***
Ainda não recebi nenhuma mensagem ou ligação de Jake. E já faz três dias que ele está me evitando. Durante esses três dias, eu tenho pegado carona com Bianca, o que não tem sido exatamente uma coisa muito divertida, devido ao tamanho do carro dela.
Entrei silenciosamente no meu quarto, vendo o sol se por no horizonte pela janela. Eu queria dormir, mas não conseguia. Minha preocupação estava enchendo o lugar. Não só porque Jake estava me evitando, mas devido aos boatos na escola. Não, eu não sou tão obcecado. Eu só não consigo evitar, mas ouvi muitas pessoas falando sobre Jake. Lembro-me de um cara dizendo que pela primeira vez Jake estava realmente de bom humor. Como assim? Ele está feliz porque não estamos nos falando. Se é isso, esse seria o fim da nossa amizade oficialmente. Quer dizer, nós já tivemos as nossas brigas, mas depois ele sempre aparecia na minha casa ou eu na dele. Mas, honestamente, eu estou apavorado demais para ir até lá. Os meus lábios começaram a arder enquanto eu os mordia. Culpa dos meus nervos. De repente, a campainha tocou abruptamente no andar de baixo, e um sorriso espalhou-se pelo meu rosto.
Jake está aqui e ele não me odeia!
Ok, para as adoráveis pessoas que estão lendo está a minha terrível angústia, por favor, note que coisas como está nunca acontecem. Nunca cheguei a este extremo com Jake, especialmente, ao ponto em que ele me ignora. O que vai acontecer agora é tão clichê, que quase me deixa doente. Pulei da cama e desci as escadas com fúria para tentar abrir a porta antes que a minha mãe abrisse. Quando a abri, toda a minha animação tornou-se decepção ao olhar nos olhos de Aiden Smith.
— Mãe, você pode nos dar um minuto? — pedi e ela balançou a sua cabeça, voltando para a sala de estar. — O que você quer?
— E-eu sinto muito e eu, ah, eu...
— O que você esta tentando dizer e por quê? — cruzei os braços em frustração. Quando ele avançou um pouco mais e a luz o iluminou, não pude deixar de notar o inchaço no seu rosto. Que merda era aquela?
— J-Jake me mostrou que o que eu fiz foi muito estúpido e e-eu sinto muito. Isso não vai mais acontecer, eu p-prometo... — Jake foi atrás dele? Me senti um pouco melhor, de certa forma.
— Obrigado por pedir desculpas, você já pode ir... — eu estava prestes a fechar a porta antes de dar uma boa olhada em seu rosto. — Mas antes de você ir... — eu não conseguia encontrar as palavras certas para dizer. — O que você fez foi uma merda, você sabe disso, não é?
— Eu sei.
— Eu estava num evento de merda da consciência LGBT e você queria usar isso contra mim?
— Eu não estava pensando. — gaguejou ele, obviamente, desconfortável.
— Aham. — respondi. — Te vejo na escola, Aiden. — virei-me e bati a porta.
Subindo a escadas de volta para o meu quarto, toda a decepção e esperança desapareceu, entrei no meu quarto escuro. Agora, eu poderia assistir a um filme triste, o que sempre me ajuda em meus dias tristes. E com esse pensamento, fechei a porta e caminhei até a luminária para acende-la, mas parei no meio do caminho.
— Droga, que frio. — suspirei, o meu corpo começou a tremer ligeiramente. Esquecendo o filme, eu bati a janela, a fechando, e em seguida, pulei em minha cama.
Por que Jake fez isso com Aiden, se ele me odeia? Como Bianca soube que eu sou gay? Todas estas perguntas me cercavam, enquanto eu nem estava focando no mais importante. Quando foi que eu abri a minha janela? Só então, eu senti os braços de alguém em torno de mim na cama.
— Ah! — gritei em estado de choque, lutando contra o aperto forte do estranho. Que merda é essa! — Socorro! — gritei novamente e uma mão tapou a minha boca. Ergui o meu cotovelo de volta em uma tentativa de escapar. Tudo o que estava passando pela minha cabeça era Aiden entrou no meu quarto e vai me matar!
— Quer parar com isso? — a voz de Jake soou. E eu, instantaneamente, acalmei os meus braços, mas ele não me soltou.
— Jake? — perguntei, embora soubesse que era ele. — Por que você está aqui?
— Eu queria ter certeza de que Aiden se desculpou.
— Nossa, quanto cavalheirismo. — suspirei sarcástico. — Por um acaso, você também não vai levá-lo para casa? — Jake riu. Ficamos em silêncio por um momento.
— Por que você não me contou? — perguntou ele, a sua voz parecia irritada.
— Eu não tinha certeza se eu dev...
— Oliver, eu sou seu melhor amigo, é claro que você deveria me contar... — ele murmurou. E, instantaneamente, o seu aperto afrouxou, mas ele ainda não havia me soltado. — E, sinto muito, por ter te chamado de viado. — sussurrou Jake.
