Caminhava pelos longos corredores, podia ver seus irmãos treinando da janela, enfim podendo dar um longo suspiro, voltando a olhar para o chão. Apesar de tudo o que seu pai havia dito, nenhuma de suas palavras eram capazes de fazê-lo esquecer a dama dos cabelos de fogo, a qual um dia aquecera seu coração. Foi a única que ele amou e a única que ele amaria.
Oh, sim. Drake era um jovem romântico e leal, porém, se importava tanto em agradar os outros ao seu redor, por anos vivendo pelas pessoas. Prezava pela alegria alheia acima da sua própria felicidade, quase não conhecendo a si próprio, e por isso amava tanto aquela moça. Pois foi com ela que um dia aprendeu o que era viver de verdade.
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Caminhavam entre as árvores negras da floresta em silêncio, afastando-se de tudo e todos para que enfim se sentissem seguras para começar a falar. Logo se sentaram sobre as grandes pedras que deitavam naquele solo. Luar estava com elas, havia as encontrado enquanto brincava por lá. Não era sempre que ia até a vila com Ashley.
Diferente das princesas, Tifany se apaixonou de imediato pelo animal, se identificando com o pêlo ruivo da raposa. Acariciava sua cabeça com um sorriso em seu rosto. Fazia tanto tempo que não sorria daquele jeito...
— Você realmente conhece Agatha? — Ashley perguntou sem cerimônia alguma, encarando a ruiva que segurava Luar em seus braços, ainda fazendo carinho.
Pensou no que diria antes, demorando alguns instantes. Não podia dizer tudo o que queria, haviam coisas que a outra teria que descobrir por si só, assim como a mulher a fez prometer quando se encontrasse com sua pequenina.
— Oh, sim... Fomos amigas no passado. Bem... Ainda somos, mas... Ela se foi, não? — A olhou com tristeza, tinha por conhecimento o que houve com a dona daquele diário, o que a feria profundamente. — Oh, céus. Sinto tanta falta daqueles dias... Costumava me encontrar com alguém especial no poço próximo a minha casa no reino em que morava, e foi lá que a conheci. Ela gostava de nos ver juntos e não escondia isso. Escreveu poemas, contos sobre nossa história, e me consolou quando ele me deixou...
— Oh... Então você é a princesa da rosa? E seu boneco de pano...
— Sim, só que não sou uma princesa de verdade. — Gargalhou meigamente. — Ela sabia sobre minha afeição pelos contos de fadas e fantasiou minha história. Ainda sim, Derick me deixou esse boneco quando partiu, prometendo que um dia voltaria para me buscar. Só que... Isso nunca aconteceu...
— Oh, entendo...
— Mas sabe... Ela me disse que eu o encontraria um dia. — Sorria ao mesmo tempo em que olhava para Ashley. — Também me disse que para isso, eu teria que lhe encontrar antes, Ashley. — A dona do nome a olhou com surpresa, levantando-se e logo se afastando. Perguntava-se como a ruiva sabia seu nome se nem ao menos tinha se apresentado. Por mais que não pudesse ler mentes, a feição da das madeixas negras não conseguia esconder o que pensava, logo fazendo com que Tifany desse risada novamente. — Ah, sim. Eu guardei seu nome em minha mente desde então.
Ainda a encarava, estava tão confusa. Perguntava-se como aquilo era possível. Como Agatha sabia sobre ela e como ajudaria a outra a encontrar seu amado. Tinha lido tão pouco... A princípio, imaginou que se tratava de um diário de uma pessoa apaixonada, mas ia muito além daquilo, tão profundo e misterioso... Contendo tantos segredos...
Olhou para a cesta encarando o livro, envergonhando-se por ter lido tão pouco. Adorava histórias, logo se perguntava o porquê de demorar tanto. Passara mais tempo desejando se encontrar com o príncipe, fantasiando uma vida ao lado dele. Envergonhava-se ainda mais.
— Qual o seu nome...? — Voltou a sentar ao lado da outra, só que não olhava para o rosto dela.
A ruiva colocou a pequena raposa no chão com delicadeza e pegou nas mãos da mais nova em seguida, enfim ganhando sua atenção. Lágrimas escorriam de seus olhos, estava tão feliz, e enfim se apresentou. Um sorriso também se formava no rosto de Ashley, sendo ele sereno e sincero, como se não estivesse mais sozinha. E naquele dia, uma linda amizade florescera entre a garota dos cabelos negros e a dos cabelos de fogo.
Ao mesmo tempo em que caminhavam para fora da floresta, o jovem príncipe corria à procura de sua amada. Fazia tanto tempo que não se viam, não suportava mais ficar longe dela. Enfim conseguiu fugir de suas responsabilidades, despistando-se de todos os que o vigiavam. Não demorou muito até que a encontrasse, aproximando-se sem medo de assustá-la, logo deixando de correr e apoiando as mãos sobre os joelhos, ofegante.
Viu que dessa vez não estava sozinha, tendo uma jovem donzela de tamanha beleza ao seu lado. Mesmo assim, para o rapaz, não se comparava a aquela qual era apaixonado. Cumprimentou a menina, que em seguida se despediu já que imaginava que ambos precisavam de um momento a sós. Mas não foi sozinha, visto que a raposa a guiou por seu longo caminho, o qual a fez se lembrar que havia se esquecido de seu boneco na fonte do centro da vila. Tinha de buscá-lo o quanto antes.
