Narrado por Oliver.
— Filho. — a sua suave voz soou. — Ele vai ficar bem! — minha mãe esfregou a sua mão no centro das minhas costas.
As lágrimas ainda deslizavam pelas minhas bochechas enquanto eu olhava através da janela de vidro, vendo Jake desacordado em uma cama. Os médicos retiraram a faca de seu abdômen depois de três horas de cirurgia, as três horas mais longas da minha vida. Ele perdeu um bom tanto de sangue, o que o fez entrar em choque, mas os médicos conseguiram estabilizá-lo. Minha mão estava pressionada contra o vidro frio enquanto observava o seu corpo pálido quase sem vida na cama.
— Será que eles vão pegá-lo, mãe? — virei-me para minha mãe, que tinha agora uma lágrima rolando por sua bochecha.
— Esses meninos definitivamente estão bem ferrados. Aiden agora é considerado um criminoso procurado. Se ele for pego, ele irá para uma prisão, dada as circunstâncias. — ela esfregou as minhas costas novamente. — Eles vão encontrá-lo, querido. Eu prometo...
— a voz da minha mãe parecia muito insegura.
Aiden havia tentado me matar essa noite.
***
Estava sentado ao lado de Jake enquanto o repetitivo e irritante barulho de bip ecoava pelo quarto frio, mesmo assim tentei ignorá-lo. Três da manhã, sozinho num quarto de hospital com um amigo ferido, isso pode ser um pouco muito estressante. Agarrei a mão fria de Jake e inclinei-me para baixo. Queria me deitar na cama grande onde ele estava, só para tentar compartilhar o meu calor com o seu corpo frio, mas e se eu acabasse arrebentando os seus pontos ou o machucasse, eu estava uma total bagunça. A sua respiração era lenta enquanto ele permanecia deitado de costas, às vezes a sua respiração era irregular e às vezes suave. Não consigo acreditar que isso aconteceu, que ele foi esfaqueado.
Apertei a sua mão, sentindo ainda mais lágrimas surgirem. Eu fiz isso com ele. Eu poderia ter escapado de casa sem ele. É tudo culpa minha. Puxei os meus joelhos até o meu peito e choraminguei. Apenas por um segundo, um segundinho só... eu queria sentir o fogo entre nós. Os sentimentos que tenho por Jake são definitivamente uma bagunça, confusos e, bem, os sentimentos que tenho por ele são estranhos. Mas acho que bastava uma facada para eu ter certeza, com todo o meu coração e alma de algo que eu nunca estive tão seguro em toda a minha vida.
Eu estou cem por cento apaixonado por Jacob Andrews.
Meu melhor amigo. O idiota. O garroto mandão que arruinou quase a minha vida. E agora eu me sinto nas pontas dos pés como a merda de uma adolescente apaixonada. Pressionei a minha mão contra o meu rosto e gentilmente ri. Quão incrivelmente patético eu sou?
— Por que você está rindo? — ele suavemente apertou a minha mão de volta. Só de ouvir as suas poucas palavras, o meu coração acelerou no meu peito.
— Ah, meu Deus. — aproximei-me, pegando as duas mãos frias dele agora. Ele sorriu levemente.
— O que aconteceu?
— Jake... você foi esfaqueado, e foi fundo. — Jake assentiu com a cabeça.
— Bem, eu sei dessa parte, mas por que estou me sentindo tão mal?
— A faca de Aiden quebrou em duas nas suas costelas. E isso rompeu alguns tecidos aí dentro... — me senti tão mal enquanto falava isso.
— Bem, que grande merda. — Jake soprou o ar dos seus lábios secos. Não pude deixar de rir disso. — Você já pode parar de chorar!
Você não vai se livrar tão facilmente de mim.
— Bom. — isso o pegou de surpresa.
— Bom?
— Eu também não quero te perder. — senti a minha garganta fechar agora.
— Ah, isso é novidade. — ele sorriu.
Inclinei-me suavemente até o seu rosto calmo. E com um rápido movimento, eu roubei-lhe um beijo, deixando-o outra vez com uma expressão de surpresa.
— Talvez, eu devesse ser esfaqueado com mais frequência. — Jake se inclinou para cima tão rápido quanto eu me afastei, apertando o meu rosto entre as suas mãos, então puxou-me para ele, apertando-me num beijo muito mais profundo. Os seus lábios estavam secos e ásperos, o que deixava-o numa realidade doente, fazendo o nosso beijo ser ainda mais íntimo. Jake puxou-me para sua cama levemente, pude ver a dor nos seus olhos quando sem querer meu braço encostou em sua barriga. Tentei me levantar, mas ele segurou-me ainda mais apertado.
— Eu vou matar aquele garoto. — sorri suavemente.
— E eu te ajudo. — Jake riu, então o seu rosto tornou-se sério.
— Oliver?
— Hm? — murmurei quando Jake se inclinou para mais perto.
— Eu sinto muito sobre Noah e… toda essa merda que tem acontecido, eu, eu fui muito babaca com você.
— Ah, tudo bem. Seu grande sem noção. — disse, rindo. Ele gentilmente se distanciou de mim um pouco.
