Vazio. Cada vez mais vazio e escuro, mesmo estando um passo para estar perto de tudo. O vazio consome. O vazio persegue. Cris abre os olhos e observá o completo escuro, um abismo negro de sensações intangíveis, como fogos de artifícios sem cor, como um manequim sem corpo. Cris tenta se levantar sendo impedido por um peso inexplicável, como se seu corpo estivesse pesando uma tonelada inteira, tentativas se tornaram ineficazes com o tempo. A sensação de agonia se juntava e depois se espalhava pelo vazio, sugando cada gota de seus sentidos. Vazio. Cris encarou o abismo infinito de sensações, estático e preso ao "chão". Segundos viraram minutos, minutos se tornaram horas, o tempo estava confuso, e cada vez mais ele se questionava, "onde eu estou?" "Oque é este lugar?", nesse ponto Cris já não ligava de estar sozinho no nada. Cris passava horas e horas olhando para o abismo, olhando onde seria cada sensação. Tristeza se transformava em perdão, perdão gerava felicidade ou rancor, rancor se transformava em raiva e raiva virava ódio. Uma sensação forte. Sem aviso ou rotulo, ela batia em tudo e todos. Cris gostava de um canto em particular, ele fazia sentir como se tudo estivesse mais quente, mais aconchegante. Era um sentimento forte que ele sentia ao acordar, que aparecia no clima calmo da biblioteca, que estava presente naquela arvore. Era relaxante. Cris se banhava naquele sentimento por dias dentro daquele espaço, aproveitando o máximo aquilo, mesmo sem saber oque era exatamente. Dias viraram anos, e anos se tornaram séculos. Nada mudou, tudo ainda era o mesmo. Os sentimentos que Cris sentia se tornaram enjoativos e sem sentido, sem emoção. Mas talvez… Só talvez. Cris forçou o seu braço para frente com toda força que ele tinha, sem se importar com a dor em seu braço, ou com o peso que aumentava ao levantar o braço. Cris seguiu com o resto do corpo, ficando finalmente de pé, cerrando seu dente tentando pegar aquele sentimento em quanto sentia o peso do mundo em seu corpo. Mas ele não se importava mais. Não se importava com a dor, com a sensação da sua carne sair do próprio corpo, com a sensação de tontura. Com a melancolia que o tomava toda hora de dormir. Ele só queria...
— AAAAH! AAAAAAAAA! - Gritou Cris em quanto olhava em volta
— AAH! Calma! a gente vai cair assim! -- Falou Giovan com Cris nas costas. Cris estava ofegante, olhando para as costas de Giovan.
— Gigi...desculpa. Eu me exaltei um pouco - Cris esfregou seus olhos, para acordar melhor. - Na verdade, por que eu to nas suas costas? -- perguntou Cris
— Você não quis acordar e tava ficando tarde, não tive opção a não ser te levar -- Falou Giovan um pouco corado. Cris encarou Giovan por um tempo, e deu um sorriso um pouco mais sóbrio e encostou seu corpo inteiro nas costas de Giovan, que tremeu um pouco surpreso.
— hmmmm. Então, agora que acordei, pode me por no chão? -- Falou Cris em um tom malicioso. Cris estava mais acordado que o normal. Ele parecia mais arrochado que normalmente, algo que sendo sincero era bem incomum para Giovan ver assim
— Aaaah! Claroqueeuposs- Giovan morde a língua no meio da correria para falar - Ai! -- Giovan coloca a língua para fora. Não ajudou muito com a dor.
— Hahahaha. Vai com calma Gigi -- Falou Cris em quanto se soltava das Costas de Giovan e caindo em pé com tudo no chão, percebendo só agora a diferença de tamanho entre eles
— Com você falando assim é logico que vou ficar nervoso… -- Falou Giovan quase sussurrando
— Mas vai dizer que não pensou? Mentir é feio viiu -- Falou Cris com um tom infantil
— Não! Eu não pensei!...D'onde surgiu tanta energia… -- Falou Giovan chateado
Cris sorriu em quanto olhava Giovan, e Giovan sorriu de canto de boca. Mesmo sendo estranho. Era um bom sentimento.
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