. Secilia podia ver que na “sacada interna” se encontrava alguém sentado em uma mesa.
Por um instante Secilia pode ver o homem olhar em sua direção com o canto dos olhos o que fez a garota olhar rapidamente para frente o que a fez ver Clark atrás do balcão limpando uma taça e conversando com um aventureiro de roupas roupas brancas cobertas por um colete marrom e peças de couro carregando duas espadas retas em suas costas.
— Tenho que resolver algumas coisas, se importa de esperar aqui?
Helena falava e logo se dirigia às escadas passando por entre os soldados que após sua passagem fechavam o caminho.
Secilia sorria e seguia de forma rápida em direção ao balcão
— Clark! Consegui um tempo livre hoje!
O rapaz desviava o rosto para frente ao ouvir a voz da garota e abria um largo sorriso acenando para ela.
— Achei que ia estar com seus pais hoje? O que faz aqui?
Perguntou o rapaz colocando a taça sobre a mesa e percebendo que havia desviado da conversa com o homem
— Ah, sinto muito…
O homem acenava negativamente com a cabeça abrindo um sorriso, Secilia pode ver a lateral do rosto do homem, ele possuía o cabelo preso em um rabo de cavalo curto e havia uma cicatriz em sua cabeça próximo a testa que lembrava um “X” e se estendia até a parte de trás de sua orelha, ele possuía traços típicos do deserto.
— Não tem problema, já resolvemos tudo mesmo.
O homem se levantava segurando a caneca e sorria para Secilia fazendo uma reverência e então seguia em direção a mesas mais ao fundo onde outros três homens com turbantes se encontravam.
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