Narrado por Oliver.
— Comida. — Bianca pediu, chutando o meu pé.
Na manhã seguinte, Jake e eu acordamos um nos braços do outro. Tirando isso, não falamos muito sobre o beijo. Na verdade, ele não o mencionou durante toda a manhã. Talvez ele deva estar pensando que não é momento certo depois de todo o drama da noite passada, ou ele simplesmente não quer me sobrecarregar com mais emoções. O que é doce da parte dele. Não doce como um "Isso ai, cara!" é mais como em uma forma romântica, talvez doce como açúcar e compaixão.
— Deixe-me adivinhar, você está com fome. — Jake riu enquanto Bianca se esparramava no sofá.
— Comida para rainha. — ela insistiu novamente. Soltei um suspiro e comecei a andar até a cozinha.
Minha mãe tinha deixado um bilhete para mim sobre o balcão, onde ela sempre costuma me deixar seus recados, conhecendo ela, ela provavelmente passou a noite fora com o seu namorado. Não que isso seja uma coisa ruim, é que eu nunca pensei que a minha mãe conseguisse superar a morte do meu pai.
"Sai com Tom, não me espere acordado."
Meu pai morreu quando eu ainda era criança. Não me lembro exatamente de seu rosto, mas com todas as fotos e gravações velhas de família, as memórias inundam-me novamente. Me lembro da felicidade da minha mãe estampada no seu rosto com orgulho, segurando a sua mão. Mas quando a notícia do acidente do meu pai surgiu, tudo fatalmente desmoronou sobre ela, a morte dele deixou a minha mãe uma bagunça. Algo que ela não estava preparada para lidar, pelo menos não sozinha, tendo de ser mãe e pai em tempo integral.
Minha mãe o amava mais que a sua própria vida e como eu sei disso? Porque o amor é algo que você não só senti, mas também pode ver e quando a notícia nos foi dada, o olhar nos olhos da minha mãe se apagaram, ficando apenas uma escuridão que levaria anos para voltar a se iluminar. Ouvi Jake limpar a garganta atrás de mim, me trazendo de volta à realidade. Eu ainda não tinha percebido que estava encarando o nada na cozinha.
— Algo em mente? — perguntou ele, encostado no balcão com os seus braços cruzados.
— Só... o meu pai. — com isso, fui até a geladeira e abri a porta. Ele balançou a sua cabeça em compreensão, franzindo a testa ligeiramente.
— Então... — Jake começou. — Só por curiosidade, você e Noah, tipo... terminaram mesmo? Oficialmente? — o tom de Jake fez-me sentir estranho, não só por ele, mas especialmente por mim.
— A gente só estava junto há uma semana, Jake. E, eu não vou tornar isso mais dramático do que já foi. Eu realmente gostava dele, mas ele me mostrou o quanto gostava de mim na noite passada. Então, por mim, está tudo oficialmente acabado. — puxei uma jarra de suco de laranja da geladeira e coloquei sobre o balcão.
— Pega os ovos para mim, faz um favor? — ele simplesmente assentiu com a sua cabeça e o sorriso no seu rosto nem de longe passaria despercebido.
— Então... hm... — então que ele estava trazendo à tona o nosso beijo. O beijo que durou apenas alguns segundos antes de eu me afastar e fingir que estava dormindo. Mas nós dois sabíamos pelas batidas dos nossos corações que eu definitivamente não estava
dormindo, ou dormi tão cedo.
— Café da manhã com ovos. Pega o bacon também. — com um aceno de cabeça, ele pegou o bacon. Ele estava tão radiante.
— Ok, não dá mais, a gente precisa conversar sobre ontem à noite. — Jake finalmente disse como se tirando um peso das suas costas.
— Não, não precisamos. — abri o pacote de bacon e comecei a cortá-los em cubinhos.
— Sim, precisamos. Oliver, para de fazer isso. — Jake bateu a sua mão sob a mesa.
— Fazer o quê? O que eu estou fazendo, Jake? — falei com dentes cerrados por sua persistência.
— Para de agir assim, teimoso!
— Então agora eu estou sendo teimoso?
— Você sabe que está! E para de me responder com perguntas! — disse ele, em seguida, vindo em minha direção.
— Calma. — murmurei, inclinando-me para trás até a porta para ver se conseguia chamar a atenção de Bianca, que ainda estava esparramada no sofá, assistindo TV. — Tudo bem, vamos conversar. — comecei a sentir o cheiro de bacon na frigideira.
— Você me beijou na noite passada, né? — perguntou Jake, mantendo a sua mandíbula fechada.
— Então? — suspirei. Ok, talvez eu tenha beijado ele um pouco. Talvez eu quisesse continuar o beijo mais um pouco, mas isso não significa que eu esteja apaixonado por ele, não é?
— Oliver, você me beijou na noite passada? — Jake perguntou de volta.
— Certo, eu beijei. A gente já pode voltar para o que estava fazendo?
— É claro que não! — ele riu alto. — Você me beijou! — Jake sorriu e continuou andando em minha direção lentamente. — Isso significa que você senti algo por mim.
— Você com certeza não sabe o que está dizendo, garoto. — suspirei, colocando os ovos com o bacon na frigideira. A omelete estava quase pronta.
— Você me quer e você sabe disso.
— Ata... — zombei.
— Apenas admita! — Jake pressionou-me contra o balcão, empurrando o seu peso em minha cintura.
— Hm? Sabe, todo esse lance de você ficar me assediando está começando a me irritar.
— Ah, então, você vai ficar puto...
Antes que eu pudesse dizer outra palavra, ele fechou a distância entre nós, colocando os seus lábios nos meus num movimento suave.
E lá estava o fogo de volta, quente e incontrolável quase viciante. Eu poderia, com certeza, me acostumar com ele.
***
Bianca tinha planos com Hyun a tarde e Jake foi embora algumas horas depois que me atacou com outro beijo. Foi uma separação estranha, porque, pela primeira vez, em vez de ele me pegar de surpresa, ou eu beijá-lo de volta, ou todo o drama que nos envolve… a gente estava ciente que estava acontecendo e mesmo assim não paramos. Quando nos separamos, Jake estava com o seu rosto vermelho e sorrindo, saiu da cozinha finalmente me deixando cozinhar.
Noah me ligou algumas vezes, mas eu preferi não atender. Não que eu não quisesse gritar e xingar ele, mas eu só não conseguiria ouvir ele me pedindo perdão. Se tem uma coisa que vocês devem ficar sabendo sobre mim, é que eu perdoo muito facilmente. Não que já tenha acontecido esse tipo de incidente comigo antes, mas Jake e eu já tivemos algumas brigas.
Talvez eu pudesse perdoar Noah, mas então eu seria um idiota.
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