— Tudo bem. Você é meu melhor amigo, mas você realmente me conta tudo?
Virei-me para encara-lo. Eu não podia ver o seu rosto, mas eu podia sentir a sua respiração quente contra o meu rosto.
— Eu não tenho segredos com você, você sabe disso. — eu podia ouvir o seu riso agora.
— Claro! Por que você bateu no Aiden?
— Ele te machucou. — Jake puxou o cobertor sobre si mesmo e sobre mim.
— Aquilo não foi nada! Você fez parecer uma catástrofe! — eu o empurrei para fora da cama e ele começou a rir. E isso, por alguma razão, trouxe um sorriso ao meu rosto também. As coisas estavam finalmente voltando aos seus lugares, como deveriam ser. — Então, você se senti desconfortável comigo? — sussurrei, esperando uma reação desonesta, mas em um estalo, ele respondeu minha pergunta com uma resposta satisfatória.
— Eu realmente não me importo, nem se você fosse um monstro sanguinário, eu ainda iria te amar, cara. — o sorriso no meu rosto alargou-se ainda mais.
— Espera. — Jake se levantou, o seu riso desapareceu e o tom da sua voz ficou mais séria. — Você saiu do armário para o Aiden Smith antes de mim? — Jake saltou na cama e me agarrou.
— Eu não tive escolha!
— Ah, é mesmo? Por quê?
— Se lembra do verão passado, quando eu fui para capital com a minha mãe?
— É claro, como eu poderia esquecer? Foi um dos piores verões da minha vida.
— Eu fui para lá para um evento da consciência LGBT.
— Isso explicaria porque você mal me ligou. — Jake suspirou, aparentemente, confortável com a ideia das minhas férias de verão.
— Você conheceu alguém lá? — Jake sussurrou, quase em voz baixa.
— Não, bobão! Eu nem sequer tive o meu primeiro beijo ainda. Mas esse não é o ponto, o ponto é que, quando eu estava participando do evento, a irmã do Aiden também estava lá. Então, ela tirou algumas fotos de mim e as enviou para ele e agora ele ameaçou mostrar para toda a escola.
— Espera, você nunca teve o seu primeiro beijo?
— Nunca! Por que isso importa? — perguntei. Idiota, ele sempre consegui desviar do assunto principal. — Então, eu falei com a irmã dele, ela se desculpou e excluiu as imagens. Portanto, dando a ele nenhuma prova, ele ficou chateado e me deu um soco no rosto, o que explica a nossa linda tarde de terça.
— Mas por que só agora?
— Aiden não teve tempo para fazer isso antes. Mas agora ele não tem qualquer prova e também ele já se desculpou, as coisas estão melhores. — suspirei.
Eu podia ver o sorriso de Jake. Ele estava em cima de mim agora, a única coisa que nos separava eram suas roupas e o meu pijama verde. Ele cheirava ao seu maravilhoso perfume amadeirado. Oliver que porra é essa? Você não deve ter estes pensamentos.
— Espera, você ainda não teve o seu primeiro beijo?
— Que droga, dá para parar de perguntar.
— Não. — eu podia sentir Jake me apertar ainda mais sob a cama. O que soou extremamente sexual. O que ele estava fazendo? Quer dizer, ele já fez isso antes, mas nunca foi tão íntimo.
— Não se mova.
— O quê?
— Eu disse para não se mover. — ele me agarrou ainda mais forte, o que me machucou.
— Você está me machucando. — gritei, então a minha porta se abriu, era minha mãe, carregando um cesto de roupa suja.
— Ah, oi Jake! — a minha mãe disse. Jake rapidamente me liberou, em seguida, rolou para os pés da cama.
Obrigado, mãe. Obrigado.
— Oi, tia Anna... — disse ele, coçando a parte de trás de sua cabeça em pleno constrangimento. Jake ligou a TV e deslizou para fora da minha cama, se encostando ao seu lado.
— Bem, vou deixar vocês a sós agora... — mamãe disse saindo e fechando a porta logo atrás de si com uma risadinha e depois se afastou. Eu ainda estava dolorido por causa de seu aperto e a minha mente quase bugou tentando descobrir exatamente o porquê de ele me segurar daquele jeito.
— Você quer jogar videogame? Eu adoraria matar alguns zumbis. — Jake sorriu para mim enquanto eu ainda estava chocado em cima da cama.
— Ah, pode jogar. — só disse isso porque eu não conseguia me acalmar e se ele me desse um controle, o meu personagem poderia estar tremendo.
— Tudo bem! Nós podemos apenas assistir a um filme então. — Jake caminhou até a minha estante e pegou alguns DVDs. — Então, "A Cabana" ou "A Bruxa de Blair"? — Jake realmente não sabe escolher filmes de terror.
Comments (0)
See all