Narrado por Oliver.
Escolhemos "A Bruxa de Blair", o que lamento inteiramente. Eu só havia assistido até à metade e, definitivamente, lamento terminar de ver agora. Jake estava dormindo ao meu lado, roncando suavemente e puxando os cobertores, como de costume. Pergunto-me como ele foi capaz de dormir tão cedo enquanto eu praticamente nem conseguia fechar os meus olhos? Não sei explicar, mas não me sinto nem mesmo um pouco desconfortável próximo de Jake. Quer dizer, primeiro ele parecia estar bravo por eu ser gay, mas agora ele me aceita de braços abertos? Braços abertos literalmente, pois os seus braços estavam envolvidos em torno de minha cintura. Isso pode parecer estranho, certo? Mas não é, digamos que nós já dormimos aqui e assim um milhão de vezes, mas ele nunca me apertou tão apertado assim antes.
— Quer parar de se mexer? Eu estou tentando dormir. — resmungou ele, pegando o controle remoto sobre a cama e desligando a TV.
Não demorou muito e a sua respiração desacelerou e os seus roncos suaves estavam de volta. O que posso fazer? Não consigo dormir e são só 21 horas de uma sexta-feira à noite, você me entende agora? Espera, 21 horas, que droga! Bianca! Gentilmente, sai debaixo das cobertas e deslizei para fora da cama. Jake, como eu previa, continuou roncando. Meu celular estava vibrando sobre a mesa, como não notei isso antes? Eu dei uma ligeira olhada e onze chamadas não atendidas.
— Oi. — sussurrei, entrando no banheiro e fechando a porta.
— Ei, até que enfim! Já estou aqui na frente da sua casa. — disse Bianca, petulantemente.
— Já estou indo! — joguei o meu celular no balcão e corri até o meu armário.
Depois de uma eternidade escolhendo algo para vestir, decidi colocar uma camiseta simples preta, deslizei para dentro de um jeans desbotado e calcei um All Star preto e branco. Peguei minha carteira, celular e os enfiei nos bolsos do meu jeans. Olhei no espelho uma última vez antes de correr com passos suaves para o andar térreo.
— Filho? — minha mãe me chamou da cozinha.
— Mãe, Jake está dormindo no meu quarto. E estarei em casa daqui a pouco.
— Tcha... — ela tentou, mas não deu tempo.
— Te amo! — beijei a sua testa, e em seguida, corri para fora de casa em direção ao Volvo de Bianca. Abri a porta e deslizei para dentro. A caminhonete de Jake estava estacionada no outro lado da rua. Como eu não tinha notado isso antes? Devo estar com algum problema.
— Vamos! — Bianca riu dando partida no carro. — Jake está aqui? — ela cutucou meu braço.
— É. Ele está dormindo no meu quarto.
— Hm. — Bianca zombou malisiosamente.
— Vamos sair logo daqui antes que ele nos persiga.
— De jeito nenhum.
— Então, espera ele acordar para você ver.
— Tudo bem! Ah, eu tenho uma má notícia, mas uma ótima notícia também.
— Então comece pela má.
— Nós não estamos mais indo para um show, na verdade, estamos agora indo para uma Rave! — ela gritou a última frase com ênfase.
— Uma Rave? Que droga é uma Rave?
— É tipo uma multidão de pessoas dançando sem parar, meu Deus, você vai adorar! — ela realmente não me conhece. Estou mais para o tipo de garoto que gosta de ficar em um canto qualquer do meu quarto lendo livros. Não sou muito de festas.
Então, eu não sabia o quão longa a minha noite seria, mas às vezes você não pode controlar o que vem até você.
A música que tocava era bem agradável. Eu certamente gostaria de ouvi-la fora dali, mas estava tão alto que era quase insuportável. As luzes, que poderiam ser consideradas hipnotizantes, brilhavam por todo o lugar em fúria, obviamente, iluminando os vários corpos adolescentes e bêbados que saltavam para cima e para baixo ali. Me perdi de Bianca já nos 30 primeiros minutos ali, então fiquei vagando em torno da grande festa em busca dela. Já eram duas da manhã! Pergunto-me o que Jake deve estar fazendo agora?
— Ei, você… quer uma cerveja? — uma garota gritou por cima da música. O seu cabelo era rosa brilhante na altura dos ombros. Ela definitivamente era uma garota punk, mas eu não poderia julgá-la baseado num estereótipo.
— Não, obrigado! — gritei de volta, sem jeito e sorrindo ao seu pedido.
— Vamos! Viva um pouco! — outra garota surgiu ao lado dela, gritando com entusiasmo, ela tinha um enorme cabelo preto com mechas roxas e um piercing na sobrancelha. Ela estava pulando ao ritmo da música, segurando um copo vermelho em sua mão. Ela pegou a menina com cabelo rosa e a puxou, de forma descuidada, fazendo-a ir parar na minha frente. Droga, essas pessoas com certeza são doidas.
— Eu vou! — gritei para as meninas, que nem mesmo prestavam atenção em mim mais. — Ok, então. — murmurei, nadando através da força infinita de corpos.
