Narrado por Oliver.
O resto do meu domingo foi normal. Calmo, sem muitos acontecimentos apenas música, meu celular e eu, acampando no sofá.
Já havia passado das sete da noite quando a campainha ecoou pela casa. Eu podia apostar que é Noah. Andei em direção à porta, tomando cuidado para não bater em nada pelo caminho, pois a casa estava com as luzes apagadas e eu só tinha a luz do meu celular que mal iluminava. Lá fora estava ainda mais escuro. Eu, com certeza, deveria ter ligado pelo menos uma luz, mas talvez o lance de "ninguém estar em casa" pudesse funcionar! Fiz cuidadosamente os meus passos até à porta, onde um estranho estava esperando ansiosamente, digo isso devido às várias vezes que tocou a campainha.
Aproximei-me da janela na lateral e espreitei para ver quem estava ali, abusando da campainha. Era um garoto, mas certamente não era o meu Noah, quer dizer, o Noah. Droga. Fui até à porta e a destranquei e lentamente eu a abri.
— Oi?
— Finalmente, Jesus. — o garoto suspirou. Através da escuridão, eu mal conseguia ver o seu rosto, mas considerando a sua voz, ele definitivamente não era tão velho.
— Por que você está tocando a minha campainha? — perguntei, tentando soar um pouco rude, escondido na escuridão da minha casa.
— Eu preciso dar um telefonema, posso entrar?
—Ata! Eu já vi esse filme antes! Agora tenha uma boa noite... — ele enfiou o pé na porta quando eu estava prestes a fechá-la.
— Olha, por favor, eu não vou fazer nada. Eu só preciso dar um telefonema, o meu carro quebrou e...
— E então, você decidiu vir na casa mais escura da rua para pedir ajuda? — zombei.
— Está escuro aqui fora e um pouco frio. A sua casa foi a primeira que eu vi. Pode confiar em mim! Por favor, me deixe entrar antes que eu tenha uma hipotermia aqui! — ele gemeu dramaticamente.
— Argh, está bem. Entra. — disse depois que abri a porta totalmente, puxando-o para dentro. Então, eu a fechei. Espera, a casa está com as luzes todas apagadas e eu estou sozinho com um estranho. Eu estava prestes a gritar quando o ouvi se mexer, mas ele simplesmente acendeu a luz no interruptor ao seu lado.
Ele era, bem, ele era, com certeza, um típico clichê. Cabelos pretos, um corpo magro, mas levemente construído, um rosto ligeiramente quadrado, lábios perfeitos e Deus… olhos azuis. Mas não simples olhos azuis, olhos azuis profundos. Ele lembrou-me de Noah, a forma como havia uma constante expressão irritada brincando no seu rosto pálido, mas comparando a beleza, ambos eram iguais, bonitos em cada curva. Deus só pode estar de brincadeira comigo? Querendo me torturar? Juro que se ele for gay... eu…
— Cara? É impressão minha, ou você está babando? — disse ele depois que tirou o seu casaco preto. E agora simplesmente usava uma camiseta justa que marcava o seu corpo, ficava tão perfeita nele.
— D-desculpe. — pisquei algumas vezes sem graça. Ok, ele precisa de um telefone! Vou pegar o telefone para ele! Entrei rapidamente na cozinha e peguei o telefone residencial que tinha um cabo comprido. Voltei para a sala e o peguei brincando com as fotos da minha família.
Entreguei o telefone a ele que o pegou.
— Então, eu posso ter mentido sobre a história do carro... hm, tão ingênuo. — o garoto deixou escapar uma risadinha obscura que me assustou.
Congelei no lugar, olhando para ele com os meus olhos arregalados. Ele colocou o telefone de volta sob a mesa do corredor e sorriu. Ergueu a sua mão e os seus dedos rapidamente roçaram no interruptor e então novamente a escuridão tomou conta. Não tive tempo de gritar apenas corri rapidamente para meu quarto. Depois que bati a porta e a tranquei, peguei o meu celular e comecei a discar desesperadamente 190, mas desisti e, em seguida, disquei o número de Jake. Acho que já sabemos quem vai aparecer primeiro.
— Ah, qual é, Oli. Vamos nos divertir um pouquinho! — a voz do garoto soou próxima, então ele começou a bater na porta do meu quarto. Jake atendeu na primeiro vez que chamou.
— Oi, Oli! — disse ele alegremente.
— S-socorro J-Jacob. — quase não consegui falar por conta do choro, mas não podia falhar agora.
— O que está acontecendo, Oliver? Eu estou indo para aí.
— Por favor, de pressa… — então a ligação caiu.