— Você, você pode só me prometer uma coisa?
— Qualquer coisa!
— F-fica comigo? — Jake olhou para mim com vergonha. E isso era algo realmente novo.
— Como assim? — ri suavemente.
— Eu... eu realmente te amo, Oliver, e eu nunca estive tão seguro de algo em toda a minha vida. — ele estava falando a verdade, pois quando Jake fala sério é porque está dizendo a verdade.
— Eu sei... — olhei para nossas pernas emaranhadas.
— Fica comigo... você sabe, não quero dizer só por essa noite. — Jake passou os dedos pelo meu cabelo.
— Então o que você quer dizer? — sussurrei, os nossos lábios ainda roçando uns nos outros.
— Quero dizer, fica comigo para sempre. — Jake desviou o olhar outra vez.
— De onde veio isso?
— Você sabe, eu demorei um tempo para perceber que eu te amo. E você é lindo. E, eu, eu só quero ter certeza de que você é meu.
— Hm… você é tão denso. — zombei das suas palavras.
— Eu só quero ter certeza de que enquanto eu estou aqui, me recuperando como uma batata ou até mesmo quando eu sair daqui, você vai ser tão meu quanto eu sou seu. Não quero que um idiota apareça do nada e roube você de mim.
Fiquei sem palavras.
— Quero que você me prometa, me promete agora, que podemos tentar isso.
— Tentar o quê? Jake, por favor, chega logo ao ponto.
— Eu quero que a gente tente ficar juntos. Bem, eu já te considero meu, cabe a você me considerar seu. — Jake se calou enquanto eu ainda permanecia sem palavras.
— Eu... — tentei pensar. Eu queria ficar com Jake, sabe, romanticamente, quer dizer, quem mais se importa tanto comigo senão ele? Ele me faz sentir seguro, mesmo que às vezes eu tenha vontade de arrancar a sua cabeça noventa e nove por cento do tempo que estamos juntos. Esse incidente apenas me fez perceber a espiral em que eu estava caindo e que o redemoinho de emoção que me sugava não era outro senão Jake. — Ok, vamos tentar.
— Espera... você está falando sério? — Jake sorriu. Ele não estava mais fechado, agora estava cheio de vida e animação.
— Sim, estou falando sério. Vai ser estranho, assustador e totalmente esquisito, mas eu estou disposto a tentar se é isso o que você quer. — tentei esconder a minha própria animação também, mas ele podia ver através de mim como um painel de vidro. Nunca dei créditos suficiente a Jake. Ele é bonito e ele se importa tanto comigo quanto eu deveria me importar com ele. Talvez eu seja um péssimo amigo, eu não deveria ter metido Jake nessa situação... olha para ele. Ele quase morreu porque queria me proteger, isso é loucura. Por que ele tem que ser tão altruísta? Seu altruísmo está começando a me irritar.
— Finalmente. — Jake gemeu, puxando-me para ele, beijando os meus lábios num movimento faminto.
É meio estranho, meu melhor amigo, desde sempre, me beijando assim. Noah já não era mais parte da minha vida. E só percebi isso quando Jake mordeu o meu lábio inferior com uma risadinha e, droga, eu gostei muito disso! Será que isso é errado?
Mas analisando toda a nossa história, eu não acho que isso seja demasiadamente apressado. Bem, talvez, mas independentemente disso, a única coisa que realmente foi apressada foi meu relacionamento com Noah, que me arrependo totalmente. Fomos fundo demais, nos apressando sem mesmo nos importamos com as fases, então já estávamos na nossa segunda semana de namoro. Talvez vocês possam me culpar? Mas eu sou adolescente, faço tudo no impulso. Então me deixem em paz! Vocês são todos como Bianca!
— Então, como o seu namorado, eu declaro que você deve me dar um copinho de gelatina. — Jake exigiu com uma risada.
— São três e meia da manhã, cabeção. Os copinhos de gelatina só estão disponíveis as sete. — ri.
— Poxa, eu estou morrendo de fome...
— Você precisa é descansar. — levantei-me, separando as nossas pernas, em seguida, joguei as minhas para fora da cama.
— Não, fica! — Jake se sentou, um pouco rápido demais para sua condição e então estremeceu de dor.
— Eu não vou a lugar algum, garoto. Só vou pegar o meu celular.
Droga. Ele sempre sabe o que vou fazer. Eu só queria que ele descansasse, e se dormir no corredor era o que eu tinha que fazer para ele dormir, eu faria. Mas agora eu tenho que ficar. Peguei o meu celular para ver as mensagens que havia recebido, eram tantas e de pessoas que não falavam comigo desde o início do ensino médio.
"Você tá bem?"
"Ouvi sirenes, era na sua casa, cara?"
"Me liga assim que der, Oli." Essa era de Bianca.
Enquanto continuava olhando as várias mensagens, encontrei uma mensagem de Noah, que eu definitivamente não queria ter visto.
"Oi, amor... a gente pode conversar? Eu estraguei tudo... desculpa." Sem pensar duas vezes, eu teclei três letras e apertei enviar.
Acho que vocês já sabem quais letras foram.
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