Olhavam um para o outro por um tempo. O coração da moça queria pular para fora, entretanto, lembrou-se do quanto esperou por ele, sentindo-se desprezada e entristecida, logo desviando o olhar chateada.
— Me perdoe... — Dominic ainda se recuperava. —...por ter demorado tanto para aparecer. — Tinha dificuldade para falar.
— Eu... Não me importo... — Em seu coração, queria se jogar nos braços do jovem, todavia, estava tão descontente que mantinha a frieza em suas palavras. Por mais que tivesse se declarado para ele há tempos atrás, não queria que ele deixasse de se importar com o que ela sentia, o que costumava a acontecer com os outros casais.
— Você esperou por mim?
— Claro que não! Por que faria isso? Eu... Eu nem ao menos pensei... — Formavam-se lágrimas em seus olhos da cor do oceano. — E-Eu... Nem ao menos... — Assim, deixou de se segurar, jogando-se aos braços do príncipe, abraçando-o com força. — Por que você demorou tanto...? — Chorava como uma criança. — Achei que nunca mais nos veríamos...
A abraçou de volta, mexendo em seus longos fios e fazendo carinho nas costas dela ao mesmo tempo.
Sentavam-se em frente ao pequeno lago, molhando os pés na água. Estava envergonhada por causa de sua reação a pouco, mesmo que já calma, só que ainda feliz por estarem juntos. Apoiava a mão sobre o solo, enquanto Dominic mantinha a dele acima da dela. Já conseguiam conversar:
— Aquele velho careca não larga do meu pé. — O rapaz resmungava. — Meu velho ordenou com que aquele outro velho ficasse de olho em mim. Justo em mim, que sei me cuidar tão bem sozinho!
— Oh... É perigoso... Você vir me ver... Não...? — Falava pausadamente, o olhando pelos cantos dos olhos.
— Na verdade não. Eu não me importo com o que eles falam, para ser sincero. Só que se meu pai descobrir que estamos juntos, ele vai me aborrecer que nem sua senhora faz.
—... Nosso amor é proibido... — Deixou escapar.
— Nosso amor? — Aproximou o rosto com um sorriso malicioso.
— Ah! Não! Não é isso! — O olhou de volta, logo se retraindo. —... Você entendeu... O que eu quis dizer...
— Você não muda. — Aproximou-se ainda mais quase a beijando. — Isso me faz te amar ainda mais...
— Oh... — Olhava nos olhos dele. — O que faremos...?
— Podemos fugir...
— Fugir...? Mas isso é loucura...
— Loucura seria deixar a pessoa que amo para trás por causa do problema de outras pessoas...
Encaravam-se em silêncio, suas expressões eram tristes. Ainda sim, Dominic se aproximou um pouco mais não escondendo dela o quanto queria beijá-la, só que não faria até que a outra permitisse. Recuaria como de costume, só que compartilhava daquele mesmo desejo, aproximando-se a ele também. Olharam-se nos olhos por mais alguns instantes, ambos com o rosto rosado. Sussurrou para ela perguntando seu nome e enfim puderam se conhecer. Repetiu algumas vezes ainda sussurrando, mostrando a menina o quanto tinha gostado de seu nome, tirando um sorriso meigo de seu rosto.
Oh, sim... Aquele sorriso disparava ainda mais o coração do jovem, não conseguia deixar de admirá-la. Deitou as mãos dos dois lados de onde a moça sentava, aproximando-se o suficiente para que enfim encostasse seus lábios aos dela, ainda com delicadeza para que não a forçasse a algo contra sua vontade, e logo os dois retribuíam daquele doce beijo.
Ouviam o sopro do vento balançar os galhos das árvores, enquanto a água fria do lago molhava seus pés. Ela apoiou suas mãos delicadas aos ombros do rapaz, que pegou em sua cintura com gentileza ainda se apoiando no chão com o outro braço. Pouco depois, afastaram os rostos olhando um para o outro, apaixonados. Fora o primeiro beijo da menina, além de ter sido a primeira vez que Dominic se sentiu daquele jeito após tocar seus lábios ao de uma donzela.
Queriam fazer aquilo de novo, só que Ashley o abraçou escondendo-se. Estava tão tímida, tão feliz por enfim poder amar alguém. E mesmo conhecendo tão pouco sobre a moça, Dominic sabia como ela se sentia e não pouparia esforços para que ela continuasse confiando nele daquela forma, sendo assim, colocou a mão que segurava na cintura dela sobre a cabeça da mesma. Ainda se apoiava no chão para que não caíssem. Permaneceram ali por mais um tempo, aproveitando o momento curto que teriam por conta das coisas que aconteciam no palácio.
Antes que se despedissem, jurou a encontrar em breve, e jurou amor eterno. Segurando suas mãos, ajoelhou-se e a olhou nos olhos. Compartilhavam um sorriso, até que lhe fez seu pedido. Fora abraçado logo em seguida, levantando e girando com a menina em seus braços. Estavam muito felizes, um prometido ao outro.
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Penteava seus longos cabelos negros, olhando-se no espelho de sua penteadeira enquanto cantarolava canções. Lembrava e relembrava das promessas de Dominic e seu pedido, agora concordando com aquele plano que o príncipe mencionou antes que dissessem seus nomes.
Abria seus olhos devagar, olhando para o reflexo do diário de Agatha, o qual ainda estava dentro de sua cesta sobre a cama, deixando um sorriso sereno escapar.
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