Quando finalmente encontrei uma fuga, abri a porta para o exterior, que me cumprimentou com um ar extremamente frio. Eu até pensei em esperar por Bianca, mas um táxi seria o suficiente. Além disso, eu não queria arruinar a sua diversão, seria injusto. Peguei o meu celular e deslizei meu dedo num aplicativo aleatória para chamar táxi, o que estivesse mais perto.
— E aí, precisa de uma carona? — um cara perguntou, tropeçando na minha direção.
— Ah, eu-eu estou bem, mas... obrigado.
— Ah, me deixe te dar uma carona. — ele soluçava ridiculamente.
— Eu, eu realmente estou bem. — eu queria mesmo confrontar a sua abordagem, mas eu não queria parecer intimidado por seu tamanho, embora ele pudesse ver através de mim. Ele não era feio. O seu cabelo preto estava ligeiramente molhado provavelmente de suor. Ele parecia ter os seus vinte e poucos anos, definitivamente, abusando do privilégio de beber legalmente.
— O que acha de vir para casa comigo? — sorriu ele, deixando o seu copo cair enquanto tentava agarrar o meu pulso.
— Me solta. — puxei para trás, mas ele não soltava.
— Ah, nós vamos nos divertir tanto. — disse ele, soprando um hálito forte no meu rosto, o que quase me fez vomitar. Por que eu tenho de ser tão fraco? Tentei discar um, nove e zero, mas ele pegou o meu celular antes mesmo de eu colocar para chamar e então colocou dentro das suas calças na parte da frente. — Venha e pegue. — ele zombou, maliciosamente.
— Me solta, por favor!
— Solta ele, agora!
Uma voz profunda soou atrás de mim. Jake? Bem, eu acho. Eu estava quase certo de que era Jake, pelo habitual rosnado raivoso, mas quando o estranho apareceu, ele definitivamente não era o Jake. Ele também era de tirar o fôlego. A sua jaqueta cinzenta apertada em torno do seu tronco apenas deixava os seus traços ainda mais visíveis.
— E se eu não quiser, o que você vai fazer? — o imbecil perguntou, finalmente, soltando o meu pulso e se aproximando do garoto misterioso. O qual não falou nada apenas deu um soco na cara do bêbado, tão rápido quanto a velocidade da luz, mandando-o para o chão.
— O celular, agora. — o belo estranho exigiu secamente. Sem hesitação, o estranho pegou o celular, em seguida, entregou-me, mas não antes de limpá-lo.
— Você precisa de uma carona até em casa? Não se preocupe, não vou tentar nada. — o garoto misterioso falou formalmente. Eu ainda estava maravilhado com a sua beleza.
— Sim.
— Bem, vamos então. — ele girou as suas chaves em um dedo com uma atitude calma, era quase como se ele não tivesse acabado de dar um soco na cara de alguém momentos atrás.
— Qual é seu nome?
— Oliver Riley, tenho dezessete anos e...
— Uou, Oliver. Não pedi a sua certidão de nascimento. Mas é bom conhecê-lo. — a caminhada até o carro dele foi silenciosa. Por que ele estava sendo tão amargo? Então, ele apontou para o seu carro, que era um Mitsubishi Vermelho. Claro, o lindo garoto misterioso tem um carro fantástico e, ah é claro, deixe-me adivinhar, ele mora em uma mansão? Eu estava surpreso.
— Você vai entrar ou vai ficar parado aí como um idiota? Realmente, não me admira que você tenha quase sido abusado.
— O quê?
— Só entre, você é bem-vindo aqui.
— O-obrigado, quer dizer... é, obrigado. — eu realmente poderia continuar ali, discutindo com os seus comentários idiotas, mas eu o obedeci.
— Então, onde você mora? — ele virou a chave na ignição, dando partida no carro.
— Sete de Setembro, no Machie... você realmente não precisa me levar lá.
— Bem, eu não posso expulsá-lo agora, posso?
— Qual é o seu problema, cara? — eu estava prestes a desatar o cinto de segurança e sair do carro, mas ele me parou.
— Espera! — ele colocou uma mão levemente sobre a minha, imediatamente, olhei para ele. — Desculpa. É que eu ainda estou um pouco irritado por causa daquele babaca. — ele começou a dirigir.
— Sabe... você ainda não me disse o seu nome. — murmurei suavemente.
— Não disse, é? — ele sorriu.
- É.
A partir daí mais nenhuma resposta. O passeio de carro estava em completo silêncio. Eu queria continuar a conversa um pouco mais, mas achei melhor não. Se eu tirasse um momento para refletir na minha situação atual. Eu, o garoto mais estúpido de dezessete anos no mundo, estava atualmente em um carro com um garoto estranho. Talvez seja por isso que Jake fica de olho em mim, eu sou um tremendo lesado. Acomodei-me no assento enquanto o estranho dirigia, cantarolando ao som de uma música que eu não lembro o nome, mas definitivamente reconheço. Não levou muito tempo até eu sentir o meu celular vibrar desagradavelmente no meu bolso.
E sem nenhuma surpresa, era Jake.
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