— Hm, isso não é legal, Oliver. Não queremos que ninguém arruíne os nossos planos, não é? — desta vez, não era a voz do garoto… mas sim, a de Aiden.
— Meu Deus! — murmurei, levando a minha mão sobre a minha boca.
— O que foi, aberração? Pensou que eu ia mesmo te esquecer? Qual foi a parte do "eu vou te matar" que você não entendeu? — Aiden riu de um jeito doentio, me fazendo estremecer. Eu não posso mais ficar sentado aqui. A porta vai ser arrombada à qualquer momento. Rapidamente fui até a janela e quando fui tentar abri-la.
— Boa tentativa, Oli. — o garoto disse ao fundo, apontando uma arma para mim. Fiquei imóvel, olhando para a arma. Isso não pode estar acontecendo. Isso não pode estar acontecendo.
Meu celular! O senti vibrar no bolso de trás e o puxei para fora. E rapidamente disquei 190 e esperei.
— 190, qual é a sua emergência?
— Eu estou sendo atacado, por favor, eu preciso de ajuda!
— Senhor, acalme-se, qual é a sua localização...
A porta se abriu num baque estrondoso, Aiden e o menino estavam lá com um sorriso torcido nos seus rostos. Aiden pulou no telefone enquanto eu fugia, me esquivando do outro garoto. Não sabia para onde ir, então rapidamente entrei no banheiro e bati a porta. Aiden não tinha uma arma, mas tinha uma faca. Uma faca afiada e grande. As lágrimas começaram a arder nos meus olhos enquanto eu tentava encontrar algo no meu banheiro para usar como defesa ou sei lá.
Ok, Oliver, se acalma e pensa!
A porta do banheiro era mais fraca do que a do quarto, então isso significa que tenho segundos para pensar em algo antes que ele também a arrombem.
Pensa, pensa, pensa... já sei!
Ficando na ponta dos pés, eu peguei a haste do box e puxei, a arrancando. A barra de metal era pesada, mesmo assim eu consegui carregá-la. Dobrei a haste de metal algumas vezes, em seguida, a deixando uma ferramenta irregular e afiada, droga, parecia muito uma lança. Mas que se dane, dois contra um também não é justo.
E isso deve funcionar.
Só faltava um toque final, liguei o chuveiro no máximo para a água ficar bem quente e arranquei a tampa do vaso sanitário, deixando-a em minha frente. Em pé, eu esperei o banheiro estar totalmente branco do vapor da água quente, isso facilitaria a minha saída. Quando já era quase impossível ver qualquer coisa, eu me preparei, pressionando as minhas costas contra a parede, segurando a barra de metal em minha frente defensivamente. Com um pontapé, Aiden estourou a porta e entrou correndo. A primeira coisa que fiz foi jogar a tampa de cerâmica nos seus pés, em seguida, eu peguei uma toalha molhada e a joguei nele que caiu envolvendo o seu rosto. E antes de sair correndo, esfaqueei a sua perna com a barra de metal, tendo em troca um profundo gemido de dor. Fechei a porta quebrada, peguei o meu celular e desci correndo os degraus. Com a barra de metal em minha mão, nunca me senti tão bem por machucar alguém, eu estava tão cheio de tudo que ele já fez.
Quando cheguei no andar térreo, ouvi o barulho da camionete de Jake e isso fez-me chorar. Droga, o outro garoto estava lá fora e com a arma! Corri para fora da porta da frente com os meus pés descalços. Jake me viu antes de notar o garoto, que agora estava apontando a arma em sua direção.
— Se abaixa! — disse, agitando os meus braços. Felizmente, ele obedeceu. A arma foi disparada, atingindo e quebrando o vidro da camionete de Jake. O garoto com a arma se virou para mim em estado de choque. Não lhe dei qualquer segundo quando agarrei a barra de metal e a cravei em sua coxa. Ele caiu no chão instantaneamente e o revólver caiu também, indo para longe das suas mãos.
— Oliver, atrás de você! — Jake gritou, correndo até mim. Aiden estava mancando, mas ainda era rápido. Jake o atacou, enviando os dois para o chão. O seu parceiro, o garoto que originalmente começou a coisa toda se levantou, em seguida, vindo em minha direção com os seus olhos transbordando raiva.
— Vem aqui, viadinho! Vem. — ele tropeçou em minha direção. Fui até ele, depois que peguei a arma, balançando-a em minha frente no alto e então apontando para sua cabeça. Mas então um pensamento tirou-me o chão. O garoto tinha uma arma e agora não tem, mas Aiden ainda tinha uma faca!
— Jake! — quando me virei, Jake estava parado lá com sangue nas suas mãos e lágrimas nos seus olhos.
Aiden tinha sumido.
Mas a faca estava alojada na barriga de Jake.
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